Is he a Ken guy? escrita por Lets


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oiii lindas! Tudo bem?
Surpresinha nesse capítulo para vocês! Espero que gostem...
Muito obrigada a todas as meninas do grupo do whatsapp! Obrigada por darem ideias e por me apoiarem a continuar!
Bom, espero que gostem



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— Mãe, não quero ir pra escola hoje! Posso ficar em casa?

— Por que não quer ir, filho?

— To com preguiça...

— Mas a mamãe e o papai vão trabalhar. Com quem você vai ficar?

— Mãe, já to grande. Posso ficar sozinho!

— Não, não, não. Você pode ter 10 anos, mas continua sendo meu bebê!

— E se eu dissesse que não to passando bem? — eu ri da insistência do meu filho

— Vamos fazer assim: eu ligo pra vovó e vejo se você pode passar o dia com ela, ok?

— Ta bom! — ele se animou na hora

Peguei o celular do meu bolso e disquei o número da minha mãe. Ouço sua voz suave do outro lado da linha, depois do terceiro toque.

— Alô?

— Oi mãe.

— Oi Mi! Tudo bem?

— Tudo sim. Ãhn, mãe, você vai sair hoje?

— Não pretendo. O trabalho hoje foi puxado, to exausta.

— Ah, então deixa.

— Por quê? O que foi?

— Eu ia perguntar se o Marcos podia ficar com você hoje, porque ele não quer ir pra escola. Mas não vou te cansar.

— Miranda, o que é isso! Eu to sempre disposta pro meu neto. Já ta trazendo ele?

— Mãe, não precisa mesmo. Ele vai pra escola hoje.

— Deixa disso. Se o menino não quer ir, que não vá. Deixa ele aqui comigo. Faz um tempão que não conversamos!

— Mãe—

— Miranda, to mandando você trazer ele aqui.

— Mereço isso... 24 anos nas costas e ainda levo ordens da minha mãe. — nós rimos

— Filho é sempre filho e vai sempre ouvir ordens. To esperando vocês. — a linha ficou muda

Dei uma risada anasalada e me virei para Marcos. Ele estava deitado em sua cama, ainda de pijama, agarrado ao travesseiro me olhando com uma expressão de dar dó. Sorri para ele.

— Vai trocar de roupa pra eu te levar pra casa da tua avó.

— Eba! — ele se jogou em cima de mim, enlaçando meu pescoço com seus bracinhos

Caímos juntos no chão, eu por baixo dele, ambos rindo e nos abraçando.

Momentos assim me incentivavam a continuar lutando pela vida que queria. Tanto para mim quanto para ele.

Ouvi um pigarro vindo da porta do quarto e virei a cabeça para ver quem era. Douglas estava encostado no batente da porta, nos observando com um sorriso no rosto. Os cabelos negros, úmidos pelo banho recente, caíam em sua testa, deixando-o ainda mais bonito.

— Pai! A mãe deixou eu faltar na escola hoje! — Marcos foi correndo para perto do pai, que o pegou no colo

— Faltar por quê?!

— To com preguiça... — meu filho coçou os olhos, manhoso

— Aham. Sei. — Douglas riu deixando um beijo estalado na testa de Marcos

— Vou levá-lo até a casa da minha mãe para passar a tarde. — comentei me levantando

— Ok. Vai lá se trocar, garotão. — Marcos foi colocado no chão e foi correndo para o banheiro, trocar de roupa

Andei até meu "marido" — não casamos, mas moramos juntos e temos um filho, então posso considera-lo meu marido, certo? —, parando em sua frente, de braços cruzados.

— Precisamos conversar, Douglas. — falei com um meio sorriso triste nos lábios

— Eu sei. Pensei em sairmos para jantar esse fim de semana. Pode ser?

— Claro.

Marcos voltou correndo com um sorriso enorme no rosto. Seu cabelo estava todo bagunçado, a camiseta estava amassada e mal colocada, e a mochila estava jogada de qualquer jeito em suas costas. Seus olhos castanhos, iguais aos do pai, estavam brilhando de excitação e suas bochechas estavam coradas.

— Cuidado, filho! Seu tênis está desamarrado. — Douglas o alertou, fazendo o baixinho se agachar para amarrar o cadarço rapidamente

— Está pronto? — perguntei passando a mão por seus cabelos, tentando ajeita-los

— Aham.

— Despeça-se do papai para irmos.

— Tchau, pai. — Marcos esticou os bracinhos para cima, em um pedido silencioso de abraço, o qual Douglas obedeceu na hora

— Tchau, filhão. Comporte-se. Não dê dor de cabeça para sua avó.

— Pode deixar. — o baixinho riu, recebendo um beijo na testa de seu pai

— Até mais tarde. — falei enquanto meu filho ia correndo até a porta de casa

— Tchau, meu bem. Bom serviço.

Douglas me surpreendeu ao me puxar pela cintura, colando os lábios nos meus. Claro que nos beijávamos. Raramente, mas acontecia. O que me surpreendeu foi a intensidade. O desejo e o amor estampados em seus lábios. Senti-me com 14 anos novamente.

