Tudo que ele não tem escrita por , Lis


Capítulo 7
Seis - Matheus


Notas iniciais do capítulo

Olá! ♥ como vocês estão?
Esse capítulo já era pra estar agendado há um tempão, mas viajei e não tive como adiantar a postagem. Porém, cá estou e gostei muito desse capítulo então espero que gostem também.
Boa leitura!



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T O R M E N T A

{s.f.  Sofrimento exagerado; em que há muita aflição; amargura; excesso de situações catastróficas}

Eu juro que tentei estudar.

Eu não tenho déficit de atenção nem nada semelhante, mas não consegui me concentrar nas palavras de Anna Clara Bennet ao lembrar dos gritos da minha mãe quando eu a confrontei novamente por ela ter passado noites trabalhando como uma viciada. Uma viciada em trabalho. Desde que meu pai morreu, dona Luíza se fechou para o mundo e dedicou-se inteiramente a empresa, acabando com sua vida social e se afastando da família.

Ademais, tem Larissa que virou um pé no saco querendo de uma hora pra outra namorar comigo. Sei que tudo isso tem a ver com a rixa da garota por Anna, mas ela é irritante e gruda como cola superbonde. E além dessas merdas, tinha a manipulação de Theo que parecia não querer me deixar em paz. Convenhamos que o dia na biblioteca nunca foi sobre um livro roubado. Tem mais coisa importante envolvida.

Isso tudo me distraia e Branca com seu jeito diferente ao sair da sala mais cedo e logo depois sua confiança após sua ida ao banheiro me fizeram ficar curioso em relação ao que se passava em sua cabeça.

A pergunta era: Por que ela estava me ajudando depois de tudo? E ainda, por que aquela garota parece tão misteriosa após a morte da mãe?

Eu precisava sair dessas questões por um momento e um belo jeito de me libertar disso era dançando. Eu deixei de fazer isso do jeito certo após a morte do meu pai, mas ainda usava a dança para certas coisas em minha vida... Mulheres adoram um bom dançarino, se é que me entendem.

Desço as escadas com Anna até chegar ao salão, onde eu abri as cortinas e a luminosidade preencheu o recinto, tornando assim mais fácil de observar tudo ao nosso redor. Olho para a caixa de som que há tempos não era usada e que estava coberta por uma camada de pó, porém eu não tinha nenhum CD comigo então apenas procuro algo bom na playlist do meu celular.

Meus dedos deslizam pela cintura de Anna Clara, assim que a voz de Bill Medley soa. E eu fecho os olhos instantaneamente. O musical era antigo e o filme era um clássico, mas a dança sempre foi uma das minhas favoritas. E não, não era porque a atriz ficava extremamente sexy na coreografia (isso é uma verdade), mas porque gosto dos passos sensuais no ritmo da dança.

Pude sentir sua hesitação quando a puxei para mais perto e pausei a música.

— Não sei se posso fazer isso - ela fala.

Levanto seu queixo e encaro seus olhos azuis meio acinzentados tão semelhantes a uma tempestade.

— Que tal deixar que seu próprio professor te diga se pode ou não?

Ela morde o lábio inferior.

— Mas...

Xiu— sussurro - Não vou te morder.

— Claro que não - ironiza - Com você posso pensar em coisas ainda piores.

Lanço-lhe um sorriso malicioso.

— Você quer que eu faça coisas piores?

Ela levanta a mão para me dar um tapa e eu a seguro, colocando sua mão em meu ombro.

— Pra começar vou te falar uma pequena teoria da dança: - coloco-a na postura correta - Não se usa agressividade.

Ela abre a boca pra falar, mas eu interrompo:

— A não ser que você queira mais que uma dança com seu parceiro - dou uma piscadela - Como uma coreografia encenada por exemplo, ou alguns tapas na bunda da garota em um passo de funk, talvez?

Ela faz uma careta.

— Não me diga que vai me ensinar a dançar o passinho...

— Só se você quiser se enturmar com os funkeiros— ergo as sobrancelhas - E acredito que pra quem está começando, esse não é um dos melhores estilos.

— Você sabe?

Meu dedo está no play do celular e meus braços ainda cercam sua cintura - porque do jeito que ela é poderia me bater a qualquer passo que eu fizesse -, mas mesmo assim ergo os olhos.

— Sei o quê?

Seus lábios esboçam um sorriso divertido.

— Dançar o passinho, ora.

— Vai ficar falando ou eu posso logo colocar a música pra tocar?

— Matheus?

— O quê?

