A Sombra e a Escuridão escrita por Cris Turner


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a super_twilight. Muuuito obrigada pela indicação, amor. Fique super feliz



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Capítulo 13

 

 No momento em que as palavras deixaram minha boca, elas pareceram insensatas e deslocadas, pois Edward sustentava uma expressão tão inocente, tão caladamente inocente, que duvidei seriamente de minha capacidade auditiva.

 

- Disse o quê? – ele respondeu, calmo.

 

 Agora eu duvidava também de minha capacidade de falar. Realmente, meu cérebro virara mingau.

 

 Podia perceber que estava em uma situação deplorável: parada no meio da loja, a boca entreaberta e os fixos na jaqueta de Edward. Mas não conseguia esboçar qualquer tipo de reação a fim de alterar essa circunstância.

 

 De forma não relevante, percebi meu ex-namorado falando comigo, mas o som estava muito longe, impedido de chegar até mim graças a espessa parede que algumas palavras formaram. “E isso acontece porque nos amamos muito, Bella” .

 

Apesar da aparente sinceridade apresentada por ele ao “negar” o ocorrido, eu tinha certeza que não imaginara aquela fala. E, agora que deixara de acreditar em um complô de minha imaginação contra mim, precisava deixar meu casulo seguro e encarar tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Encarar por outro ponto de vista.     Encarar a verdade.

 

 Isso não seria nada fácil. Talvez por esse motivo meu corpo entrou em estado de letargia. Era o instinto de sobrevivência tentar adiar o doloroso encontro com a realidade.

 

 Eu mais senti do que vi quando Edward movimentou-se, parando ao meu lado. A vendedora ruiva se aproximou de nós e me encarou de modo estranho por um longo momento, mas não consegui questioná-la, já que, minha boca continuava travada. Acho que eles dialogaram por um instante, antes da moça se afastar apressadamente. Então tudo pareceu andar rápido demais para que eu distinguisse o que estava acontecendo. Senti que algo me puxava delicadamente a fim de que eu flutuasse para outro lugar.

 Assumindo um compromisso comigo mesma, tomei uma decisão. Sim, eu adotaria a atitude certa, tentando descobrir toda a verdade. Mas alguma coisa me dizia que aquele não era nem o momento e nem o lugar para refletir sobre isso.

 

 Uma lufada de ar atingiu meu rosto, me tirando do estado de apatia. Com um estalo poderoso em minha mente, tudo voltou ao lugar. As imagens desaceleraram e os ruídos dos vários transeuntes do shopping avançaram até mim, ao ponto de serem distinguidos. Percebi então que não estava flutuando e sim caminhando e a força-guia era a mão de Edward entrelaçada a minha. Virei o pescoço pra trás e surpresa imensa me assolou ao constatar que havia andado mais de vinte metros! O movimento pareceu chamar a atenção de Edward. Os olhos dourados me encararam em um misto de alivio e surpresa.

 

- Bella, você está bem?

 

- Eu... eu acho... que sim. – pendi a cabeça pro lado.

 

- Você me deu um susto de morte! Já estava te levando para ver Carlisle.

 

- Carlisle? Por quê? – estava muito confusa.

 

- Porque você não respondia e estava com o olhar fixo.

 Limitei-me a balançar a cabeça.

 

- Edward, como saímos da loja? – franzi o cenho – E o que é isso na sua mão?

 

- Pela porta. Há uns cinco minutos.  – ergueu a mão esquerda, a qual segurava uma sacola com o logotipo da GAP – Bom, achei injusto fazê-la desperdiçar o tempo que você gastou vindo até aqui, então mandei a vendedora embrulhar alguns modelos para levarmos. – deu um sorriso exatamente igual ao daquelas crianças que são pegas comendo biscoitos antes do jantar.

 

 Será que ele sempre pensava em tudo?

 

- Hei! Como você pagou por elas? – perguntei em tom indignado. – Você não pagou por elas com o próprio cartão, certo?

 

- Bom, talvez eu tenha feito isso.

 

- Edward Cullen! Além de me fazer o favor de pegar as blusas, você ainda paga por elas?! Isso não é aceitava. Tudo bem que agora somos... – a palavra travou em minha boca por um instante,  só saindo com algum esforço – amigos, mas isso não quer dizer que você pode gastar seu dinheiro comigo! Completamente inaceitável!

