Três gerações três tempos escrita por Laslus


Capítulo 21
Capítulo 20 - Abaixem as Varinhas


Notas iniciais do capítulo

Sabe o que?
eu adoro esse capítulo. Tem muita treta nele. Tem treta de verdade, com direito até a ataques. Sim. Depois de 19 capítulos, vocês tem, finalmente, ação. Eu pretendo tentar manter mais ação a partir de agora (por que 180 páginas de conversas é mais do que eu pretendia escrever).
Eu notei uma queda significativa de leitores, tem alguma coisa acontecendo? Comentem para mim por favor, para que eu possa melhorar!

Considerem isso um presente de natal (e se vocês não comemoram natal, um presente de fim de ano). Natal é minha época favorita do ano, esse sentimento natalino é muito forte em mim. Espero que aproveitem essa época do ano.

Música: The Phonix - Fall out Boy

Espero que gostem, boa leitura!



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O dia seguinte se passou mais tenso que os demais, se sequer fosse possível. Não sair da sala estava enlouquecendo todos com uma rapidez impressionante, e até Draco Malfoy havia tomado a medida extrema de aceitar uma partida de Xadrez Bruxo com Rony (e depois uma revanche, na qual ele conseguiu sua vingança).

Os marotos estavam empilhados na cama de James, os rostos cansados e entediados, Remus já mais pálido do que o costume apesar de faltarem quatro horas para a lua nascer. Sirius passava a mão inconscientemente nos cabelos loiro-escuro, e James brincava com um pomo de ouro que a sala havia providenciado para ele (apesar de sua qualidade não chegar perto da bola original, de acordo com o apanhador).

—Como vamos sair despercebidos hoje? — ele perguntou, apanhando o pomo no último instante pelo que lhe parecia a milésima vez.

Remus abriu os olhos cansados e levantou o corpo repentinamente.

—Vocês não vão.

—Claro que nós vamos. Não perdemos uma transformação sua desde o ano passado. — declarou Sirius com obviedade.

—Sim, e já era perigoso o suficiente lá, sem comensais da morte potencialmente procurando uma forma fácil de nos capturar. Vocês ouviram o que meu eu-adulto disse: eu tomo a poção, me tranco numa sala e ninguém se machuca.

—Remus, essa vai ser sua primeira transformação com a poção, nós vamos estar lá. — decretou James — sem contar que se eu ficar mais alguma hora nessa sala, eu sou capaz de enlouquecer.

—Nem me fala — gemeu Sirius — eu quero ver o que mudaram nesse campus.

—Provavelmente não muito — apontou James — Hogwarts é mais ou menos a mesma desde, bem, sempre.

—Ah, quem sabe não tem alguma passagem secreta nova ou…

—Vocês não vêm.

—Ah, qual é, Aluado, nós não sairemos da floresta proibida, que mal vai ter?

—Todo o mal, almofadinhas, nós estamos…

—No futuro! — Terminou Sirius com animação — No futuro! Quantas pessoas tem essa chance?

Remus abriu a boca para argumentar, mas James já estava falando

—O maior problema é sumir dessa sala sem que todos saibam aonde estamos indo. — Ele apontou — A partir daí, temos a capa e o mapa, que funcionam perfeitamente.

—Podemos fingir que estamos dormindo. — Sugeriu Sirius, tentando bolar um plano

—As seis da tarde, em uma noite de lua cheia? — perguntou James sarcasticamente — Nem mesmo Peter cairia nessa.

Sirius fez uma careta, inclinando a cabeça em derrota.

—Podíamos enfeitiçar todos eles para que todos durmam.

James apenas levantou uma sobrancelha em resposta, fazendo Sirius inclinar a cabeça novamente.

—Podíamos fazer algum tipo de feitiço de desilusão, estilo os que usamos para matar aula de história da magia no quarto ano. Mas ele só funciona com alguém para cobrir por nós, por que ninguém pode tentar conversar conosco.

