Descartáveis escrita por Lady Anadare


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Logo eu que não consigo nem imaginar essas coisas.



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Descartável. Tão descartável quanto os beijos trocados no escuro. Tão descartável quanto as outras garotas de sua idade, ansiosas por um relacionamento com homens mais velhos. Descartável. Bebia toda a juventude e identidade delas, afundava-as em drogas, patricinhas perfeitas transformadas em prostitutas, pais desesperados, mães chorando, psicólogos lucrando. Assim a vida seguia. Você podia usa-las, pisar em cima e depois jogar no lixo.

Lembrava-se da primeira, ela era adorável, tinha lindos olhos castanhos. Afundara-se na bebida para sentir-se parte do grupo, parte da tribo. Ah, lembrava-se dos gemidos dela ao pé de seu ouvido, incontrolável como uma cadela no cio. Logo depois, veio a amiguinha dela, contara uma mentira qualquer, disse que ela havia o traído, que não era esse o tipo de menina que pensava que ela fosse. O olhar da ruivinha era como se dissesse “bingo!. Da última vez que os vira, aqueles olhos estavam vidrados.

Algumas até mesmo tentavam resistir. Mas ele acabava com suas vidas tão rápido como se matava moscas. Não era nenhum tolo, tinha ciência da própria insanidade e por isso esta mesma não o levava a um ponto mais extremo ainda, mesmo que por muito pouco, muito pouco. Andava em uma corta bamba. Talvez alguns o chamassem de psicopata, mas nada lhe dava mais prazer do que aquilo, de tê-las em suas mãos quando quisesse.

Era tudo tão inebriante. A da vez era uma loira peituda que encontrara na saída de um bar. Agora ela estava devidamente amarrada, imóvel, como uma escultura em carne, osso e sangue. Ela até seria mais bonita se não usasse um decote que a deixava parecendo uma puta qualquer. Ela chorava e chorava, incapaz de dizer única palavra. Queria que ela parasse de tentar falar por entre a mordaça, apenas o som de seu choro já era o suficiente, ela era um quadro perfeito.

Pegou lentamente a câmera fotográfica, começando a tirar as fotos enquanto a garota chorava ainda mais. Ah, era tão perfeito, ela ainda deixava-o mais animado! Os seios que lhe eram tão incômodos, já não faziam mais parte da tela, mas todo seu corpo estava manchado de sangue. Ela gritara. Ou tentava gritar, até não ter mais voz, era tão delicioso. Não sabia depois de quanto tempo ela parara de se mover, mas agora o silêncio dominava tudo. As unhas arrancadas estavam postas junto com as falanges em cima da mesa de cabeceira, junto com quase todas as fotos que havia tirado, menos três: uma de seu estágio inicial, depois na metade do processo, e seu corpo já sem vida, guardaria-as para si como fazia com todas as outras.

Lentamente saiu do quarto de motel barato, sabendo que novamente não deixara nenhuma pista sobre si para trás.

Todas elas, descartáveis.


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Notas finais do capítulo

Eaí, ainda vivos?



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