Por Adrian Ivashkov.

Eu havia acabado de sair da sala de depoimentos e saber que as coisas não estavam boas estava me deixando cada vez mais preocupado e para piorar se meus poderes estivessem certos Rose tinha pouco tempo de vida, fora o fato de que seria praticamente impossível sair da Corte quando a segurança estava mais do que reforçada e o fato de eu pertencer a realeza também não estava me ajudando em nada, sem contar que preso no Palácio eu jamais iria poder ajudar a reunir provas de que Rose não estava envolvida num assassinato, quer dizer.... Todos que tinham o mínimo de contato com a Rose e Tia Tatiana quando ambas estavam dividindo o mesmo ambiente sabiam que elas não eram amigas e que sempre acabavam discutindo pesado todas as vezes, mas mesmo que se odiassem Rose não faria algo tão cruel ou baixo a esse nível contra uma espécie que ela treinou a vida toda para proteger com a própria vida se assim fosse necessário.

A questão toda em jogo era que se as coisas continuarem a fugir do controle da todos os meus planos e os de Sidney para provar a inocência de Rose iriam por água abaixo. Quer dizer, tinha que haver uma forma eficiente de provar que ela não tocou num único fio de cabelo de minha Tia-avó. A questão era saber como eu iria fazer aquilo sem ferrar ainda mais com as coisas. É claro que ter contato com a minha namorada iria facilitar muito as coisas, mas por enquanto manter a segurança dela também estava fazendo parte dos meus planos.

Ainda deitado em minha cama encarando o teto feito um idiota, senti meu celular vibrar no bolso de meus jeans e dei um pulo, olhando identificador de chamada antes de finalmente atender. Era Sidney –Graças a Deus!

– Graças a Deus! Sidy cadê onde diabos você se enfiou garota? –Perguntei sentando rapidamente com o aparelho em minha orelha e olhos fixos na porta do quarto. –Mais um pouco e eu juro que inventaria a primeira história que viesse na minha cabeça para mobilizar um grupo de busca para procurar você!

– Jesus como você é exagerado Adrian, acalme-se menino. Eu estou segura e dentro da Corte, no primeiro andar do lado leste. Alguém me ligou ao sumiço da Rose ou envolvimento do Belikov? –Perguntou ela com a voz apavorada.

– Não, até onde eu fiquei sabendo das notícias que não param que circular um único segundo, o Belikov está trancado numa sala de interrogatório no 4° andar junto com o Guardião Hans e os pais de Rose respondendo perguntas a horas. Ao que está parecendo todos estão dizendo que eles agiram sozinhos e por alguma razão bem inusitada e que se for o que estou pensando vai mudar muita coisa em pouco tempo. Entre pela porta dos fundos do corredor principal, estou no meu quarto te esperando, use o elevador. –Falei me levantando e indo para a porta do quarto afim de me encontrar com ela.

Sidney apareceu no corredor no exato momento que eu coloquei metade de meu corpo para fora do quarto, então sem avisos ou comentários a envolvi com meus braços num aperto de alivio e preocupação e então a peguei no colo entrando novamente em meu quarto e dessa vez trancando a porta.

– Diz por favor que você descobriu alguma coisa que vai nos ajudar a salvar a minha melhor amiga de acabar morta ou coisa pior? –Perguntei ao perceber uma pasta bege nos braços dela. –E temos que ser rápidos quando começarmos a agir, porque graças a uma nova evolução dos meus poderes vindos do Espírito eu já sei onde Rose está mais não vamos conseguir sair da Corte sem ser notados.

– Eu sei que temos que agir rápido. E por eu ser realmente muito boa com o trabalho que eu faço, tenho uma coisa ainda melhor. –Respondeu Sidney abrindo um largo sorriso malicioso que meu causou um forte arrepio.

– Tipo o que exatamente? –Perguntei franzindo as sobrancelhas sem entender de onde vinha tanta animação repentina.

– Descobri o verdadeiro assassino da sua Tia Tatiana. –Respondeu Sidney jogando a pasta bege em meu colo.

– É o que? O que você está dizendo Sidney? –Perguntei pasmo sem conseguir processar direito o que estava ouvindo.

