Solemnia Verba escrita por Blitzkrieg


Capítulo 26
Capítulo 25: O Anjo Caído.


Notas iniciais do capítulo

Não havia saída a não ser utilizar todo o poder que se dispunha. Vlad estava enfrentando um adversário curioso e poderoso, fruto do poder de um dos devas mais poderosos que se tinha notícia. No fundo, a incerteza sobre a vitória parecia imperar. Enquanto o último descendente de uma familia renomada de assassinos lutava para provar sua inocência no "julgamento", o ex comandante de um dos esquadrões lendários subordinado de Poseidon, a família mais poderosa que dominava o elemento da água, enfrentava um dos soldados mais fiéis a Hecate Chronus. O Leviathan havia julgado precipitadamente as habilidades de Locus, esta arrogância o deixava próximo de perceber que a vitória não seria alcançada assim tão facilmente.



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Devido a todas as características peculiares do sistema de batalha dos devatãs, todos sabiam que o recito de uma solemnia verba seria a maior manifestação de energia que um aliquid poderia realizar. Portanto, era prudente durante os confrontos impedir tal recito. Diversas técnicas foram elaboradas para impedir a conclusão de um recito deste tipo. Uma vez que a evocação se iniciava, se alguma interferência ocorresse, o poder se perdia e as leis físicas do universo não seriam alteradas.

Os devas tinham literalmente em mãos o poder de recriar o mundo, como deuses majestosos que com simples evocações verbais poderiam alterar as leis físicas naturais que guiavam a existência da matéria e energia. Os livros antigos relatavam a existência do primeiro dentre esses seres, aquele que obteve total domínio sobre a essência do universo de maneira misteriosa e foi capaz de alterar as estruturas materiais ao seu redor. O capítulo introdutório do livro da história das famílias devatãs relata o poder absurdo que este primeiro ser transcendente possuía.

“...trajava vestimentas sacerdotais, como costumariam dizer, sua aparência física em nada representava seu interior e poucas vezes o viram correspondendo a necessidades vitais humanas, como a ingestão de líquidos ou comida, dentre outras características naturais de um organismo vivo. Os cabelos eram negros e curtos, um olhar negro profundo, com um brilho intenso e ao mesmo tempo modesto. E o mundo obedecia, tudo que sua voz ordenava, como se para desfazer o céu e a terra bastasse produzir sonoridade com a língua.

Aquilo não era humano. A bondade emitida daquele ser, intensificada com suas atitudes carismáticas e solidárias chocava as pessoas de todo o subcontinente da Índia. Seus seguidores acreditavam que ele era um sacerdote próximo a Brahma, o Deus criador do universo no hinduísmo. Outros o chamavam de avatar, nomeando-o desta forma pois tinham plena convicção de que aquele humano tratava-se da casca do próprio Brahma convertido em pele, órgãos e ossos. Alguns ainda o nomeavam de deva, acreditando que eram mais realistas do que os demais, pois um deva passava apenas de uma representação ínfima daquele que seria o criador da flor de lótus que havia originado tudo que era existente. De certa forma, o mistério sobre a origem daquele ser resistia firmemente a todo tipo de formulação teórica excêntrica. De qualquer maneira, havia uma coisa que jamais era questionada, a sua capacidade de realizar qualquer desejo porque para ele tudo era possível.

Quando questionado sobre sua origem por alguma pessoa, aquele que ficou apenas conhecido por deva depois de infindáveis discussões, apenas respondia ser um servo de Brahma e que divulgaria sua mensagem a todos aqueles que tivessem ouvidos atentos e corações que pudessem ser pesados por uma das mãos do grande criador.

Conta-se que uma vez um garoto de aparência desnutrida que não tinha mais do que 13 anos, muito pobre, decidiu se aproximar do deva para abraçá-lo, pois tinha muito afeto pelo mesmo, porém, a aproximação estava sendo dificultada devido a multidão que se prostrava ao redor dele. Uma senhora já de idade avançada, vendo toda a aflição do menino, levantou-o e o colocou sobre os ombros. Os gritos ainda não haviam sido capazes de alcançar os ouvidos do deva. Ele se mexeu tanto que a idosa não foi capaz de aguentar o peso e ambos caíram no chão. A multidão subitamente se dispersou, pois em algum lugar um elefante no cio, entrou em surto. A idosa não conseguindo levantar, tomou a única atitude que lhe veio à mente no momento que foi proteger o garoto com seu corpo, para que o tal não fosse pisoteado pelas pessoas que fugiam. O deva após amenizar os efeitos hormonais do elefante, caminhou em direção aos dois corpos que jaziam no solo seco. Dizem que com um simples toque nos corpos ele foi capaz de refazer e ler as memórias que foram perdidas. Algumas lágrimas escorreram de seu semblante e logo depois ele chamou parte da multidão que já se encontrava distante. Pouco a pouco as pessoas foram se aproximando, foi quando ele disse:

