República escrita por Larissa Gomes


Capítulo 24
Domingo.


Notas iniciais do capítulo

Menininhas da minha vida. Lencinhos na mão, por favor... A vibe não está das melhores.
Boa leitura!! :(



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– Zelão? – Juliana perguntou suavemente ao amigo que estava lhe fazendo companhia na já utilizada mesa de café da manhã.

– Hum?! – Ela encarou os olhos azuis curiosos dela.

– Você não acha estranho eu ter batido em três portas, chamando para o café, e apenas uma pessoa ter me respondido e vindo?!

Zelão balançou a cabeça. Ele e Juliana compartilhavam o pensamento. Era comum.

– Eu acho que dessa vez a coisa foi séria... – Ela disse tristonha, apoiando a cabeça no ombro do rapaz.

Zelão, apesar de preocupado, não pode deixar de se alegrar com o gesto de carinho da moça de cabelos rosados. Bem como, não conseguiu evitar o elogio que lhe escapou:

– Seu cabelo é tão perfumado quanto as frô, Juliana... – Ele disse baixinho, sem nem perceber o linguajar caipira que às vezes lhe assaltava ferozmente.

Juliana se levantou lentamente, e o admirou encantada com o elogio. Mas envergonhada também.

– Ora essa Zelão, não se deve comparar nada com o perfume de uma flor... – Ela lhe disse sorrindo, sendo humilde e singela.

Zelão não pode deixar de ficar feliz, ao vê-la aprovar seu elogio. Ele sorriu de volta.

– Pois pra mim, você consegue ser mais perfumada e mais formosa do que elas.

Os olhos da professora brilharam com o gracioso elogio.
Os dele também.

De repente, ambos foram assaltados pela timidez imposta pelo contato visual. Eles desviaram. O olhar e o assunto.

– Bom. Eu acho melhor ir tentar falar com a Gina... Ela deve estar precisando de mim. – Juliana avisou, se levantando.

– Eu acho que vou ver se o doutor precisa de alguma coisa também. – Ele se colocou a frente dela.

Ambos ficaram se esbarrando por um curto período de tempo, até conseguirem sair, acompanhados por risinhos tímidos.

[...]

– Gina...? – Juliana abriu lentamente a porta do escuro quarto. Não esperava que a amiga lhe respondesse ao bater.

Quando entrou, ficou penalizada com a cena que viu.

Gina havia fechado a janela, as cortinas, se enrolado em uma leve coberta e chorava incessantemente, sentada no canto da cama. Juliana podia ouvir os soluços dela.

– Ora essa minha amiga... – Juliana se aproximou e sentou ao lado da ruiva, lhe afagando prontamente os cabelos. Sua voz era repleta de suavidade e compaixão. – O que foi que aconteceu?!

Gina não conseguia falar. Ao ouvir a pergunta, apenas soluçou e chorou ainda mais incessantemente, se ajeitando para deitar no colo da amiga. Era só disso que ela precisava. Um colo pra chorar.

[...]

Enquanto isso, em seu quarto não menos escuro, Ferdinando estava deitado, com um braço acima dos olhos, enquanto o outro levava sua mão a tatear o colar em seu peito. Mais precisamente, a pedrinha azul, que havia nele. Ele não tirava a imagem vista a pouco de sua cabeça, bem como as palavras dolorosas que Gina o havia proferido. Ele se lembrava de que, assim como ele, ela também utilizava o pingente que ele havia lhe dado, no momento do ‘término’.

O engenheiro também chorava incessantemente, mas de uma maneira mais fria. Pois para Ferdinando, aquele término tinha um nome, ou melhor, um apelido muito certo: Cadu. Para ele, a ruiva sem dúvidas havia se encantado com o tal rapaz. Até mesmo se apaixonado por ele. E a cada vez que essa conclusão lhe voltava a mente, pois era impossível evitar que voltasse, Ferdinando sentia uma dor e ódio insuportáveis, e imensuráveis em seu peito. Ele estava conhecendo agora, mas este era um dos piores gêneros de dor: dor de amor.

Enquanto se afogava em seus dolorosos pensamentos, Ferdinando ouviu uma voz amiga lhe chamar, batendo em sua porta.

– Doutorzinho... Eu posso entrar?! - Zelão questionou.

Assim que ouviu uma resposta positiva ressoar de dentro do quarto, o amigo entrou, e encostou suavemente a porta.

– Nando, você me desculpe ter vindo aqui assim, mas é que eu e a Juliana ficamos preocupados, de não ver nem você nem a Gina agora pela manhã...

–Como assim Zelão, ela saiu com aquele um?! – Ferdinando disse se levantando de supetão na cama. Ele poderia jurar sentir seu coração na garganta quando sentou.

– Não... – Zelão não pode deixar de rir levemente com o desespero do amigo. – Ela tá é encafifada no quarto, provavelmente chorando que nem o doutor. – Ele concluir ao ver o rosto de Nando, outrora coberto pelo braço. – A Juliana foi falar com ela.

– Ora essa Zelão, e quem foi que disse que eu tava chorando?! – Ferdinando tentou parecer sério, secando os resquícios de lágrima que poderiam ter sobrado em sua alva face.

– Seu rosto, sua voz, o jeito que o senhorzinho tá enfurnado aqui nesse quarto... Tudo isso me disse Nando. – Zelão era sincero. Ele puxou a cadeira da escrivaninha de Nando e se sentou a sua frente. Percebeu que o amigo precisava conversar.

Ferdinando passou as mãos, atordoado, pelo rosto, e encarou o amigo, respirando fundo, na escuridão do quarto.

– Eu amo aquela uma Zelão... – Ele abaixou o olhar. – Você mais do que ninguém sabe que é loucura, mas eu amo a Gina . – Ele voltou a encarar o amigo que, para seu espanto, não tinha um semblante muito surpreso.

