A chave que abre a porta para um milagre pode estar nas mãos de qualquer pessoa.
Só que... São raras as pessoas que percebem isso.
Milagres que podem mudar o destino não acontecem de repente.
Por querer que algo mude, por aquele pequeno passo...
Algum dia... A porta do milagre se abrirá.

    O protagonista desta história começa dormindo no sofá de seu apartamento, ele é grande demais para o móvel então boa parte de seu corpo está deitado no chão, o cabelo está bagunçado, a boca semi aberta enquanto escorre um fio de baba de seus lábios até seu pescoço.
    O celular sob a mesa de centro da sala está tocando insistentemente há muitos minutos até que finalmente o dono do aparelho acordou e ainda sonolento se levantou e o pegou nas mãos. Constatou que era o despertador, mas assustou-se ao reparar que o celular devia estar tocando há quase uma hora.
    - Ahhhh, estou atrasadooo! - Como se tivesse levado um choque ele rapidamente acordou e saiu correndo pelo apartamento.
    Esse é Jo Kwon, nosso protagonista desastrado e distraído.
    Enquanto Kwon se arruma para o evento para o qual está atrasado nós vamos observar uma cena que ocorre no bairro vizinho. Dois amigos bem vestidos com terno e gravata conversam em frente a uma Igreja.
    - Onde será que ele está? - Pergunta o moreno.
    - Logo hoje que é um dia importante ele não podia se atrasar! - O loiro lamentou.
    Esses são Gi Kwang e YoSeob, os dois esperam pela chegada do protagonista que, como sabemos, está atrasado. Logo YoSeob pega seu celular para tentar falar com Kwon.
    Enquanto isso não longe da igreja está uma moça de cabelos escuros e ondulados, com um belo vestido de noiva esperando pelo acontecimento que tanto sonhou em sua vida. Ao seu lado há uma outra moça, por sua vez loira e usando um vestido azul claro, essa parece estar quase mais ansiosa que a própria noiva.
    - Luuh, você está tão linda! E eu achava que ia casar antes de você!
    - Obrigada Cah! Eu também achava que você se casaria antes de mim. - Elas se abraçam e se olham com os olhos cheios de lágrimas. Coisas de mulher que nós narradores e leitores de fic temos que aguentar.
    Luana e Carla são amigas há anos, desde o colegial, lá elas também conheceram Kwang e YoSeob. Já Luana conheceu Kwon quando ainda estavam no ensino fundamental, se tornaram amigos desde sua infância.

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    Voltamos a encontrar nosso protagonista, dessa vez ele está em um taxi tentanto desamassar seu terno e dar um nó certo na gravata. Infelizmente o carro está parado em um enorme congestionamento.
    - Volte e pegue outro caminho! - Ele brigava com o motorista.
    - Sinto muito, não tenho como voltar, na verdade não posso ir a lugar algum nesse congestionamento.
    Reclamando Kwon desce do carro decidido a ir a pé até a Igreja. Seu celular toca e ele atende enquanto corre.
    - Onde você está? - Ele reconhece a voz de YoSeob.
    - Estou a caminho!
    - Por que você está atrasado?
    - Já chego okay?
    Ele desliga o celular e continua a correr as últimas quadras que ainda o separam da igreja, enquanto isso os dois amigos continuam a esperar em frente a igreja.
    Finalmente, após vários minutos é possível ver Kwon correndo até seus amigos, ele chega e sem fôlego cai em frente aos dois.
    - Anda logo! Ela ja vai entrar, temos que nos preparar!
    Eles arrastam nosso protagonista até que ele conseguisse ficar em pé parado ao lado do altar e esperar a noiva entrar. Algo que não demorou muito, poucos minutos depois a marcha nupcial começou a tocar e os convidados todos se levantaram.
    Kwon olhou para Luana quando ela entrou na igreja, seu corpo se petrificou com tal visão e ele a acompanhou em todo o percurso do corredor com um olhar bobo apaixonado.
