Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 4
Capitulo 3 - Sonho


Notas iniciais do capítulo

Olaaaar!
Capítulo reescrito em 29/01/2021.
Boa leitura!



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Sonho

 

O primeiro dia no colégio Senju tornava-se cada vez mais estranho. Em meu antigo colégio, nós aprendíamos sobre o corpo humano, a natureza e as partes essenciais do DNA.

Eu nunca fui muito boa em biologia, de qualquer maneira.

Minhas matérias favoritas eram aquelas em que eu podia faltar o quanto que fosse e ainda assim conseguia tirar uma nota que atendia a média estabelecida pela diretora. Eu sempre fui muito boa em improvisar.

Escutar o professor Kakashi falando sobre o sistema nervoso de um Lobisomem tinha me acendido uma porção de dúvidas. E anotar tudo o que ele dizia tinha sido natural.

Copiei todos os desenhos e sinalizei com setas as partes em que o professor ressaltava durante as explicações. Uma parte minha sabia que era importante saber quais eram as partes venenosas de um lobisomem caso eu fosse atacada, mesmo que eu nunca tenha tido contato com nenhum (E esperava que isso se mantivesse dessa maneira). Evitar garras e dentes me parecia obvio.

— Um humano ou um bruxo, podem se transformar em lobisomens pela mordida, mas serão sempre mestiços. – Kakashi dizia desenhando uma mandíbula na lousa. Desisti de copiar os seus desenhos nesse instante. – Mas somente lobos puros podem transformá-los. – Ele explicou ao ouvir a dúvida de uma garota que sentava a frente da sala. – Mesmo com o passar dos anos, apenas os Lycans são capazes de controlar a alcateia e manter a paz entre os predadores de sua própria espécie.

— Por quê?

— Porque quando um lobisomem ataca, ele não para. – Kakashi respondeu com tranquilidade. – Mesmo que ele possua a intenção de transformar o ser em um companheiro, o lobisomem impuro não possui a força de vontade para não retalhar os músculos do alvo. – Fez uma pausa e vi vários alunos copiando o que ele havia dito. – Os Lycans são os racionais, se você tiver contato com o sangue de um Lycan, adquire as capacidades dele.

O professor Hatake gostava de ser questionado. Ele parecia alguém que tinha vivido por muitos anos e que tinha muitos detalhes para contar acerca do que lecionava. O cabelo prateado dele estava bagunçado e ele tinha uma cicatriz em seu olho esquerdo que apenas contribuía para sua áurea misteriosa.

Olhei para a mesa ao meu lado e tentei ver o que a garota estava anotando. Ela tinha ocupado o lugar contando com a ausência de Sasuke e eu não me importei, pois sabia que ele não retornaria.

— Me chamo Tenten Mitsashi. – A garota notou que eu a observava e me constrangeu ao me fitar com seus olhos castanhos. – Qual o seu nome?

— Sakura Haruno. – Respondi desviando os olhos para o professor que se despedia da turma. – Eu não estava encarando os seus desenhos. – Resmunguei e ela riu baixo não acreditando em nenhuma palavra que eu havia dito.

— Tenho certeza de que não. – Tenten parecia bem humorada mesmo diante da minha expressão embaraçada. – E então, é seu primeiro dia aqui? Espero que possamos ser amigas, Sakura.

X-X-X

Tenten era tão falante quanto Ino e as duas se deram muito bem logo de imediato. Eu e Gaara, no entanto, escutávamos a conversa e apenas falávamos quando nossa opinião era requisitada.

Nós caminhamos juntos pelos corredores até que Ino e Gaara se despediram antes de seguir na direção a dos nossos dormitórios.

Subimos dois lances de escadas e paramos em frente à uma porta de mogno escuro semelhante à que eu tinha em meu próprio dormitório. Tenten indicou que aquele era o seu quarto.