– Eu já percebi isso Nando. – Zelão suspirou. – Apesar de eu achar mesmo que vocês vão comprar uma briga dos diabos lá por aquelas bandas, eu já percebi. – Ele sorriu.

Nando não.

– Não vamos comprar briga nenhuma, amigo, porque a Gina hoje acabou com tudo. Seja lá o que for que a gente tivesse junto... – os olhos dele marejaram com a triste verdade.

– Como assim doutor?! Porque terminou?! – Zelão se sentiu triste em ver a dor do amigo.

– Por que a Gina, meu caro amigo, agora tá de asa caída pro lado daquele maldito loiro que tá morando aqui! – Ferdinando tornou-se irônico ao dizer.

– Nando, eu acho que você tá é lelé. – Zelão foi sincero. Era mesmo o que pensava.

– Ara como assim Zelão?! – Ele disse contrariado.

– Ara nada! É a verdade. O senhor assim como eu sabe que aquela uma nunca foi namoradeira, muito pelo contrário... E eu também não acho que um mariquinha daquele ia ser homem pra ter o interesse dela... – Zelão não tinha raiva de Cadu, apenas dizia o que pensava.

– Mas se não for por esse um Zelão, porque ela ia terminar comigo justo agora, que ele tá aqui?! – Ferdinando argumentava.

– Porque doutor, você me desculpe à franqueza, pelo mesmo motivo que a Juliana terminou com o outro dotorzinho que foi se embora daqui! – Zelão chutava uma resposta.

Ferdinando parou ao escutar algo que bem podia ser verdade. Até a própria Juliana já o havia alertado disso...

– Meu caro Zelão... Eu acho que você pode até ter alguma razão nisso que tá dizendo. – Ele se levantou e rodeou o amigo, enquanto pensava na possibilidade.

– Pois se for isso, eu acho que só do senhor ir falar com ela, já vai tá tudo resolvido! – Zelão lhe devolvia a esperança. – Mas vai ter que parar com essa ciumeira toda, se não vai mesmo perder ela, igual seu amigo perdeu a professorinha...

Ferdinando não pode deixar de sorrir ao ver o modo alegre como Zelão se referia ao término de Juliana e Renato. E quis lhe devolver o conselho.

– É isso que eu vou fazer meu amigo! Eu vou falar com a Gina! – Ele vestiu novamente a camiseta que havia tirado. – E seu eu fosse você Zelão, faria depressa o mesmo com a professora, porque pelo que eu conheço, a Juliana não gosta muito de corpo mole! Muito obrigado pelo conselho meu amigo!

Zelão ficou sem graça com a indireta do rapaz, que agora saia em disparada pela porta.

Ao colocar o pé no corredor, Ferdinando observou uma bela professorinha sair cabisbaixa do quarto da amada. Ela o olhou, e fez com a cabeça um movimento de negação, fazendo com as mãos outro, que o pedia pra esperar.

Ele entendeu a mensagem. Não deveria ir falar com ela.

Ela virou-se de costas e começou a descer as escadas, quando sentiu o toque desesperado do amigo em seus ombros.

– Juliana, me diz, por favor... Como a Gina está... Porque eu não posso ir falar com ela?!

Juliana respirou. Seria sincera.

– Nando, ela não está nada bem, como você também não deve estar, pelo que vejo em seu rosto... – Ela pegou nas mãos do amigo. – Mas ela também tá muito decidida Nando... E você sabe que se tratando da Gina, se você entrar lá, vai se complicar ainda mais...

Ferdinando abaixou a cabeça. Era verdade.

– Mas Juliana, - Ele voltou a fitá-la com os olhos suplicantes. – Eu não to entendendo o porque de tudo isso. Ela te disse alguma coisa?!

Juliana não queria, mas teve de contar aquilo que Gina, mesmo sendo sua amiga, tinha contado pra ela.
Gina persistiria na mentira, fosse com o Nando ou com Juliana, apenas para não magoar, aquele que tanto gostava.

– Ela disse, com todas as letras Nando... – Ela suspirou fortemente, se deixando levar pela comoção do amigo. – Que não gosta de você como imaginava.

Ferdinando soltou as mãos da amiga, e passou a mão pela testa incrédulo. Estava atordoado. Era como se a esperança que Zelão tivesse lhe devolvido há minutos, fosse trocada pela dor, devido à confirmação que Juliana lhe fazia.

Juliana não suportava ver a dor que abatia o amigo.

– Juliana, mas e se você tentasse... Não sei, falar com ela, qualquer coisa! – O desespero em sua voz era evidente, bem como a dor que ele sentia.

– Nando, eu tentei... – Juliana já estava chorando pela triste situação. – Eu juro que tentei! Mas ela já decidiu... E eu acho melhor agente... Eu acho melhor você respeitar essa decisão.

Mesmo com o afago que Juliana fazia em seu rosto, Ferdinando sentia seu corpo todo ser reduzido a nada. Peso morto, apenas.

Zelão os encontrou na escada, e já imaginava pela cena que a conversa do amigo com a ruiva não tinha sido das melhores, ou nem havia ocorrido, de fato. Juliana o olhava, penalizada, enquanto abraçava Ferdinando.

– Eu vou esquecer ela, Juliana. – O engenheiro pontuava, tentando parecer firme entre lágrimas incessantes, enquanto o terno e doloroso abraço, continuava.

Era um domingo triste.

Triste para todos, exceto para um rapaz, que conseguia ouvir toda a conversa que acontecia na escada do sofá onde estava.


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso amorinhas, não espero que tenham gostado, apenas... sei lá! rs :/
Beeeeeijos! s2



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