Passei minha mão por seu pescoço, nuca, ombros e peitoral. Arranhei de leve sua pele enquanto sentia seus dentes puxarem meu lábio inferior. Nossas línguas se enroscaram, fazendo arrepios subirem por minha espinha.

— Manhê! — ouvi meu filho gritar impacientemente, provavelmente estranhando minha demora

Separei-me de Douglas dando um risinho com a intolerância de Marcos. Douglas também riu. Deu-me mais um selinho e encostou a testa na minha.

— Tchau. — ele falou ofegante

— Tchau. — sorri para ele, beijando o canto de sua boca e saindo de seus braços, andando apressada para a sala, onde encontrei meu filho de frente para a porta

— Por que demorou tanto?! — ele cruzou os braços e bateu o pé no chão ritmicamente, como se fosse um pai dando uma bronca em sua filha

— Curioso. — respondi sorrindo, dando um beijo em sua testa e empurrando-o porta a fora

#

— Precisamos conversar.

Quando a ouvi dizer isso, sabia que meu mundo estava desmoronando, pouco a pouco. Quando "precisamos conversar", a conversa nunca é sobre como somos perfeitos juntos ou como pertencemos um ao outro.

Sabia o que ela queria falar. "Não estamos dando certo" seria o que ela diria. E realmente. Não estávamos dando certo. Mas eu queria fazer funcionar. Queria que desse certo mais do que tudo.

Sei que há alguns anos já não somos mais o casal de adolescentes ingênuos e apaixonados. Mas eu queria tentar mais uma vez. Só mais uma. Se não funcionasse... Bom, não queria prendê-la a mim mais do que o necessário, caso nós realmente não sejamos feitos um para o outro.

A beijei. De uma forma que não beijava há anos. Senti-me como o adolescente apaixonado que eu já fui. Sabia que a paixão era apenas uma faísca que precisava ser acesa novamente.

Senti-me tão bem com Miranda em meus braços novamente. Ultimamente, o topo do nosso contato físico era um selinho pela manhã. Se tanto. Sua pele macia roçando a minha, suas unhas me arranhando... Nunca me senti tão vivo.

Como alguém pode morrer sem ao menos notar? Como pude deixar nossa paixão se esvair? Pouco a pouco ela foi desaparecendo, conforme os anos se passaram.

Se eu tivesse uma segunda chance, não cometeria o mesmo erro.

Dei uma risada ofegante ao ouvir meu filho chamando pela mãe. Mantive o sorriso bobo em meu rosto até perder Miranda de vista. Troquei de roupa, sequei o cabelo e saí para o trabalho.

#

— Ele me beijou!

— E por que você está tão surpresa? Ele é seu marido, afinal de contas, certo?

— Gabi, ele realmente me beijou. Com paixão, com desejo, com amor! Sabe há quanto tempo não me sentia assim?

— Assim como?

— Viva. Amando intensamente.

— Fico muito feliz por você, Mi. De verdade. Mesmo não entendendo exatamente o motivo de seu choque, to feliz que tenha sido bom.

— Obrigada! — falei com um sorriso bobo no rosto

Claro que nossos problemas não tinham sido resolvidos. Ainda teríamos que conversar. Mas, por algum motivo surreal, não me sentia mais tão insegura em relação à conversa. Sentia que podíamos dar a volta por cima, mesmo depois de tudo. Realmente torcia para que estivesse certa.

Mal sentei em minha mesa e meu chefe já pedia para que eu comparecesse em sua sala. Levantei-me, indo em direção à mesma, batendo na porta em seguida.

— O senhor deseja algo? — perguntei, colocando minha cabeça para dentro da enorme sala

— Entre, Miranda.

— Como posso lhe ajudar?

— Um cliente novo nos contatou e, como é seu segundo ano aqui, acho que você já pode ser a fotógrafa oficial do projeto.

— Sério? Uau! Muito obrigada, senhor!

— Você merece.

— Muito obrigada mesmo! — meu sorriso estava enorme em meu rosto

— Estava pensando... Que tal sairmos para comemorar seu primeiro projeto? Conheço um bar muito bom aqui perto.

— Ãhn, não tenho certeza... O tempo anda tão curto ultimamente que não consigo nem parar para comer direito.

— Uma única noite te livrando de suas obrigações rotineiras não vai te matar. — ele abriu um sorriso de lado

— Posso te responder mais tarde? Preciso perguntar ao meu namorado se temos planos para essa noite.

— Se tiverem, aceito qualquer outro dia.

— Está bem. Ãhn... Obrigada pela confiança em mim com o projeto. O senhor precisa de mais alguma coisa?

— Não. Era só isso.

— Com licença. — saí de sua sala

Devia achar esse convite um tanto pessoal, estranho? Não, claro que não... Vinicius não teria segundas intenções comigo. Ele sabe que sou comprometida, que tenho um filho...

Decido ligar para meu irmão para clarear a mente. Rafael sempre me ajudou em todas as situações.

— Alô?

— Oi. Sou eu.

— Oi Mi! O que me conta?