— Mantenha suas mãos aonde...

Franzi a testa.

— Olha Anna, não sei o que você sabe sobre dançar, principalmente a dança de salão - falo - Mas definitivamente eu não posso fazer isso sem te tocar.

— Sei disso, não sou idiota - suspira - Só quero que se for mesmo continuar com isso, é pra dançar e não ficar esfregando a mão pelo meu corpo.

Hum... Acho que está se iludindo, garota. Seu corpo é tão bom assim para eu querer passar a mão?

Abro um sorriso malicioso e logo depois recebo um puxão na orelha esquerda e me calo. Garota rancorosa.

— Apenas... Dance comigo - sussurra.

E a música começa a tocar.

Seus olhos se arregalam em reconhecimento e eu passo o braço por sua cintura, subindo seu braço direito pra cima e deslizando os dedos por seu corpo até a barra da blusa. Um momento se passou até que eu a rodasse em meus braços e recebesse uma bela pisada no pé.

Tento controlar minha careta de dor e o ritmo rápido começa. Quem já assistiu Dirty Dancing sabe que a dança final é a melhor: o começo lento que logo surpreende com o ritmo de embalo fez com que os atores se soltassem e, ainda tenho a minha opinião, que eles tiveram um caso depois daquilo.

Mas, como eu e Anna éramos como água e óleo... Fomos totalmente ao contrário. Eu a puxava para um lado e ela me empurrava pro outro, ela pisava no meu pé e beliscava minhas costas. Além disso, eu estava quase a esmagando de quão forte estávamos agarrados. Era óbvio que ela queria sair e eu (o maluco) não queria deixar.

Não era dança, era uma guerra.

O ritmo estava totalmente descompassado e ironizando pra quem diz que se sente flutuando nos passos da melodia, eu sentia que estava pulando nas lanças do inferno.

A música não tinha dado nem dois minutos.

— Matheus, para.

— Não.

— Isso não vai dar certo desse jeito. Pare!

Faço um esforço pra continuar, mas noto que ela paralisou em meus braços e reviro os olhos quando paro a música. Encaro-a.

— Esqueci-me de falar que é o cavalheiro que conduz a dança?

Ela ergue as sobrancelhas.

— E desde quando você é um cavalheiro?

— Estou falando sério.

Ela ri enquanto cruza os braços e me fita.

Uau, só assim pra te ver falando sério.

Franzi a testa.

— Eu pedi uma dança e depois iríamos estudar - falo - Eu não ia fazer sexo com você ou algo do tipo. Era só dançar, Branca! Não começar um combate.

— Eu sei - murmura e quase posso  ouvir as engrenagens do seu cérebro estudando a situação - Tenho que parar de agredir você, satisfeito? Eu...

— Foi a música. - pontuo.

Ela olha pra mim e suspira.

— Matheus...

Rio e reviro os olhos.

— Tem algo contra Dirty Dancing agora?

— Não! Claro que não. - responde e ela retira o casaco que estava caindo do seu quadril - É mais que isso.

— E você não vai me contar - digo - Não é?

— Não.

Noto imediatamente sua postura tensa e me aproximo dela.

— Sei que não confia em mim. Tem motivos pra isso. - falo - Mas podemos mudar a música, se quiser.

Ela sorri e ergue as sobrancelhas.

— Isso é você tentando ser um cavalheiro?

— Esse sou eu tentando ser menos babaca. - e ela me olha atentamente antes de se virar para colocar o casaco em algum canto próximo.

O uniforme completo do colégio grudava em seu corpo por causa do suor e o cabelo estava completamente bagunçado. Permiti-me observar e não abrir um sorriso malicioso. Anna Clara tinha um jeito discreto, algo natural que podia mexer com qualquer um... Contanto que parasse para observar.

Meus pensamentos interromperam quando percebi que estava praticamente a achando sexy. E tentei conter uma risada. É a segunda vez que me surpreendo com sua aparência e isso está se tornando cada vez mais esquisito.

— Matheus?

Balanço a cabeça. Voltando a atenção para os seus olhos.

— Eu me distraí. Falou alguma coisa?

Sua sobrancelha se arqueia.

— Estava perguntando se podia mexer no seu celular sem encontrar nenhum pornô.

Meus lábios se abrem em um sorriso descarado.

— Querendo salvar seu número no meu celular, Branca? Mas já?

Seus olhos se reviram.

— Prefiro me manter longe da sua lista telefônica - responde- Sua voz é irritante.

Ah, é?

Ela assente e capturo o indício de um sorriso.

