Escocês Sedutor escrita por Melissa


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ;)



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Capítulo I

Escócia no outono

Isabella Swan deixou a sua bagagem escorregar até o chão, fechou os olhos e respirou fundo, esboçando um belo sorriso. Estava na escócia, finalmente havia conseguido realizar o seu grande sonho de conhecer as Terras Alta e tinha duas semanas inteiras pela frente sem nada para fazer senão se divertir naquelas terras cheias de magia e romantismo. Visitar as Terras Altas com o ar já carregado do frescor do outono era um sonho que se tornava realidade.

Bella sorriu olhando ao redor, uma sensação de felicidade a tomou, ela logo se lembrou de quando ainda estava dentro da classe econômica do avião, quando os grandes e ostentados prédios de New York haviam sumido, dando lugar a uma bela paisagem de montanhas e verde. Ela sabia que se tivesse condições financeiras compraria uma bela casa de campo, apenas para ficar admirando a paisagem da serra.

— Ande, mocinha.

Bella acordou de seus devaneios ajudados por um empurrãozinho de uma senhora a suas costas. Só então percebeu que estava bloqueando a saída da estação ferroviária. Porém tinha uma desculpa plausível: aquele fora um longo dia.

Sua viagem iniciada nos Estados Unidos já durava uns dois dias. Tinha a impressão de que não dormia na horizontal há meses.

Puxando a mala com uma das rodinhas emperrada, deteve-se à porta, olhou e sorriu ao notar as pessoas dirigindo do lado esquerdo da rua. Seria difícil ela se acostumar a dirigir naquele país.

Bella seguiu em direção aos banheiros da estação e entrou no feminino, olhou o seu rosto pelo reflexo do espelho e percebeu as grandes olheiras roxas que haviam ali embaixo de seus olhos.

Então, sem poder evitar, bocejou, esfregou os olhos, ao que sacudiu a cabeça para se reanimar. Não tinha tempo para dor­mir. Havia muito para ver, muito a fazer. Então o repouso podia esperar. Lavou o rosto tentando se acalmar e saiu do banheiro em direção à saída da estação ferroviária. Andou até uma cafeteria que havia perto da estação e comprou um café, as presas, não queria perder tempo.

Ajeitou nos ombros as alças da bolsa de mão e da caixa do violino, segurou firme no cabo da mala que já não rolava e encaminhou-se até uma locadora de automóveis próxima.

Meia hora e vários olhares curiosos depois, talvez porque ela bocejasse demais ou por ser americana, ela acreditava mais na segunda opção, tomou posse de um molho de chaves e de um mapa bastante tosco das Terras Altas. Guardou-o, esperan­do não precisar consultá-lo, já que pegara instruções de como chegar à hospedaria com o proprietário em pessoa e além do mais ela já havia programado toda a sua visita pelo Google Earth.

Arrastou a bagagem para o carro, atirou tudo no porta-malas e conseguiu se acomodar ao volante do lado direito sem maio­res confusões.

— Dirija do lado esquerdo — relembrou a si mesma, ma­nobrando para fora do estacionamento.

Sentindo fortemente os efeitos da diferença entre os fusos horários, respirou fundo e pisou no acelerador.

Aliviada por não atropelar ninguém, e por conseguir dirigir numa mão diferente, ela pegou uma rodovia que tornava menos movi­mentada a cada quilômetro. Relaxando as mãos no volante, permitiu-se sorrir.

Estava na Escócia. Era bom demais para ser verdade!

A sensação de liberdade a invadiu.

Começou a se lembrar do dia que havia adquirido aquele sonho, aquela paixão pelo país. Se lembrava que fora aos dez anos. Seu pai havia participado de uma conferên­cia em Edimburgo, e levara de presente a estatueta de um escocês tocando gaita-de-foles. Por algum motivo, a re­presentação atiçara sua imaginação infantil. E o pai nunca dei­xara de lhe comprar uma lembrança, nas viagens subsequentes à Escócia: uma gaita galega de brinquedo, um kilt, livros. Os presentes só fizeram aumentar sua admiração pela terra que se orgulhava dos inúmeros lagos, da rica história do povo independente e da magnífica paisagem.

Durante anos, o desejo de conhecer as Terras Al­tas somente aumentava. Queria tocar as pedras com as próprias mãos, percorrer as trilhas imaginando quem passara por lá antes, e apreciar a bela paisagem das montanhas invejando os habitantes daquela terra.