—Nós tínhamos Remus e Peter naquelas vezes.

—Parem de discutir como se vocês fossem comigo! — Interrompeu Remus irritado — vocês não…

—Eu posso ajudar. — Disse uma voz feminina.

Os três amigos se viraram, as bocas meio-abertas para os argumentos que nunca vieram. Gina se sentou na cama em frente, um sorriso de lado no rosto, o cabelo muito ruivo emoldurando-o como fogo vivo. Seus olhos tinham um brilho determinado que arrepiou os pelos da nuca de James.

—Desculpe? Ajudar em que? — Perguntou Sirius, convincentemente confuso

Ela não piscou para a mentira de Sirius, seu olhar manteve o brilho.

—Eu posso fazer com que a imagem de vocês pareça apenas conversando na cama, e eu posso evitar que qualquer tente se intrometer.

James levantou uma sobrancelha.

—E como você pretende fazer isso, exatamente?

—Gina, não incentive… — começou Remus em uma voz já derrotada, prontamente ignorada pelo restante

—Eu dou meu jeito, não se preocupem. — ela disse decidida — Só evitem morrer.

—É sempre uma boa meta — riu Sirius — gosto de me focar nela.

Ela sorriu.

—E o que você ganha com isso? — Perguntou James curioso.

—Satisfação em ajudar os marotos… E eu quero que vocês levem Harry. Se alguma coisa acontecer, é bom ter Harry. Eu iria pessoalmente, mas acho que ele gostaria de estar com vocês.

James e Sirius se entreolharam, enquanto Remus suspirava alto em derrota.

—Parece justo — disse James — mas ele precisa saber onde está se metendo. Existem riscos.

Ela sorriu novamente, dessa vez um pouco mais relaxada

—Justo. Cuidem dele por mim. — Ela disse, antes de estender a mão, um sorriso maroto se moldou pelo rosto ainda envolto pelas chamas.

James apertou a mão dela sem hesitação, um sorriso não muito diferente em seu rosto, o cabelo castanho caindo sobre seus óculos.

—Gosto de você, Gina.

Ela apenas piscou para ele antes de levantar da cama.

—Cinco e meia me procurem. — ela disse antes de sorrir docemente para os três marotos e sair em direção a Harry

—Ela me assusta um pouco. — murmurou Sirius após alguns segundos, ainda encarando a garota de costas.

—Ela me assusta muito. — murmurou Remus de volta.

James concordou com a cabeça.

—Harry se deu muito bem. — ele concluiu com uma risada — Ok, temos nosso plano, agora só temos que relaxar pelas próximas três horas e vinte e quatro minutos.

—Eu sou contra a ideia de levar Harry. Aliás, sou contra a ideia de vocês irem.— resmungou Remus.

—Aluado, que adorável de você de pensar que nós nos importamos — Riu James, fazendo o maroto revirar os olhos e bufar rendido.

As horas se entenderam pelo que pareciam anos, e James se perguntou se era um dos efeitos da viagem no tempo. Nunca o tempo passara tão devagar para o maroto, e se não fosse as janelas inexplicáveis na parede, mostrando o sol em seu caminho para pintar o lago negro de laranja e lilás, ele acharia que o tempo havia congelado.

Remus estava conversando animadamente com Hermione e Rose, os três com um livro na mão, com as ocasionais interjeições de Alice, que lia tranquilamente ao seu lado. Sirius havia convencido um grande número de alunos a jogar sua partida um pouco incrementada de Snap explosivo e estava gargalhando do cabelo espetado e manchado de carvão de Scorpius, que estava a um passo de desistir do jogo e começar uma longa conversa com Neville sobre Herbologia.

Harry havia sabiamente evitado o jogo de Sirius, mas observava o jogo sobre um livro que ele não devia ter lido uma linha sequer. Suas risadas ocasionais marcavam a brincadeira, se não para deixar Rony ainda mais vermelho sempre que ele perdia.

