“Detesto olhar para dentro daqueles olhos e enxergar o mínimo que seja de dor” — Guns N’ Roses.

— Que porra de lugar é esse? — Perguntei para mim mesma ao me ver em um lugar cheio de gente desconhecida. Eu não me lembrava de como tinha ido parar ali, só me lembrava de ter ido me deitar na minha cama no chalé de Perséfone no acampamento meio-sangue e agora... — Aceita uma flor de lótus, querida? — Ouvi alguém perguntar atrás de mim e me virei, uma mulher com vestimentas de garçonete estava com uma bandeja na mão cheia de flores de lótus que mais pareciam biscoitos. Eu tinha a impressão de que conhecia aquele lugar. A mulher estendeu a bandeja para mim. — Por favor, pegue — Ela pediu, mas apesar de ter pedido com o educação, seus olhos diziam que se eu não pegasse a maldita flor e comesse, ela iria me matar. — Tudo bem — Falei enquanto pegava uma das flores. A mulher continuou me encarando como se esperasse para ver se eu ia comer ou não, dei uma mordida na flor e mastiguei. Agora eu precisava urgentemente achar o banheiro.

[...]

— Argh, cassino maldito! — Resmunguei enquanto limpava a boca e dava descarga. Agora sabia que estava no Hotel e Cassino lótus, a flor que a mulher tinha me dado ia me deixar alucinada e com sorte eu tinha me lembrado isso antes de ingerir a flor. — Eu vou encontrar o filho da puta que me colocou aqui e vou matá-lo — Murmurei enquanto saía da cabine do banheiro. — Não temos muito tempo, eles vão descobrir alguma hora que não estamos ingerindo a flor — Ouvi uma voz calma dizer. Levantei o rosto para ver quem era e quase chorei de emoção. Eu conhecia aquela garota e talvez ela pudesse me tirar dali. — ARIANNE! — Gritei e a menina se voltou para mim, um sorriso se formou em seus lábios e ela logo correu para me abraçar. — Amber! O que está fazendo aqui? — Ela perguntou enquanto me soltava. — Eu não sei, eu estava no acampamento, daí eu fui tirar uma soneca e... puff, acordei aqui — Falei a garota e me voltei para a outra garota que estava conversando com Arianne antes de eu aparecer, eu também conhecia ela. — Nicoly, oi — A cumprimentei e a garota se limitou a fazer um aceno de cabeça para mim, eu não tinha muita intimidade com ela.

— Vocês vieram procurar semideuses perdidos não é? — Perguntei e elas assentiram. — Eu ouvi sobre a missão, posso ajudá-las — Falei com um sorriso nos lábios, eu podia ajudá-las e talvez ganhasse uma carona de volta para o acampamento, viajar sozinha era ruim, muito ruim. A casa mais perto que eu tinha era o submundo, mas devido a algumas experiências, eu tinha sido banida do local até que eu tivesse uma morte dolorosa. — Bom, ouvi dizer que vocês não tem muito tempo! Eu também não ingeri a flor e pretendo não ingerir nunca — Falei enquanto as puxava para fora do banheiro. — No entanto temos que procurar e nos divertir ao mesmo tempo se não irão nos descobrir — Um sorriso travesso se formou em meus lábios ao dizer as palavras. Fazia tempo que eu não tinha vivido uma boa aventura. — Vocês vieram sozinhas? — Perguntei já do lado de fora do banheiro. — Ah não, viemos com Nico e Hunter — Arianne falou. Aquilo devia estar sendo difícil, pelo o que eu sabia Nico tinha uma queda por Arianne – ela era a única que não percebia isso –, Hunter era seu ex-namorado de quem ela ainda gostava e que tinha o sentimento retribuído e com Nicoly ali... Bem, as coisas ficavam piores já que Nicoly gostava de Nico e isso era meio óbvio para todos.

— E vocês ainda não tentaram se matar? Que pena — Sorri irônica e as puxei para a área que tinha as máquinas de jogo antigas. Me dirigi a uma máquina do Pacman e comecei a jogar, sentia falta de jogar aquele jogo. — Olha, vocês deviam ter trazido um sátiro com vocês, eles são bons em sentir cheiro de semideuses e vocês pelo menos sabem o nome dos semideuses? — Perguntei a Nicoly e Arianne, elas se entreolharam e soltaram um suspiro, era engraçado de se ver. — Jhonny, Anna que é uma filha de Quione que está desaparecida e que Quíron tem quase certeza que está presa aqui — Arianne falou. — E tem outro, ele se chama Alan — Nicoly falou. Que ótimo. Três semideuses e um deles é filha de Quione. Eu não era muito fã da deusa, ela era mesquinha e só se importava consigo mesma, sabia disso por algumas questões do passado...

— Então comecem a procurar logo, isso não vai ser fácil — Falei as garotas enquanto me concentrava no jogo. Soltei um palavrão ao deixar meu pacman morrer por causa de um maldito fantasma. — Acho que não sou tão boa nisso — Resmunguei e fui para outra máquina com jogos de luta, comecei a jogar e vi que Arianne e Nicoly também estavam jogando. Elas deviam procurar semideuses e estavam jogando, que lindas. — Achei que tivéssemos vindo aqui por causa de uma missão e não para jogar — Ouvi uma voz rouca falar e me virei para ver quem era, a curiosidade era maior do que a vontade de ganhar o jogo. Hunter e Nico estavam lado a lado fitando as meninas, milagre eles dois ainda não terem tentado se matar. — Temos que disfarçar, ué — Arianne disse sem tirar os olhos de seu jogo, soltei uma risadinha fraca e a atenção dos garotos se voltou para mim. — E quem é essa? — Hunter perguntou. — Amber, filha de Perséfone — Nicoly respondeu. Dei de ombros e voltei a atenção para o meu jogo, de repente tinha perdido meu interesse naqueles manés. — Ela é uma dos que estamos procurando? — Ouvi Nico perguntar e revirei os olhos, 7 anos de acampamento e aquele tapado ainda não tinha notado a minha existência. — Ela é uma campista velha, Nico, ela está aqui por motivos desconhecidos, chegou hoje também — Arianne falou com toda a calma do mundo, como se tivesse explicando a uma criança, a paciência dela era invejável. — Ela vai nos ajudar — Nicoly falou e depois deu um pulo de assustar qualquer um. — GANHEI ESSA PORRA! — Ela gritou feliz e eu ri, que coisa mais idiota. — Arram, agora vamos procurar semideuses — Nico falou e saiu puxando Nicoly para longe, seria bom pra ela se ele a levasse para um cantinho escuro, se é que me entendem.