Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 40
Capítulo 39 - Sharingan


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito no dia 22/07/2021.
Aproveitando o frio de sp para dizer que: ESTAMOS NA RETA FINAL DA REVISÃO! UHU! obrigado a todo mundo que tá acompanhando ♥
Boa leitura!



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Sharingan

 

Orochimaru olhou para Karin e lentamente desviou suas pupilas amareladas na direção de Sasori. O Akasuna que continuava concentrado em sua taça, bebeu o líquido com uma expressão de quem também estava ansioso por respostas.

— Por que está me olhando, Orochimaru? — Sasori questionou com as sobrancelhas arqueadas. — Quer que eu vá chamá-la? — Ele fez menção de levantar, mas seu gesto foi dispensado pelo feiticeiro.

— Karin, vá chamá-la. – Declarou o homem virando-se para Karin. As pupilas amareladas estreitaram-se quando ele notou que a Haruno de cabelos vermelhos estava relutante em seguir as ordens que lhe eram dadas. – Karin... – A vampira levantou-se de súbito. Não era preciso muito para entender sobre os poucos limites da paciência dele.

— Eu já estou indo. – Retrucou ela em um sibilo. Orochimaru a soltou e ela passou por ele em um rompante, batendo a porta ao sair. – Inferno. – Praguejou a ruiva quando teve certeza de que estava longe o suficiente para que ninguém a ouvisse.

O que iria fazer?

Se contasse que ela havia cooperado, mesmo que indiretamente, para a fuga de Sakura seria empalada, queimada  viva ou qualquer outro meio de tortura que se passasse pela mente insana de Orochimaru.

Também não podia fugir. Tinha certeza de que estava sendo caçada pelos Uchihas, seus aliados e todos os inimigos que ela colecionara com o passar dos anos. Sua cabeça valia uma fortuna para o futuro Rei. Ser condenada e morta não estava em sua lista de desejos, perderia toda a sua dignidade. Se ainda houvesse alguma dignidade a ser perdida.

Embora não soubesse o que fazer, Karin seguiu para o quarto onde Sakura ficava. As criadas saiam de seu caminho, temendo que ela as atacasse – ser temida era algo que lhe inflava o ego.

— Chame Suigetsu. – Ordenou para uma criada que prendeu o fôlego ao ter uma ordem direta dela tão repentinamente. – Ande logo. – A mulher aquiesceu várias vezes e se afastou praticamente correndo. Revirou os olhos e entrou no quarto, fechando a porta atrás de si.

O ambiente sequer parecia ter sido habitado um dia. A cama estava perfeitamente forrada com um lençol branco, o travesseiro alinhado próximo a cabeceira. Karin puxou o travesseiro e o sacudiu até que a fronha saísse, revirou os lençóis e tirou o colchão. Abriu as portas do pequeno roupeiro com violência e atirou uma  contra um espelho.

A idéia que havia surgido em seus pensamentos era insana, mas faria com que desse certo.

— O que pretende com isso? – Suigetsu perguntou ao entrar no quarto. Karin estava retirando as poucas roupas e as espalhavas no chão, puxou as gavetas vazias e agora olhava ao redor procurando algo para destruir. – Você não vai conseguir atingir sua irmã...

— Ela NÃO é minha irmã! Cuidado com o que diz— Karin lançou a Suigetsu um olhar cheio de ódio e repulsa. Com um suspiro frustrado ela desistiu de continuar revirando o quarto. – Preciso fazer com que Orochimaru acredite que Sakura fugiu...

— Uma fuga tão limpa?

— O que você quer dizer com isso? – Rosnou a Haruno fazendo com que suas presas aparecerem.

— Você precisa de sangue.

Meia hora depois a porta do salão onde Orochimaru e Sasori estavam abriu-se em um rompante cortes na pele de Karin estavam fechando-se e tornavam-se apenas sinais avermelhados, o rosto dela estava repleto de respingos de sangue e a raiz de seu cabelo estava escura, indicando um ferimento que escorria o liquido carmesim entre suas sobrancelhas.

— O que aconteceu? – Sasori perguntou e parecia alarmado. Não aguardou uma resposta de Karin e dirigiu-se imediatamente até a janela. – Estamos sendo atacados?

— Sakura fugiu. – Karin murmurou cuspindo sangue; exibiu seus dentes sujos enquanto apoiava-se na porta. Os olhos de Orochimaru estavam sobre ela e ele parecia desprovido de qualquer sentimentalismo perante ao estado em que ela se encontrava. – Ma-Matou dois dos nossos e umas criadas em seu quarto. – Continuou em um tom de voz arrastado, demonstrando dificuldade para manter-se em pé.

Orochimaru observou aquela cena como se não estivesse ali. Seus olhos não piscavam e ele permaneceu imóvel por longos minutos como uma estátua de mármore moldada para ser a personificação da incompreensão.

A fúria queimava-lhe a ponta dos dedos, causava ardência em sua garganta. Ele tinha certeza de que Sakura não teria sido capaz de fugir sem ajuda, mas quem? Quem era o traidor que andava embaixo de seus olhos e era ousado o suficiente para não fugir?

