Do I Wanna Know? escrita por Miss Ann


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei. Minha faculdade está acabando comigo, eu tô cortando os pulsos nessa semana, mas eu tive tanta vontade de escrever esse capítulo que botei minhas notas em risco! Espero que gostem!



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Aomine.

Sakura estava distraída dentro do carro, olhando através da janela e da paisagem, visivelmente perdida em seus pensamentos. Aomine olhava para ela de rabo de olho, estranhando o silêncio dela, mas não reclamou. Apenas continuou dirigindo por mais vinte minutos, quando chegaram ao local. Sakura deixou o carro, se ajeitou mais uma vez, antes de sentir o braço de Aomine pesar sobre os ombros.
— Cadê o teu sorriso gostoso? - comentou baixinho, ao ouvido dela, observando-a sorrir fracamente. — Ainda está pensando naquilo.
— Idiota. - empurrou o óculos escuros dele contra o rosto do moreno, vendo-o chiar de dor. — E você também está pensando.
— Não tem como não. - Sakura assentiu. — Mas temos compromissos, então let's go.– ele a guiou para dentro da instituição.

O loca onde adentravam era um casa de adoção para onde Sakura e Aomine doavam parte do dinheiro que ganhavam. Geralmente, eles enviavam alguém para saber como estava a situação do orfanato e saber se o dinheiro estava sendo aplicado corretamente, mas naquela vez, tiveram vontade de ir e ver com os próprios olhos o pequeno bem que estavam fazendo àquelas crianças.
Assim que chegaram, foram bem recebidos pelas professoras que ajudavam na instrução dos que viviam ali. Aomine trocou uma conversa breve com elas e, quando se voltou da distração, percebeu Sakura sentada no chão, com várias criancinhas ao seu redor. Ele se sentou junto a ela.
— Então, esse é nosso coelhinho de estimação, Kyu, e ele tem seis meses. - explicava uma garotinha e Sakura parecia prestar completa atenção nela. — Você quer segurar ele?
— Claro. - disse, pegando o pequeno roedor branco e acariciando com os dedos delicados. — Esse aqui é Aomine-san. Conhece ele? - comentou, indicando o moreno com a cabeça.
— Você é o moço da TV. - respondeu a garota. — Você é bonito. - Aomine se derreteu diante da garotinha e Sakura sorriu verdadeiramente, deliciada pela expressão apaixonada que o amigo trazia.
— Qual seu nome, linda?
— Sayuri-chan. - os olhos de Daiki repousaram sobre as pequenas feições suaves e delicadas do rosto da garota. Ela tinha cabelos castanhos presos em maria-chiquinhas e perqunas sardinhas contra a pele clara. E os olhos que tinha eram gigantes e lindos.
— Você é realmente um pequeno lírio de tão bonita. - comentou, acariciando as mechas do cabelo dela e vendo-a enrubescer. A menininha ficou em pé e se afastou, indo charmar alguns amiguinhos, enquanto eles permaneciam ali.
— Dai-chan, você seria um bom pai. - comentou Sakura, rolando o coelho no chão.
— Não sei se seria. - olhou as crianças vagamente e uma garota atraiu o seu olhar. Ela segurava uma bola nas mãos e volta e meia o encarava, mas sempre afastava o olhar, com as bochechas rubras. Não devia ter mais que nove anos, com seus cabelos curtos e platinados iguais ao de Sakura. — Hei, princesa. - ela o ignorou e Sakura riu da expressão enfezada de Aomine, mas ainda o incentivou a ficar em pé e ir lá falar com ela. Aomine atendeu ao pedido da amiga e parou a lado da garota, olhando para o mesmo local que ela: uma quadra de basquete cheia de meninos. Ele se abaixou ao nível dela e começou a empurrá-la com o ombro, até que ela se virou para ele.
— Quero ser menino. - Aomine arregalou os olhos, sem saber o que dizer. — Assim eu posso jogar com eles. - apontou com a cabeça para os rapazes na quadra.
— Qual seu nome, princesa?
— Nadeshiko-chan. - ele se sentou ao lado dela. — Você é Aomine-sama, o jogador de basquete.
— Aomine-oniichan já está bom. - disse, sorrindo para ela. Quando encontrou os olhos dela, surpreendeu-se com a cor de mel neles, tão parecidos com os de Kise. Não conseguiu se conter e tocou os cabelos dela. — Shi-chan, você é uma menina linda, sabia?
— Mas eu quero jogar basquete! - fez um bico adorável e Aomine queria mordê-la.
— Você pode jogar basquete sendo menina. Olhe ela. - apontou para Sakura, que segurava um menino de dois anos no colo. — Ela é uma ótima jogadora de basquete, sabia? - ele viu o olhar de Nadeshiko se alterar para um brilho de felicidade. — Que tal assistirmos a um jogo dela qualquer dia?
— Sério?! - ele assentiu. — Obrigada!

Sakura.