James havia se resumido em sentar com os netos de Alice e Frank, James Sirius e, para sua grande alegria, Lily. O assunto começara sério, mas logo mudara rapidamente para alguma coisa que James não exatamente estrava prestando atenção. Ele se levantou, pedindo desculpas e lançando uma piscadela para Lily de costume, alegando estar se sentindo um pouco mal. A ruiva o olhou em dúvida, nem ao menos revirando os olhos para seu flerte, mas não comentou nada.

Remus logo se aproximou da cama, seguido por Sirius, Harry e Gina.

—O plano é simples o suficiente. — disse Gina — Vocês desaparecem, deixando um feitiço da desilusão, e eu seguro as pontas por vocês durante a noite. Vocês não morrem e tudo parece ótimo.

—Tem certeza que não é um problema eu acompanhar? — perguntou Harry coçando a base da nuca.

—Filho do pontas é parte dos marotos. — Sorriu Sirius — sem contar que foram as condições da ruiva, e eu não sinto que seria sábio quebra-las.

Ela sorriu para Sirius gentilmente, e o maroto sentiu os pelos da nuca se arrepiarem.

—Perfeito então. Lancem os feitiços e entrem embaixo da capa, rápido.

Harry não teve tempo de puxar sua própria capa, antes de ser atingido por uma fumaça azul com cheiro de gelo seco e ser puxado com violência para baixo da capa de seu pai. Ele se chocou contra Sirius, mas o maroto não reclamou, olhando ansiosamente para fora.

O menino piscou algumas vezes, seguindo o olhar de seu padrinho. Ele podia se ver, calmamente sentado na beirada da cama onde estivera segundos atrás, frente a frente com um Sirius e um James. Seus olhares eram ausentes, e se Harry olhasse por tempo suficiente ele podia ver através de seus corpos. Mesmo assim, eram cópias idênticas, como ver alguém sob efeito de poção polissuco.

—Não é nosso melhor trabalho, mas vai dar para o gasto — examinou James

—É muito bom. — disse Harry

James sorriu.

—Sirius criou o feitiço, ainda temos o que aperfeiçoar.

—Só por que uma vez você acabou sem uma perna. — grunhiu Sirius

—Madame Sprout soltou um berro tão alto que Filch invadiu a estufa achando que haviam quebrado o vaso de uma mandrágora. — apontou James

Sirius riu consigo mesmo.

—Ah, sim, bons tempos.

—Foi mês passado, Sirius.

—Tecnicamente, foi vinte anos atrás. Agora vamos, Remus já está quase saindo.

Harry olhou para a porta, vendo Remus acenando para o restante do salão, a porta aberta atrás de si, claramente para que eles pudessem atravessar. O trio correu desnorteadamente, se apertando sob a capa tentando não aparecer no meio da sala. Os três tinham que andar com os joelhos dobrados, e o cotovelo de Sirius já havia praticamente se acomodado no estomago de Harry. Eles atravessaram pouco antes de Remus fechar a porta atrás de si, e Harry tinha certeza que seu pé havia aparecido fora da capa no segundo antes da porta fechar as suas costas.

—Pontas, almofadinhas, Harry? — Sussurrou Remus olhando para os lafos

—Estamos aqui, vamos — disse James, abrindo o mapa do maroto a sua frente — se seguirmos pelo corredor leste, e usarmos a passagem para o terceiro andar só teremos que despistar um fantasma e a professora Sprout, que ainda está nas estufas.

—Filch e aquela gata maldita dele ainda existem? — perguntou Sirius.

James grunhiu ao procura-los no mapa.

—Sim, ele está no sexto andar, que vamos evitar, agora ela… Bom, é sempre uma aventura, vamos?

Remus abriu a tampa do pequeno pote de vidro em sua mão e hesitou apenas por alguns segundos antes de virar o conteúdo inteiro em sua boca, engolindo-o de uma vez só. Ele fez uma careta, mas segurou os grunhidos.

