Por Lissa Dragomir.

Rainha.

Essa era uma posição social em nosso mundo sobrenatural a qual eu nunca imaginei realmente ocupar um dia em toda a minha vida e no entanto aqui estou eu na Corte Real, agora eu era a mais nova Rainha do mundo sobrenatural ao qual pertencia e para ajudar eu era a Moroi mais jovem a possuir um cargo como aquele em décadas - até onde eu sabia a avô da falecida Rainha Tatiana Ivashkov, mais conhecida como Lady Elizabeth Charlotte Ivashkova havia se tornado Rainha aos 19 anos sendo a mais jovem da sua época, Tatiana Ivashkov assumiu o lugar dela aos 21 anos e então ser Rainha com 17 anos nos dias de hoje era incrivelmente incômodo ou no mínimo esquisito para mim, ainda assim não me arrependo verdadeiramente das consequências que me levaram até aquele momento - e então não havia mais volta, eu era Rainha e assim seria até que um de meus dois filhos assumisse o meu lugar no trono. E para completar em breve eu seria a Senhora Ozera uma vez que o amor da minha existência Príncipe Christian Ozera havia me pedido em casamento a dois dias durante um jantar onde estávamos comemorando nosso aniversário de 2 anos de namoro e isso me fazia lembrar de que em alguns meses nossos filhos fariam 1 ano de vida, porém antes disso tudo acontecer haviam outros problemas mil vezes mais sérios sob a minha responsabilidade a serem resolvidos com o máximo de urgência possível Primeiro tinha a guarda de Jill Mastrano Dragomir, que havia passado para mim temporariamente assim que o nome dela foi levemente alterado e seus títulos Reais de Princesa devidamente aplicados, afinal éramos irmãs legítimas por parte de pai e a mãe dela simplesmente a abandonou aos gritos dizendo que tudo o que fizeram foi por amor e que agora ela havia estragado tudo e os decepcionado profundamente quando a verdade sobre seu relacionamento com meu pai veio a toma de forma nada sutil ou esperada. Então com o coração partido e a alma em pedaços ela aceitou morar comigo depois de terminar seus estudos na São Vladimir dentro de dois anos.

Pobre Jill, esses últimos dias tem sido bastante difíceis para ela desde que nos mudamos definitivamente para a Corte Real quando ela decidiu que não iria dar conta de cuidar de si mesma agora que estava sozinha e destruída, ela passava a maior parte de seu tempo na biblioteca ou em seu quarto chorando e escrevendo e estudando para quando fosse para a faculdade ou somente para preencher a mente da dor que sentia no coração, ao menos Eddie Castile conseguia chegar perto dela sem muitos problemas como a maioria dos que tentaram, em especial uma vez que era seu Guardião Pessoal solicitado por ela mesma para garantir que ela estivesse segura acima de qualquer coisa no mundo, muito embora algo me dizia que tal aproximação entre os dois ia muito além das margens de proteção de Moroi-Guardião, mas eu não ligava para isso de verdade como a maioria das pessoas fazia, eu só queria que ela fosse verdadeiramente feliz com as escolhas que fazia para si mesma e se Eddie trazia isso para o coração dela eu estava totalmente de acordo com a relação deles mesmo que não assumida, ainda.

Acordei no que parecia ser o meio da madrugada para os Dhampiros - Início da manhã para os humanos e inicio da noite para os Morois ou algo assim e ao virar o corpo devagar ainda bastante sonolenta sorri ao encontrar os olhos azuis acinzentados de Christian fixos em meu rosto, ali estava algo que eu jamais me cansava de olhar pelo resto da minha vida, eu o amava tanto e simplesmente não conseguia imaginar a minha vida sem te-lo ao meu lado para sempre. Ele sorriu quando nossos olhares se cruzaram de repente fazendo-me sorrir também.

– Eu acordei você meu amor? -Sussurrou Christian com a voz doce e calma tocando o meu rosto com as costas da mão macia e sempre quente franzindo a testa em seguida parecendo preocupado ou incomodado com tal possibilidade da situação. –Desculpa se foi isso, eu juro que tentei fazer silêncio.