O feiticeiro criou um rastro de destruição ao seu redor enquanto rumava pelos corredores da sede com uma feição indiferente.

as chamas que consumiam as tochas, passaram a queimar as cortinas, os vasos  e janelas estilhaçavam-se cortando as pobres criadas que não conseguiam fugir a tempo. O destino do feiticeiro era o quarto que Sakura habitara, tinha que ver com seus próprios olhos que ela havia lhe traído. Impossível, Sakura era uma criação perfeita.

O corpo de uma mulher estava jogado na entrada do quarto, a garganta dela havia sido dilacerada e o sangue formava uma poça ao redor do corpo. Sua expressão refletia pavor, os olhos mortos exibiam um pedido silencioso por clemência.

Orochimaru passou pelo corpo como se ele fizesse parte da decoração. O quarto de Sakura estava revirado, como se uma verdadeira batalhe houvesse ocorrido ali.

Havia sangue nas paredes, nos lençóis e até mesmo no vidro. Entrou em colapso, as mãos abriam e fechavam em um tique nervoso, o que restava do quarto destruía-se enquanto a expressão dele contorcia-se, enquanto a bomba preparava-se para explodir. Os dedos longos e finos pareciam emanar uma luz azulada que parecia crescer a cada segundo. O fogo começou a alastrar-se de forma rápida, consumindo as tábuas do roupeiro, o colchão e tudo o que estivesse em seu alcance.

Não entendia o que estava acontecendo, Sakura estava envolta por feitiços poderosos, magia que devia transformar qualquer antigo aliado em seu inimigo, que a fazia desejar o sangue dos Uchihas, ela não poderia ter fugido. Não quando ele tinha certeza de que ela estava em suas mãos. Sua arma.

 Orochimaru gritou. Um grito gutural que pode ser ouvido por toda a propriedade. O grito do próprio diabo.

X-X-X

Ao acordar, me senti mais disposta. O braço de Sasuke em minha cintura me trouxe recordações da noite passada e imaginei que por ele dormir, estava mais cansado do que eu imaginava.

Sentei-me na cama e apoiei o queixo em uma das minhas mãos. Sorri ao ver a expressão serena de Sasuke, ele estava dormindo, como não fazia há meses. Ele me transmitia tranqüilidade e eu tive certeza de que era algo mutuo. Uma mecha do cabelo negro caia sobre o seu rosto e eu a retirei tomando cuidado para não acordá-lo. Se eu possuísse um celular, certamente que registraria esse momento.

— Aonde vai? – Ele perguntou assim que fiz menção de me levantar. Os olhos de Sasuke ainda estavam fechados, ele continuava calmo, apesar de curioso.  – Está melhor? – Questionou ao abrir os olhos.

— Pretendia tomar um banho. – Respondi sorrindo enquanto ele se sentava. – Me dê mais uma noite e estarei inteira. – Afirmei e Sasuke esboçou um pequeno sorriso. Ele estendeu uma mão e tocou minha bochecha. – O que foi?

— Meu pai ainda não sabe que você retornou. – Sasuke foi direto. Não era surpresa que Fugaku não gostava de mim, para ele, eu era uma traidora do próprio sangue. – Nem os seus pais.

— Não estou disposta a chamá-los de pais. – Fui sincera ao dizer tais palavras. Eu já não nutria qualquer sentimento paterno em relação a eles. – Já quanto à Fugaku... Nós vamos nos resolver – Sorri brevemente, mas Sasuke não me correspondeu.

— Você não terá de encontrar Mebuki por algum tempo, eu espero – Sasuke disse em um tom baixo, atraindo minha atenção para si. — Ela e minha mãe irão para os esconderijos...Assim espero, já que minha mãe está disposta a prolongar sua estadia no palácio pelo máximo de tempo que puder — Ele revirou os olhos e eu ri baixo, mesmo sob seu olhar recriminador.

— Faz parte do orgulho Uchiha...

— Queria que você fosse — Sasuke me interrompeu e o sorriso dos meus lábios desapareceu. — Mas sei que será impossível tirá-la do campo de batalha, Sakura.

— É tão difícil assim me ver como uma guerreira?

— Estou me acostumando com a ideia — Sasuke desviou os olhos de mim por um instante. Era verdade o que ele dizia, eu podia senti-lo sem problemas agora. — Não é tão fácil como você pensa — O resmungo dele soou como o de um adolescente que foi privado de algo.

Balancei a cabeça negativamente e desviei os olhos de Sasuke para a janela. Não importava o que ele dissesse, eu não me esconderia durante a guerra. Parte dela era culpa da ganância de Orochimaru, já a outra... Era minha. Eu tinha o lacrado junto com Midori, meu sangue corria pelo selo que marcava seu abdômen.

— Não posso me ausentar desse confronto — Confessei em um murmúrio. — A batalha virá até mim mesmo que eu não queira. Foram as condições para quando decidi ajudar Midori...

— Precisa de ajuda com o banho? — A troca súbita de assunto me deixou surpresa. Uma parte de mim esperava que Sasuke entrasse em um novo debate comigo, principalmente pelo sentimento revoltante de traição que ainda queimava em seu âmago. — Que tal se colocarmos sais na água? — Ele segurou minha mão e depositou um beijo carinhosamente antes de atrair minha atenção para si.