—Eu tenho minha capa e meu mapa — disse Harry, se lembrando de ambos de repente — podemos nos dividir em dois grupos. Não acho que cabemos os quatro aqui em baixo.

—É, você não pode virar um rato e se enfiar em um de nossos bolsos como Pedro. — reclamou Sirius — Vá com Aluado, ele sabe usar a passagem secreta que falamos. Se alguém encontrar a gata, deem meia volta, ela sente que que estamos em volta mesmo com a capa.

Harry assentiu, saindo de debaixo da capa de seu pai apenas para envolver ele e Remus embaixo da própria. O outro garoto tomou o mapa em sua mão enquanto Harry acendia a própria varinha com um Lumos silencioso. Eles caminhavam pelos corredores cautelosamente, e por mais silencioso que Harry conseguisse ser com seus anos de se esgueirar por Hogwarts, os marotos pareciam ser ainda mais. Se ele não pudesse sentir o calor da presença de Remus, ele questionaria se ele realmente estava ali.

Sempre que eles passavam por alguma janela, iluminando os corredores com uma luz alaranjada, eles apressavam um pouco o passo, como uma lembrança que o sol estava a minutos de completamente desaparecer pelo horizonte. A passagem secreta mencionada era uma escada estreita e empoeirada, a porta de trás de uma tapeçaria azulada rangeu alto pelos corredores.

Eles felizmente chegaram até o salgueiro lutador sem encontrar a madame Norra, e Harry dobrou a própria capa, guardando-a no bolso, expondo ele próprio e Remus para o vento gélido. A neve no chão já não era fofa, mas sim uma massa dura, numa mistura de terra molhada e gelo, mas as copas das árvores da floresta negra tinham o branco pálido que refletia a luz fraca do pôr do sol.

—Mal posso esperar para virar um cachorro — disse Sirius, soprando nas próprias mãos descobertas — esse frio vai me matar.

—Remus, você prefere se transmutar na casa e então nós saímos? — Perguntou James, ignorando a reclamação de Sirius.

O lobisomem negou com a cabeça

—Vamos para a floresta, eu sempre saio com mais machucados quando vocês tentam me trazer pelo túnel

—Bom, não é nossa culpa que você fica gigante. — Reclamou James, mas já havia começado a andar em direção a orla da floresta proibida, deixando pegadas suaves na neve dura — Harry, durante a transformação, fique um pouco afastado, Almofadinhas e eu vamos nos assegurar que ele está contido, e então você pode vir, ok?

—Qualquer sinal que eu esteja fora do controle, fujam com Harry. — Pediu Remus — eu nunca me transformei com essa poção antes, não temos ideia do que pode acontecer.

—Eu já vivi uma transformação sem poção, tecnicamente duas vezes, embora fosse a mesma… Enfim, não se preocupe, eu corro. — Divagou Harry

Os três olharam o garoto, seus rostos confusos iluminados por uma fraca luz que vinha do sol se pondo.

—Desculpa, mas que? — Perguntou Sirius tão perdido quanto os outros dois marotos.

Harry deu risada.

—Em um resumo, para salvar você — ele disse, apontando para Sirius — Hermione e eu voltamos no tempo para a mesma noite que Remus havia se transformado, e atraímos ele para dentro da floresta negra.

—Vocês são loucos? — perguntou Remus assustado — eu poderia… Eu poderia… Argh.

Eles haviam entrado na floresta, a pouca luz do sol que havia sobrado mal atravessava a densa folhagem, mas a neve do chão era mais macia, apesar de não ser mais branca a muito tempo. Harry murmurou um lumos, mas foi o único que o fez, e olhou para Remus, pálido e frágil, apoiando o rosto contra as mãos.

—Seja lá o que essa poção faz, a dor é igual. Bosta. — Murmurou Remus, as palmas apertando a própria testa com força antes de levanta-la, piscando várias vezes — temos dez minutos, no máximo.

Sirius sorriu atravessado, olhando para James.