 

- Bella, não foi nada. – falou – Você sabe que dinheiro nunca foi problema para minha família. – apertou de leve a minha mão que, só agora percebi, continuava entrelaçada a dele – E eu ainda fico inconformado por você não aceitar pequenos presentes meus.

 

 Por um longo instante, fixei o olhar em nossas mãos unidas.  Percebendo a voz do orgulho, estava prestes a puxar meu braço quando levantei a cabeça e fui envolvida pelo mar dourado. Alguma coisa brilhou intensamente naqueles olhos. Um sentimento que não pude identificar, mas que me acalentou tão docemente que fui totalmente incapaz de me mover para longe dele. 

 

 Senti minhas bochechas corarem. Desviando a atenção para o chão, mudei o peso de uma perna pra outra, tentando me lembrar sobre o que falávamos e tentando escapar da intensidade de seu olhar.

 

- Ah! – exclamei ao lembrar exatamente o motivo da discussão – Eu já lhe disse inúmeras vezes porque não aceitava seus presentes.

 

- Certamente falou. Você tinha dois motivos para sempre tentar recusá-los. “Eu posso pagar por eles, Edward” e... – ele parou.

 

“Eu não preciso de mais nada porque tenho você, meu amor!” Senti-me aliviada quando ficou claro que Edward não terminaria sua fala. Porque seria bem constrangedor escutar naquele momento e naquela circunstância inusitada, a segunda frase mais usada por mim em nosso tempo de namoro.

 

- Mas elas não são pra mim! – mudei de assunto rapidamente, tentando quebrar o clima chato que se instalou.

 

- O quê não é pra você? – dessa vez era ele quem parecia totalmente perdido.

 

- As blusas. Elas não são pra mim.

 

- Ah! As blusas! Realmente, eu ao achei que você tivesse começado a usar moletons M masculinos. – sorriu de lado.

 

Não pude evitar sorrir também, mas não sabia se ria de suas palavras ou do quadro em geral, o qual parecia bem estranho.

 

 De repente, Edward se retesou, o maxilar cerrado e os olhos irradiaram um brilho perigoso. Tive que suprimir o impulso de dar um passo para trás, afinal, sabia que não havia qualquer motivo para temê-lo. Ele não me machucaria, não fisicamente.

 

Estava prestes a perguntar o que raios havia acontecido quando ele abriu a boca e sussurrou de modo letal:

 

- Para quem são essas blusas? Pensei que fossem para Charlie, mas compreendi que estava errado porque acabo de me lembrar de uma noite quando você comentou sobre o hábito de seu pai de usar blusas duas vezes maiores que o tamanho dele.

 

 Edward estava certo. Meu pai tinha esse hábito incompreensível.  Porém fiquei admirada demais com o fato de ele ainda se lembrar daquela conversa ocorrida há tanto tempo, que me esqueci completamente de sua pergunta. Só percebi que uma resposta era esperada ao ouvir o rosnado baixinho retumbando em seu peito.

 

- As blusas são para Jack. Meu irmão esqueceu-se de trazer agasalhos. – respondi, confusa.

 

Vi os ombros dele relaxaram e seu rosto voltar ao normal.

 

- Jack! Claro! – parecia bem contente com isso. – Seu irmão Jack.

 

 Concordei com a cabeça.

 

- E, por falar em meu irmão, - enfiei a mão no bolso de minha calça e tirei o cartão – aqui está o cartão dele. Vamos à um caixa eletrônico para eu sacar o dinheiro que lhe devo.

 

- Absolutamente não! Isso está fora de cogitação. – seu tom estava bem sério.

 

- Mas, Edward, isso não é justo. As blusas nem mesmo são para mim! – protestei – Eu tenho que lhe pagar. Bom, Jack tem que lhe pagar. Faço questão!

 

- Não vou aceitar o dinheiro, Bella. – seus lábios se repuxaram em um sorrio travesso – Mas se você insiste tanto nessa idéia, poderia aceitar minha companhia no almoço. Como forma de pagamento. O que acha?

 

- Ainda acho que você deveria aceitar o dinheiro!

 

Uma boa encarada em sua expressão mostrou-me que ele não mudaria de opinião. Suspirei, concordando o que uma parte de mim – a qual eu não sabia se aceitava muito bem - queria com tanta intensidade.

 

- Tudo bem. Vamos almoçar então.

 

O sorriso  nos lábios de Edward foi tão grande que ofuscou minha vista por um instante.

 

 

 

 Remexi-me na cadeira pela quinta vez em menos de dez minutos, fazendo Edward soltar uma risadinha. Revirei os olhos, desistindo de ignorar sua indiscreta atenção.