– Aqui temos dois exemplos do que somos capazes de fazer quando forças incompreendidas conduzem nossos corpos para tomada de decisões que nem ao menos tivemos escolha. A ira e o amor. E assim é a vida. Nossas mentes e corpos são conduzidos pelo sopro divino oriundos de todos os lábios de Brahma. A construção e a destruição e tudo que as modelam, o amor, a ira, a tristeza, a alegria, não passam apenas de fases do poder que conduz nossa essência. Da minha boca, emana o sopro divino, pois as palavras não são mais do que sopro que atravessa os dentes e se constroem através do tremular da língua, assim também por meio dos demais órgãos da fala. A destruição e a construção se transmutam incessantemente ao nosso redor. Que vocês escutem as palavras, pois estas são o sopro de nosso Deus modificado para a compreensão. Eis a minha pavitra śabda.

Com uma oração praticamente inaudível, todos presenciaram o poder além deste mundo. Alguns diziam que puderam enxergar a figura de Brahma translúcida e imóvel atrás daquele semi deus. Outros juram que avistaram com seus próprios olhos que a terra iria comer algum dia que uma auréola dourada havia se projetado atrás de sua cabeça. O único fato aceito foi a tosse de vida emitida daquele garoto que se ergueu agilmente quando avistou, com seus olhos brilhantes com a luz que percorria sua íris novamente, a figura do deva sorrindo para sua pessoa. A idosa permanecia imóvel no chão, sem vida. Alguma pessoa corajosa, lançou a pergunta que todos engoliram em seco. Por que ela não havia ressuscitado? Foi quando o deva disse:

– Em suas memórias, o seu único desejo foi ser útil a alguém voluntariamente em algum momento em sua vida. Eis aqui uma escrava, mais uma criação que refletiu em vida as impurezas humanas impregnadas em vossas almas. Sua essência, por tanto ser pisoteada pela maldade humana, reduziu também suas vontades, seus desejos, tornando-os simples. Não há mais necessidade de lhe trazer a vida, não há recomeço que equilibre a balança que pende tanto para o lado do sofrimento. Como era triste a sua alma... Portanto, desejo que vocês todos lembrem-se bem deste dia, pois por meio deste pequeno ser puro vocês compensarão todo o sofrimento dessa alma que padeceu próxima aqui aos meus pés. Desejo que vocês, por meio desta criança, compensem todo o mal acometido a essa vida. Pois aqui se encontra o meu primeiro representante nesta terra.

Nascia naquele momento o primeiro imperitus que se tem notícia e o primeiro membro dos 13 aliados que se mantiveram firmes e fiéis as causas do primeiro deva. “

Trecho do capítulo introdutório do livro “A História das Famílias Devatãs” em sua única edição.

Sendo assim, era possível analisar a atitude que Vladimir Chernobog, o último de sua família, iria tomar naquela batalha que seria uma das mais curiosas em sua vida. Sem pensar duas vezes, não procurou sequer estabelecer uma defesa que lhe impedisse de perder a sonoridade das palavras poderosas. Em contraste, algo curioso acabou ocorrendo. O seu inimigo, aquele que não passava da manifestação imponente do cantio de um dos juízes da trindade reguladora, acabou também se deixando envolver pelo pesar na atmosfera do ambiente e com serenidade ambos os devas, o verdadeiro frente seu clone, iniciaram a conhecida solemnia verba que se nomeou pavitra sabda em tempos antigos.

Solemnia Verba... – sussurraram ao mesmo tempo. - Eis aqui o meu leito sombrio, a minha penitência, encharcado de sangue por ter derramado lágrimas demais. Este rubro já não se prende mais no meu olhar, pois estou cansado e preparo-me para deitar. O som da queda ainda ressoa e os mortais rangem os dentes acima de mim, sinto que desta vez o sono não virá, pois o anjo caído se erguerá. – disseram em uníssono, enquanto irradiações massivas de energia se chocavam e uma atmosfera sombria tomava conta do ambiente. – Setentia est. Actio #3. Ascensão.