—Perfeito — disse Sirius, beijando a testa de Remus carinhosamente antes de se transformar com agilidade. Sob os pés do trio havia um enorme cachorro preto, a língua para fora. Ele pulou animadamente sobre Remus, de pé tendo quase a altura do garoto, e lambeu seu pescoço.

Remus gargalhou, engasgando e misturando as risadas com uma tosse forte.

—Sirius, para. — Riu o menino, empurrando o cachorro para baixo e limpando a baba de sua capa

Harry sorriu alegremente, abaixando para acariciar Almofadinhas atrás da orelha. Ele respondeu com um latido animado, lambendo a mão de Harry e se enfiando mais para baixo de seu braço.

—Hey, almofadinhas — riu Harry

—Ah, ele faz charme, não caia nisso, Harry — Riu James, afagando a cabeça do amigo carinhosamente apesar do latido indignado que ele lançou. — Observe isso.

E graciosamente ele não estava mais ali, e em seu lugar havia um cervo. Seu rosto estrava na altura do de Harry, e sua galhada subia para pelo menos mais um metro, se espalhando em volta de sua cabeça. Harry abriu e fechou a boca, maravilhado, olhando o pelo acastanhado brilhando sob a luz da varinha. Ele hesitou um pouco, esticando a mão para toca-lo, mas James inclinou a cabeça em convite, e Harry sorriu para ele antes de acariciar seu pescoço.

—Sirius vai ficar com ciúmes que você está tão maravilhado com James. — Riu Remus, abaixado na altura de Sirius e o afagando carinhosamente — e James vai ficar com o ego ocupando toda a sala precisa, mal vai sobrar espaço para qualquer um de nós.

Pontas bufou para Aluado, que apenas riu em resposta.

—Eu via Sirius como cachorro o tempo todo. — Explicou Harry um pouco culpado, mas deixando a mão apoiada sobre o cervo — Ele um dia me seguiu até a plataforma de nove três-quartos, não foi a melhor ideia, Lucius Malfoy… Bom, não importa. Mas eu só ouvi sobre a figura de James. Quero dizer, você me contou sobre ela, mas eu nunca…

—É realmente impressionante. Combina com eles, o cachorro e o cervo.

Harry sorriu, e deixou sua mão cair para seu lado. O cervo olhou para ele quase em um sorriso antes de correr para longe em saltos delicados. Almofadinhas correu atrás, como se perseguindo uma caça, se desvencilhando sem dificuldades de Remus. Harry e o lobisomem seguiram a passos lentos enquanto os Animagos se embrenhavam na floresta, correndo e saltando com agilidade e liberdade.

Harry gargalhou com a brincadeira infantil dos dois animais, correndo sem amarras.

—Eles deviam estar loucos para fazer isso — murmurou Remus — Quando estamos na nossa Hogwarts eles não passam mais de uma semana sem se transformar, acho que eles têm saudades dessa liberdade. Creio que eles têm isso ampliado, cada vez que eles se transformam, animais não foram feitos para jaulas. Eu imagino o quão terrível ficar naquela sala deve ter sido.

—Conhecendo Sirius, eu estou surpreso que ele não fugiu antes — riu Harry, e Remus sorriu em resposta

O olhar do futuro-professor era melancólico, enquanto ele olhava os melhores amigos correndo entre as árvores, aparecendo e desaparecendo nas sombras. Harry se perguntou se o professor não sentia tanta falta de correr entre as árvores quanto os dois marotos.

—Em algum lugar, eu estou me transformando sozinho — murmurou Remus de repente — em uma sala trancada, sem meus melhores amigos.

Harry levantou o braço para colocá-lo sobre o ombro de Aluado gentilmente, mas este se contraiu sobre si mesmo com um gemido de dor. O menino recuou assustado, mas Sirius e James param no mesmo instante, se virando para o amigo antes de correr em sua direção. O cachorro preto lambeu as mãos de Remus, que se encolhia e contorcia mais e mais, a pouco de cair no chão. O cerco dava cabeçadas carinhosas em seu ombro.