    Mas é uma cena triste a que observamos quando ela termina de atravessar a igreja e sua mão vai de encontro ao seu noivo que a espera com um bonito sorriso. O olhar de Kwon ao ver essa cena passa de apaixonado a triste e decepcionado. Os noivos sorriem um para o outro e eles se viram para o padre.
    Kwon não era uma pessoa de chorar muito mas era possivel ver a dor e o esforço para segurar as lágrimas quando o padre abençoava os noivos.
    - Schneider Luana, você aceita Lee Junho como seu legítimo esposo?
    - Sim. - Ela sorria alegremente enquanto respondia.
    - Lee Junho, você aceita Schneider Luana como sua legítima esposa?
    - Sim.
    Era de cortar o coração olhar Kwon naquele momento. A sorte dele é que todos os presentes só tinham olhos para o centro do altar. Bom, não exatamente todos os olhares. Há um homem que do fundo da Igreja observa Kwon atentamente através de seus óculos escuros, esse homem que aparentava ser de caráter duvidoso na verdade estava com o coração doendo enquanto observava aquela cena.
    Na mente de Kwon tudo que se passava era que eles se conheciam há muitos anos, nem lembrava quantos exatamente e nunca declarou o seu amor por ela, o quanto ele esperou mais do que devia e agora tudo estava perdido. Na mente do homem desconhecido que assistia a cerimônia escondido, o que se passava era que o noivo de Luana não era quem ela mais amava, mas o segundo amor dela, talvez ela nem mesmo percebesse isso, mas será que o único momento em que se percebe que a pessoa que você mais ama é aquela que você mais ama é exatamente o momento em que você percebe que perdeu essa pessoa?
    "Agora é muito tarde" era a frase que rondava a mente de Kwon e ao ver os noivos trocarem as alianças Kwon admitiu pela primeira vez para si mesmo "Hoje, a pessoa que mais amo nesse mundo... Irá se casar com outro homem". Nesse momento de tristeza nos olhos de Kwon o homem misterioso o olhou e sorriu.

    Após a cerimônia os convidados retiraram-se da igreja, todos felizes e sorrindo para os noivos que saíram da igreja sob uma chuva de arroz e pétalas de rosas, Luana jogou o buquê para o alto e Carla pulou para pegá-lo, ela sorriu para a amiga e juntou-se aos amigos, Kwon, Kwang e YoSeob.
    - Esse ano também quero me casar! - Ela dizia animada.
    - Aish, ela vai começar. - Bufou Kwang enquanto YoSeob corria para a frente da menina.
    - Então, case-se comigo Carla!
    - Eu to falando sério!
    - Eu sempre disse seriamente para você se casar comigo!
    - Vocês são mesmo parecidos. - Kwang falou e recebeu um olhar atravessado de Carla e um sorriso de YoSeob.
    E assim eles continuaram, Carla fazendo planos para se casar com alguém desconhecido e YoSeob implorando para que ela se casasse com ele. Kwon pensava em todo aquele papo de casamento e Kwang já estava alheio ao assunto.

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    Durante a festa de casamento nossos personagens se espalharam pelo salão, Carla está tentando achar um futuro noivo, Kwon e Kwang conversam sobre o professor de Luana que está fazendo um discurso  e YoSeob está comendo tudo que consegue alcançar na mesa. Luana sorri alegremente no dia em que ela não pode imaginar ser mais feliz, ela observa Kwon e este a observa também, os olhos tristes de Kwon eram impossiveis de nao serem vistos e a dúvida passava pelos olhos da morena quando olhava para o amigo.
    Passado certo tempo Kwon cansa de se torturar e caminha para fora do salão, senta-se em uma mureta com um cigarro ja aceso entre os dedos, Kwang o acompanha e eles falam de coisas banais como o casamento é uma festa superficial onde as pessoas usam roupas caras só para dizer "Parabéns pelo seu casamento". Até serem interrompidos por YoSeob que aparece correndo dizendo que eles devem ficar fora do salão fumando e arrasta Kwang para dentro do salão, Kwon resolve ficar mais um tempo la fora, para evitar a tortura de ver o amor de sua vida com outro. Ele acende o que deve ser o terceiro cigarro seguido mas não percebe que é observado pela figura do homem desconhecido que está um pouco mais afastado o olhando com certa preocupação.