– Leia e todas as suas perguntas serão respondidas. –Disse ela apontando para a pasta em meu colo sem tirar os olhos de meu rosto.

Suspirei sentindo todo o meu corpo tremer por dentro e então voltei meus olhos para Sidney me encarando e de volta para a pasta já em minhas mãos e então sabendo que não haveria porque fugir daquele momento abri a pasta e comecei a ler as informações.

Quando finalmente terminei a última frase dos arquivos eu não tinha palavras para expressar o que estava sentindo naquele momento.

– Não que eu esteja duvidando das suas habilidades de investigação, mas você tem certeza disso aqui Sidney? –Falei apontando para as folhas em meu colo.

– Absoluta certeza Adrian, pode confiar em mim. Eu chequei duas vezes para ter certeza que não haveria erros nas informações. –Respondeu ela pegando a pasta e guardando em sua bolsa. –E não para por ai não.

– Sério isso Sidy? –Perguntei arregalando os olhos de desespero e ela afirmou com a cabeça. –É claro que tem mais, sempre tem mais alguma coisa. Está bem, solta logo a bomba toda. O que mais você descobriu?

– A essa altura eu imagino com toda a certeza do mundo que você já deve estar sabendo do misterioso bilhete que sua Tia deixou e que foi entregue a Rose. –Começou Sidney estendendo o pequeno pedaço de papel já meio amassado devido a quantidade de vezes que fora aberto e lido por Rose.

– Naturalmente. Agora prossiga, eu odeio suspense por uma razão óbvia meu amor e além disso eu não estou afim de roer as unhas agora. –Falei gesticulando para que ela continuasse a falar logo o que mais eu não estava sabendo.

– Acontece que essa a meia irmã de Lissa estava mais próximo do que todo mundo imaginava. –Disse Sidney me estendo uma foto de um rosto conhecido.

– Não acredito nisso. –Falei quando me deu conta de quem era agora com a foto em mão encarando aquele rosto de criança. –Chave-de-Cadeia! Onde ela está?

Sidney afirmou com a cabeça ao pegar a foto e guardar junto aos outros papeis.

– Também conhecida como Jill Mastrano, excelente aluna do 3° ano da São Vladimir. –Disse agora me entregando outros papeis. –Com tanta loucura acontecendo e as aulas na São Vladimir com suspensão temporária Jill foi mandada para Los Angeles junto daqueles que ela pensa serem seus pais. Olha por questões de segurança ninguém além de mim, você, Dimitri e Rose terão acesso a essas informações e é por isso que agir sozinhos é primordial.

– Certo, nós vamos resolver um problema de cada vez Sidney. Primeiro temos que ajudar Rose antes que seja tarde demais. Ela está em Montana no meio de um conjunto rochoso a mais ou menos uns 20 km dos limites da propriedade da São Vladimir. Tem alguma ideia de como vamos atrás dela? –Perguntei colocando-me de pé para me trocar; eu estava apenas de roupão.

– Não fomos ligados a nada dessa bagunça e então podemos sair daqui com o meu carro sem levantar suspeitas. –Falou ela erguendo as chaves do que parecia ser uma Mercedes ou algo desse tipo. – Quando finalmente estivermos fora dos limites da Corte Real Abe já providenciou um jatinho particular que vai nos levar para Montana e chegaremos na São Vladimir em menos de 3 horas.

– Ótimo, então que os jogos comecem meu amor. –Falei terminando de vestir minha calça quando ela jogou em mim uma camisa de seda verde escura.

Ao que estava parecendo as coisas iriam começar a dar certo novamente. Como havíamos planejado ninguém se importou quando eu disse que iria sair para dar uma volta com minha namorada e então ser da realeza no final das contas estava me sendo de grande ajuda, uma vez que nenhum Guardião pode argumentar contra o que eu estava dizendo e então sem mais tempo para enrolação partimos em missão de resgate. Em menos tempo que pensei ser possível estávamos em Montana e em menos tempo ainda havíamos localizado a caverna onde Rose poderia estar. E eu esperava que ainda fosse com vida.