Harry já tinha visto Remus se transformar antes, mas ainda assim a cena envolveu seu estomago em um nó. O garoto gemia e se retorcia, como se quebrasse todos os ossos do corpo apenas para coloca-los no lugar mais uma vez. Ele foi crescendo e crescendo e se deformando, até que os berros cessaram, e entre um cervo e um cachorro, um enorme lobo se encontrasse parado, olhando diretamente para Harry com enormes olhos negros dissimulados.

James deu um pequeno passo para trás, sua cabeça com galhadas se inclinando para o lado como se esperasse a reação do lobisomem. Sirius andou até mais perto de Harry protetoramente, mas Remus apenas se inclinou em direção ao cervo, tocando a cabeça no pescoço desse gentilmente. Harry riu.

—Eu acho que funcionou. — Ele disse sorrindo — Remus está no controle.

Almofadinhas saltou aos seus pés, se aproximando de Remus, que respondeu a Harry com um uivo animado. O garoto riu mais uma vez, vendo os três animais a sua frente saltando animadamente em torno do lobisomem, e enquanto Sirius puxou Remus pelo pescoço em direção a floresta. Harry acompanhou o grupo, sem fazer muita questão de tentar seguir o trio se emaranhando nas árvores e seguindo a trilha vagamente traçada.

James se aproximou de Harry e se transformou de volta em humano após o que o menino julgou ter sido uma hora e meia. Seu cabelo estava suado apesar do frio terrível, e ele respirava em longas arfadas apesar do enorme sorriso em seu rosto.

—Você deve estar entediado. É geralmente mais divertido quando planejamos como passamos a noite, mesmo que acabe com nós quatro capotados na casa dos gritos as quatro da manhã.

Harry riu, negando com a cabeça.

—É bem divertido, na verdade. É quase natural, eu gosto.

James sorriu para ele.

—Bom, eu posso deixar o casal sozinho por um tempo e te acompanhar. Eu mal acredito que Remus está consciente de tudo! — Ele deu uma risada, antes de tossir com força, fumaça branca saindo de sua boca — meu deus, parece que está esfriando, ou é minha falta de pelo? Eu nunca sei…

Mas Harry não estava mais ouvindo, olhando para a própria fumaça branca que saia de seu nariz. O frio podia ser culpa da noite de inverno, mas o aperto no peito e a sensação de desespero conhecidas não eram. Todos os instintos do garoto acionaram ao mesmo tempo, sua varinha apontando para a frente do seu corpo

—Sirius! Remus! Venham aqui agora. Fiquem atrás de mim! — Ele exclamou, usando seu corpo para proteger James.

O outro puxou a varinha do bolso de trás, e apesar da confusão explícita em seu rosto entrou em pose de combate.

—Harry, o que…

—Dementadores. — Harry murmurou entre os dentes — Atrás de mim, agora!

Sirius e Remus aparecessem correndo, ambos em sua forma animal, mas Sirius se transformou em humano no meio da corrida, puxando a varinha do bolso antes de se posicionar ao lado de Harry.

—Dementadores? — Perguntou Sirius aterrorizado, olhando para os lados — não tem dementadores na floresta negra.

Harry abriu a boca para responder, mas as figuras fantasmagóricas surgiram aos seus lados, cercando os quatro. No campo de visão de Harry, ele contava um mínimo de dez, mas sua varinha só podia iluminar tanto. Ele tentou respirar fundo. Remus grunhiu, se posicionando como se fosse saltar em um a qualquer instante.

—Os dois, voltem nas formas animagas, eles não identificam bem animais. — ordenou Harry, e antes que qualquer um dos dois verbalizassem suas reclamações, ele vociferou — Sirius, eles te reconhecem da sua época de Askaban.