Na adolescência seu sonho estava mais vívido do que nunca, ela tinha a constante fantasia de que um belo lorde escocês se apaixonaria loucamente por ela, eles se casariam e iriam viver num belo castelo nas Terras Altas.

Começou a se perguntar se conheceria algum lorde escocês.

A algum tempo ela estava fartas dos homens. Após o rompimento do noivado, decidiu que iria pas­sar uma década sem namorar, e simplesmente não conseguia imaginar um homem capaz de fazê-la mudar de ideia. Além disso, estava na Escócia para conhecer o país, não para encon­trar um parceiro. O tal lorde escocês que procurasse outra, ela não queria saber de homens, sua ideia era aproveitar o máximo da viagem, tirar fotos e curtir a solteirice. Fazia um bom tempo que ela estava presa num relacionamento fracassado e de agora em diante iria viver sem depende de homem nenhum.

Colocando de lado todos os seus pensamentos, Isabella se focou na paisagem, nos campos e nas florestas carregadas das cores do outono. Bai­xou o vidro da janela a fim de inspirar o ar frio. Aquela era, de longe, sua estação do ano.

Mais a frente, admirou os charmosos chalés de pedra separados por muros de pedra, sem deixar de pres­tar atenção à estrada tortuosa que percorria. A medida que avan­çava para o interior, sentia em paz, e tranquilidade.

Até que viu, pelo espelho retrovisor, um automóvel preto colar-se em seu veículo como se pretendesse passar por cima! Foi convidada a liberar o caminho com uma série de buzinadas.

O motorista, ao ultrapassa-la, fez questão de mostrar o sem­blante irritado antes de disparar cantando os pneus, obrigando Isabella a fechar a janela para não engolir uma nuvem de pó. Sem se deixar abalar, ela respirou fundo e voltou a sua atenção à estrada.

Sempre no rumo Norte, a estradinha tornava-se mais e mais sinuosas. Já acostumada ao lado esquerdo da via, a turista di­rigia com maior segurança, evitando atropelar animais que in­sistiam em passear no asfalto. Nunca imaginara carneiros cau­sando acidentes automobilísticos, mas lá estavam eles. Na Es­cócia, cuidado com criaturas brancas felpudas atravessando seu caminho!

Se ao menos os nativos atentassem ao conselho... Foi o pen­samento que teve ao dobrar a curva seguinte e topar com um acidente de trânsito que a fez pisar no freio com toda a força.

O nervosinho que a ultrapassara pouco antes estava de pé no acostamento olhando desolado para seu lindo automóvel preto, que girara cento e oitenta graus e exibia um longo e profundo risco na lateral. Ao se desviar de carneiros na pista, ele arranhara o carro em uma mureta de pedra.

Isabella acelerou para a frente, bem devagarzinho. Só fal­tava que ela provocasse outro acidente automobilístico! Abriu a janela, pôs a cabeça para fora e fitou o homem que resmun­gava sem parar em uma língua que ela supôs ser o gaélico. Ele estava quase arrancando os cabelos.

O nervosinho olhou-a.

E ela sentiu a boca ficar seca.

Tudo bem, estava morrendo de cansaço. Devia estar também estressada com o excesso de expectativas, além de enjoada, por conta da comida horrorosa servida no avião. E, considerando a vida social que vinha levando, provavel­mente qualquer homem trajando calça jeans e suéter preto lhe pa­receria um sonho transformado em realidade.

De qualquer forma, não havia como negar que o homem diante dela era lindo de morrer. Alto, cabelos acobreados, olhos verdes e inacreditavel­mente lindo. Aquele escocês com toda a certeza era o sonho de consumo de qualquer mulher.

Bella tentou recordar por que banira de sua vida os homens. Não conseguiu raciocinar direito com aquele homem na sua frente, mas isso não importava. Aquele cara não precisava fazer nada para fazê-la mudar de ideia sobre os homens, era só ele sorrir para ela que ela era capaz dizer sim, eu aceito.

Ela ficou o reparando de cima a baixo tentando fazer um bom diagnóstico do escocês! Ele é charmoso, aparenta ser enérgico e galanteador, ela pensou. Podia quase ouvir a resposta galante que ele daria a sua oferta de ajudá-lo. Claro, era o mínimo que ela podia fazer.

— Precisa de ajuda? — disse, tentando oferecer o melhor sorriso que a sua beleza era capaz. O homem reagiu gelado.