– Quando eu era pequena tinha medo de morcegos, agora que cresci eu só tenho certo incomodo perto dessas coisinhas. Provavelmente porque se parecem com ratos de asas. –Disse Sidney desviando a todo o momento dos morcegos que voavam a nossa volta, todos atraídos pela luz que nossas lanternas produziam.

Chegamos a uma parte mais aberta e escura da caverna e então nos deparamos com dois caminhos diferentes para seguindo. Merda, eu odiava essas coisas.

– Legal. E agora, para onde? –Perguntou Sidney fazendo cara de irritação.

– Não faço a menor ideia Sidney. –Falei também fechando a expressão.

– Você não consegue rastrear ela? –Perguntou Sidney após alguns segundos.

– O que acha que eu sou? Um cão farejador? –Perguntei franzindo a testa e ganhando um soco no ombro em resposta. –Nossa, quanta agressividade, eu estava só brincando. Talvez, eu consiga. Me dê um minuto.

Fechei meus olhos e permiti que as energias do Espírito vertessem para fora de mim e então meio segundo depois comecei a sentir a mente de Rose. Estávamos muito perto dela agora.

– Para a esquerda, ela está bem na nossa frente. –Falei abrindo os olhos, agora correndo feito um maluco. –Estamos quase sem tempo. Ela está morrendo.

– Tem que dar tempo, estamos a um passo de resolver tudo isso. –Disse Sidney acompanhando meu ritmo de corrida incrivelmente muito bem.

Cerca de dois minutos depois da curta corrida pelo acesso da caverna finalmente encontramos Rose amarrada numa cadeira de ferro, ela estava muito pálida, tinha a respiração muito fraca e então eu tinha mais do que certeza de que tínhamos pouco tempo para agir. Num ato de puro instinto eu a soltei, acomodando ela no colo de Sidney ao meu lado e então sem cerimonias mordi o meu braço.

– O que pensa que está fazendo Adrian? –Perguntou Sidney completamente congelada na minha frente. –Vai mesmo dar seu sangue para ela? Porque?

– Não é um sangue qualquer, é sangue Moroi e além disso eu sou manejador do Espírito e então com sorte meu sangue pode impedir que Rose morra. –Falei agora encostando meu braço nos lábios de Rose. –Merda, não está acontecendo nada. Rose, por favor não faz isso a gente agora. Reage, por favor.

– Adrian para, chegamos tarde demais. –Disse Sidney me encarando e segurando o meu braço para afasta-lo.

Estava pronto para responder Sidney de forma fria quando senti uma mão gelada segurar meu pulso. Olhei para baixo e vi quando as pálpebras de Rose tremeram, ela passou a língua na abertura de meu braço por onde o sangue estava saindo e invadindo a garganta dela e então a senti sugar meu sangue com mais vontade.

– Adrian, o que... –Sidney começou a perguntar mais acenei com a outra mão para que se cala-se e continua-se a observar.

– Ela está reagindo. –Falei com um sorriso aliviado se formando em meu rosto.

Rose soltou meu braço e continuou completamente inerte no colo de Sidney.

– O que isso significa? –Perguntou Sidney num sussurro preocupado.

– Eu não tenho ideia do que dizer, achei que estava funcionando. –Falei encarando Rose com certo receio. –Rose, pode me ouvir?

Após mais alguns segundos torturantes de silencio Rose finalmente abriu os olhos e então veio o segundo susto. Eu era muito observador e na época que estava afim de Rose eu reparava muito em cada detalhe dela, em especial no castanho escuro vibrante de seus olhos e então encarar aqueles olhos cor de oceano foi realmente um choque e tanto.

– Rose, você está bem? –Perguntei tocando o braço dela.

– Melhor impossível. –Respondeu ela colocando-se em pé um salto e então paralisou como se finalmente tivesse dado conta do que estava acontecendo. –Sidney? Adrian? Ah meu Deus! Como conseguiram me encontrar?

– Atualizamos você a caminho da Corte Real, eu prometo que vai gostar de cada detalhe. –Falei me levantando e andando para fora da primeira parte da caverna.

– Está bem. Que os jogos comecem. –Disse Rose com um sorriso contendo uma animação fora do comum, mas ela tinha razão para isso. É claro.