    Alguns cigarros depois ele volta para a cerimônia, observa JunHo cercado por vários convidados mais novos, são os alunos dele, o noivo é professor de matemática. Eis que uma figura vestida de branco entra em sua frente.
    - Como estou? - Luana pergunta pra ele sorrindo e segurando o longo vestido de noiva. É engraçado ver como nosso protagonista ficou tão surpreso de vê-la falando com ele tão espontaneamente que não conseguia responder, Luana ria de sua cara de bobo até que ele respondeu.
    - O vestido é muito bonito! Mas não sei quanto a noiva. - Ele provavelmente achou que o tom de sua voz era de alguém brincando mas falhou horrivelmente com o nervosismo à flor da pele.
    - Sabe, se continuar a dizer essas coisas nunca vai se casar! - Luana disse lhe dando um leve tapa no ombro. Ela sorriu logo em seguida. - Não esqueça que você fará um discurso.
    - Olha, que vou cobrar!
    - Mercenário! - Ela mostrou a lingua pra ele.
    - Tudo bem. - Ele falou fazendo sinal de positivo e piscando pra ela. Ela lhe retribui com um sinal de positivo também e os dois riram até que JunHo apareceu chamando por Luana.
    - Não esqueça do discurso. - Ela falou novamente antes de se afastar e ir pra perto do noivo.
    Alguns minutos depois Luana estava sentada à mesa com JunHo ao seu lado, o mestre de cerimônia anunciava que o melhor amigo da noiva, e também ex-aluno do noivo iria fazer um discurso. Carla o olhou e desejou boa sorte, ele então se encaminhou até o pequeno pedestal com microfone.
    Kwon não deixou a desejar em nenhum momento de seu discurso, fez as pessoa rirem com algumas historias antigas de Luana, e disse o tempo todo o quanto ela sempre se preocupava com seus amigos mais do que a si mesma, quando as lágrimas ja escorriam pelo rosto da noiva e ele segurava fortemente as suas enquanto pensava o quão linda ela estava com aquele vestido de noiva. E depois de dar os parabéns aos noivos ele se retirou em direção aos amigos, logo em seguida começou um video de imagens feito por Carla e Kwang.

    As primeiras imagens foram de Luana quando ainda era um bebê, e depois um pouco mais crescida, fotos de sua infância, com sua família e amigos. Kwon lembrava-se claramente do dia em que a conheceu, eles estavam na terceira série quando Luana mudou de escola e Kwon emprestera sua borracha pra ela em seu primeiro dia. Olhar aquelas fotos e lembrar daqueles momentos era algo que fazia o coração dele se apertar ainda mais em seu peito. Aquelas fotos faziam com que ele se perguntasse "Ela sempre esteve ao meu lado, por que não sou eu quem está ao seu lado agora? Por que estou tão distante?" Foi então que Kwon se deteve na foto que era projetada naquele momento...
    A imagem mostrava um time de baseball escolar, la estavam eles, Kwon, YoSeob, Kwang, e as únicas meninas Carla e Luana. Kwon lembrava-se daquele dia, ele havia visto Luana chorar de frustração, lembrava-se de ter pedido o jogo e por um momento ele desejou poder voltar no tempo e fazer com que ela não chorasse, cuidar dela. Será que se tivesse feito isso tudo estaria diferente agora? E de repente aquele desejo de querer voltar e viver tudo mais uma vez tomou conta dele. Ele fechou os olhos e sussurou com vontade "Mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez..." Várias vezes ele repetiu até ouvir um barulho e abrir os olhos, o salão estava escuro e nada se movia, ele olhava em volta assustado. Enquanto olhava incerto para o escuro uma luz forte e ofuscante acendeu bem em seu rosto, a luz parecia vir do alto exatamente em sua direção, ele tentava acostumar a vista para ver de onde vinha a luz quando uma voz ao seu lado o fez se sobressaltar.
