Olhos de Boneca escrita por Lottie


Capítulo 1
Prólogo - Boneca Alemã.


Notas iniciais do capítulo

Então, eu espero não decepcionar vocês. E que se divirtam lendo do mesmo jeito que eu me diverti escrevendo, ah! Eu espero tornar essa história uma long, mas não sei... Talvez eu faça uma short, ou algo assim. Mas vai depender da repercussão, então, não sei... Eu... E-eu... TO COM VERGONHA!

Ps: ESTUPRO é o correto para se referir ao crime previsto no artigo 213, do Código Penal. É uma verdadeira violência contra a língua, confundir-se com ESTRUPO que, por sua vez, quer dizer tropel, barulho, rumor de gente, revolta.



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Boneca Alemã

–– Que saco. – reclamou a menina batendo a porta. Ela estava xingando MUITO seus pais mentalmente, mas fora isso nada te era concedido. Se ela continuasse a falar um “a” que fosse, ela apanharia. Seus pais também não queriam, e não estavam reclamando. Mentalmente, talvez. Porém, não demonstravam isso. Eles não podiam e nem queriam. Se mudar foi um grande pesadelo para os Ross’s, e eles precisavam suportar aquilo. Porém, se a caçula não auxiliasse tudo seria em vão. Seus pais a mandaram parar de se irritar tão facilmente. – “Facilmente?” – indagou raivosa fazendo aspas com os dedos. – Eu perdi meu namorado por culpa de vocês. Chamam isso de “facilmente”? – Gritou batendo o pé e correndo para fora do carro, sem evitar bater a porta de entrada da casa.

–– Isso são modos? – retribuiu a mãe, indo atrás da menina. - Eu pensei ter criado uma verdadeira dama. E quando eu indagar algo para você me responda com modos, eu não me lembro de ter criado uma puta. – gesticulou seguindo a filha pela casa, até a porta do quarto - já arrumado - da garota; a porta quase foi quebrada por tamanha força que foi utilizada para fechá-la. – Você, Cristal Ross, está de castigo! –gritou assustando-se com o estrupo causado.

––Vai tomar no seu cu, velha gaga! – gritou, revoltando-se. Normalmente seus castigos duravam um longo tempo. Tempo o suficiente para ela se arrepender de ter feito o ato. Mas eram sempre voltados ao seu namoro, ou sua vida social, que agora ela não possuía, logo, qualquer castigo não faria efeito. Sua mãe irritou-se ainda mais com o palavreado chulo usado pela caçula dos Ross’s; elevou a voz, assustando a menina. Pronunciou algo como “Se prepare para o verdadeiro inferno” em uma língua desconhecida por mim. – Já estou no inferno. – respondeu a menina na mesma língua, creio que talvez seja Inglês, ou algo do tipo. Não entendi bem, meu inglês está cansado.

–– Vai ser jogada no fogo se quiser, e vá para fora de casa. Só volte quando eu chamar. – resmungou batendo ambos os pés, irritada por estar falando com uma porta. Pelo menos a porta estava sendo simpática, não é? Acho que não. – Para aprender a não bater portar! – respirou fundo ouvindo o choro da sua filha. Ela realmente estava sofrendo com a separação dos amigos, e principalmente do namorado. Ela o amava. Amava todos os amigos, e não conheci ninguém ali, estava se sentindo sozinha e frustrada, a mãe entendia isso. Já havia passado por aquilo, inúmeras vezes, quando criança. – Olha, querida, eu sei que está sofrendo. Mas, tente entender que seus pais não possuíam escolha! – tentou argumentar, mas o choro ficou mais forte, e a mãe o acompanhou até cessar. Ouviu de leve a menina se levantando da cama e caminhando forte até a porta. Um estrondo, a porta se abriu e se fechou da mesma forma, rápida e estrondosamente.

A menina caminhou até perto da mãe, porém sem dizer absolutamente nada, passou reto e continuou até a porta de entrada. Estava bastante claro que ela não estava para papo naquele dia. Ela estava bastante desleixada naquelas roupas folgadas, seu cabelo estava preso em um coque firme, com alguns fios novos soltando pelos lados, estava usando óculos e com tênis velhos. O que não era de fetiche dela. Ela estava sempre produzida e maquiada. Com lentes, saltos, cabelos arrumados e roupas escandalosas e impróprias. Era o modo dela de se revelar, tanto antes como agora. Ela estava pisando fortemente no chão, podia ser escutado ao longe. Aos poucos conseguiu chegar à porta de entrada, bateu a mesma com força e se dirigiu para longe do carro.

