O Infinito de Joseph Weeks escrita por Vitor Matheus


Capítulo 7
Uma Prova de Afeto Dada Por Joseph Weeks


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, queria fazer uma pergunta: vocês já ouviram o álbum "My Everything" da Ariana Grande? SAMBOU NAS MINHAS EXPECTATIVAS! Gostei de praticamente todas as músicas, só não simpatizei muito com Break Your Heart Right Back. Mas o resto tá valendo! Minhas favoritas são "Just a Little Bit of Your Heart", "My Everything" e "Be My Baby".

Agora vamos ao assunto #fanfic: este capítulo só sofreu alterações no título mesmo, porque o resto está a mesma coisa. É um pouco pequeno se comparado aos outros, mas o pouco que tem é de assustar todos vocês. Pronto, causei medo. Agora boa leitura! :D



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Depois de algumas poucas horas de sono, ouvi um barulho vindo do quarto de Adam. Imediatamente abri os olhos e olhei para o relógio digital ao lado da cama. Ainda eram 3h15 da manhã. Pensei em várias hipóteses para o tal barulho: ele poderia ter ido ao banheiro e voltado ao quarto; poderia ter saído para o mesmo; cogitei até que fosse um ranger da cama ou um ronco dele. Mas nenhum desses pensamentos chegavam perto do pequeno ruído estridente que vinha de lá. E o pior é que não era a primeira vez que isso acontecia.

Passaram-se quatro semanas desde que Lucy me contou a verdade sobre a história de Adam Morgan como um ser humano adulto e que já havia sido casado. De lá pra cá, nada de interessante aconteceu; apenas continuei conversando com Darren Thomas via telefone todas as manhãs, e como ainda estava de férias da vida normal que envolve escola e tudo mais, aproveitei alguns dias para pedalar pelo quarteirão com Adam. Mas aquele barulho estranho estava se repetindo pela terceira vez, então alguma coisa estava errada.

Levantei-me da cama, desistindo de dormir. Saí de meu quarto, andei alguns passos e já estava em frente a porta de seu quarto. Estava um pouco entreaberta, então apenas bati três vezes. Nenhuma reação. Bati outras três vezes, e de novo ele não respondeu. Irritado pelo fato de que ele não me deixava dormir pela terceira vez, abri a porta sem bater, e a cena que encontrei não foi das melhores.

— Adam… O que está fazendo? — Foram as únicas palavras que pude soar naquele momento.

Ele estava apenas vestido com um short de pijama e uma camisa lisa e listrada, que deixava à mostra seus braços marcados. Cheguei mais perto, e pude constatar o que temia: não eram apenas marcas normais nem mesmo cicatrizes. Eram verdadeiros traços de sangue praticamente jorrando de seu braço esquerdo, deslizando até passar pela mão esquerda. Na outra mão, estava uma lâmina do mesmo tipo daqueles apontadores de lápis. E em seu rosto, uma clara expressão de tristeza. Lágrimas escorriam sem cessar pela sua cara, e a única coisa que pude fazer foi levar minha mão direita à boca, em sinal de surpresa.

— Oh, meu Deus… Você precisa se limpar. Vem, se apoie em mim.

Sem pronunciar uma única palavra, Adam pôs seu braço limpo em volta do meu pescoço, e tive de me segurar na cama para não cair junto com ele. Consegui me levantar, e praticamente o arrastei até o banheiro, onde abri a porta do box e o deixei sentado no chão. Com cuidado, retirei sua camisa sem prestar atenção na pequena tatuagem que havia em seu peitoral, e depois liguei o chuveiro. As águas fizeram o trabalho de limpar seu braço mutilado, enquanto eu continuava em pé na sua frente, apenas olhando-o para que não cometesse outra besteira.

Uns cinco minutos depois, desliguei o chuveiro e peguei uma toalha que estava pendurada no cabide do lado de trás da porta, enrolando-a sobre Adam e levando o mesmo de volta para o seu quarto. Ele ainda choramingava um pouco, e isso me fazia sofrer. Sei que deveria ser o contrário. Histórias de vida normais diriam que o filho é quem tem problemas e o pai se sacrifica para ajudá-lo no que pode, mas aqui o lance é diferente: o pai adotivo é o sofrido, enquanto o filho não-biológico salva o dia – ou melhor, a madrugada, mas isso não importa agora.

— Por favor, Adam… — Peguei um lençol que havia ao lado e o cobri. — Não chore. Não sabe o quanto é difícil para mim, ver meu pai adotivo chorar na minha frente.

— E-eu… — Tentou balbuciar algo que só conseguiu completar depois. — Eu já chorei uma vez na sua frente.

— Aquela vez foi diferente. Nós ainda não tínhamos uma ligação tão forte como temos agora.

— Obrigado. — Esboçou um projeto de sorriso, que acabou entortando. — Nem sei como agradecer.