 

- Sabe, não é agradável comer com alguém te olhando fixamente. – resmunguei.

 

- Eu gosto de olhar para você. 

 

- E eu gosto de socar a cara da Jessica, mas não posso fazer isso com muita freqüência porque me trás certas complicações. – arqueei a sobrancelha - Leia nas entrelinhas.

 

 Ele sorriu de lado, porém passou a lançar alguns olhares desinteressados ao resto do restaurante.

 

- Acho que Mary ficou preocupada com você. – comentou depois de algum tempo.

 

- Quem?

 

- Mary, a vendedora ruiva da GAP. – deu de ombros – Depois das três tentativas frustradas de fazer você responder qualquer coisa, ela queria chamar um médico. Precisei de alguns minutos para convencê-la de que era seu amigo, então cuidaria de você. Bom, Mary ainda pareceu um pouco desconfiada, principalmente quando pedi para embrulhar as blusas e entreguei o cartão. – franziu o cenho -  Segundo os pensamentos dela, eu poderia ser um lunático com uma seringa repleta de sedativo que estava seqüestrando você para vendê-la em um mercado negro. – adquiriu uma posição falsamente analítica -  E como isso era interessante, pois se parecia muito com o livro de suspense que ela leu semana passada.

 

 Gargalhamos.

 

- O que mais me surpreendeu foi o fato de Mary ter conseguido empacotar as blusas, já que, quando estamos saindo da loja, ela ainda considerava seriamente a possibilidade e chamar a policia!

 

- É. Porque, com certeza, você tem cara de contrabandista!

 

- Oh! Sempre achei que parecesse mais com um ladrão de bancos! – sua expressão assumiu um falso ar de desapontamento.

 

 Abafei uma risadinha e alcancei o copo de Coca-Cola, bebendo um pouco.

 

- Vocês gostariam de pedir mais alguma coisa?

 

 Quase cuspi a Coca, tamanho o susto que levei quando a garçonete morena surgiu ao lado da mesa, puxando-me para fora da bolha cor-de-rosa onde só existia Edward e eu. Abaixei o copo lentamente, recuperando o fôlego.

 

- Bella? Você quer mais alguma coisa?

 

 Edward focava sua atenção em mim enquanto a garçonete agia como se apenas ele estivesse ali. Impressionante como a morena era indiscreta.

 

- Não, obrigada. Hei moça. – meu tom tornou-se frio e cortante como o gelo.

 

Ela olhou para mim, forçando um sorriso. E, lançando-lhe o olhar que meus amigos diziam assustar até mesmo eles, falei:

 

- Pode trazer a conta.

 

 A garçonete apressou-se em direção ao caixa, parecendo ter perdido a coragem de admirar Edward e preocupada em atender o mais rápido possível minha solicitação. Esse olhar nunca falhava. Sorrindo satisfeita, voltei a posição original. Foi então que percebi o brilho contente nos olhos de Edward.

 

- Que foi?

 

- Nada. Nada não.

 

- Sei. – resmunguei, nem um pouco convencida.

 

A volta da garçonete mais uma vez foi repentina, mas não surpreendente.

 

- Aqui, senhorita. – entregou o caderninho preto (n/a: não tenho a mínima idéia de como isso chama) – Obrigada por virem ao nosso estabelecimento. – dizendo isso, praticamente correu para a outra mesa.

 

 Ah! Coitadinha! Ficou com medo de mim! Cantarolando baixinho, peguei o papel para ver quanto havia custado minha refeição. No segundo seguinte a conta tinha sumido de minha mão.

 

- Edward!

 

- Não achou que eu fosse deixar você pagar, não é mesmo!? – falou enquanto tirava a carteira do bolso.

 

 Inclinei-me para frente e tentei alcançar o papel, mas Edward limitou-se a segurar a minha mão, entrelaçando nossos dedos. Rápido como sempre, ele colocou o dinheiro embaixo do caderninho, pegou a sacola da GAP que estavam sobre a outra cadeira e me guiou para fora do restaurante.

 

- Não vou nem comentar como isso foi machista e errado! – resmunguei, olhando para a direção oposta a ele.

 

- Eu convidei, eu pago. – seu tom era alegre, nem um pouco envergonhado.

 

- Mas o almoço era o “pagamento” pelas blusas! – fiz aspas com a mão que estava livre -  Então quem supostamente deveria pagar seria eu!