— Agora dá pra parar de bancar o idiota e escolher uma música?

Hum... Está ansiosa para me agarrar de novo. Tentador.

Fui calado por um tapa no braço. E ela ergue o queixo quando me encara com sua postura mais ameaçadora.

— Seguinte: iremos escolher uma música e eu tentarei seguir suas instruções - fala convicta - Em troca, quero que você chegue ao mínimo perto de gabaritar a prova de geografia, que é a próxima que teremos.

Franzo a testa.

— Você vai me passar cola?

— Claro que não!

Cruzo os braços.

— Então você não é isso tudo, Anna... Porque está na cara que só se você me passasse todas as respostas eu conseguiria isso.

— Bem, então é melhor você começar a ter fé - responde e seus olhos me encaram como se eu fosse um desafio - Aceitei isso para te fazer passar de ano e não vou descumprir minha palavra.

— Vai me ensinar mágica então?

— Não. Irei revisar o assunto quantas vezes forem necessárias, até eu ver que você será a nota mais alta depois da minha.

Ergo as sobrancelhas.

— Querendo ser minha amiga, Branca? Compartilhar os momentos de aluna crânio?

— Quero que finalmente você faça o que é certo. Sem bancar o idiota burro como das outras vezes.

***

Depois de finalmente terminarmos de executar tudo que devemos fazer segundo o cronograma, sento-me ao lado de Anna no círculo terapêutico, que é feito duas vezes por semana. Novamente, todos fazem um breve resumo de como está sendo os dias ali e seus melhores momentos. Gisele é a mais diferente, ela parece assustada e ficou encolhida em um dos cantos.

Dra. Angela, que hoje veio com seus cachos soltos, observa atentamente cada um de seus pacientes e sua bata branca faz contraste com sua pele negra brilhante. Ela era bonita para sua idade.

— É sério? - sussurra Anna em meu ouvido - Está mesmo secando a médica?

Olho-a com um erguer de sobrancelhas.

— Ficou com ciúmes?

Ela revira os olhos e Helô ri de algo que Yago fala. A menina de cabelos roxos olhou para Anna e pra mim com uma concentração tão grande que pensei que estivesse nos estudando. Era notável que ela queria saber o que eu e Anna fazíamos no prédio antigo da instituição.

— Certo, antes de terminarmos - fala Dra. Angela com um sorriso - Que tal um desabafo de alguém que ainda não falou? Pedro? Matheus e Anna?

O cara que não falou no começo da semana agora estava encostado à parede e usava um capuz vermelho na cabeça. Ele me encara por um momento e depois seus olhos fitam Anna por um tempo maior. Sei que ele também olhou a camiseta dela grudada ao corpo pelo modo que suas sobrancelhas se arquearam.

— Meu nome é Pedro Brás - fala - Tenho 25 anos e estou aqui desde os 22. Já usei de tudo um pouco e já fui liberado algumas vezes, mas nunca consigo passar mais de dois meses sóbrio longe daqui. Preciso desse lugar.

— Não, não precisa - fala Dra. Angela - Você precisa compreender que a resistência está dentro de você, Pedro. Você não precisa da instituição para estar sóbrio, pois boa parte do que te mantém sóbrio aqui é fruto da sua força de vontade e...

— E do que adianta saber disso quando eu continuo fumando quando eu saio daqui? - interrompe com raiva - Dane-se, Angela! Foram quatro malditos anos! Irei viver eternamente nesse lugar se é pra viver limpo.

Dra. Angela balança a cabeça e anota alguma coisa em seu caderno.

— Vamos discutir mais sobre isso em nossas sessões particulares - ela conclui e olha pra nós implorando para que mudássemos de assunto. - Matheus?

Abro a boca pra falar algo, quando uma voz me interrompe:

— Como confiar em alguém novamente se essa pessoa te humilhou do modo mais depreciável possível? - pergunta Anna e viro-me para olhar seu rosto - Estou me perguntando isso faz um tempo e não consigo responder, pois não tenho motivos além de coisas externas para estar fazendo o que estou fazendo, mas assim mesmo faço. Por quê?

— Porque mesmo que na sua cabeça pareça errado, você gosta dessa pessoa que não confia - é Gisele que responde e seus olhos claros imediatamente ganham um brilho de lembranças - Não tem um modo de confiar novamente, Anna. É saber lidar.

— Uau, que papo filosófico brotou agora - Helô comenta com um sorriso e pisca pra mim.