Sirius olhou ao seu entorno hesitante, mas permaneceu na forma humana. Harry não se deu ao trabalho de reclamar, fechando os olhos e pensando no último jogo de Quadribol, o jogo com seu pai e seu padrinho e seus filhos com Gina e sobrinhos da Hermione e do Rony.

—Expectrum Patronum.

Um cervo prateado, exatamente do mesmo tamanho do cervo que James estava transformado a não muitos minutos atrás, saiu de sua varinha, potente e brilhante. Ele circulou os quatro meninos, afastando os dementadores antes de correr para longe, destruindo todos os que encontrava no caminho.

—Isso foi fantástico — murmurou James, ainda olhando o cervo correndo pelas redondezas

—Dementadores não deviam estar aqui — murmurou Harry preocupado — a não ser que… Fiquem atrás de mim.

Dessa vez, os três obedeceram, ainda empunhando suas varinhas. Remus foi o primeiro a perceber o restante dos visitantes, rosnando em direção a um ponto particularmente escuro.

—Ora, Ora, o que temos aqui, Amycus? — Perguntou uma voz esganiçada

—Parece que encontramos um pequeno bônus, Alecto.

Harry sentiu seu corpo travar. Os gêmeos Carrow. Ele ouvira falar deles. Comensais da morte.

—Fiquem para trás — berrou Harry para os comensais — vocês estão em minoria.

Risadas ecoaram por entre as árvores escuras. Atrás de Harry, James e Sirius ficavam cada vez mais pálidos, suas mãos tremendo apesar de segurarem as varinhas em posição de ataque.

—Ah, que adorável de você pensar que vocês têm alguma chance, Potter. — Gargalhou uma terceira voz vindo de detrás de Harry. Automaticamente, os três garotos se arrumaram para que tivessem as costas dadas para si mesmos, cada um dos três olhando um lado da floreta.

—Dolohov, não é? — perguntou Harry sarcasticamente, reconhecendo a voz da invasão do Ministério — Vocês disseram algo bem parecido ano passado, e ainda assim parte de vocês acabaram em Askaban. Como foi seu tempo lá, você tem saudades?

James cotovelou Harry discretamente, como se pedisse para que ele ficasse quieto. Dolohov grunhiu.

—Como vai seu padrinho? Ainda muito morto, eu suponho.

—Na verdade, eu estou muito bem, obrigado — respondeu Sirius tentando fazer com que sua voz não falhasse

James cotovelou ele também. O rosto de Dolohov apareceu no raio de luz da varinha de Harry, seu rosto pálido e cicatrizado em um tom sinistro pela luz fraca se distorcendo em um sorriso.

—Ah, então os boatos são verdadeiros — ele disse em um prazer sádico —Vocês ouviram Carrow? É mesmo Sirius Black aqui, não mais que quinze anos.

—Dezesseis, mas eu entendo, nem todos podem manter essa pele maravilhosa.

James cotovelou Sirius de novo, desesperado.

—O Lorde vai ficar muito satisfeito — riu Alecto, sua risada gelando o sangue dos meninos — dois Potter, um Black e, de bônus, o lobisomem.

—Nós estamos dentro de Hogwarts, e temos um lobisomem em lua cheia — disse Harry, e os outros três meninos se perguntaram como ele mantinha uma voz tão calma — O quão satisfeito Voldemort vai ficar quando vocês me deixarem escapar de novo? Não muito, eu suponho. Acham que ele vai liberar vocês de Askaban como ele fez com Lucius, ou só deixar vocês apodrecendo?

—Cale a boca, Potter — rugiu Amycus

—Oras, eu só estou apontando fatos. Por que vocês ainda não atacaram se a vitória é tão eminente?

James cotovelou Harry mais uma vez, e Remus soltou um uivo baixo para o garoto.

—Acho que seus amigos querem que você pare de conversar, Potter — riu Dolohov — Você deveria dar ouvidos a eles e se entregar. Prometemos não te machucar… muito.