— Rafa, eu to meio confusa... — entrei no banheiro olhando ao redor, para ter certeza que ninguém me ouviria — Meu chefe me ofereceu meu primeiro trabalho de verdade.

— Isso é ótimo! Mas por que está confusa?

— Porque logo depois ele me chamou pra sair. Ir a um bar comemorar meu primeiro trabalho de fotógrafa profissional.

— Miranda... Você aceitou?

— Eu disse que ia conversar com Douglas para confirmar se não tínhamos algum compromisso.

— E você vai ligar pro Douglas?

— Estava esperando que você me ajudasse a tomar essa decisão.

— Olha, Mi, particularmente, eu não me sentiria confortável se Mari fosse beber com outro homem. Quer dizer, eu estando junto, claro! Mas sozinha? Nem fudendo.

— Mas o que você acha que eu devo fazer?

— Liga pro Douglas. Explica pra ele o que aconteceu. Aí vocês resolvem.

— Acho que você está certo...

— Normalmente estou.

— Idiota. — nós rimos — Aliás, deixa eu te contar! O Douglas me beijou hoje!

— Miranda, quantos anos você tem? 14?

— Eu sei! Ele me deixou assim! — dei uma risada apaixonada — Ah, Rafa, você sabe pelo que a gente ta passando há algum tempo. Esse beijo que ele me deu hoje me fez ter esperanças, sabe? Esperanças de que meu sonho adolescente não fosse somente isso. Um sonho.

— Vocês vão se entender. Não se preocupe, maninha. É só uma fase. — podia sentir o sorriso em seu rosto pelo tom de voz

— Obrigada pelo apoio, Rafa.

— Imagina.

— Bom, acho que vou ligar pra ele então...

— Boa sorte!

— Obrigada. — nós rimos — Te amo, mano.

— Também te amo, mana.

Encerrei a ligação. Percebi que eu tremia um pouco, provavelmente de ansiedade para saber a resposta de Douglas. Digitei o número de seu celular. Ele atendeu no quinto toque.

— Mi? Ta tudo bem?

— Sim. Desculpe ligar essa hora. Mas eu realmente precisava falar contigo. Ta ocupado?

— Não, pode falar.

Expliquei tudo para ele. Desde o momento que Vinicius me chamou, falou de minha oportunidade, até o momento em que ele me chamou para sair. Só ouvia a respiração pesada de Douglas do outro lado da linha.

— Dô? Você ta aí? — perguntei depois de um minuto de um silêncio torturante

— To. — ele suspirou pesadamente

— E o que você acha que eu devo fazer?

— Faz o que você quiser, Miranda. Não tenho nada a ver com isso.

— Não faz isso. Sério, Douglas. A gente já ta passando por uma fase complicada na nossa relação. Você ficar com essa viadagem toda, não ajuda.

— Viadagem?! — seu tom de voz aumentou e percebi que ele se controlou para não gritar — Miranda, um homem te chamou pra ir beber! Isso é um flerte mais do que claro!

— Então você tem que me dizer que não quer que eu vá, caralho!

— E preciso dizer?!

— Claro que precisa! Eu quero me sentir desejada, quero que você tenha ciúmes de mim, quero que você diga que eu sou só sua. Eu quero, Douglas, que você passe por cima desse seu orgulho machista e diga que me quer, que precisa de mim, se isso for realmente verdade.

— Você sabe que sim. — seu tom de voz baixou drasticamente

— Sei mesmo? Qual foi a última vez que você me disse isso? Com todas as letras?

Ouvi-o suspirar do outro lado da ligação. Pude formar uma imagem sua bem clara em minha mente. Deve estar andando de um lado para o outro, com uma mão entre os cabelos, enquanto a outra apertava fortemente o telefone colado à orelha.

— Miranda, você terá que ter paciência comigo. Não consigo mudar minha atitude de um dia para o outro.

— Está bem. Sei ser paciente.

— Promete não desistir de mim nesse meio tempo?

— Prometo. Promete se esforçar para sempre me dizer o que quer?

— Prometo. — ele suspirou novamente — Mi, eu não quero que você vá ao bar sozinha com seu chefe. Ficou bom assim?

— Você está me dando uma ordem?

— Não é pra dar?

— Não. Tente me dizer como se sente, ao invés de me dizer o que eu devo fazer. — falei com a voz suave

— Ok... — mais um suspiro — Mi, estou desconfortável com a ideia de você sair sozinha com seu chefe. E agora?

— Perfeito. — abri um sorriso em meu rosto — Ok, Dô, obrigada por compartilhar seus sentimentos comigo. Não irei sair com ele.

— Obrigado. — quase pude ouvir ser lábios se abrindo em um sorriso

— Tenho que ir. Beijos. — hesitei, mas decidi continuar — Te amo.

— Beijos. Também te amo.

Encerrei a ligação com um sorriso no rosto. Não foi exatamente a conversa que teremos que ter, mas já foi um avanço. Um grande avanço, levando em consideração todos esses anos estancados no mesmo lugar.


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Notas finais do capítulo

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