Decidi acompanhar a garota. Com passos revoltados e indignados ela caminhou por um longo percurso até perceber-se perdida. Mas ela estava bem, deveria estar perto de casa, porém não estava. Havia caminhado bastante. Para várias direções, ela só queria se esquecer de tudo, de todos, de seus problemas, de sua vida. Passos não seriam o suficiente para ela esquecer, porém ela poderia, quem sabe, cair de algum lugar, bater a cabeça e, como ela quer, esquecer de tudo. A vida é um campo minado de problemas, mas você pode estar no modo fácil.

Revoltada, ela decide que já era tarde para voltar atrás em seus passos. Com palavras do seu ex em sua cabeça, seus pés se moviam sem seu consentimento ou desejo, apenas se moviam. O passar dos minutos não importavam para ela. Por mais perdida que estivesse, ela não queria admitir que estava. Avistou, ao longe, uma grande floresta fechada. Ela pensou que era idiotice entrar, sozinha, perdida, e sem conhecimento de ninguém em uma floresta fechada, seus pais se preocupariam... Ah! Ela não se importava com os pais! Então respirou fundo, e caminhou para dentro, e por mais que imprudente que fosse, continuou a caminhar. Para dentro da floresta, para um lugar que ninguém sabia.

O dia já estava perto de acabar, o pôr do sol estava lá. As árvores altas estavam encantando em um lindo alaranjado. Ela não sabia as horas. Porém já estava um tanto tarde. O som dos pássaros voltando a sua casa estava assumindo o ambiente. Os passos que ela dava quebravam galhos e a assustavam. Ela tremia e por mais que ninguém soubesse que ela estava ali, rezava para que alguém a salvasse.

Como ela era imprudente. Sentou-se em uma pedra, tentando, quase desesperadamente, ligar para seus pais. Porém, antes que o número discasse por completo e alguém atendesse, ela desligou. Não assumiria seus erros dessa maneira. Discou o número do seu namorado, ou melhor, ex-namorado. Um toque peculiar inúmeras vezes, até ele atender.

Sua voz estava gélida, não dava para escutar a ligação. Porém, com o tempo. O sorriso e as palavras doces que ela falava se desmontaram. Uma face de raiva? Perguntam-me. Melhor se fosse. Lágrimas salgadas escorriam lentamente pelos olhos dela. Ela estava chorando de um modo... Como posso dizer... Estrondoso. O choro podia ser escutado ao longe.

Ela desligou o celular, e sua dignidade se foi com a ligação. Aos poucos ela foi entendendo que chorar não iria adiantar em nada, mas esse “aos poucos” veio a demorar. Ela estava lá, sozinha na floresta, totalmente desprotegida e sem conhecimento de ninguém... Bem, o ex-namorado dela sabia, eu acho. Ela se levantou com calma. Fechou os olhos e respirou fundo tentando lembrar o caminho para casa. Agora, a ideia de entrar em uma floresta sozinha sem o conhecimento de nenhum parente, não estava parecendo boa. Suas mãos cerraram-se. Ela olhou determinada para o céu escondido por galhos secos e cheios de folhas, pensou em sua amiga e voltou a caminhar.

Caminhou por um longo período sem rumo, ou com um rumo, porém sem conhecimento de como achá-lo. Suas pernas se cansaram, ela não era acostumada com exercícios físicos. Sua mente se voltou a um objeto ao meio de tantas árvores, um balanço. Por mais que o balanço tivesse ocupado e rangendo por sal ocupação, ela se alegrou. Quando aquela pessoa que estava ocupando saísse ela poderia voltar ali e o usar.

Porém, seus pensamentos se voltaram à pessoa que estava a usar o balanço. Uma menina, digamos, estranha. Uma pessoa farta de beleza. Ela carregava em mãos uma boneca alemã. Feita por mãos habilidosas, de cera. Cabelos louros presos a um pequeno penteado. Porém, logo após a caçula parar em frente à pessoa, a pessoa soltou os cabelos da boneca e começou a penteá-los.

A linda boneca estava de olhos azuis safiras, com cabelos, estranhamente, sedosos. Sua beleza era tanta que pouco parecia uma boneca, porém era. Estava com um vestido branco, tecido a mão. Segurado por lindas e delicadas mãos, vestidas com luvas. A menina que segurava a boneca era de igual beleza. De cabelos tingidos, claramente percebíveis pelas sardas, de negro e olhos verdes como folhas. Em suas pupilas podia-se perceber estranhas pintas, uma linda anomalia. A beleza da moça encantou Cristal.

Com os olhos brilhando, ela olhou mais atentamente para a menina no balanço. Além das sardas, a menina possuía uma branca pele. Pele que parecia ser de cera de tão impecável. Ela não estava de maquiagem, o que era estranho dado à farta beleza; porém compreensível. A morena estava com a mesma roupa que a boneca, tirando da meia 7/8 que a boneca não usava. Os sapatos de boneca eram iguais e o vestido também, ela era igual à boneca. Tirando sua descendência, a menina era, provavelmente, inglesa.