— Ajuda?! — rosnou. — Não, não há nada que possa fazer por mim, a menos que se disponha a seguir na minha frente e tirar do caminho todos esses malditos carneiros!

Isabella piscou. Onde estava o cavalheirismo? Talvez ti­vesse ido por água abaixo diante do dano na pintura do carro. Imaginando que o homem estava apenas mal humorado pelo pequeno acidente ela insistiu.

— Quer uma carona?

Ele rosnou algo na língua estranha... galego sem dúvida. Então, andou em direção à lateral do carro passando a mão na parte da pintura aonde estava arranhado, suspirou e atirou-se na poltrona do motorista dando meia-volta em seguida e acelerando o carro sumindo em instantes na primeira curva a frente.

— Grosso!

Isabella suspirou. Seu primeiro contato com um escocês fora um fracasso completo, mas nem por isso se desanimaria. Afinal, ainda não atropelara nenhum carneiro, mantinha o carro alugado intacto e estivera frente a frente com um verdadeiro deus da beleza.

Nada mau, considerando-se as opções.

Engatou a primeira e seguiu em frente, cantarolando, ansiosa por um jantar decente e uma boa noite de sono. Quanto antes se adaptasse ao fuso horário local, melhor aproveitaria o tempo disponível, assim poderia em breve seguir a sua longa agenda de lugares a visitar.

O dia findava quando finalmente chegou ao vilarejo de Benmore. Com as instruções de Jasper Whitlock bem vivas na memória, dirigiu-se à hospedaria dele.

Estacionou ao lado de um automóvel de luxo, desligou o motor e suspirou profundamente. Sã e salva, cada vez mais perto de uma cama. O que mais podia querer?

Arrastou-se para fora do carro, pegou a bolsa e tirou o vio­lino do porta-malas. Adentrou num salão limpo e arrumado, porém humilde. Adorou. Depois de dar mais alguns passos, porém, estacou.

Apurou o olfato.

O mau horror apossou-se de seu ser.

Não... não podia ser aquele perfume!

Antes que reagisse, um homem jovem, magro de cabelos louros, surgiu enxugando as mãos em uma toalha. Ele sorriu.

— Em que posso ajudar?

— Sou Isabella Marie Swan — apresentou-se ela. — Fiz reser­va.

O homem espantou-se.

— Srta. Swan? De fato, fez reserva, mas...

Isabella ignorou na revirada que seu estomago fez... e o odor familiar cada vez mais intenso.

— Telefonei antes de deixar os Estados Unidos. Para con­firmar. Você é Jasper Whitlock?

— O próprio. — O hospedeiro parecia desconcertado. — É que... o sr. Newton disse que a senhorita havia tomado outras providências de última hora...

Isabella cerrou os dentes.

— Impossível!

— Você é quem pensa.

Olhando à direita, ela viu um vulto destacando-se no corredor do simplório salão.

Michael Willian Newton. Seu ex-noivo. O homem que a largara sem emprego, sem moradia e sem um tostão.

— Você roubou minha reserva! — acusou, indignada lhe apontando o dedo.

— Era a suíte nupcial, mas muito simplezinha... Acho que não ia mesmo gostar.

— E você acha que eu vou dividi-lo com você? Só pode estar ficando maluco!

Mike removeu um palito dentre os dentes que usava para retirar o rsto de carne e sorriu.

— Bellinha, precisa ter mais espírito esportivo... — raiva a possuiu.

Ela tentou recordar por que cogitara um dia casar aquele tipo, que a dispensara um mês e meio antes da data marcada para o casamento para ficar noivo de outra logo em seguida. Também adoraria saber o que ele estava fazendo ali, no interior da Escócia, arruinando suas maravilhosas e tão sonhadas férias!

— A comida não é má — prosseguiu Mike, dando um murro camarada no braço do dono da pousada. — Mas prefiro fast food! — sorriu

Isabella viu-se ofuscada pelos dentes perfeitos do ex-noivo e admirou seus olhos castanho-esverdeados, reconhecendo a aura de poder do advogado que comandava o escritório em que ela também já trabalhara um dia.

— Devia aproveitar para fazer refeições mais saudáveis, Mike — ralhou ela. — Sabe, frutas, verduras... Quem sabem melhora a sua performance. — apontou para a região baixa do ex-noivo. — Além do mais gordura engorda!

