Ao acordar, Pedro se deparou com uma bela surpresa. E quanta beleza, hein. Karina abraçava seu corpo, deitada em seu peito. Ficou acariciando a cabeça dela, enquanto pensava no papo deles de ontem. A "Esquentadinha" dizer que gostava do tal do Duca, de alguma maneira, o incomodou bastante, mas ele não a deixaria saber. Começava a perceber que estava meio afim da lutadora, mas raciocinou. Depois do que rolou, é impossível a garota ainda querer algo com o lutador. Isso fez Pedro sorrir, mas não tirou a ideia da cabeça dele.

Pegou o celular e conferiu as horas. Já passaram de 10 horas, o que significava que seus pais já saíram e foram abrir o Perfeitão, para a sorte deles. O roqueiro levantou-se enquanto coçava a cabeça, destrancou a porta e foi até a cozinha. Apesar de nunca tomar café, decidiu preparar um, mas pela garota. Pegou pão integral e o máximo de coisas saudáveis que pôde achar. Ligou a TV e aguardou.

Karina acordou e notou logo de cara que Pedro não estava a seu lado. Saiu do quarto na ponta dos pés, evitando ao máximo chamar atenção caso a família do garoto estivesse lá. Viu Pedro assistindo televisão, aproximou-se por trás dele e puxou seu cabelo:

– Ai! Que bom dia agradável? Hein, Esquentadinha. - disse o roqueiro.

– Foi você quem preparou a mesa?

– O chef Pedro ainda tem muitas surpresas, minha cara gafanhota. - a garota sorriu. Gostava quando as brincadeiras dele não eram feitas apenas pra irritá-la. - Vamos, vamos comer que eu sei que você deve estar morrendo de fome, Esquentadinha.

Karina pegou um pão e, enquanto passava requeijão light, Pedro a perguntou:

– E aí, acordou de bom humor hoje?

– Tô bem melhor, ainda mais depois de conversar contigo. Brigada.

– Entendo... falando sobre ontem à noite, posso te perguntar algo?

– Pode sim.

– Você... você ainda gosta do tal do Duca?

– Por que você quer saber?

– É pra me adiantar e saber quantas vezes você pretende dormir aqui. - brincou ele.

– Eu... eu não sei. Eu acho que não. Eu quero não gostar, mas não sei.

Karina percebeu, mesmo ele fingindo tomar o achocolatado, um sorriso abrindo-se no rosto de Pedro.

–Tá sorrindo por que, ô mané? - perguntou, já sabendo a resposta.

– Nada não, Esquentadinha. Só fico feliz por que você não vai sofrer mais.

– Aham, sei. E aí, vai fazer o que o dia todo?

– Eu tava pensando em trabalhar no Perfeitão o dia todo. E você?

– Acho que vou pra academia. Quer, sei lá, sair hoje mais tarde? Não tô afim de ir pra casa de novo.

– Pera, pera, pera, você tá me chamando pra um encontro, Esquentadinha?

– Só nos seus sonhos, moleque. Você sabe que eu ainda tô meio mal.

– Se continuar me pedindo desse jeito carinhoso eu gamo.

– E aí, topa?

– Ok. Posso decidir o lugar?

– Me surpreenda, chef Pedro.

Continuaram a comer, até que K virou para o rapaz e disse:

– Olha, vou tomar um banho e tô indo, ok?

– Tá beleza. Eu vou lavar a louça e tô indo ao Perfeitão.

Karina aproximou-se dele e o deu um selinho. Ao separarem-se, o encarou, confusa, sem saber o porquê de ter feito aquilo. Correu até o banheiro enquanto Pedro ainda tentava entender o que havia ocorrido.

Karina sentia seu coração batendo rápido. Por que ela tinha feito aquilo? De todos os beijos deles, nunca foi ela quem tomou a atitude. Tentou acalmar-se, despiu-se e entrou no banho.

Felizmente, as reações do banho do dia anterior não repetiram-se. Quando saiu, colocou sua típica roupa de academia e saiu, às pressas, evitando conversa com Pedro.