Os olhos escarlates, assim como os esverdeados derramaram ambos lágrimas de sangue. Uma energia empoeirada e negra envolveu Vlad e o mesmo aconteceu com seu clone. O Chernobog percebeu naquele instante que havia recuperado totalmente seus poderes e que os efeitos dos poderes de Hecate haviam se perdido. Não sabia ao certo se a razão de tal coisa estaria no fato de já estar sendo ameaçado pelo aliquid de Chronus ou se aquele poder perderia o efeito com o tempo.

Fazia muito tempo que ele não revelava todo seu potencial, utilizando todo seu poder. Logo foi possível sentir suas costas se alterarem e os sentidos aguçarem em uma velocidade impressionante. Foi quando a energia sombria ao seu redor se dissipou que ele pôde perceber que agora sim estava pronto para lutar por sua vida com tudo que tinha direito. As imensas asas negras bateram como se em uma apresentação, logo depois o envolveu. Aquela sensação preenchia todo seu interior, era uma energia imensa, sabia que quando utilizava sua solemnia verba se tornava invencível.

As linhas esverdeadas que contornavam o seu traje se tornaram vermelhas e em sua face, por onde as lágrimas percorreram, uma linha avermelhada também se formou abaixo de cada olho que agora não possuía íris, percorrendo a face até o queixo e tornando assim seus olhos semelhantes aos dos juízes da trindade reguladora. Contudo, quando tomou uma postura de descanso e finalmente decidiu olhar o que o aguardava, esta sensação de autoconfiança vacilou um pouco.

As asas eram brancas, as linhas se tornaram azuis, da cor do céu, porém as linhas por onde as lágrimas percorreram permaneceram avermelhadas curiosamente. Uma aparência angelical irônica se prostrava logo a frente. Aquela aparência parecia uma afronta, Vlad sentia como se ele próprio fosse o mal ali que deveria ser exterminado. Seria proposital? Não sabia, sua mente se preocupava mais com o aliquid que provinha do clone, tão intimidante quanto o próprio. Será que nem mesmo sua solemnia verba mais poderosa seria suficiente para superar o poder de Chronus? Apenas um cantio? Bom, de certa forma não havia muito o que pensar, deveria matar aquela coisa, apostando todas as fichas que esta seria a chave para sair de lá. De repente, sentiu um calafrio, as íris de seu inimigo não estavam lá mas sabia que o mesmo o encarava.

– Vamos começar. – disse o clone e suas unhas se tornaram afiadas novamente, com o dorso da mão revelando as veias que pulsavam abaixo da pele.

Ambos os devas desapareceram, a velocidade era absurda. A unhas procuravam rasgar a carne, mas Vlad desviava habilmente. O coração disparava.

Viris Intrisicus! – gritou Vlad, como se quisesse expulsar o inimigo com sua fúria, a energia rubra envolveu seu corpo, as asas bateram e seu corpo se retraiu. O clone estava imóvel, somente no último segundo soube o que estava por vir. Uma chuva de socos foi deferida no ar pelo Chernobog, e a pressão no vento logo atingiu o inimigo que se encontrava indefeso.

As colisões traziam o impacto semelhante aos socos de um gigante. Um simples cantio, copiado de outro deva, tinha o poder amplificado várias vezes. O adversário de Vlad procurou apenas se proteger no primeiro momento. Subitamente os socos no ar cessaram. A mão do último devatã de olhos escarlates se ergueu como se fosse segurar uma bola de basquete no ar. Não haveria misericórdia. Seria irracional se deixar domar por tal sentimento. Como poderia ter pena de um cantio? A natureza de seu alvo tornava aquilo tudo muito mais fácil. Os raios negros chicotearam ao redor e seu corpo brilhou com a energia vermelha que antes foi emitida do clone. Foi neste momento que a percepção real veio à mente. O cantio de Charles criava uma mistura dentre as piores e melhores características de seu ser e as projetavam em um indivíduo composto com toda a sua ambiguidade.

Cruciatus. – disse, serenamente. Tratava-se de um cantio que só poderia ser invocado naquele estado.