– Não foi você que me acordou Christian, eu acordei sozinha mesmo. Falando nisso, o que faz ainda acordado essa hora da madrugada? -Perguntei me aproximando de forma preguiçosa até finalmente estar junto ao corpo dele envolvida em seus braços macios e incrivelmente quentes.

– Lucas acordou praticamente aos berros duas horas atrás porque estava com cólica, e depois que ele finalmente dormiu depois de ouvir Hey Jude dos Beatles pela terceira vez seguida eu perdi o sono completamente e então me perdi em pensamentos aleatórios observando o amor da minha vida dormir tão linda ao meu lado. -Respondeu ele dando de ombros beijando o alto da minha cabeça.

– Não acredito que não escutei ele chorar! Você devia ter me acordado meu amor, ele poderia estar com fome. -Falei imediatamente ficando preocupada e decepcionada comigo mesma, era nesses momentos que eu me sentia uma péssima mãe e futura esposa. Droga. - E a nossa pequena Marie?

– Eu realmente cheguei a trazer o Lucas para nossa cama para mamar quando ele começou a berrar demais, acontece que você estava tão cansada como tem estado esses últimos dias com toda a correria de ser Rainha que nem se mexeu por assim dizer quando deitei com ele ao seu lado ou quando o levei de volta para o berço quando ele adormeceu meia hora atrás mais ou menos. -Disse Christian apontando para minha camisola aberta na parte dos seios com um pequeno sorriso culpado, eu fechei minha blusa e sorri para ele para que soubesse que estava tudo bem. - Nossa princesa Marie ao que parece tem sono pesado igual a mãe, ela basicamente nem se mexeu com toda essa agitação e olha que Lucas é escândalosos quando está com fome ou com dor.

– Uau! Ser Rainha é mais cansativo do que o realmente necessário, mas ainda assim eu até que gosto de toda essa correria maluca fazendo parte da minha vida, e se eu não gostar agora tenho que engolir assim mesmo. Pelo menos agora posso garantir um futuro diferente para cada uma das pessoas do nosso mundo, as coisas podem ser totalmente diferentes do que fora planejado, tudo pode ser melhor do que vem sendo ao longo dos anos e é isso que eu espero conseguir alcançar num futuro muito próximo. -Falei dando de ombros provavelmente não falando nada com nada, e então bocejando longamente em seguida, eu estava realmente exausta naquele momento. -Começando pela lei insana que Tatiana deixou sobre o Quorum, é um absurdo os Dhampiros se formarem com apenas 16 anos. E além disso tenho reuniões praricami a semana toda, isso sem falar nos jantarem sociais que fui obrigada a marcar para nós dois no final de semana todo.

Christian se limitou apenas a me encarar com atenção e uma admiração que eu não conseguia classificar com facilidade uma vez que o amava com a mesma intensidade e então eu pretendia começar outro assunto, mas meu sono era tanto que eu basicamente esqueci do que estava falando no meio de uma frase e então tentei recomeçar um assunto e meus olhos ficavam tentando se fechar, mas eu resistia teimosamente, a sensação era como estar dopada ou algo assim. Meu cérebro estava realmente entrando em parafuso, eu não conseguia mais pensar com coerência, era um verdadeiro sacrifio tentar.

Que coisa chata! Fala sério!

– Além disso tenho que marcar o julgamento para o próximo mês, não posso mais ficar adiando. Lady Ozera tem que arcar com as consequências dos atos dela e se eu adiar pela quinta fez não sei quando terei tempo. -Falei num tom mais baixo e cuidadoso, esse assunto era delicado e eu não queria magoa-lo.

– Quanto a isso, só peço que me avise a data uns dois dias antes para eu poder dar folga ao Dimitri um dia antes ao menos. Não quero que ele tenha contato com esse assunto sem necessidade, o Moroi que ele protege sofrendo pela Tia e única família viva ser uma assassina fria e calculista já é demais. -Disse Christian com a voz dura e levemente ríspida, pela expressão que tomou seu rosto em seguida ele pareceu perceber isso e se arrepender. -Desculpa meu amor, eu não devia ter falado desse jeito... Eu não quis ser rude com você ou mesmo parecer um idiota, juro que não era esse o objetivo. Só... Que droga! Não estou em momento algum protegendo os erros gravíssimos da minha Tia Tasha com relação aos nossos amigos e o restante da Corte, mas ela ainda é a única família viva que eu tenho. Jamais vou perdoá-la por tentar matar ou mesmo incriminar a Rose da forma fria e insanada como fez, mas Tasha ainda é o meu sangue. Eu ainda não sei direito como isso faz com que eu me sinta por dentro. Desculpa.

