She Wolf - Sansa Stark escrita por Mademoiselle T


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
Boa leitura.



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Sansa Stark ficou na ponta dos pés para que pudesse alcançar o livro de capa dura que se encontrava na última prateleira da biblioteca de Winterfell. O título era "Sonhos Verdes". O Meistre lhe contara um pouco sobre o assunto horas antes, devido aos sonhos que seu irmão Bran andava tendo, mas a garota desejava saber mais. Queria saber o que os sonhos verdes eram, o que faziam, quando aconteciam... E as respostas pareciam estar todas naquele velho livro que não parecia ser tirado da prateleira havia anos.

A shot in the dark

A past lost in space

Where do I start?

Sansa resolvera ir a biblioteca tarde da noite, para que ninguém questionasse qualquer coisa sobre o livro que ela escolhera, ou porque ainda não estava na cama. Já passava da meia-noite, e a lua reinava sobre o Norte tanto quanto Lorde Eddard Stark, produzindo um clima macabro sobre o lugar. A ruiva agarrou o livro com as duas mãos para evitar que o mesmo caísse no chão devido a um descuido seu, colocou-o debaixo do braço e correu, ainda na ponta dos pés, de volta para seu quarto, ao lado do quarto de sua irmã Arya.

Ela fechou a porta com todo o cuidado e sentou-se no canto do quarto, com um lampião aceso ao lado e o grande e pesado livro sobre o colo. Depois de vários minutos lendo sobre os Sonhos Verdes, Sansa concluiu que tudo aquilo era ridículo. Os únicos videntes verdes que uma vez já haviam existido haviam sido os Filhos da Floresta, e todos sabiam que estes mesmos estavam extintos. Porque a jovem se incomodaria em saber sobre tal prática e sobre tal povo que já não mais existia?

-Bobagem - Disse ela, fechando o livro e colocando-o na mesa de cabeceira ao lado da cama. Ela arrumou a trança ruiva que caía pelo ombro uma última vez antes de se deitar em sua cama, afofou o travesseiro de penas de ganso e suspirou. -Sonhos Verdes, quanta bobagem... Bran, um Filho da Floresta? Quantos pensamentos infantis para uma dama como eu... - E então ela deixou que o mundo dos sonhos levassem-na para a infinita escuridão que preenchia sua mente.

The past and the chase?

You hunted me down

Like a wolf, a predator

I felt like a deer in love lights

A loba levantou a cabeça e uivou para a lua como uma melodia triste que preenchia aquele mundo de sombras. "Seria Lady?", pensou a jovem princesa de Winterfell consigo mesma. Ela ouviu um segundo uivo, e então percebeu que não era Lady que estava uivando, mas sim a própria Sansa.

Assustada, Sansa começou a correr, e correr, e correr... Correr de alguém que ela não poderia escapar; ela mesma. Sentiu os galhos e as folhas agarrando-se ao seu pelo felpudo e branco como a neve que enfeitava as torres de Winterfell no inverno que sempre parecia interminável para a garota que gostava de ver as rosas e as margaridas florescendo e sentir o sol beijando sua pele pálida e seus cabelos ruivos. Teria ela assumido o lugar de Lady? O que acontecera durante o breve tempo que se passara desde que Sansa deitara-se, deixando o livro sobre os Sonhos Verdes de lado? Ela não sabia, mas uma estranha sensação preenchia seu corpo quente: ela sentia que precisava correr, que precisava escapar, fugir de alguém que corria atrás dela, tentando agarrá-la e aprisioná-la, e este alguém não era ela.

You loved me and l froze in time

Hungry for that flesh of mine

But I can't compete with a she wolf

Ela correu ainda mais rápido quando avistou dois leões atrás dela, rasgando a terra levemente coberta pela neve com suas garras afiadas e mostrando os dentes para a jovem loba. "Estranho", pensou, aflita. "Não há leões em Winterfell... O que estes estariam fazendo aqui?". Mas não havia tempo para pensar. Ela precisava escapar das garras da mamãe leoa e de seu filhote maligno e cruel.

Antes que pudesse perceber, ela estava cercada por árvores vermelhas como sangue e por outras criaturas arrepiantes: havia agora cinco leões que a cercavam, e também uma aranha, mas não havia outros lobos a sua volta, exceto um que jazia morto aos pés dos leões, mas, estranhamente, os felinos não mostravam nenhum resquício sequer de sangue em suas presas ou em suas garras. Sansa sentiu uma lágrima escorrendo por seu pelo ao ver o lobo sem vida no chão, mesmo não reconhecendo-o. No meio de todos aqueles monstros, o som do assovio de um pássaro conseguiu acalmá-la, e Sansa percebeu que uma fagulha de esperança havia sido acesa em seu peito ao avistar o animal empoleirado a árvore, parecendo tão distante mas ao mesmo tempo tão perto. Poderia um pássaro tão pequeno e tão insignificante ajudar uma loba tão grande mas ao mesmo tempo tão indefesa?