Uma pequena esfera negra formou se suspendendo a poucos centímetros da palma da mão soerguida. Os raios chicotearam a esfera negra que respondia aumentando de tamanho lentamente. A mão abaixo da esfera subiu e a apertou, o Chernobog fitou seu inimigo torcendo para que fosse a última vez. Imediatamente tratou de lançá-la. Ordenou com sua vontade que as asas o protegessem e as mesmas se fecharam obedientes. A esfera progrediu velozmente em direção ao seu alvo, subitamente, com uma explosão de raios negros, expandiu e tomou uma dimensão colossal. O clone do último descendente de uma família renomada de assassinos se viu engolido dentro da massiva energia obscura. A explosão foi imensa, uma grande concha de energia expandiu violentamente, rodopiando como se desejasse destruir todo aquele espaço originado temporariamente pelo cantio de violação temporal e dimensional.

Naquele instante, tornava-se claro a razão de existir a lei que impedia batalhas entre devas de ocorrerem no mesmo mundo que os humanos dividiam. Os estragos seriam irreparáveis, todos influenciados exclusivamente pela qualidade do aliquid de violação do devatã, qualidade esta que nomeava a própria classificação para cada um daqueles seres poderosos. A classe A da qual Vlad pertencia, já era uma classe bastante difícil de ser alcançada, somente mediante treinamento intenso e muita dedicação. Desta forma, a imaginação sobre a dimensão da energia das classes posteriores perdia força, pois era algo inimaginável. O Chernobog sabia, pois o juiz que havia realizado aquele simples cantio, estava no topo da classificação hierárquica. A classe SS era reservada apenas para aqueles com títulos de divindades ou próximos disto, ficando assim a classe S um estado intermediário e ponte para o topo da hierarquia.

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Estava claro para o soldado experiente que aquela não seria uma batalha fácil, o ninja que era seu alvo havia se desviado habilmente de seu golpe. Seu corpo havia se desmanchado em água, algo bastante comum em devatãs que dominavam aquela natureza. Não era nenhuma surpresa. Faltava apenas responder uma dúvida. Se aquele Leviathan seria capaz de gerar água ou apenas manipulá-la. De certa forma, todo o cuidado era pouco, pois aquele tratava-se do assassino de um dos devas mais poderosos já conhecidos. O famoso mestre orientador da família Chernobog.

Locus nunca nem mesmo viu o último remanescente da família de assassinos, mas sabia muito bem que era um amigo pessoal da princesa Hecate. Não podia deixar de se simpatizar com o sentimentalismo da Chronus quando pediu, pois para ele aquilo soou mais como um pedido do que uma ordem, de que aniquilasse utilizando qualquer meio o assassino do mestre de seu amigo. Jurou que cumpriria mais esta missão dada com toda a determinação, mesmo sabendo que no fundo de seu coração um tipo de medo reinava. Qual seria o poder que aniquilou William? Parecia que logo Ayemon descobriria, pois subitamente uma lâmina de água procurou atingi-lo.

Zero se encontrava a alguns metros de distância, com sua lança sendo segurada firmemente por uma de suas mãos após a conclusão do golpe. O ninja rapidamente correu para o inimigo, iria fatia-lo com toda a astúcia que um ex comandante de esquadrão poderia ter. As colisões de metais foram intensas. Locus desviava dos golpes mais fortes que não podiam ser impedidos e outros revidava com a lâmina de corte. A agilidade do ninja era notória, mas sabia que bastaria um movimento em falso para poder atingi-lo.

Aquatica Carcerem! – gritou Zero, e um turbilhão de água circundou seu adversário.

Locus rapidamente se desfigurou, expondo sua habilidade de teletransporte espacial novamente. A esfera de água se formou, mas não havia prendido nada. O Leviathan no momento que virou seu rosto para procurar seu adversário, foi atingido com um soco no queixo que o fez ser arremessado contra o chão, o punho no ar logo se desmaterializou. Foi quando o fiel subordinado de Hiero finalmente compreendeu a habilidade do inimigo. Erguendo-se do chão sem muitas dificuldades, limpou o filete de sangue que escorreu no canto da boca. Observou seu inimigo que havia ressurgido e permanecia atento.

– Conheço alguns devas que possuem habilidades similares. Mas a única família que possui algum vínculo com Chronus dentre estas é a família Locus. – observou Zero.

– Sim. – respondeu Ayemon, meio receoso. – Está certo. Estou impressionado pelo seu tipo de raciocínio, pois tenho absoluta certeza de que nenhuma informação sobre o vínculo da família Locus com a Chronus escapou. Como você foi capaz de reconhecer isto? – indagou o soldado, com um olhar de curiosidade, porém mantendo o semblante sério.