— Pode vir dormir aqui qualquer dia. – Tenten apontou para a porta e sorriu com constrangimento. – Não tenho nenhum companheiro de quarto e eu não tenho uma amiga humana há muito tempo. O período noturno é...Solitário pra nós.

— O que quer dizer com isso?

— Os humanos que não possuem pactos. – Tenten sorriu tristemente. – Nós não sabemos porque estamos aqui, nem porque nossa presença é tão requisitada, mas...É solitário até que essa situação mude.

— Eu não posso fingir que entendo a dinâmica desse lugar. – Confessei. – Temos humanos e...

— Seres sobrenaturais. – Tenten acrescentou apoiando-se contra a porta de seu quarto. – O colégio Senju é um dos melhores do país. A diretora Tsunade tem tantos prêmios em sua parede quanto é possível ter. – Ela explicou com paciência. – Durante o dia, estão os alunos humanos que são convidados a vir até aqui para ter um bom preparo para a faculdade. Eles são terminantemente proibidos de andar pelo território do colégio durante a noite.

A confusão em meus olhos foi o suficiente para que Tenten continuasse sua explicação.

— Esses alunos estão aqui porque são potenciais pactos. – Ela continuou fazendo esforço para lembrar dos detalhes. – Alguns tem sorte e nunca são transferidos para o período da noite e outros, são como eu. Há alguma parte mágica ou...Destino, chame como quiser, que atrai a atenção da diretora e por isso, passamos a mergulhar no universo místico saído direto dos livros de terror.

— Sasuke me disse que esse é um lugar seguro. – Murmurei me recordando das palavras do Uchiha. – Trazer humanos pra cá é tão...

— É a alternativa mais segura. – Tenten me interrompeu com seriedade. – Há uma barreira de proteção nesse lugar e Tsunade garante que nós não seremos mortos por possíveis complicações.

— O que quer dizer com isso?

— Imagine descobrir sobre quem é a “alma gêmea” de seu inimigo. – O sorriso da Mitsashi foi macabro e me lembrou do que havia acontecido comigo. – Matar alguém que não sabe de nada é fácil demais.

— Você está me assustando, Tenten.

— Me desculpe. – Ela riu e abriu a porta de seu quarto. – Nunca precisei explicar sobre isso a ninguém.

— Trate de não assustar as próximas pessoas.

Sorri pra Tenten e ela retribuiu como uma velha amiga. Nós nos despedimos pouco tempo depois, mas com a promessa de que nos encontraríamos na manhã seguinte para tomar café.

Eu havia realmente gostado de Tenten. Seria até bom conviver com outros humanos que fazem parte dessa mesma loucura.

Quando me aproximei da porta que dava acesso ao meu quarto, escutei a voz de Karin. Ela parecia irritada e bradava em direção ao Sasuke que estava sentado em sua cadeira próxima da escrivaninha com o semblante impassível.

A porta aberta me dava uma vista privilegiada do que acontecia lá dentro.

— Por que não? – Karin questionou aproximando-se dele. – Por que tudo mudou com a chegada dela?

— Nada mudou, Karin. – Sasuke respondeu com firmeza. Ele parecia cansado. – Por que está trazendo essa discussão a tona?

— Porque sabe o que aconteceu da última vez. – Karin rosnou a resposta antes de aproveitar a oportunidade para sentar-se no colo de Sasuke. Por sorte, nenhum deles foi capaz de ver meus olhos arregalados, nem de notar a raiva que senti ao assistir aquela cena. – Então me morda se for verdade. Continue bebendo do meu sangue, Sasuke. – Ela o segurou pelo rosto para que ele a encarasse. – Prove que sou mais importante do que aquela garota.

Eu quis que o pacto causasse tanta dor em Sasuke como causava em mim. Nossa ligação tornava-se cada vez mais enfraquecida.

Os olhos de Sasuke tornaram-se vermelhos quando Karin aproximou-se dele, disposta a ceder seu sangue para ele em troca de uma atenção que eu jamais seria capaz de oferecer para Sasuke.