A garota observou o amigo de longe e sorriu por vê-lo feliz rodeado de crianças. Ela também tinha esse espírito de leveza que apenas crianças conseguem deixar, mas a entristecia. Era louca para ter um filho ou uma filha e, depois de Kagami, que pelo menos fosse a cara dele — e com o gênio dela, porque aguentar um segundo leonino era demais. Mas talvez isso não se concretizasse da maneira que queria porque ela e Kagami... Abanou a cabeça e deixou o pensamento de lado, antes de suspirar e ir em direção ao prédio: queria conversar com alguns funcionários de lá e ver se requisitavam alguma coisa. Ela subiu os andares dos prédios, observando as salas onde alguns tutores davam aulas para os mais velhos e continuou andando. Num momento, enquanto passava pelo corredor, a luz caíra, mas não demorou a voltar, então Sakura não se preocupou. Encontrou a sala da coordenação e se pôs a conversar com a senhora que era a criadora daquela casa. Era uma senhora pequena e de idade avançada, mas cheia de vitalidade e Yukino se sentiu satisfeita com a forma como ela comandava o local. Discutiram sobre as finanças da casa e Sakura sugeriu um evento de arrecadação com alguns para poderem auxiliar nas casas interligadas àquela principal, e no meio de seu discurso, a luz voltou a cair.
Um estrondo alto fez com que se sobressaltassem e o celular da dona da Instituição começou a tocar e enquanto ela atendia, Sakura foi até o corredor, percebendo a movimentação anormal e apressada. A sirene de emergência começou a soar, um som alto e estridente. O celular no bolso de Sakura começou a tocar e ela atendeu.
— Mas que merda está acontecendo? É treinamento de emergência? - comentou Aomine, a voz assustada. Antes que pudesse responder, a senhora tocou as costas dela e quando a garota se virou, viu o rosto assustado. O prédio está pegando fogo. A garota engoliu em seco e começou a empurrar a senhora paralisada de medo pelos corredores. — Sai de dentro do prédio e vem para cá!
— Os bombeiros já devem ter sido avisados. - comentou Sakura descendo as escadas com a senhora. — Eu vou verificar as salas aqui.
— Vem para fora, Sakura! - Aomine estava desesperado. — Deixa isso para os bombeiros.
— Ajuda a evacuar as crianças para a rua. - desligou o telefone na cara dele e questionou a senhora onde poderiam ter crianças ali dentro. Ela fez menção de indicar o caminho, mas Sakura recusou, apenas repetindo as perguntas, antes de sair correndo em direção as possíveis salas de aula, verificando se não havia ninguém sozinho.
Outro estrondo alto assustou Sakura, mas ela expirou fundo e continuou correndo pelas salas, abrindo todas até que chegou aos dormitórios. Abriu um a um até encontrar uma porta trancada, onde bateu desesperadamente. Estava começando a sentir que estava ficando mais quente ali dentro. Encostou o ouvido na porta e bateu novamente, escutando alguma coisa.
— Abre a porta!
— Não consigo! - disse a voz de uma garota. — Ela está emperrada! - Sakura escutou o choro dela e seu coração se apertou.
— Vamos dar um jeito. Sai de trás da porta- se afastou antes de correr e bater com o ombro, sentindo a porta ceder um pouquinho. Fez de novo. E de novo.
O local estava ficando mais quente.

Kagami.

Kagami estava atendendo a um chamado no outro lado da cidade quando ouviu a comunicação pelo rádio. A equipe beta estava se dirigindo para o orfanato e os reforços nos arredores estavam sendo requiridos por ser um prédio relativamente grande. Ele desligou o rádio, preocupado e irritado por não poder estar em todos os locais ao mesmo tempo, mas continuou a observar seus companheiros terminarem o atendimento de uma loja aonde uma árvore havia caído sobre e tinha machucado alguns transeuntes. Eles tinham conseguido fazer a retirada do tronco e, agora, os dois enfermeiros da equipe auxiliavam no tratamento dos atingidos, enquanto ele ficava ali no banco do motorista, esperando o término dos procedimentos. Pegou o celular e destravou a tela, vendo a imagem de um por do sol e uma silhueta escura que ele sabia ser Sakura. Ele sorria a cada vez que via a foto, mas naquele momento, alguma coisa o fez franzir a testa, como se fosse uma má vibração. Achou que era apenas impressão e abriu um joguinho qualquer.
Dois minutos depois, o celular começou a vibrar e o nome de Aomine apareceu na tela e Kagami estranhou.
— Ahom... - começou, mas foi interrompido. Escutou a voz assustada e, dez segundos após o que ele falou, sentiu seus dedos tremerem. O aparelho escorregou de sua mão e caiu no chão do caminhão. Olhou para os companheiros e eles se despediam do pessoal a quem haviam ajudado e entravam no caminhão. Quando o último entrou, sentiu a arrancada do veículo e exclamou a Kagami para que ele fosse mais cuidadoso. Mas ele não poderia. A voz de Aomine soou em sua cabeça. Sakura está dentro do orfanato e o fogo está se alastrando.
A mulher da sua vida estava em perigo e ele não estava lá.