– Sou um ninja espião, não subestime minhas habilidades. – mentiu Zero, sabia muito bem de onde viera aquela informação, mas ainda não poderia explicar nada, não faria sentido explicar muito menos para um deva que já estava considerado morto.

– Vejo que o esquadrão de Poseidon realmente merece o respeito que possui. Apesar de você ser um renegado, as histórias sobre sua pessoa ainda impressionam e seu último feito reforça o prestígio que cai sobre você.

– Você parece se importar bastante com o prestígio, sinto muito não poder dizer o mesmo sobre você e sua família.

Curiosamente aquele comentário não afetou Ayemon como seria de se esperar. Já estava acostumado a receber palavras que soavam tão ofensivas muitas vezes. Porém, desta vez estava determinado a fazer algo grandioso. Seria lembrado como aquele que aniquilou o ninja renegado ex comandante do esquadrão de Poseidon e assassino de William.

– Está certo. – disse, suspirando. – Mas eu juro que irei destruí-lo.

Locus fez um corte no ar e subitamente metade da lâmina da espada desapareceu ressurgindo a frente do Leviathan que foi golpeado no peito. O corte somente foi superficial, devido a sua agilidade que lhe fez recuar instintivamente. Ayemon não pouparia energia dali em diante e tratou de iniciar a solemnia verba.

Quando a morte me tocar, serei desmanchado, desfigurado, desmembrado, em blocos que irão recriar a minha existência. – ecoou Locus, e sua energia azulada correspondia aumentando gradativamente.

O Leviathan já havia se recomposto e preparava um golpe mortal com sua lâmina no corpo de seu inimigo. O corte foi interrompido, pois a área que seria atingida se desintegrou velozmente. O recito continuou.

Serei montando, arquitetado, construído pelo pulso da vida que sedimenta qualquer ser vivo. Somente assim serei verdadeiro. Não somos nada além de uma colônia de partículas, não somos nada além de uma lacuna no universo. – continuou Ayemon, ignorando as ameaças.

Zero tratou imediatamente de cortar o pescoço do inimigo que novamente invalidando o ataque se desintegrou, ressurgindo momentos depois.

“Parece um fantasma! “

Sou aquele ser que se destrói e reconstrói, aquele conduzido pelas leis mais severas. Setentia est...

Subitamente veio a ideia na mente. A lâmina se dirigiu velozmente ao encontro da boca do adversário. De repente, a ponta de uma lâmina surgiu, se construindo em frente aos lábios de Ayemon.

“Não pode ser!”

Zero olhou instintivamente para a arma do inimigo, uma pequena extensão que incluía a ponta havia desaparecido.

Actio #3. A Arte do Arquiteto.

Era tarde.

Preview:

Um silêncio perdurou por alguns segundos.

– Não foi explicado que aqui encontraríamos somente devas de classe C, protegendo a fortaleza? – indagou Margery, perdendo a certeza de antes.

– Era o esperado. – comentou Sorrow, correndo os olhos ao redor. – Mesmo que algo tenha fugido de nossas expectativas, como o exército da Chronus ser reforçado por devas de classes superiores, ficar aqui não irá resolver nada. Vamos prosseguir com o plano. É preciso alcançar nosso objetivo.

– Me intriga bastante este seu interesse em nossos objetivos subitamente. – disse Hiero, fitando seu mais novo aliado seriamente. – Creio que tenha razão. Vamos nos dirigir a fortaleza. Se Zero estiver realmente morto, não podemos fazer nada.

“Como você matou William, se foi capaz de morrer para um deva tão fraco Zero? Existe algum truque aí. Bom, estarei no aguardo.”

– Meu desejo é apenas aniquilar a Chronus. Este será o maior golpe que poderei dar em Charles. –comentou Alastor.

– Eu matarei aquele inseto com minhas próprias mãos. – disse a Pyromorphisis, cerrando os dentes com uma força similar à que cerrava os punhos.

– Estes lhe serão úteis, Sorrow? – indagou o Krypsimo, ignorando o comentário da jovem.

O imperitus caminhou alguns passos em direção a um dos corpos que jaziam no solo de gramíneas que agora estava encharcado de sangue. Observou alguns cadáveres próximos e logo depois se concentrou em sentir a silenciosa brisa que tocava seu rosto.

– Outros virão e serão melhores aproveitados. – disse o ex aluno de William.

– Então vamos seguir. – disse o Krypsimo.

Próximo Capítulo: O Novo Major.


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Notas finais do capítulo

Acho que perdi meus leitores :[..se tiver alguém aí, comente por favor.



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