O rapaz fez o mesmo. Dirigiu-se ao banheiro, tirou as roupas e, enquanto banhava-se, lembrava do selinho que Karina havia lhe dado. Ao sair, colocou uma roupa qualquer e foi ao Perfeitão. Lá, a primeira coisa que ouviu foi bronca de seus pais.

– Que horas são essas, Pedro? - dizia sua mãe

– Foi mal, mãe. Eu tava cansado. Fiquei o dia todo fora, pô.

– Que isso não se repita, ouviu?

– Olha, vou ter que sair mais cedo hoje, tá bom?

– Como assim, rapazinho? - perguntou seu pai?

– Só entre nós, pai, vou sair com uma garota mais tarde. - cochichou Pedro para seu pai.

– Delma, o rapaz tem seus motivos. Deixa ele. - disse Marcelo, dando cobertura ao filho e logo depois dando uma piscada para o mesmo.

O dia foi passando bem rápido, até que, no final do expediente, surge um dos lutadores da academia do Gael, mas Pedro não recordava seu nome. Quando foi atendê-lo, aproveitou para sanar sua dúvida:

– Olá, bem vindo ao Perfeitão. O que deseja?

– Putz, eu tava afim de um misto e uma água… vem cá, você não é aquele cara que vive dando em cima da filha do Gael?

– Eu não tô dando em cima de ninguém… e você? Não é aquele lutador da academia que ninguém gosta?

– Olha como fala, hein, moleque. Eu sou o Cobra - disse o mesmo, fechando a cara.

– E eu sou o Pedro. Vai querer só isso mesmo?

– É, pode ser. - bufou Cobra, claramente irritado com o fato que Pedro o apresentou.

O roqueiro fez o pedido e sentou-se com Cobra até a comida sair.

– Se eu fosse você eu tomava cuidado com o Gael, mané. Se ele descobrir que cê tá de rolo com a filha dele, ele vai arrancar teu coro. - disse o discípulo de Gael.

– Cara, já disse que eu não tenho nada com ela

– Ah, então eu posso chegar nela?

– Nem pensa nisso.

– Aí, tá gamadão na loirinha, pô. - disse Cobra, rindo.

– Eu não tenho nada com ela, mas não quer dizer que eu não queira ter. - disse Pedro, entregando o lanche a Cobra.

– Ó, fica esperto que você não deve ser o único afim. E agora que ela desencanou do tal do Duca, neguinho vai cair matando.

Aquilo incomodou Pedro, mas ele simplesmente voltou pra trás do balcão e aguardou seu horário acabar.

Enquanto isso, na academia, o dia de Karina não foi as mil maravilhas. Assim que chegou, teve que ouvir do seu pai:

– Então é assim, dona Karina? Você nem ao menos espera eu voltar pra poder avisar que ia dormir na casa de uma amiga?

– Desculpa, pai. É que você tava demorando - respondeu Karina com um tom impaciente, mas aliviada por Bianca ter colaborado com a sua mentira.

Logo depois, foi abordada por sua irmã:

– Ai, K, onde você se meteu ontem? Eu consegui burlar o papai mas tava morrendo de preocupação.

– Onde eu dormi não te interessa. Mas brigado pela ajuda. Eu não conto do seu e nem você do meu, fechado?

– Tá, tá bom… ei, K, eu conversei com o papai e ele deixou a gente fazer uma festa lá em casa. Eu já organizei tudo.

– Tá, mas não sei se eu vou não. Vou sair mais tarde - disse Karina, indo direto aos vestiários.

O dia passou bem rápido, mas quando Karina estava indo tomar banho para poder se encontrar com Pedro, Duca quis tentar conversar com ela:

– Ei, K, posso levar um papo contigo?

– Duca, sinceramente, sai de perto que não tô afim de nada contigo hoje.

– Poxa, K, é rapidinho

– Eu tô com pressa.

– Pra quê?

– Eu vou pra um encontro, tá bom, Duca? - disse Karina, enfezada e logo depois abandonando um Duca muito confuso.

Depois de tomar uma ducha e se arrumar o melhor possível, K saiu da academia e dirigiu-se ao Perfeitão. Ao chegar lá, encontrou Pedro, na frente de um espelho, deixando o cabelo "arrumado" daquele jeito bagunçado sexy dele.

– Ei, tá pronto? - Perguntou a lutadora.