"Eu tenho sonhos por dentro, eu preciso compreender" — Helloween.

Eu não sabia o que achar do que Annabeth, Percy e Beatriz tinham falado. Se eles estivessem mesmo certos... Bom, eu temia pela vida de todos os semideuses, de toda a humanidade.

Depois deles fazerem Carolina e eu prometerem que íamos guardar segredo, resolvemos voltar ao acampamento. De qualquer modo nossa missão estava acabada e pelo o pouco que eu sabia sobre a missão, nós não tínhamos conseguido realizá-la com sucesso.

De repente as imagens do sonho que eu tive antes de partir para essa missão vieram a tona, tinha a sensação de que a deusa que estava sendo torturada em meu sonho e no sonho o cara que estava torturando ela tinha dito que o que ele queria era que fôssemos procurá-la, assim ele poderia nos matar de uma vez só. Um arrepio passou pelo meu corpo. Será que eu não deveria contar aos outros sobre meu sonho? Uma parte de mim dizia que sim, mas outra parte dizia que não.

— Você está bem, Aline? Esta muito quieta — Ouvi Carolina murmurar, me virei para ela e ela estava me olhando meio desconfiada.

— Eu estou bem — Falei mais para convencer a mim do que ela, pois alguma coisa me dizia que coisas bem ruins iriam acontecer.

[...]

A chegada ao acampamento foi bem tranquila e isso me deixou ainda mais tensa, o normal era monstros nos atacarem na entrada do acampamento. Ainda mais quando se tinham 4 filhos dos três grandes juntos, mas nada aconteceu.

— Voltaram cedo — Nico disse enquanto se aproximava de nós.

Quase levei um susto quando o vi, Nico estava mais pálido que o normal, seus olhos não continham mais o brilho maldoso de antes, ele parecia mais magro e olheiras quase negras se encontravam abaixo de seus olhos.

— Você ta bem? — Perguntei meio receosa.

Se nós que só deveríamos ir até o Olimpo tínhamos chegado cedo, imagine ele e seu grupo que deveriam ir até o Hotel e Cassino Lótus.

— Tenho más notícias — Ele disse ignorando completamente a minha pergunta. — Vou falar de uma vez: Nicoly e Halle estão mortas — Nico soltou a bomba e eu fiquei sem reação.

Nicoly e Halle. Com Nicolly eu nem pude ter a chance de conhecer muito bem, mas a Halle... Halle era como se fosse minha parceira de brincadeiras, trapaças e tudo mais.

— Como? — Perguntei.

Meus olhos nesse momento estavam se enchendo de lágrimas, eu odiava que os outros me vissem chorando, mas não podia mais controlá-las.

— Nicolly... — Nico hesitou em falar, e eu percebi que ou ele estava triste por Nicolly ou queria ocultar alguma coisa sobre a morte dela. — Morreu numa batalha contra um monstro quando estávamos saindo do Hotel e Cassino Lótus — Ele disse por fim. — O corpo dela foi levado por um raio — Continuou falando.

Aquilo era meio estranho, a menina tinha morrido e o seu corpo tinha sido levado por um raio? Como assim? Resolvi não perguntar nada, ainda queria saber da Halle.

— E a Halle? — Beatriz que estava quieta demais resolveu se pronunciar e foi só naquele momento que eu percebi que só estávamos nós duas e Nico.

Annabeth, Percy e Carolina tinham se afastado sem nem eu notar, eu precisava me manter mais atenta.

— Não sabemos muito sobre isso, Quíron só falou que ela foi morta por um monstro quando estava a caminho do Acampamento Júpiter — Nico disse meio cabisbaixo, ele estava MUITO esquisito.

— Mais alguma morte? — Perguntei embora não quisesse muito saber a resposta.

Já tinha tido notícias ruins o bastante para um dia e minha vontade naquele momento era a de ir direto para o meu chalé para dormir e de preferência nunca mais acordar.

— Ainda não — Nico disse e aquele brilho estranho nos seus olhos estava de volta.

[...]

Alguns dias depois...

Despertei com o barulho ensurdecedor da trompa do acampamento, Nico se levantou as pressas da cama de baixo e começou a gritar que era para nós nos levantarmos, não entendi muito bem o motivo de tanta gritaria, mas resolvi não contestar.

— LEVANTA LOGO, ALINE! — Nico gritou mais uma vez e foi a gota d’água.

— POR QUE VOCÊ TA GRITANDO? TA ACHANDO QUE EU SOU SUAS NEGAS? — Pulei da cama bufando de raiva.

— SE VOCÊ NÃO PERCEBEU A TROMBETA ESTÁ TOCANDO E NÃO É PARA ANUNCIAR A HORA DE ALGUMA REFEIÇÃO — Ele gritou de volta.

Me virei para perguntar o que ele queria dizer com aquilo, mas percebi que o negócio era sério quando Nico começou a pegar sua espada. Carolina pegou sua espada também e seguiu Nico para fora do chalé.

“Não saia do chalé, pequena semideusa”, ouvi uma voz suave retumbar em minha mente e fiz exatamente o contrário do que a voz pediu: Peguei minha espada e saí do chalé aos pulos.

Ao sair do chalé considerei a ideia de ter ficado na minha cama. O acampamento estava um completo caos, tinha semideus correndo pra tudo que é lado. Corri para o lado que a maioria estava correndo.

— SE MACHUCAREM MEUS LOBOS, EU JURO QUE MATO TODOS — Ouvi a voz estridente de uma mulher gritar ao longe.

Continuei correndo, dessa vez em direção de onde vinha a voz da mulher que continuava gritando para que quem quer que fosse ficasse longe dos lobos dela.

— Mas que diabos... FIQUEM LONGE! — Reconheci a voz de Elizabeth, uma filha de Afrodite problemática e franzi o cenho.

Aquilo estava ficando um pouco confuso. Finalmente cheguei ao topo da colina que era de onde vinham todas as gritarias. Ali no topo estavam Marissa, Leo, Elizabeth e uma mulher trajando um vestido preto longo e uma capa cinza desbotada por cima, a sua frente haviam dois lobos enormes de pelagem negra e olhos vermelhos sangue.

Os lobos estavam inquietos e rosnavam para qualquer semideus que tentava ficar a menos de 2 metros de sua dona.

— Só vim deixar esses amáveis semideuses, já estou de saída — A mulher disse e logo depois sumiu com seus lobos deixando apenas uma névoa roxa em seu lugar.

Todos se viraram para Leo, Elizabeth e Marissa.

— E então... O que foi isso? — Perguntei antes que pudesse pensar em controlar a minha língua.

Os três apenas deram de ombros e saíram dali, seguidos por Quíron que eu nem tinha notado que estava ali antes. Alguma coisa me dizia que aquela mulher não tinha aparecido ali apenas para deixar eles, e também tinha o fato de Frank não estar com eles.

O que será que tinha acontecido com ele?

Me contentei em apenas voltar para o meu chalé sem resposta alguma, agora eu teria que esperar pelas notícias como todo mundo.