— O que está acontecendo?

— Temos a eternidade para discutir sobre isso. Hoje não.

Aquiesci, mentalmente agradecida por não entrarmos em uma discussão que jamais teria fim. Sasuke tinha os motivos dele e eu tive os meus. Questionar a nós mesmos sobre tais motivações só causaria um desgaste a mais em nossa relação que já era fragilizada o suficiente.

Ele me estendeu a mão e me ajudou com os preparativos do banho, privando-me de qualquer esforço que ele julgasse desnecessário. As feridas em meu corpo estavam quase recuperadas, mas ainda havia sangue nas ataduras de meu tórax quando me despi.

Embora eu não precisasse de ajuda alguma com o banho, Sasuke permaneceu dento do banheiro observando-me como um verdadeiro predador. Seus olhos seguiam todo e qualquer movimento que eu fazia e ele sequer parecia se incomodar com os cortes que estavam cicatrizando em meu corpo.

Sasuke me ajudou com o banho, da maneira que pode. Me ajudou a lavar o cabelo e a esfregar minhas costas demoradamente, tornando cada toque em minha pele demorado e provocativo.

Quero você — Ele murmurou próximo ao meu ouvido e antes que eu pudesse responde-lo, os lábios de Sasuke sobre o meu lóbulo esquerdo causaram arrepios em todo o meu corpo.

Ri baixo e fechei os olhos apreciando a sensação. Uma parte minha o queria tanto quanto Sasuke me queria. E quando puxei seu rosto na direção do meu, o beijei deixando claro sobre o quanto eu o desejava.

As mãos de Sasuke pressionaram meu rosto antes que o beijo se tornasse em algo mais urgente. Eu podia ouvir as nossas respirações descompassadas enquanto nossas línguas se acariciavam, enquanto meus dedos entrelaçavam-se nos fios escuros de sua nuca e eu o puxava para mim.

— Me desculpe — Ele grunhiu baixo ao sentir que meu corpo se retesou ao seu toque. — Continuamos quando você estiver melhor — Havia relutância nas palavras de Sasuke e eu demorei para deixa-lo se afastar de mim.

— Merda de lobos — Resmunguei contrariada.

— Merda de lobos — Sasuke repetiu em um tom parecido com o que eu usava.

O Uchiha me levou para o quarto e Sasuke permaneceu quieto enquanto aplicava uma mistura umedecida em algodão nas feridas do meu abdômen. Ele enrolou a atadura por todo o meu tronco cuidadosamente, depositando um beijo em meu pescoço ao terminar de fazê-lo.

— Somente essa, por hoje. – Ele disse referindo-se à única atadura que eu teria em meu corpo. Sasuke estava satisfeito. – Tive o prazer de escolher sua roupa. – Acrescentou lançando-me um sorrisinho debochado.

— Vestido? – Questionei incrédula ao ver a roupa sobre a cama. – Sério, Sasuke?! – Apesar da minha falsa indignação, eu estava rindo.

Ele me ajudou a me vestir, o que demorou mais do que o normal. Suas mãos passeavam em minhas pernas e ele distribuía beijos nas partes expostas de meu corpo enquanto subia o vestido. Beijou-me demoradamente antes de abotoar o vestido, mordiscou meu pescoço fazendo com que pensamentos nada inocentes me dominassem.

Sasuke tinha escolhido um vestido longo de seda verde-escuro, as mangas iam até a altura dos cotovelos, com um decote discreto ele delineava minha cintura, embora não fosse apertado o suficiente para pressionar meus machucados.

Penteei meu cabelo enquanto Sasuke tomava banho. Nós estávamos no meu quarto, as coisas continuavam exatamente como eu havia deixado e ele estava impecável. Sentei-me em frente à penteadeira e penteei meu cabelo, borrifei um pouco de perfume e cobri meus lábios com um batom rosado. Haviam algumas joias dentro de uma caixinha, mas eu optei por não usá-las.

— O que foi?

A pergunta tinha sido feita quando ele notou a minha hesitação para sair do quarto. Mesmo com a mão de Sasuke enlaçada na minha ainda haviam as lembranças que me atormentavam quando eu pensava sobre os corredores do palácio.

— Faz muito tempo que não ando por esses corredores. – Murmurei antes que saíssemos do quarto. – A última vez foi quando me levaram para as masmorras.

— Não me lembre disso. – Sasuke repreendeu-me em um tom ácido. – Vamos evitar esse assunto.

— É impossível. – Falei baixo, embora entendesse exatamente o que Sasuke queria dizer. Eu tinha lembranças de todas as vezes em que ele tinha me dito sobre a dor que sentiu. Outros haviam me dito e ainda assim, eu tinha certeza de que não conhecia a dor de Sasuke completamente. Como se ele a reprimisse. – Desculpe por isso. – Pedi o encarando. Sasuke observava a porta com o cenho franzido.

Nada disse. Apenas a abriu e me puxou para fora do quarto enquanto mantinha seus dedos entrelaçados aos meus. A decoração do castelo ainda era a mesma, não havia um quadro sequer que houvesse sido movido de lugar.