    - Oscar Wilde disse uma vez "Um homem quer se tornar o primeiro amante de uma mulher, mas a mulher quer se tornar a última amante de um homem." E você? - O homem desconhecido, sim o mesmo que antes observava Kwon durante a cerimônia e etc, perguntou para ele. - Apesar de ser um homem, o desejo em seu coração é tornar-se o último amante dela.
    Kwon ainda estava assustado, o homem andava pelo salão falando livremente mas ninguém o notava, ninguém se mexia, tudo estava silencioso, as pessoas pareciam congeladas na mesma posição, tudo estava escuro e apenas a luz vinda do teto iluminava Kwon e o homem ainda desconhecido.
    - Quem é...? - Mas foi interrompido, o homem continuava falando como se não notasse Kwon apesar de falar diretamente pra ele.
    - Apesar do casamento você ainda a quer não é?
    - Sim, mas... - E mais uma vez sua tentativa foi inútil.
    - Então, vamos fazer isso.
    - O quê?
    - Volte ao passado e antes que a foto seja tirada você refaz o passado sem arrependimentos.
    - Refazer??
    - Mas preste atenção, há um limite de tempo, depende de você como esse tempo será aproveitado.
    - Hum... Você é algum afiliado do salão de festas? - É, o nosso protagonista ainda não estava entendendo nada.
    - Afiliado? É, talvez... Eu vivo aqui.
    - Você é funcionário?
    - Não sou funcionário, nem ao menos humano eu sou.
    - Como assim não é humano? Que coisa mais estranha!
    - Meu nome é... Não importa, você pode me chamar de TOP, sou uma fada. - Ah queridos leitores, queria que vocês pudessem ver a cara de Kwon agora, totalmente surpreso, com certeza ele não imaginava que fadas usavam óculos escuros, luvas pretas, casaco de couro e coisas assim.
    - Uma fada? - Ele disse levando a mão a boca como se tivesse dito um palavrão.
    - Sim.
    - FADA?
    - Isso. A verdade é que estou só com a aparência de um ser humano para que as pessoas não me notem, e acredite eu sou bom nisso.
    - Hum, desculpe, ainda não entou entendendo o que você está dizendo.
    - Os humanos nunca entendem! Só se preocupam com as coisas quando essas cabem a eles mesmos. Como você e a garota! - TOP apontou para Luana fazendo Kwon acompanhar o movimento e olhar o rosto petrificado e sorridente da noiva.
    - Mas isso não é tão simples... - Mais uma vez Kwon foi interrompido.
    - Pare de pensar coisas desnecessárias, você quer voltar e viver tudo mais uma vez não quer? Diga só sim ou não.
    - Eu quero voltar, mas... - Adivinha, será que Kwon terminou a frase?
    - Entendido! - TOP foi até Kwon e sussurrou algo em seu ouvido.
    - É pra eu dizer isso? - Kwon indagou incerto.
    - Sim, para seu desejo se tornar realidade.
    - Mas...
    - Se você não disser então não poderei fazer nada.
    Kwon fica pensativo, aquilo tudo devia ser sonho, um homem... Não, uma fada, com cara de homem, usa roupa preta, luva preta, bota preta e até óculos escuros (como se já não estivesse escuro o suficiente no ambiente) dizendo pra ele voltar ao passado, aquilo era sonho... E dos bons!
    - Aleluia... Chance. - Kwon falou tão baixo que parecia sussurrar.
    - De novo. - TOP falou alto.
    - Aleluia... Chance! - Dessa vez ele falou em tom mais alto.
    - Diga com contade! E faça uma pose! Nunca assistiu anime?
    Kwon continuava achando que era sonho, mas se era sonho ele não tinha nada a perder mesmo. Se preparou e...
    - Aleluia Chance! - Ele girou um braço o apontou pra frente e piscou um olho numa pose um tanto quanto esquisita. De repente um clarão mergulhou em cima dele e ele teve a sensação de ser sugado e comprimido em todas as direções, fechou os olhos fortemente e quando os abriu...
   
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