— Basta dormir. Eu não quero saber o porquê disso, e nós vamos fingir que isso nunca aconteceu. Porque, na verdade, você nunca deveria ter feito isso.

— Eu sei que não deveria. Mas a vontade falou mais alto. — Pegou a toalha que ainda estava enrolada em si e enxugou o rosto. — Vou te agradecer pelo resto da minha vida.

— Só fiz o que um filho faria. Cuidar da pessoa que ama.

.::.

Mesmo eu ainda achando que o sol tem algo contra mim ou simplesmente não vai com a minha cara, acho que ele resolveu dar uma folga a mim e só me acordou depois das 9h da manhã. Amém, era sábado e Adam ficaria em casa. Não sei como vou reagir diante dele depois do último acontecimento. Mas eu preferi enterrar a minha visão de um Adam Morgan se mutilando, então apenas pus os pés no chão, calcei minhas sandálias e procurei uma camisa decente para vestir. Acabei encontrando uma com os dizeres “Keep Calm and Love L.A.”, o que era bem a minha cara mesmo.

Dirigi-me até a cozinha, e acabei passando pelo loiro. Estava vendo algo aleatório na televisão. Não prestei atenção no que ele via e fiquei apenas admirando a mesa posta novamente, com tudo o qual me acostumei a comer: sanduíche natural, biscoitos e até bolo de laranja. Peguei o suco na geladeira e só então comecei a devorar aquelas gostosuras.

— Pelo visto, está com uma fome exagerada. — O Morgan exclamou da sala de estar.

— Nem tanto. Essas delícias acabam me atraindo para uma forma anormal de tomar um café da manhã.

— Imagino.

Mas toda aquela boa vontade do meu organismo estava excelente demais pra ser verdade. Quinze minutos depois, voei até o vaso sanitário e despejei praticamente todo o café. Assim que me levantei, tive uma prévia grátis de um ataque cardíaco quando encontrei-o encostado na porta do banheiro.

— Está tudo bem com você?

— Sinceramente, eu não sei. Não é a primeira vez que isso acontece comigo.

— E por que não me falou antes? — Desencostou da porta, me dando espaço para sair dali.

— Não queria te preocupar. Sabe, depois de ontem, eu acho que os meus problemas nunca vão superar os seus.

— Joe, você nunca me preocupa. Tanto é que a falta de coisas incomuns em você me impressiona. — Ele falou, quando nos largamos no sofá.

— É incrível como você não tem um pingo de normalidade na sua vida. Ela é tão movimentada que eu não consigo acompanhar as mudanças. — Rebati.

— A Lucy já disse a mesma coisa sobre mim uma vez.

Desligou a televisão e se virou de frente para mim. “Eita, lá vem bomba. Será que ele descobriu sobre o fato de eu ter mexido na sua caixa de memórias?”, pensei comigo mesmo.

— Você sabe o porquê de eu ter feito aquilo ontem?

Fiquei sem reação. Não esperava que ele mandasse aquela pergunta bem na lata. Mas como, pela lei, ele era meu pai, então eu tinha de falar a verdade.

— Eu acho que sei. Se estivermos falando da mesma coisa…

— Dianna Morgan.

— É, estamos falando da mesma coisa então. — Virei-me de frente para ele. — Sei que foi uma perda irreparável para você, e que perder a esposa e o filho no mesmo dia não é nada fácil. Uma vez, a Ali me contou que quem me abandonou no orfanato foi o meu pai. Ele não estava pronto para ser tão responsável, e minutos depois de me deixar na porta, foi atropelado bruscamente e morreu. — Seus olhos demonstravam espanto e interesse ao mesmo tempo. — Minha mãe sabia da minha existência, e me amava desde a gravidez. Mas quando eu nasci, meu pai se achou no direito de me esconder e não deixou que ela me visse. A coitada provavelmente deve se lembrar até hoje do dia em que perdeu o namorado e o seu filho, que no caso sou eu. — Eu ia parar de falar, mas resolvi continuar com o monólogo. — Só quero dizer que a culpa não é sua pelas suas duas perdas. Veja bem, eu perdi meus pais para sempre e sei que a culpa não é minha pelo simples fato de que minha mãe já disse ter me amado. Você não pode se culpar pela morte de um ente querido. Se aconteceu, é porque tem algum propósito na sua vida. Algo vai acontecer depois, e esse algo é que pode fazer você ver o mundo com outros olhos.

— Então… — Abriu um sorriso sincero. — Eu acho que já encontrei esse algo.

— Quem?

— Você, Joe. Você é o filho que eu sempre sonhei em ter, e agora está aqui, na minha frente e dando conselhos. Quer saber de uma coisa? Joseph Weeks, eu sinto que sou seu pai, mesmo não compartilhando o mesmo sangue que você. Eu te amo, filho.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Quero ver seus comentários, sejam abertos. Podem falar de "My Everything" se quiserem, estou aberto à opiniões de todos vocês ;)