— Bom dia príncipe Uchiha. – Um homem que cuidava de flores disse curvando-se ao ver Sasuke. Os olhos dele cruzaram-se com os meus por um segundo, a surpresa ao me reconhecer tomou suas feições por um único segundo. – Bom dia senhorita Haruno.

— Bom dia. – Respondi por mim e por Sasuke que retribuiu o gesto com um aceno de cabeça.

Caminhamos em silêncio, embora os sentimentos de Sasuke fossem barulhentos. Sua mão segurava a minha firmemente, como se houvesse chances de que eu fugiria. 

— O que foi? – Parou e virou-se para mim, aproveitei a deixa para soltar minha mão. – Sakura...

— Por que está assim? – Questionei cruzando os braços. Sasuke ficou indiferente e eu me controlei para não ficar irritada. – Não vou fugir. – Garanti e ele ficou surpreso.

— Eu sei que não vai. – Respondeu encarando. Sasuke aproximou-se de mim e eu mantive meus braços cruzados. – Só estava distraído.

— Com o quê? – Perguntei em um tom baixo. Não era normal que Sasuke hesitasse, ele sempre agira de forma direta.

— As coisas estão muito quietas. – Sasuke respondeu usando o mesmo tom de voz que eu. Não entendi o que ele quis dizer com aquilo e preparei-me para questioná-lo, porém ele me interrompeu. – Depois conversamos sobre isso, estão nos aguardando no salão de jantar. – Avisou encostando seus lábios nos meus por um momento.

— Vai me contar tudo depois. – Descruzei os braços e estendi a mão para ele.

Descemos as escadas e seguimos por um corredor até a porta que nos levaria ao salão de jantar. Eu conseguia ouvir algumas vozes misturando-se através da porta, mordi o lábio inferior assim que Sasuke a abriu e não consegui conter um sorriso ao ver que meus amigos haviam parado o que estavam fazendo para me observar.

Tenten deixou que o garfo que estava em sua mão caísse de forma barulhenta em seu prato, ela arregalou os olhos e... Uma cabeleira loira obstruiu minha visão. Ino abraçava-me com força e murmurava palavras desconexas, para retribuir o abraço eu tive que soltar a mão de Sasuke que não pareceu nada satisfeito com isso.

— Você está viva! – Disse a Yamanaka afastando-se para me observar. – Não tinha o direito de me dar um susto desses! – Ralhou irritada e eu acabei rindo de sua expressão. – Não tem graça! – Ela se afastou e eu fui envolvida pelo abraço de Tenten.

— Não sabe o quanto senti sua falta. – Disse a Mitsashi somente para que eu ouvisse. – Temos muito o que conversar.

— Também senti sua falta. – Falei assim que ela me soltou, um sorriso maior ainda surgiu nos lábios dela. – Vamos ter tempo para conversar depois. – Ela anuiu em concordância parecendo extremamente satisfeita. – Gaara. – Sorri para o ruivo que me cumprimentou com um aceno de cabeça. – Naruto. – Os meus olhos pousaram no loiro que me encarava, mas que se mantinha mais afastado do que os outros. Meu Presságio cruzou os braços e tinha a expressão enfezada. – Achei que já tínhamos passado dessa fase. – Declarei confusa e ele estreitou os olhos. – Naruto, não seja idiota.

— Sinônimo de idiota é Naruto. – Sasuke disse maldosamente e eu me limitei a suspirar.

— Cale a boca! – Naruto retrucou apontando o dedo para Sasuke. – Mais uma vez, você PODERIA ter me dito alguma coisa. – Virou-se para mim não escondendo suas frustrações. Eu não o culpava, o papel de Naruto era estar ao meu lado e me ajudar, até que nossa promessa fosse cumprida. – Não adianta fazer essa expressão. Estou furioso com você! – Eu não fazia idéia de qual expressão estava fazendo, mas se estava dando certo eu continuaria com ela.

— Desculpe Naruto. – Eu merecia um Oscar por minha atuação sensacional. O loiro abriu e fechou a boca várias vezes, indignado, talvez. – Estou aqui agora, não é? – Acrescentei em um murmúrio. Sasuke resmungou alguma coisa sobre não me rebaixar e eu desejei que ele calasse a boca.

Algo mudou na expressão de Naruto. A raiva tinha desaparecido e ele veio até mim e me deu um abraço de tirar o fôlego. Retribui não conseguindo conter uma gargalhada, Naruto tinha começado a rir também e nossos corpos estavam sacudindo de uma forma estranha.

— Não faça isso nunca mais. – Advertiu-me seriamente. – Prometa, Sakura. – Os olhos azuis fitavam-me desconfiados.

— Vou tentar. – Dei um sorriso amarelo. Naruto resmungou alguma coisa, mas pareceu aceitar minha resposta por enquanto. Ele voltou para o lugar que ocupava na mesa e eu percebi que era a única que continuava em pé. Havia um lugar vago entre Sasuke e Naruto, de frente para Neji que sequer tinha se levantado e continuava a comer calmamente. – Hyuga.

— Haruno. – Disse ele desviando seus olhos prateados para mim por um breve momento.