 

- Eu aceitei a companhia para o almoço. – respondeu, tranqüilo.

 

- Não parece muito justo. As blusas são para meu irmão, você pagou; somente eu comi, você pagou.

 

- Acredite Bella, eu não levei um prejuízo. – sorriu de lado – Muito pelo ao contrário.

 

 

xxx

 

 Pegando a bolsa e a chave, sai do porshe, trancando-o no processo. Já estava com a mão na maçaneta de casa quando o ronco potente de um motor me fez girar os calcanhares. Com muita curiosidade estampada no rosto, desci os degraus do alpendre enquanto o Volvo estacionava atrás de meu carro. Edward desceu do carro de maneira elegante e caminhou até mim.

 

- Desculpe. Esqueci de lhe entregar isso. – estendeu a sacola da GAP.

 

 Seus dedos gelados e macios roçaram os meus no momento em que ele me passou a sacola. Estremeci com a corrente elétrica que passou por meu braço e chegou até o coração, acelerando-o.

 

- Obrigada. – sorri, sem graça.

 

- Por nada. – esfregou a nuca – Era o mínimo que eu podia fazer depois de me esquecer de lhe entregar as blusas. Sinto muito por isso.

 

 O sorriso malicioso brilhando em seus lábios dizia claramente que ele não “sentia muito”. E, pensando bem, aposto que Edward não  se esqueceu das sacolas. Ele nunca se esquecia de coisa alguma! Então será que é um... seria um... pretexto para me ver?

 

- Não precisava se incomodar. – falei, com a voz falha devido a emoção que minha ultima descoberta havia causado.

 

- Não foi incomodo algum. Vemo-nos na segunda?

 

- Claro.

 

 Em um movimento rápido, Edward baixou a cabeça e encostou seus lábios nos meus por apenas um instante.

 

- Até segunda, Bella. – dizendo isso, entrou no carro e acelerou para longe dali.

 

 Vendo o volvo se afastar, pensei no pequeno beijo de despedida, e, por incrível que pareça, considerei-o certo.

 Necessitei de dez minutos inteiros para acalmar meu coração saltitante. E, mesmo assim, quando subia as escadas internas da casa, ainda estava sobre trêmulas pernas. Bati duas vezes na porta do quarto de meu irmão antes de entrar. Minha presença não foi notada, já que, papai e Jack pareciam bem interessados no dialogo que mantinham.

 

- Eu já comprei a comemorativa de aniversário e mandei personalizar! – Jack falou, muito satisfeito.

 

- Ainda não tive tempo de comprar essa! – o mais velho balançou a cabeça, inconformado – Comprarei hoje e mando entregar na casa de papai. Quando chegar, peço a sua avó que mande as duas.

 

- Isso! É uma ótima idéia! Além do mais, amanhã tem jogo!

- É! E nós vamos esmagar, destruir e pulverizar o Chelsea! – Charlie soltou uma risada estranha enquanto fazia gestos com as mãos como se torcesse alguma coisa.

 

- Isso ae! Isso ae! – gritou Jack, bastante entusiasmado.

                                                                       

Ah! Era esse o assunto?! Realmente, tenho que admitir que é um tema muito importante.

 

- Que horas é o jogo? - larguei a sacola no chão e corri para o sofá onde papai estava, sentando ao lado dele.

 

Eles me olharam um pouco assustados, antes de Jack responder:

 

- Às 16:00.

 

- Lá na sala? – perguntei.

 

- Sempre.

 

- Ótimo! – esfreguei uma mão na outra, já pensando na emoção do jogo e no prazer da vitória.

 

- Mana, trouxe as blusas?

 

- O quê? – sacudi a cabeça – Ah! Sim. Estão aqui.    

 

Recuperei a sacola esquecida e fui para perto da cama dele, estender a blusas novas. Tirei o cartão do bolso e coloquei sobre o criado-mudo.

 

- Vê se você gosta. – sorri – É presente.

 

- Presente? Está de bom humor, filha?

 

- Ou, que sabe, doente? – brincou Jack.

 

- Talvez um pouco dos dois. – sorri.