—Se você acha que vamos nos entregar você é mais burro do que parece — James conseguiu dizer, apertando a varinha em sua mão até que os nós de seus dedos ficassem brancos, seu coração palpitando tão forte que ele podia escuta-lo

Harry sorriu e abriu a boca, esperando que seu pai e seu padrinho o seguissem antes de apontar a varinha para Dolohov e berrar expelliarmus.

James e Sirius não hesitaram antes de atacar em direção as vozes dos gêmeos Carrow. Dolovoh foi mais rápido que Harry, erguendo um protego com uma virada do pulso. Um grito feminino veio do meio das árvores, seguindo por xingamentos e uma bola de magia azul que Harry rebateu com um protego e eles souberam que Alecto havia sido atingida.

—Corram — exclamou Harry atacando mais uma vez antes de virar e correr atrás dos três. Sirius virou um cachorro no caminho, correndo mais rápido, mas James ficou em sua forma humana, virando para lançar feitiços a esmo como Harry.

Um latido de dor ecoou pela floresta negra, e Almofadinhas caiu no chão, mudando para sua forma humana involuntariamente, estendendo a própria perna direita com um grito de dor reprimido. Os três demais pararam instantaneamente, circulando Sirius e erguendo as próprias varinhas. A luz da lua era fraca, mas era mais do que o suficiente para ver a mancha vermelha de sangue escorrendo pela neve.

—Merda! — Disse o garoto caindo, sua voz em clara dor — continuem, eu me viro aqui.

—Ah, é claro — disse James — Eu estava justamente pensando como era uma ideia genial te deixar para três comensais da morte.

Harry atacou alguns feitiços antes de virar para o próprio pai

—Vire um cervo e leve Sirius com você, eu consigo segurar eles.

—Eu não vou de deixar sozinho com três comensais — disse James indignado — Remus não pode fazer feitiços e ele não vai morder ninguém.

A fraca luz que conseguia atravessar entre a folhagem iluminou o rosto deformado e sangrando de Alecto, seguida pelo irmão gêmeo, ambos com as varinhas empunhadas. Remus, como se para responder James, rosnou alto e avançou em direção a Amyco. Ele berrou e tentou em vão acertar o lobisomem com algum feitiço, mas Remus já estava muito perto, aranhando seu braço com força. Do lugar que eles estavam, eles só podiam ver sangue saindo do comensal, brilhando sobre a luz da lua.

Harry não hesitou em atacar a irmã de Amico antes que esta tentasse o proteger atacando Remus, fazendo-a cair no chão petrificada em um baque surto. James tinha Amico na mira, que escapara de Remus quando esse recuara, e já tinha começado a berrar as primeiras palavras do feitiço quando um berro conhecido fez as palavras morrerem em sua língua. Remus se virou para os amigos, o focinho manchado de vermelho e os olhos enraivecidos.

—Abaixem as varinhas! — berrou Draco Malfoy, aparecendo sobre a luz

Em sua mão esquerda ele puxava Lilian Evans pelo braço, a mão direita pressionando com violência própria varinha sobre a têmpora da menina, que se debatia sobre a mão firme em seu braço.

—Me solta seu filho da puta. — Ela berrou, tentando se soltar.

—Qualquer brincadeira, e sua queria mãe cai morta, ouviu Potter? — Disse Draco, sem qualquer hesitação em sua voz.


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Notas finais do capítulo

E ai? E sim, o final é cruel e terrível, e eu provavelmente só vou postar ano que vem. Eu sinceramente sinto muito.

Me contem seus pensamentos nos comentários! Por favor, eu sei que eu estou ULTRA atrasada em responde-los, mas eu juro que eu leio todos e me apaixono por todos e faço barulhinhos estranhos de extrema fofura. É verdade, minha mãe se preocupa. Eu mando fotos deles pros meus amigos e eles ficam confusos.

Espero que tenham gostado de ler quanto eu me diverti escrevendo (como eu disse, treta).

Vejo vocês em 2016

Beijos,

Laslus