Havia um banquete na mesa e eu tive certeza de que aquilo havia sido planejado especialmente para Naruto e Tenten (Neji ao menos estaria no castelo se não fosse por ela). Comer era algo que vampiros faziam por mera formalidade. Por mais saboroso que fosse o alimento humano, o gosto não poderia ser comparado ao nosso verdadeiro alimento.

— Então agora você tem presas? – Tenten questionou com um olhar divertido. – O que mais mudou?

— Sou mais forte, rápida... Recuperei minhas memórias. – Ergui um dedo para cada item que eu dizia. Tenten parecia controlar o riso e eu me esforcei para fazer o mesmo. – Sangue não me dá mais repulsas e eu tenho belos olhos vermelhos. – Fechei e abri os olhos exibindo a tonalidade avermelhada para ela. – Claro que agora estou incrivelmente atraente, quem sabe eu não consiga um namorado. – Dei um sorriso malicioso e jurei ter ouvido um rosnado baixo vindo de Sasuke.

— Esqueceu de acrescentar humildade nessa sua lista. – Tenten bebeu um pouco de seu suco de laranja. – Você ainda é a Sakura de antes ou... É uma versão nova com as... Lembranças?— Ela parecia confusa ao formular a pergunta. – Está bem parecida com aquela da sala dos espelhos – Ela me confidenciou no tom mais discreto que conseguiu.

— Ainda sou a mesma – Afirmei para Tenten. Mesmo que ela demorasse para fazer conexões exatas, aquela afirmação era a única que importava.

— Estamos todos ansiosos para ouvir sua história – Ino expressou seu desejo sem nenhuma vergonha e o olhar enfezado de Gaara em sua direção não foi o suficiente para pará-la. – Ela vai nos contar de qualquer jeito e eu estou curiosa!

— Eu também! – Naruto enfatizou e me encarou com seus brilhantes olhos azuis antes de enfiar uma uva na boca.

— Sejam discretos – Gaara ralhou mesmo sem ser muito efetivo. – Sakura pode estar confusa...

— Não estou – Repliquei com simplicidade. – Acho que nunca estive tão satisfeita em toda a minha vida.

— Estou dizendo, ela quer nos contar tudo!

— Tenha paciência, Ino – Gaara ralhou e ela revirou os olhos antes de desistir da conversa. Um sinal de que nós conversaríamos depois e a sós me fez rir. A Yamanaka não mudava mesmo que nós estivéssemos em dimensões diferentes.

Enquanto eles embarcavam em uma discussão animada, olhei de relance para Sasuke que parecia uma estátua de mármore com uma expressão rabugenta. O cenho estava franzido e eu acreditei que ele ao menos estava piscando com freqüência, possivelmente nem respirando.

Coloquei minha mão esquerda em sua perna e a subi lentamente, observando suas reações. Sasuke continuava fitando o prato vazio em sua frente, mas seus instintos estavam fixos no meu toque. Ele estava ficando excitado. Quando fiz menção de tocar seu membro, ele segurou minha mão.

— É tão fácil te tirar do sério. – Murmurei dando um sorrisinho convencido.  Sasuke estreitou os olhos e afastou minha mão lentamente. - O que foi?

— Não estou ligando para suas provocações. – Sasuke fitou-me seriamente e a sensação de que algo estava errado me atingiu novamente. – Estou apenas...

A porta do salão foi aberta com brutalidade. Antes que eu me virasse o perfume cítrico atraiu lembranças que estavam adormecidas em minha mente. Tenten fitava a porta com surpresa e os demais com indiferença.

O cabelo loiro estava preso firmemente em um coque, seu corpo estava coberto por um vestido negro que delineava sua cintura e seus lábios carmesim estavam franzidos. Seus olhos verdes, iguais aos meus, me fitavam com desprezo.

— O rei solicita a presença do príncipe e de sua acompanhante no gabinete real – Ela declarou sem olhar na minha direção e partiu como se não tivesse dito uma única palavra.

— Mebuki... – Murmurei sentindo um arrepio percorrer minha pele.

— Você não vai até lá sozinha. – Sasuke afirmou ao ver que eu estava começando a seguir para a saída do salão. – Eu e Naruto também vamos.

— Não estou em perigo.

— Não importa.

Encarei Sasuke seriamente e assenti concordando que eles viessem também. Dei um breve aceno para os demais e sai do salão, guiando-me pelas lembranças que tinha do castelo. O gabinete real ficava no piso inferior, era um dos últimos cômodos de um corredor que possuía muitas salas lacradas para pessoas que não faziam parte da realeza.

Uma parte minha sabia o que me aguardava. Uma sessão sem volta com o Rei de Konoha e seus olhos que podiam ler almas, uma leitura da qual ninguém gostava de ser submetido.

As portas estavam abertas e como supus, além de Mebuki, estava Kizashi Haruno. Um dos braços direitos do Rei, dono de um exército de milhares de homens e que havia sido o responsável, mesmo que indiretamente, por me deixar levar até ali... Meu pai.

Ele não esboçou nenhuma reação ao me ver e também não parecia disposto a me receber adequadamente. Sua postura ereta e seus olhos rígidos me observavam como uma verdadeira desconhecida, como alguém que ele não tivesse nenhum laço sequer.