Sakura.

Sakura apertava a mão da jovem de quinze anos e da "irmã" dela de oito, sentindo o frio na mão dela enquanto corriam pelos corredores. Estavam no meio do prédio e não havia janela pelas quais pudessem sair e quando alcançaram o corredor principal, o fogo já impedia a passagem para a saída principal.
— Existe outra saída? - questionou à aterrorizada jovem. Ela afirmou e disse que havia uma nos fundos do prédio. Sakura pediu que guiasse e colocou a menininha de oito nas costas, cobriando-a com seu casaco e correu atrás da jovem, virando nos corredores meio desequilibrada e, às vezes, tropeçando. Não estava usando a prótese que usava para jogar e aquela não era totalmente adaptada para correr. Sakura tentava ignorar, mas sabia que ficava para trás enquanto tentava acompanhar a garota. Estava difícil respirar por causa do cheiro de fumaça e ela sentia seus pulmões se expandirem ao máximo, incomodados com aquilo. A garotinha em suas costas chorava e Sakura sentia as roupas dela molhadas e sentia tanta pena por não conseguir acalmá-la como deveria.
Tinha conseguido abrir a porta do quarto delas com um extintor de incêndio ali perto e aquilo tinha ajudado a abrir caminho pelo fogo algumas vezes até que seu conteúdo acabasse. Não tinham encontrado outros pelo caminho para ajudar na saída das três.
Olhando os corredores paralelos ao que se encontravam, Sakura viu as chamas bruxuleantes e laranjas e engoliu em seco, sentindo as cinzas arranharem sua garganta. Mais um pouco, só mais um pouco. Respirar já estava doendo e sua cabeça parecia embaralhada, mas ela se concentrou, observando o final do corredor se aproximar. Viu a dupla porta de metal e quase pôde suspirar de alívio, mas ao alcançarem, viu a jovem forçar a porta e não conseguir abrir. Viu o desespero refletir completamente nos olhos dela e tentou acalmar o próprio. Passou a garotinha para ela e forçou a porta para fora, sacudindo-a com força, sentindo a tranca não querer ceder. Chutou o material e se jogou contra, mas de nada adiantava e sabia disso. Olhou para trás e visualizou a iluminação laranja que se arrastava pelas paredes e não havia como voltarem porque um dos corredores ao longe já estava tomado. Ela se encostou na parede e viu as garotas com olhares assustados. Abriu os braços para elas e as abraçou, deixando as lágrimas correrem livres.
Uma ajuda, um milagre, qualquer coisa. Por favor.

Kagami.

Ele entrou numa rua por trás do prédio, já que a outra estava fechada para impedir a aproximação de outras pessoas e carros. Seus amigos já estavam a postos e ele não precisou estacionar para que estes descessem e vasculhassem o perímetro, procurando uma entrada de fácil acesso. Kagami terminou de se equipar e seguiu eles, percebendo que haviam encontrado uma porta dupla, onde começaram a destruir com a ajuda dos machados a tranca e forçar uma entrada. Quando percebeu que já dava para abrir, Kagami deu um chute forte e sentiu o metal ceder, vendo uma nuvem de fumaça envolvê-lo completamente. Ligaram as lanternas e não precisaram de muito para vasculhar, encontrando três corpos sentados no chão. O ruivo jogou a luz na direção, identificando Sakura e seu coração parou por um instante.
Se aproximou a passos largos, deixando seus materiais caírem e sacudiu a garota, chamando-a, sem receber resposta. Segurou-a no colo e saiu do prédio, caindo de joelhos no gramado, enquanto o desespero de vê-la desacordada, cheia de fuligem tomava conta dele. Depositou-a sobre a grama e encostou a cabeça no peito dela, tentando ouvir seus batimentos e, ao senti-los, mesmo que fraquinhos, começou a chorar, inconsolavelmente.
Os enfermeiros o afastaram dela e Kagami cedeu, ficando na mesma posição ajoelhada, enquanto colocá-la no oxigênio e fazer a avaliação de todas as funções dela, assim como a das outras garotas que estavam com ela. Ele sabia que tinha que se levantar e ajudar a vasculhar o prédio, mas não podia deixá-la. Tinha que ficar com ela.
Os enfermeiros tinham pedido ambulâncias e estas não demoraram a chegar e a recolher as três pacientes. Kagami se levantou e andou na direção da que Sakura se encontrava e ameaçou entrar, mas um dos enfermeiros o segurou.
— Sabe que isso vai ser reportado, não sabe? Pode perder seu emprego. - Kagami se soltou.
— Eu posso arranjar outro emprego, mas não outra Sakura, entende? - o colega sorriu, com um assentir.
— Boa sorte, cara.


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