 

 

 

 A única coisa útil que fiz domingo foi me reunir com papai e Jack para assistir o jogo do Manchester United, paixão passada hereditariamente na família Swan. Xingamentos e indignações foram ouvidos naquela sala, mas nada comparado ao momento do primeiro gol. Charlie e eu estávamos tão felizes gritando que demoramos um pouco para perceber que Jack havia tentado se levantar sem apoio e agora resmungava de dor na perna engessada. Nos próximos momentos de exaltação, o moreno se lembrava de conter os nervos e permanecer sentado. Eu fiquei extremamente nervosa no final porque o jogo estava empatado.  Quase fiz um buraco no chão de tanto andar em círculos. Contudo, meu maravilhoso time conseguir fazer um gol no minuto final. Nesse momento, achei que a casa cairia, tamanha foi nossa comemoração.

 

O resto do dia foi repleto de risadas e comida nenhum pouco saudável, já que, dia de Manchester United é como feriado: dia de fazer nada – e isso inclui não cozinhar.

 

 Já passara das dez da noite quando me despedi dos dois e fui para meu quarto. Fiz minha higiene pessoal e deitei na cama. Então percebi que amanhã é segunda. Dia de ir à escola. Edward.

 

Engraçado como o destino pode ser irônico! Eu sabia que, teoricamente, deveria sentir vergonha ou até mesmo raiva devido ao meu orgulho ferido – embora não saiba exatamente em que momento o machucara. Mas eu não me sentia assim. Eu não pensava nisso. Estava entretida demais no fato de que só agora eu percebia o tamanho das conseqüências que as palavras de Edward e meu comportamento durante o sábado geraram.

 

 As regras do jogo haviam mudado. E eu tinha medo do que isso poderia acarretar.

 

 

xxx

 

- Não, não, Lucas Scott. – risquei o caderno dele – É delta sobre T vezes cinco. E não cinco sobre T vezes delta.

 

Estávamos na aula de cálculo, fazendo, em duplas, os exercícios que o Sr. Ewter havia passado.

 

- Mas se eu multiplicar cruzado vai dar a mesma coisa. – começou a fazer a conta outra vez.

 

- Eu sei, amor. Porém você tem que usar a fórmula porque as próximas contas podem não dar o mesmo resultado se multiplicadas de maneira cruzada.  – apoiei o cotovelo na nossa mesa e meu rosto sobre essa mão.

 

- Tem certeza?

 

 Balancei a cabeça de leve.

 

- Por quê?

 

- Porque matemática é assim. – voltei a posição normal – Não me olhe desse jeito! Já desisti de tentar entender cálculo. Eu apenas sei fazer o que precisa. Se você quer uma explicação para os fatos estranhos das matérias de exatas, tem que falar com sua namorada. Você sabe o quanto ela é apaixonada por números. – meu rosto se contorceu em uma careta.

 

 Luke torceu os lábios e falou:

 

- Odeio exatas. Prefiro biologia.

 

- Prefiro história.

 

 Por sorte, o sinal tocou nesse instante. Joguei meu caderno na mochila, pois Lucas já estava pronto para sair e me dizendo para andar logo.

 

- Já vou. Já vou. Por que a pressa? – resmunguei ao sairmos da sala.

 

- Porque é almoço. – falou como se fosse obvio – E eu estou com fome.

 

- Por falar em almoço, você podia pagar o meu hoje, né? – juntei as mãos em posição de oração e sorri para ele.

 

- E por que eu faria isso? – semicerrou os olhos.

 

- Porque eu sou a sua melhor amiga que você mais ama.

 

- Você é a única.

 

- Quanto amor. – arqueei as sobrancelhas e cruzei os braços.

 

- Ah! Vem aqui, baixinha. – passou o braço sobre meus ombros e bagunçou meu cabelo.  – Te pago um chocolate.

 

- Hei! Eu já lhe falei sobre essa história de mexer no meu cabelo!  – empurrei-o pela barriga me afastando um pouco – Mas eu aceito o chocolate. – sorri.

 

- Esperta você, não?      

 

- Sempre.

 

Ainda estávamos rindo quando entramos no refeitório. Fomos direto pegar nossa refeição. Enquanto Luke e eu estávamos na fila, dei uma rápida olhada para a mesa dos Cullen e constatei que todos eles me encaravam. Três deles sustentavam apenas curiosidade no olhar, mas Alice e Edward sorriam. De maneira tímida, correspondi o sorriso, mas logo virei o rosto para o outro lado.

 

Passei o resto do intervalo me policiando para não lançar minha atenção sobre eles novamente.

 

 

 

- Tchau meninos. Comportem-se! – falei, dando um abraço em cada um deles.

 

- Pode deixar, Bella. Nós vamos estudar química, não é não, Chad? – Lucas deu uma cotovelada de leve no braço do irmão.