O ambiente era revestido de vermelho com ornamentações douradas. O símbolo do clã Uchiha estava exposto orgulhosamente logo atrás dos tronos, havia um lustre de cristal no teto e nas paredes uma espécie de moldura de gesso que continham gravuras de dragões que cuspiam fogo em seus inimigos.

O rei estava sentado em uma cadeira com forro vermelho e tinha uma expressão ilegível. Fugaku, como todos os outros, não havia mudado em comparação as minhas lembranças.

Seu cabelo negro parecia um pouco mais curto, talvez, mas seus olhos vermelhos e suas vestes reais com a insígnia do clã Uchiha mostravam apenas que os anos fizeram com que o rei Uchiha tornasse a si mesmo um homem repleto de orgulho da posição que carregava consigo por tantos séculos.

Fugaku ao menos era capaz de expressar alguma emoção ao me ver. Desgosto.

— Majestade – Fiz uma breve mesura e esperei até que me fosse permitido voltar para a minha postura original. Sei que se eu tivesse o encontrado em minha forma humana não teria respeitado-o tanto quanto deveria. Fugaku podia ser perigoso, mesmo para mim.

Os guardas que o flanqueavam apenas era um aviso para que eu não tentasse nada de precipitado.

— Isso é necessário? – Sasuke questionou ao meu lado direito. Eu conseguia sentir sua indignação e o quanto ele refreava a si mesmo para manter a voz impassível. – Sakura não é uma inimiga – Ele avisou para o pai que ignorou seus apelos prontamente.

— Não é você quem decide isso, Sasuke – Fugaku declarou antes de levantar. Ele caminhou em minha direção, fitando meu rosto com interesse desmedido. – Sakura Haruno, nunca pensei que esse momento chegaria.

— Acredite majestade, estou tão surpresa quanto...

— Não seja audaciosa em fingir que não sabia sobre esse encontro – Fugaku me interrompeu. Apesar do tom inflexível, ele não parecia nervoso. Nem surpreso. — Alguém como você, que está fadada a retornar...

— Tende a encontrar almas conhecidas durante o caminho – Murmurei e ele aquiesceu. – Espero que me dê a oportunidade de mostrar a minha versão dos fatos, Fugaku.

O Uchiha mais velho estreitou os olhos levemente ao me ouvir chama-lo pelo primeiro nome. Não era um desafio proposital, mas eu esperava que ele entendesse que eu estava disposta a encarar o possível para limpar o meu nome.

— O que os Harunos têm a dizer sobre isso? – O rei questionou olhando para meus pais. Mantive meus olhos distantes deles.

— Não reconheço essa garota como parte da família – Mebuki declarou convicta. Ouvir suas palavras me causou uma leve pontada na cabeça, mas me mantive impassível. – Os eventos do receptáculo de purificação determinaram isso.

— Kizashi?

— A lei ainda é a lei – Meu pai recitou como costumava fazer tantos anos antes. – Se erramos há tantos anos, devemos descobrir a verdade.

Algo me fez ter o impulso de olha-lo, mas me contive, mantendo meus olhos sobre o Rei que analisava a expressão do meu pai com mais detalhes do que eu jamais poderia.

— Sasuke?

— Sempre achei que minha posição sobre o assunto fosse clara, meu pai – Sasuke disse em um tom de voz firme. A segurança em suas palavras me tranquilizou. – Ainda não acredito que a mulher que escolhi para ser minha companheira será submetida a um novo julgamento.

— Não é um julgamento formal – Fugaku esclareceu olhando para mim por um instante. – E sabe que estamos adiando esse encontro há muito tempo. Me mantive em silêncio porque em todos esses anos, você nunca pisou em minhas terras novamente, Sakura – Fugaku pareceu amável por instante, mas seus olhos eram frios mesmo que queimassem como fogo. — Até a noite anterior.

— Sei que não seria bem-vinda.

— Pelo contrário, você sabe que seria submetida aos meus olhos – Fugaku me corrigiu com seriedade. – E que seus segredos não estariam escondidos do meu filho e de mais ninguém.

Ele estava certo. Fugir das terras Uchiha e de um confronto com Fugaku era uma estratégia para preservar o segredo dos meus planos.

— Você está certo – Confessei e ri baixo antes de cruzar meus braços atrás das minhas costas. – Não podia deixar que vocês descobrissem sobre Orochimaru.

— Um plano perspicaz, embora pudesse ter sido falho.

— Tive sorte – Afirmei e pude jurar ter visto um sorriso nos lábios do rei, mesmo que pequeno.

— Conte-me sua história, criança.

Contar toda a história para Fugaku não era difícil. As palavras fluíam por meus lábios de forma natural, pois as lembranças estavam cravadas em minha mente como queimaduras e eu sentia que meus pés estavam acorrentados a elas com correntes inquebráveis.

— Me permite? – Fugaku estendeu-me sua mão direita. Eu não fazia ideia de como estava minha expressão, mas estava me esforçando para que o meu temor não se manifestasse.