Ele a mordeu e ela gemeu em satisfação, me fazendo recuar um passo com os olhos arregalados.

Eu quis justificar o peso em meu coração como resultado da raiva que eu nutria por Sasuke. E ele, sentindo o mesmo que eu, ergueu o rosto com o susto de meus sentimentos.

— Sakura. – Ele disse com os lábios repletos de sangue. – Sakura. – Sasuke fez menção de afastar Karin, mas ela o segurou entre seus braços e olhou na minha direção como se eu fosse apenas uma garota insolente em seu caminho.

— Eu... É... – As drogas das palavras haviam sumido e eu não tinha forças para sair do quarto. Não depois de ter procurado por tanto tempo. – Sasuke, eu...Vou para o banheiro.

— Sakura? – Sasuke tirou Karin de seu colo e levantou-se me analisando com cautela. – O que vai fazer? – perguntou enquanto eu rumava em direção ao banheiro.

Tranquei a porta e olhei meu próprio reflexo no espelho. Eu não parecia assustada como achava, mas furiosa como nunca antes.

— Não acredito que você trouxe mesmo a sua humana pra cá! – ouvi Karin gritando e franzi o cenho, tentando fazer como sempre fazia, ignorar aquele tipo de situação. – Ela só veio para atrapalhar, Sasuke! Não consigo entender porque fez isso, estávamos muito bem.

— Não existe nós, Karin. – Sasuke rebateu irritadiço. – Basta.

— Ela é um maldito parasita! – Karin bradou e o barulho alto que se seguiu não foi capaz de refreá-la. – Você devia ter vergonha de ter feito o que fez. Vergonha de tê-la trazido até aqui! Sabe o que aconteceu, Sasuke! Não seja ingênuo de pensar que isso não terá consequências.

— Está me ameaçando, Karin?

— Pense o que quiser sobre isso. – A mulher de cabelos ruivos gritou antes de bater, o que eu supus, ser a porta de entrada do quarto.

Encarei a porta do banheiro desejando ter algum tipo de poder especial. Eu queria ver a cara de Sasuke naquele momento, embora tivesse certeza de que ele estava com sua típica expressão ilegível.

— Sei que você ouviu tudo, pode sair, Sakura.

Respirei fundo e saí do banheiro evitando olhar para Sasuke. Eu sabia que ele me observava, esperando qualquer comentário sobre o que eu tinha presenciado.

— Eu não quero saber sobre o que aconteceu aqui. – Avisei com a voz mais neutra que consegui. – Só mantenha tudo isso longe de mim.

Sasuke desviou os olhos, mas continuou em silencio pelo restante da noite como uma estátua de mármore esculpida sobre a cama.

A luz do seu abajur continuou acesa mesmo quando me deitei e ele ainda não havia se movido quando adormeci.

O auditório vazio logo foi iluminado por holofotes que acendiam conforme as cortinas do palco eram abertas. Em minha frente, estavam Sasuke e Karin, envolvidos sobre uma cama com lençóis de cetim preto que cobriam apenas partes estratégicas de seus corpos.

Karin não parecia notar minha presença, ela estava interessada em beijar cada parte do corpo de Sasuke como uma obrigação, o cabelo ruivo grudava em seu pescoço com o suor.

O Uchiha, por sua vez, tinha seus lábios sujos de sangue e seus olhos carmesins estavam atentos em mim. Ele sorriu no momento em que eu senti uma dor pontiaguda em minha barriga.

Os meus músculos se retesaram e senti um aperto em meu peito, meus olhos baixaram lentamente para o baixo. O vestido branco que eu usava, agora estava manchado de vermelho.

Meu olhar voltou para Sasuke, que parecia me dizer algo, mas não havia som algum... Eu não conseguia entender o que ele dizia, baixei o olhar e minhas mãos estavam repletas de sangue...

Sasuke era o culpado.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?