Era uma noite calma, fora da casa de Francis Bonnefoy e Arthur Kirkland. Enquanto tudo parecia estar em seu lugar, celulares, móveis e vasos voavam de um lado ao outro na sala de estar.

- Você não vai voltar lá. – Grita o inglês enquanto empurrava o francês para longe da porta.

- Sim eu vou!

- Não! Você ainda vai se machucar, seu desgraçado.

- Faço isso para conseguir dinheiro para nós. – Ele segurou Arthur pelos ombros e olhou nos olhos verdes dele.

- Não. Você faz isso pela glória.

- Qual o problema de eu lutar? Heim?! É o meu emprego!

- Consiga outro. Como espera que eu seja feliz se me preocupo com você toda a vez que veste essas malditas luvas?

- Não são malditas! – Francis segurou o mais novo pelo colarinho e o empurrou contra a parede. – Retire o que disse. – O de olhos verdes não respondeu. – Retire. Já!

Os olhos de Kirkland encheram-se de água.

- E-eu te amo. – Bonnefoy soltou-o e caminhou em direção à porta. – Se você sair agora, não haverá mais volta.

- Então adeus. – Ele pegou suas luvas, sua mochila e bateu a porta ao sair da casa.

O mais velho entrou em seu carro vermelho e, antes de dar a partida, foi surpreendido por seu namorado que ficou na frente do veículo, impedindo-o de tomar seu caminho.

- Francis, não.

- Arthur, saia da minha frente. Agora!- O mais novo apoiou-se sobre o automóvel e abaixou a cabeça. As suas lágrimas caíam sobre a tinta vermelha. Bonnefoy não aguentaria ver o loiro chorar por muito tempo. Ele abriu a porta do carro, saiu, e estendeu a mão. – Venha comigo. Você sempre vem comigo. Tem um lugar reservado em todas as minhas lutas. Por que não vem hoje?

- Francis, eu tenho medo de te perder. Eu quero que sejamos uma família normal, não compreende? Quero me casar com você, adotar crianças, morar em uma casa na Inglaterra, não aqui nos Estados Unidos, muito menos em Las Vegas.

- Arthur. – O francês tocou no bolço da calça para ver se uma pequena caixinha que ele havia comprado estava lá. Em seguida,olha para o relógio. – Eu tenho que ir. Podemos falar disso quando eu chegar?

- Acho que você não entendeu. Se for embora, não haverá mais chances. Não haverá mais nada. Acabou. – Os olhos de Bonnefoy encontraram os de Kirkland. Nenhum dos dois estava disposto a ceder.

- Pense em mim de vez em quando. – O franco abriu a porta do carro e entrou. Arthur sabia que ele nunca impediria Francis, então saiu da frente do carro e voltou para a casa.

O de olhos azuis dirigiu pelas ruas da cidade tentando se concentrar em outra coisa senão em seu namorado. Mas era difícil. Ele chegou ao estádio, foi para o vestiário se aquecer. Esquecer o que houve era quase impossível. Será que o inglês falou sério? Seu nome foi ouvido, era hora. Ele deveria lutar contra o atual campeão, um alemão alto chamado Ludwig. Parecia difícil ganha-lo.

Não havia dúvidas de que o franco era o favorito do público. Ele levantou as mãos sorrindo por receber a glória e tantas pessoas gritando o seu nome. Naquele momento, a memória de Kirkland parecia ter sumido.

A luta começou. O primeiro round foi de Francis. A vitória parecia certa, até que no segundo, entre golpes, ele olha para o lado procurando seu maior fã e percebe que a cadeira na qual o inglês costumava se sentar estava vazia. Toda a concentração acabara. Uma profunda tristeza tomou o coração de Boneffoy. Antes que Ludwig conseguisse golpeá-lo, o franco tirou suas luvas e jogou-as ao chão.

- O que houve? – Perguntou o alemão com seu forte sotaque.

- Estou me aposentando. – Disse Francis sorrindo. Em seguida, gritou para todo o público. – Vocês ouviram? Eu estou fora!

- Por quê? – Perguntou o germânico.

- Por que quero ter mais uma chance. Apenas uma. Não quero que minha vida acabe hoje. – Ele sorriu e deixou o ringue ao caminhar até o vestiário masculino. Seu técnico correu atrás dele dizendo:

- Francis Bonnefoy, o que você está fazendo? Se ganhar agora a sua carreira está destinada às estrelas.

- Não quero as estrelas. Quero chá. – Ele pegou sua sacola e correu para o carro. Não importava o que acontecia ou de quê ele estava abrindo mão, Arthur era tudo o que importava. Ao chegar a casa, ele abriu a porta. Silêncio.

- Amor! Eu voltei! Eu não quero ser famoso, eu só quero ser a pessoa da sua vida. – Ele gritou procurando por seu namorado. Nada. – Arthie? Onde você está? – Ele correu para o quarto, abriu o closet. As malas e as roupas de Kirkland não estavam lá. – Não pode ser.- Foi até a porta de trás para ir ao quintal. O mundo estava em colapso. Nada do que Bonnefoy amava estava lá. Ou estava? Todo aquele peso que o francês carregava em seus ombros acabou quando viu o seu amor sentado no banco do jardim. Bonnefoy sorriu, mas Arthur não o viu. As malas estavam no chão enquanto o britânico falava sozinho.

- Por que eu não consigo ir? Por quê? Ele não me ama.

- Na verdade. – Francis estava de pé em frente ao mais novo que o olhou com seus olhos verdes e cintilantes. – Eu sempre te amei. Sempre. Nunca pense o contrário.

- Você voltou. – O inglês sorriu.

O mais velho ajoelhou-se em frente ao banco onde o britânico estava sentado e retirou a caixa que estava no bolso da calça jeans na mochila que carregava. – Sempre. – Ele abre-a mostrando um anel de diamantes. – Arthur Kirkland, eu quero você pelo resto de minha vida. Quero me casar com você, adotar crianças, morar em uma casa na França. Então, Arthie, você aceita ser meu companheiro pela eternidade?

- Não.

- Quê?

- Brincadeira. – O britânico se jogou nos braços do franco. – Sim, sim, sim, sim! Um milhão de vezes sim! – Ele beijou o mais velho.

- Eu te amo, Arthur Kirkland. Mais que tudo.

- Eu também Francis Bonnefoy. – Ele encontrou os olhos sorridentes do francês. – Demais.