— Isso é realmente necessário? – Sasuke estreitou os olhos e colocou uma mão em minha cintura. Ele, melhor do que ninguém, sabia de como aquele dom em especial era perigoso.

Os efeitos do Sharingan eram temporários, mas eram tão intensos quanto a magia duradoura. O poder sobre a mente de alguém com tamanho livre acesso que tornava-se impossível de resistir.

— Eu consigo – Afirmei segurando a mão de Fugaku. – Estou pronta.

Senti que os olhos de Fugaku me levaram para um abismo em minha mente que eu desconhecia, Tudo ficou escuro, mas eu conseguia sentir a pressão de sua mão sobre a minha.

Ele também via.

— Sakura, nós temos que protegê-la. – Midori murmurava aflitamente enquanto ia de um lado para o outro. O cabelo estava preso em uma trança escamosa que ia até a altura de sua cintura, a saia vermelha arrastava-se no chão. – Eu... Temos que te proteger.

— O que pretende com isso? – Questionei inclinando a cabeça para o lado confusa. Midori vinha falando sobre minha proteção há semanas e ainda não havia me dito nada concreto. – Midori? – Chamei, pois ela tinha ficado quieta olhando um ponto fixo no chão.

— Não podemos deixar sua alma desprotegida. – Ela disse olhando finalmente para mim. Seus olhos castanhos estavam cheios de preocupação e um vinco formava-se entre suas sobrancelhas. – É possível que tentem te controlar. Vampiros transcendentes são incrivelmente maleáveis por quem os desperta.

— Não vou morrer. – Revirei os olhos e sorri de forma presunçosa. – Mas se isso acontecer, você pode me acordar quando eu renascer. Confio em você. 

— Menina tola! – Repreendeu-me ela exasperada e logo recomeçou a andar de um lado para o outro, uma marcha que já estava me deixando agoniada. – Não temos garantias de que continuarei vivendo por muito tempo. – Revirei os olhos entediada. Midori era uma das bruxas mais poderosas de nossa época. O nosso plano só seria possível porque ela que o tinha arquitetado. – Sasuke poderia te despertar caso fosse necessário, ele e Shikamaru juntos...

— Sasuke não sabe de nada. – Retruquei irritada. Eu tinha descoberto há pouco tempo que era uma vampira que estava fadada a reencarnar até que meus objetivos fossem cumpridos. Não tinha compartilhado a informação com ninguém. – E Shikamaru é uma criança!

— Que seja! – Midori replicou irritada. Ela parara de andar novamente e veio em minha direção convicta de algo. – Vamos te proteger de qualquer forma.

***

O sangue escorria das minhas mãos e eu o pinguei dentro do recipiente de madeira. O liquido que antes era branco, transformara-se em preto.

Midori o jogou contra o feiticeiro e murmurou as palavras chaves. Ele estava dentro de uma barreira que era o inicio do selo, seu rosto semelhante ao de uma cobra contorcia-se de ódio. Troncos de arvores e pedras eram atiradas de dentro da barreira na esperança de que ela fosse quebrada.

— Vou matá-las, cada uma de vocês com as minhas próprias mãos! – Gritava Orochimaru furioso. Os ataques continuavam e por um momento, achei que a barreira começaria a ceder. Seu poder era assustadoramente descomunal e tinha como gatilho seu ódio e sua ambição. – EU VOU TE MATAR, EU VOU TE MATAR! – Jurava implicando cada vez mais força em seus ataques. – E VOCÊ VAMPIRA MALDITA, TE ENVIAREI PARA O INFERNO! – Berrou descontrolado antes que Midori pronunciasse a última palavra.

Um raio caiu exatamente no centro da barreira. Orochimaru gritou mais uma vez, debatendo-se enquanto um demônio de cabelos brancos e olhos faiscantes puxava uma espécie de pincel de dentro de um recipiente repleto de sangue. O meu sangue e o de Midori. Outro demônio, dessa vez de olhos pretos segurava-o pelos braços, a parte superior das roupas do bruxo estavam rasgadas; o outro de olhos faiscantes colocou a palma da mão sobre a pele de Orochimaru, marcas pretas preencheram todo o seu corpo pálido e esguio. Com o pincel ele criou um selo menor e dentro desse estavam espalhados a palavra summa, que em latim significavam consumado. As marcas maiores retrocederam, Orochimaru gritou novamente e em uma última promessa de que se vingaria, os demônios abriram uma passagem e cordas que queimavam como fogo enrolaram-se ao redor do corpo do bruxo e o tragaram para um buraco.

***

Ainda não é hora de retornar...Preciso de um novo plano.

***

— Você traiu a família, o seu reino. –Dissera ele num tom de voz grave. – Como Rei, te dou o direito de purificar a linhagem da sua família que se seguiria a partir de você. Seu sangue impuro preenchera o solo do meu reino, que a luz o toque... Que exista luz através de sua morte. – A espada cortara a garganta de Sakura que passou a jorrar sangue. – Queimem. – Ele se afastou e como em câmera lenta, Sakura focou Sasuke gritando por ela atordoado, enquanto passava por entre os soldados. O fogo a atingiu, a dor penetrava seus ossos, rasgava-lhe a alma, destroçava seus músculos e ela só conseguia manter os olhos no Uchiha que continuava gritando seu nome, enquanto era segurado por Naruto e por Itachi.