O que mais chamou atenção foi a linda boca que a dona da boneca possuía, era algo realmente fofo e vermelho. Mesmo ela não estando de maquiagem, ou seja, aquilo era sua boca ao natural. Cristal desejava beijar aqueles lábios. Conteve-se, tremeu ao sentir os mesmo sentimentos que sentiu pela amiga há cinco anos. Aqueles não eram os verdadeiros sentimentos de Cristal. Ela só desejava a amizade, pensou inúmeras vezes assim. E acabou por se aproximar da dona da boneca alemã.

–– Oi, - falou timidamente, temendo a falta de resposta da outra. Porém, a dona sorriu. Seu sorriso era lindo. Mexeu uma mecha de cabelo para trás e pediu para que a Ross continuasse, sem saber seu nome, apenas fez um movimento com o dedo para que ela falasse. – eu me chamo Cristal. Cristal Ross. – comentou sorrindo de um modo simpático para não assustar sua nova amiga. – Eu acabei de me mudar para cá, e acabei me perdendo quando estava conhecendo o bairro. – riu um pouco no final da frase para acabar com o clima que estava se formando.

–– Olá, - respondeu de forma polida. Suas mãos se soltaram da boneca e se prenderam nas laterais do balanço, ela fez um impulso para frente, e outro para trás. Balançando de forma calma. – chamo-me de Molly. – curvou-se de modo fofo, bastante formal até para uma apresentação. – Entendo sua situação, porém em nada posso ajudá-la. – sua resposta entristeceu Cristal. Porém, ao ver a reação da caçula, ela fechou os olhos e se levantou do balanço, deixando sua boneca em seu lugar. – Venha, eu te guio até a saída. – isso surpreendeu a Ross, além do lindo sotaque e da incrível forma polida da garota, a mesma acabara de falar que não sabia do caminho.

–– Ah! Obrigada. – respondeu maravilhada tentando apertar a mão da garota em forma de agradecimento, porém a garota se surpreendeu com o gesto e tudo acabou ficando sem muito jeito. – Foi mal. – comentou deixando a outra mais solta. A dona da boneca começou a caminhar, sendo prontamente seguida pela perdida caçula dos Ross. – Molly, aonde você estuda? – perguntou chutando algumas pedras pelo caminho que seguia. Molly riu, deixando a outra desconfortável.

–– Eu estou na Estadual, e você? – perguntou fazendo Cristal sorriu de um modo fofo. O sorriso de Cristal fez Molly corar um pouco, de modo fofo e inocente. – Ah! A propósito, tenho 16 anos, e você? – parou de caminhar, sorriu amarelo e estendeu a mão para a jovem Ross. Que respondeu a mesma idade que a outra, fazendo o sorriso aumentar ainda mais. – Mudou-se para cá agora, o que você faz por aqui? – indagou tentando romper o clima tenso que se formaria se as perguntas acabassem.

–– Trabalho da minha mãe. Ela me arrastou até esse inferno. – comentou dando um leve empurrão na moça da boneca, que quase caiu, senão fosse pelos braços de Ross. – Desculpa, eu sou meio bruta às vezes. – Molly riu suave, aceitando as desculpas da outra, a mesma imitou Molly. – E você, mora aqui há quanto tempo? – perguntou ansiosa.

–– Igualmente acabei de mudar-me para cá. – sua fala polida e seu sotaque eram tão claros quanto fofos de se escutar. Um algo estranho de se chamar de fofo. – Morava na Inglaterra. – comentou, permitindo que Ross falasse o quão incrível aquilo era.

–– Eu vim do estreito do Rio, sabe? – perguntou mexendo em uma de suas mechas louras. A jovem Ross era loura, não falsa, verdadeiramente loura. Seus olhos eram cor de mel, um horrível destino para uma princesa do Rio. Seu corpo era longo, mas ela não passava dos 1.70, já a outra, não chegava aos 1.60. Ambas juntas eram algo fofo de se ver. Molly era uma típica boneca japonesa, Ross era uma patrícia que curtia coisas fúteis. Estranha combinação.

–– Este é o caminho, só seguir reto. Provavelmente. – o provavelmente era inútil, mas Ross pouco tinha além daquilo, então aceitou de bom agrado à ajuda. Fechou os olhos, e antes que a outra pudesse ir embora, indagou se elas poderiam se encontrar novamente. Molly riu baixinho, escondendo a boca. – Nos encontramos na escola, Cris. – Comentou, feliz por ter conseguido falar o apelido sem corar. Ross riu e seguiu o caminho todo até em casa, inteiramente com um lindo sorriso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor, cometem me dando suas opiniões! Elas são importantes para mim!



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