— Talvez a pessoa que te humilhou do modo mais depreciável possível esteja tentando concertar tudo. Talvez no momento que ele fez aquilo... Ele não sabia o que estava fazendo. - falo.

— Cara, você entregou o jogo todo - Yago diz e encaro Anna que me olha de volta.

— Adoro uma treta. - Helô fala batendo palminhas - O que rolou, hein gente?

Anna revira os olhos e depois olha pra Gisele.

— Obrigada.

— Vocês são bipolares - Pedro fala e Helô gargalha.

— Exatamente isso, garoto mudo.

— Eu não sou mudo!

— Mas quase não fala, considero o mesmo - responde ela que fita Anna e depois a mim - O que você fez com essa pessoa tão maravilhosa, riquinho?

— Eu...

— Nada - responde Anna e se levanta - Nada que ele se importe.

Ela sai andando e eu fico surpreso quando a olho se afastar.

— Mais uma DR? - fala Yago - Cara, que relacionamento conturbado vocês têm.

— A falta de confiança dela em você é palpável - comenta Dra. Angela e encaro a doutora totalmente abismado.

— Ela está confusa - diz Gisele.

— E com medo - fala Pedro.

— Ela é misteriosa - fala novamente Yago.

— E tão maravilhosa, olha aquela cara de anjo! - comenta Helô e encaro-a com um arquear de sobrancelhas - Ok, você fez merda. E óbvio que tem mais uma historinha aí que está rolando com vocês atualmente, só que a coisa é: Ela não vai poder se envolver muito enquanto isso está entre vocês, Matt. O que está  acontecendo entre vocês não vai dar em nada se continuar assim.

Uau— comento - Já pensou em ser psicóloga?

Dra. Angela fita Helô.

— É uma bela alternativa, porém terá que parar de usar os palavrões.

Dá de ombros.

— Assim não teria graça, doutora.

Levanto-me e saio do grupo, piscando pra Helô e correndo para a sala de funcionários onde sei que Anna estaria. Encontro-a terminando de arrumar suas coisas para ir embora.

— Branca...

— Não me chame assim - ralha e vira-se - Você sabe meu nome e meus cabelos cresceram, Matheus. Não tem motivos pra continuar com esse apelido ridículo, não sou a mesma de três anos atrás.

— Eu sei. Só...

— Só o quê? Hoje faz três anos! Três malditos anos desde que minha mãe morreu - responde - Eu sei que você espera a Anna calminha que esteve presente esse tempo todo, mas hoje? Hoje eu não quero fingir que você não fez nada, sabe? Não quero notar se você evoluiu ou não na sua babaquice, caramba eu nem sei o porquê de topar tudo isso...

Calminha? - falo ridiculamente.

Ela revira os olhos e volta-se para a mochila.

— Idiota - murmura.

Fecho os olhos e xingo-me pelo que eu disse. Sento na cadeira de plástico e a fito. Ah, ela estava irada, as bochechas rubras e os olhos faiscando de raiva e dor. Forço a memória para lembrar daquele dia na feira de ciências.

— Foi em uma noite de festa e bebedeira na casa de Theo que Larissa começou com tudo aquilo - começo e ela paralisa de costas para mim - Não sei como você surgiu na conversa, mas de repente Larissa falava como você era falsa e nojenta e descontava todo o seu ódio na vodka. Éramos um grupo cheio de idiotices e era normal falar mal de alguém, mas Lari estava fora de si naquela noite. Acho que foi a primeira vez que eu vi quem realmente ela era, falando de como precisava se vingar de você, fazer algo para que todos soubessem quem você realmente era. Ninguém ligou para o que ela estava falando na hora, até que seus olhos se voltaram para mim.

Paro por um momento. Recordando-me o quão eu era louco por Larissa naquela época. Jesus, eu era tão babaca.

— Veja bem, eu era maluco por Larissa e não me orgulho disso - falo amargamente - Ela sabia do meu desejo e brincava comigo de todo o jeito. Eu era novo, tinha 15 anos e era daqueles idiotas que se acham o machão e queria ter a tão querida rainha do colégio na minha cama. Ela fez uma proposta para que eu descobrisse algum podre sobre você e assim finalmente dormiria comigo.

— E eu achando que a aposta da biblioteca foi a mais idiota que você já fez... - murmura Anna baixinho.

— Eu não gosto do que fiz, Anna. E eu nunca esperaria me aproximar de você exatamente no momento em que sua mãe começou a receber os primeiros diagnósticos do câncer. Na verdade, eu nunca imaginaria que teria que falar com a nerd que Larissa odiava.