Sentia a pele descolando de seu corpo, a visão estava escurecendo.

Ela ouviu os encantamentos que Midori estava usando, embora não pudesse entende-los. Sasuke caiu arfando no chão, sangue escorria por sua boca e Mikoto gritou algo que ela não entendeu.

A escuridão estava acolhendo Sakura, a morte viera buscá-la em trajes vermelhos sangue... Vermelhos como o seu sangue. O coração parava de bater aos poucos, os berros que ela não sabia que estava produzindo foram cessando... Resignada, Sakura acolheu a morte.

***

— Veneno. – Sasuke concluiu puxando a manga da própria camisa e amarrando uma parte do tecido no braço de Sakura. – Sakura? Mantenha-se acordada. – Ordenou ao ver que os olhos da Haruno estavam fechando-se novamente.

Sasuke notou que os batimentos cardíacos dela estavam diminuindo. Os lábios estavam manchados por sangue, mas ele já percebia o leve arroxeado que estava surgindo. Eram os vestígios de morte.

— Sakura, fique acordada! – Ele disse alto, deitando-a sobre as folhas, Sasuke passou a tentar estancar o ferimento. – Sakura! – Ela não o respondia. A respiração de Sakura estava descompassada.

Em um ato impensado, Sasuke a mordeu. O veneno do Uchiha fez com que a vampira arfasse ainda mais, as unhas dela cravaram na terra.

— Pare Sasuke, não. – Ela murmurou ao ver que ele havia aberto um corte em seu próprio pulso. O sangue escarlate escorria pela pele branca com certa dificuldade. – Não...

— Você não pode morrer. – Sasuke disse seriamente, apertando o pulso para que o sangue escorresse rápido. – Não posso te perder, Sakura. Não ainda. – Disse pressionando o pulso contra os lábios da Haruno. Ela resistiu, mas ao sentir os caninos de Sasuke rasgando a pele de seu pescoço, Sakura o mordeu, sugando o sangue do pulso do Uchiha, agarrando-se a ideia de que sua vida dependia daquilo.

O veneno da Haruno passou a percorrer as veias de Sasuke, assim como o dele, nas dela.

Daquele dia em diante, eles estavam unidos pela eternidade.

As últimas memórias passaram tão rápido que mal pude processá-las. Os fragmentos de minha última vida, os acordos que fiz, o momento em Orochimaru me despertou e a confissão egocêntrica de Karin me saltavam aos olhos e me faziam arfar. Meu coração estava prestes a sair do meu peito.

Fugaku retirou as mãos de meu rosto e afastou-se cambaleante. Em meus lábios havia um gosto salgado, eu estava chorando embora não houvesse um por que explicito. O Uchiha mais velho me encarou cheio de surpresa, ele tinha visto e sentido tudo como eu tinha feito, mais uma vez.

— Sakura! – Sasuke bradou e eu não consegui encará-lo. Meus olhos estavam fixos em Fugaku e minha respiração era ofegante, eu continuava chorando silenciosamente. – Segure-se em mim! – Eu estava sendo amparada por Sasuke e Naruto, não sabia se conseguiria me sustentar sozinha.

— Está tudo bem? –Naruto deu um pequeno apertão em meu braço, chamando minha atenção para seus olhos azuis. – Você parece a ponto de desmaiar. – Brincou ele. Maldito, não era hora para brincadeiras e ainda assim, ele conseguiu fazer com que eu saísse de meu transe e desse um riso fraco.

— Vou te levar para o quarto. – Sasuke anunciou e eu virei meu rosto para observá-lo. Suas feições eram preocupadas, embora ele estivesse aliviado ao ver que eu finalmente começava a reagir. – Espero que tenha visto a verdade. – Os olhos dele atacavam Fugaku duramente. O Rei havia se recomposto, embora não tivesse pronunciado uma única palavra.

— Eu não vou desmaiar. – Afirmei passando minha língua pelo meu lábio inferior. – Não ria, Naruto! – Ralhei ao ver que o Uzumaki estava gargalhando, não consegui conter meu riso, mas mantive a expressão rabugenta. – Me soltem, eu estou bem. – Anunciei mantendo meu orgulho. Naruto afastou-se de mim erguendo as mãos em desistência e Sasuke continuou a me amparar com um olhar desconfiado. – Está esperando o que, Sasuke? – Questionei arqueando as sobrancelhas. – Eu estou bem.

— Não parece estar bem. – Sasuke discordou analisando-me com cuidado. – Vai cair se eu te soltar.

— Me solte agora e você verá – Exigi em um tom repleto de desafio. – Está vendo? Perfeitamente bem! – Ergui minhas mãos e me virei para encará-lo frente a frente. Eu estava bem, até o momento em que decidi me mover.

Minhas pernas transformaram-se em gelatina e minha visão escureceu. A coisa que me lembro foi de Sasuke me amparando antes que eu caísse no chão, enquanto murmurava um “Irritante”.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
Não deixem uma autora morrer, digam suas opiniões hahaha
Até a próxima, beijão ♥