— Tenho um físico privilegiado — replicou o ex-noivo. — Posso comer o que quiser, e fico cada vez melhor. — Olhou-a. — Já você engordou um pouco. Pensei que fosse superar mais rápido a minha rejeição...

— Já superei — assegurou Isabeçça, resolvendo descobrir depois o que o desprezível Mike estava fazendo no interior de sua Escócia em pleno outono. Dirigiu-se ao hospedeiro. — Quero outro quarto, já que este idiota roubou o que eu tinha reservado.

Jasper Whitlock torceu as mãos.

— É que... estamos lotados. Quero dizer, há um quartinho lá nos fundos...

— Serve — decidiu Isabella. — Se tiver uma cama onde eu possa me deitar e um banheiro para usar eu aceito...

— Tem — confirmou Jasper. — Nem vou cobrar nada...

— Mas faço questão de pagar — declarou ela. — Um preço justo. Não vou ficar de graça.

— É melhor aceitar a cortesia — aconselhou Mike. — Está desempregada e falida, nem devia estar aqui dando uma de madame e sim em New York procurando um emprego.

— Graças a você — relembrou Isabella. — Que não serve nem para cuidar de uma mulher.

— Ora, eu lhe fiz um favor tirando-a da disputa pelo cargo de sócia. Não teria dado certo. Olhe para si mesma. Um pouco de estresse, e já engorda...

— Pois saiba que continuo cabendo nos meus ternos e, se não me engano, você fez mais do que me tirar da disputa pela sociedade. Você me demitiu! E isso não vai ficar barato Mike, a justiça tarda, mas não falha. — disse se relembrando da frase que o professor de direito havia lhe dito no tempo de faculdade.

Depois do rompimento do noivado, Mike fez questão de demiti-la da Newton e Yorkie Advogados As­sociados, ele sabia que a ex-noiva havia tido gastos exorbitantes com a compra de um apartamento e todos os preparativos do casamento, ele fez de propósito, fazendo assim ela gastar tudo o que possuía com o pagamento das dívidas e a deixando sem dinheiro. Como se isso não bastasse, muito bem-relacionado em Nova York, ele conseguira fechar-lhe as portas de todos os es­critórios de advocacia importantes, de modo que teria sorte se conseguisse emprego de auxiliar de cozinha quando voltasse da Escócia.

— Jéssica Stanley foi a melhor escolha — afirmou o ex-noivo, chupando o palito de dentes. — Menos propensa a fraquejar sob pressão. Menos argumentativa...

— Sou advogada. Devo argumentar. Quanto à eficiência de Jéssica, acredito que não esteja falando do meio profissional...

— Ela é péssima advogada, eu sei... mas é uma belezoca. A foto dela vai ficar linda no relatório anual. Mas vamos logo ao que interessa. Qual será o nosso primeiro passeio?

— O seu primeiro e último passeio na Escócia será pegar o carro, dirigir até o aeroporto mais próximo e sumir da minha vida!!

— Que isso baby, sei que está doida para conhecer a Escócia ao meu lado.

— Vá para o inferno Newton!

— Já estamos no inferno. Não sei como conseguiu me con­vencer a passar a lua-de-mel aqui. Escócia, um país em que homens usam saia...

Kilt — corrigiu Isabella.

— Xadrez — completou Jasper Witlock.

— Não quero você perto de mim — avisou ela ao ex-noivo, e encarou Jasper. — Pode me dar a chave?

Ele a atendeu.

— Pronto, moça. Lençóis limpos, banheiro no fim do cor­redor. Se precisar de alguma coisa, é só chamar. Teremos o prazer em lhe servir.

Depois de decidir que o resto da bagagem pernoitaria no carro, Isabella entrou no corredor. Após rápida visita ao ba­nheiro, foi até o cômodo minúsculo e se atirou em cima do colchão. Decidiria o que fazer com as ruínas de sua vida no dia seguinte. Agora, só queria saber de dormir.

Escócia no outono.

Apesar de tudo, estava sendo quase tão fabuloso quanto ou­sara sonhar.

O último pensamento antes de dormir foi para o belo escocês que tanto se irritara com o estrago em seu automóvel preto, ele já estaria dor­mindo? Provavelmente, não, pensando no custo do reparo na pintura.

Ao menos, tivera mais sorte do que ele. Seu carro alugado estava intacto na frente da aconchegante hospedaria de Jasper Witlock.

Adormeceu sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Mandem Reviews!
Beijinhos.
Posto mais amanhã!



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