— Mas, você falou.

— Falei e me surpreendi. Acho que porque ninguém nunca falava direito contigo, então eu não sabia o que esperar de você. Inventavam um monte de coisas sobre sua chatice, fofocas de corredores, mas eu nunca liguei pra isso e então... Bom, você era legal. Ácida, sarcástica, sincera, inteligente... Nada do que falaram pra mim sobre a garotinha boba.

Ela se vira e seus olhos me estudam por um momento.

— Eu não tinha nenhum podre seu - concluo - Passei semanas com Larissa na minha cola, conversando contigo nos corredores e na lanchonete do hospital e apenas não tinha nada de ruim para falar sobre você.

— Mas, sabia da minha mãe.

— Sabia e sabia também que você tinha me pedido para não contar nada exatamente para as pessoas não sentirem pena de você - respondo - E eu não planejei contar nada, juro. Larissa começou a me irritar quando soube de nossos encontros fora da escola para conversar, ela tinha ciúmes. Decidi que enganá-la seria a melhor opção e disse que tinha conseguido algo que ela poderia usar.

— Mas não tinha.

— Não. - asseguro-lhe e encaro-a - Dormi com Larissa naquela noite inventando alguma besteira boba sobre você.

— Tudo por sexo - ela revira os olhos - Francamente, Matheus...

— Hormônios?

— Não culpe pobres hormônios por sua mente depravada.

Sorrio com sua resposta e suspiro quando começo a contar o resto da história:

— Dormi com ela mais vezes depois daquilo e em uma tarde enquanto nos arrumávamos falei que estava com pressa porque iria te encontrar no hospital - fecho os olhos com força - Escapou da minha boca e eu sabia que Larissa não iria passar batida aquela informação. Foi ali que tudo desandou.

Sua expressão suavizou.

— Você nunca contou a ela do câncer.

— O pai de Larissa é médico, mas eu nunca imaginaria que ele trabalhava no mesmo local em que sua mãe estava internada. Larissa é manipuladora, Anna. A mãe nunca a quis, o pai nunca ligou pra ela... Não que isso justifique suas atitudes. Ela descobriu tudo.

Seus olhos focam em mim e ela pondera por alguns minutos.

— Por que está me contando tudo isso agora, Matheus?

Pergunto-me o mesmo.

— Você disse que queria que eu fizesse o que é certo - falo e dou de ombros - Isso é o certo. Acho que devo pedir desculpas a você. Eu pensei que não ligava muito pra isso, mas com tudo que você falou há alguns minutos atrás lá no grupo e depois desse reencontro inesperado que tive contigo bem... Eu sinto muito, Anna. Isso não é a melhor desculpa do mundo comparado a tudo que eu fiz, mas você merece isso. Sinto muito. De verdade.

Ela para por um segundo.

— Três anos atrasado? - questiona e ergue as sobrancelhas - Mas quem está contando, certo?

Sorrio.

— Desculpe por isso também.

Ela franze a testa.

— Matheus foi abduzido por aliens? Você é realmente o cara babaca que eu conheço?

Rio.

— Não está brava?

— Brava? - ri ironicamente - Estou irada por você ter sido tão ridículo - responde e pisca - Mas não vou perder tempo com emoções que não valem a pena.

Balanço a cabeça, surpreso.

— Você é estranha, Anna Clara Bennet.

— E você evoluiu muito em sua demência, Matheus Stahelin. - joga a mochila no ombro e se prepara para sair da sala - O mundo seria um lugar melhor se continuasse assim.

 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi feito pra quem ficou em choque com a atitude do Matheus e da Larissa no capítulo passado. Muita gente desconfiou que tinha alguma coisa a mais sobre o Matt nessa história e tinha razão. Achei legal e bastante explicativo, então espero que vocês também tenham gostado hahaha.
Essa foi uma parte muito importante para Anna e pro Matheus e será significativa na história. A desconfiança da Anna não irá sumir de vez, mas o pedido de desculpas ajudou muito, né?
Fico tão feliz com o tanto de comentários positivos que estou recebendo nessa nova versão! Leitores antigos aparecendo (Daughter of the Sun ♥), leitores novos dando as caras... Obrigada, de verdade.
Beijão e até o próximo!

PS: Quem comentou no capítulo 6 da primeira versão: Karine Gonçalves, Ygegrsfggjteesqetggff, Lari, Fanfics Sagas, Narelly Fell, Blue, Daughter of the Sun, Duda e Raina6565 ♥



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