Who has brought me to my knees

What do you see in those yellow eyes

Cause I'm falling to pieces

I'm falling to pieces

Falling to pieces

I'm falling to pieces

Falling to pieces...

Durante segundos, minutos, horas, dias, meses ou até anos, Sansa enfrentou leões, perdeu o medo de aranhas, rolou pela terra fresca com um cão e deixou de ser a dama indefesa que era ao som das palavras de um pequeno pássaro que ajudara-a durante um tempo indeterminado. Frases que ela nunca ouvira antes martelavam em sua mente:

"O amor é um veneno. Um doce veneno, sim, mas mata do mesmo jeito."

"Os verdadeiros cavaleiros não são mais reais do que os deuses. Se não pode se proteger por conta própia, morra e saia do caminho daqueles que podem. É o aço afiado e os braços fortes que governam este mundo, e nunca acredite em outra coisa."

"Aqui começa a minha vigia."

"Ela é do sangue do Lobo. Tem sangue do traidor."

"Você é mais bonita do que ela jamais foi..."

"Quer ser amada, Sansa?"

Did she lie in wait

Was I bait to pull you in

The thrill of the kill

You feel, is a sin

I lay with the wolves

Alone, it seems

I thought I was part of you

Quando Sansa Stark acordou, ela se lembrava vagamente de ter percorrido todo o perímetro de Winterfell e um pouco mais, com leões e outras criaturas ao seu encalço. Suas pernas doíam, e seus cabelos ruivos antes trançados agora soltos e cobertos de folhas e pequenos galhos. Parecia ter dormido uma eternidade, mas quando saiu de seu quarto em direção ao Grande Salão, encontrou sua família tomando café-da-manhã, como acontecia todos os dias havia quinze anos.

-Sansa, querida. - Chamou sua mãe, parecendo feliz ao vê-la. Seus pais não davam sinal algum de ter dado por falta dela por muito tempo, ou pelo menos por pouco mais de uma noite, e muito menos seus irmãos e seu meio irmão bastardo, Jon Snow. Só os deuses sabiam o quanto ela havia dormido, ou o quanto ela havia permanecido acordada para ter tais sonhos loucos. -Junte-se a nós para o desjejum antes da viagem.

O dia da viagem finalmente chegara, depois de semanas esperando, Sansa e Arya viajariam junto de seu pai para Porto Real para que Lorde Eddard pudesse servir como a nova Mão do Rei. As garotas deixariam Winterfell por um tempo indeterminado, mas mesmo assim isso animava a ruiva.

-Eu irei. - Disse Sansa, fazendo uma breve reverência antes de deixar o Grande Salão. -Mas antes preciso fazer uma coisa. Com sua licença. - Ela segurou a barra da camisola de algodão azul e correu de volta para o seu quarto.

Sansa pegou o livro sobre os Sonhos Verdes em seu quarto e o devolveu a biblioteca, no mesmo lugar onde havia estado há algumas horas, dias, ou anos. Ela se recusava a acreditar que tudo o que acontecera fora um Sonho Verde, pois já não havia mais videntes verdes no mundo. Porque então deveria acreditar em tal infantilidade? Os videntes verdes eram agora somente personagens em histórias da Velha Ama, assim como os Sonhos Verdes eram lendas que muitas vezes as crianças gostariam de viver.

"Mas eu não sou criança", pensou ela, percorrendo o caminho de volta ao Grande Salão. Decidiu por fim que não mencionaria seu sonho a ninguém, nem mesmo Bran, que talvez entendesse o que ela estava tentando dizer.

Mas algo ainda dizia a ela que aquilo não fora um simples sonho. Algo dentro de si ainda dizia que ela estava correndo perigo, muito perigo, e que naquele dia estava correndo para os braços de seus maiores inimigos. Algo ainda dizia a Sansa Stark que ela não era somente mais um princesa, mais uma dama criada para bordar e agradar, mais uma garota de treze anos que em breve se casaria com algum "princípe encantado" qualquer. Não, Sansa podia sonhar com todas estas coisas, mas no fundo estava destinada a realizar grandes feitos, a enfrentar seus maiores medos, e mesmo assim vencê-los...

Uma das frases que ouvira em seu sonho começou a martelar novamente em sua cabeça, mas desta vez somente a primeira parte dela:

"Ela é do sangue do Lobo... Ela é do sangue do Lobo... Ela é do sangue do Lobo... Ela é do sangue do Lobo..."

Seja lá quem dissera ou quem ainda diria isso, tinha razão.

Sansa Stark era uma Loba.

You loved me and l froze in time

Hungry for that flesh of mine

But I can't compete with a she wolf

Who has brought me to my knees

What do you see in those yellow eyes

Cause I'm falling to pieces...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, lembrando que não custa nada deixar alguns reviews, certo? ;)
Obrigada por ler.



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