– Está tudo bem meu amor, você nem mesmo precisa participar da audiência junto comigo se não quiser. Eu entendo perfeitamente. –Falei ainda com muito cuidado ao tocar o rosto dele com a ponta dos dedos.

– Volta a dormir meu amor, podemos voltar a discutir sobre isso de manhã cedo se ainda quiser falar disso quando você estiver mais coerente querida. -Brincou Christian rindo em minha pele causando-me arrepios intensos ao me apertar em seus braços fortes.

– O que acha vai ser das nossas vidas a partir de agora Christian? -Perguntei girando o corpo para poder encará-lo. –Parece que sempre que piscamos estamos no meio de um furacao furioso, pronto para estragar tudo.

– Honestamente falando eu não faço ideia do que o futuro reservou para nós minha vida, mas me arisco a dizer sem medo que vamos nos sair bem em qualquer coisa que enfrentarmos, desde que todos estejamos trabalhando juntos nisso. Sempre nos saímos bem com trabalho em equipe, funciona. -Respondeu Christian com um sorriso de lado ao me apertar em seus braços.

Fechei os olhos sem conseguir lutar por mais tempo contra minhas pálpebras, mas mesmo estando realmente exausta não conseguia dormir de jeito nenhum e então com cuidado para não acordar Christian que roncava abafado ao meu lado sai da cama e fui até o quarto de nossos filhos verificar se estavam bem, ambos dormiam profundamente, ao me aproximar um pouco mais só para ter certeza Mary abriu os olhos verdes claros e quando me preparei para ouvir o choro ardido dela, ela abriu um sorriso encantador e esticou os bracinhos para cima em minha direção. A peguei em meus braços com cuidado agilidade de uma forma a deixa-la confortável e aquecida pela manta rosa que a envolvia e então sentei na cadeira de balanço do outro lado do quarto e liguei o celular numa música clássica de piano bem suave e com notas fluidas, ela diferentemente de Lucas gostava de melodias doces e calmas ao invés de canções com letra.

Mary era uma mistura interessante entre mim e Christian, ela tinha os meus olhos verdes esmeralda contendo uma mancha vermelha sangue assim como os olhos de Christian – coisa característica da genética de todos ou quase todos os membros da família Ozera – seus lábios eram pequenos e delicados e seus cabelos lisos eram num castanho escuro idênticos ao de Christian que as vezes me sintia como se estivesse olhando para ele através dela. Além disso, ela era incrivelmente quieta e calma assim como ele em grande parte do tempo que estava acordada, era algo raro as vezes que ela acordava de madrugada berrando como se quisesse acordar toda a Corte e quando acontecia nunca demorava demais para pegar no sono. Lucas por outro lado tinha tanto de mim em seus traços faciais que me sentia de frente para um espelho lindo e encantador, porém os olhos eramde um azul acizentado como os de Chrisitan – contendo a mancha de sangue no olho direito exatamente como o pai fazendo com que ele fosse ainda mais lindo, ele tinha feições delicadas como eu, seus cabelos lisos e arrepiados eram num loiro idêntico ao meu, ele era muito agitado e chorava praticamente o tempo todo e tinha serias dificuldades para dormir, embora que quando o fazia também demorava o dobro de tempo de Mary para acordar.

Após algum tempo senti um olhar concentrado sobre mim e ao levantar o rosto vi que Christian estava encostado no batente da porta com um sorriso nos observando com uma admiração quase venerativa, por fim Mary dormiu e finalmente pude voltar para a cama com a ajuda dele que provavelmente deve ter começado a pensar que eu era sonanbula ou algo assim. Conversei por mais algum tempo com Christian falhando drasticamente em me manter coerente por novamente ter sido tomada pelo cançaso e então quando ele me abraçou por tras fazendo carinho em meu cabelo finalmente pegamos no sono.