 

- Com certeza!

 

- Sei. – Broo e eu falamos ao mesmo tempo.     

 

- Tchau amor. – a morena deu um beijo rápido no namorado.

 

- Tchau lindas. – dizendo isso, Chad se afastou direção ao carro, mas parou na metade do caminho e virou-se – Ah! Na próxima vez vocês se comportam direitinho, então não precisam pegar detenção. – falou como um professor.

 

- Ô infância perdida! - Revirei os olhos.

 

- Olha o cunhado que você foi me arrumar, Lucas! – Brooke balançou a cabeça.

 

- Desculpe, amor. Família a gente não escolhe.

 

- Ah! Vocês não vivem sem mim! – gritou Chad.

 

- Vamos, Broo. Daqui a pouco o Sr. Jorges fecha a porta e nós vamos ganhar mais uma semana de detenção. – a puxei pela mão.

 

- Já disse que não gosto daquele cara? – resmungou ela.

 

- Provavelmente.

 

- Tchau amores. – gritei e mandei um beijo no ar.

 

Brooke acenou com a mão e nós seguimos pelo longo corredor. Ao chegamos à sala de detenção, entregamos o papel que a Srta. Jereau  havia nos dado, o qual continha o tempo de duração desse castigo e o motivo dele. Sr. Jorges deu uma folha para cada um e disse para tentarmos resolver os exercícios contidos nela. Sr. Jorges sempre olhava os castigados com detenção e sempre fazia a mesma coisa: Ordenava silencio. Abria um livro qualquer, abaixava a cabeça e começava a ler, não prestando atenção nenhuma no que os alunos faziam.

 

Acho que poderíamos colocar fogo na sala e ele não se incomodaria desde que fosse um incêndio provocado silenciosamente. Ah! E os exercícios não precisavam ser entregues, então ninguém fazia. Eu sabia dessas coisas graças a Luke, o qual insistia em sair da sala sem permissão, o que lhe gerava algumas detenções.

 

Brooke e eu andamos até fileira encostada na parede e perto da porta, a qual estava vazia. Ao sentar, avistei Jessica do outro lado da sala, me encarando com raiva mal contida. Abri um sorriso irônico e fiz um pequeno tchau. Imediatamente ela se endireitou na cadeira, virando para frente. Contive uma gargalhada.

 

Brooke, bateu de leve em meu ombro e passou um papel.

 

Como foi seu final de semana?

 

Peguei uma caneta dentro da mochila para responder.

 

Interessante. E o seu?

 

Passei o papel de volta.

 

Muito bom. Luke e eu fomos ao cinema em Port Angels. O que você quer dizer com “interessante”?

 

Respirei fundo antes de responder, concluindo que não havia mal em contar-lhe as partes menos....complicadas.

 

Fui à Seattle sábado à tarde. E encontrei Edward lá.

 

Edward e você em Seattle? Que coincidência! E o que aconteceu?

 

Nada de mais. Nós só conversamos como pessoas civilizadas.

 

Conversaram sobre o quê?

 

Estava escrevendo a resposta para Brooke, mas parei, surpresa, ao ouvir a voz melodiosa que soou na entrada da sala:

 

- Desculpe o atraso, senhor Jorges.

 

 


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Notas finais do capítulo

Demorei? Sorry :( É que eu tive milhares de provas. E nas próximas semanas terei milhões de provas, então o próximo capítulo demorará.   Ah! Esse capítulo tem Chad, para a felicidade da maioria das minhas queridas leitoras   Quem será que chegou à sala de detenção?! :O   Como estão? O que contam de bom? O que acharam da nova capa?   Achei uma música que o refrão parece com a fic =D   We can still touch the sky

If we crawl
Till we can walk again
Then we'll run
Until we're strong enough to jump
Then we'll fly
Until there is no wind
So let's crawl, crawl, crawl

Back to love Yeah!
Back to love Yeah!   Nós ainda podemos tocar o céu


Se a gente rastejar
até conseguirmos andar de novo
Então correremos
até estarmos fortes o suficiente pra pular
Então vamos voar
até não ter mais vento
Portanto vamos rastejar, rastejar
Rastejar de volta pro amor
De volta pro amor, yeah
De volta pro amor, yeah   Crawl - Chris Brown   Então amores, o que acharam? ;;   ps: Que fique bem claro que eu repudio totalmente o que ele fez com a Rihanna no ano passado. Mas a música é bonita (Y)   Love you all ;*