Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 37
Capítulo 36 - Pandemônio


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 15/07/2021.
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Pandemônio

 

 

Pontos brilhantes podiam ser vistos de longe por toda a extensão do castelo feito de pedras brancas. Galhos finos enroscavam-se em torno das torres e dos muros, mas estes eram esbranquiçados e onde deviam existir botões de flores estavam pedras azuladas. O vilarejo era vibrante, a vegetação parecia ter vida própria, as flores tinham cores fortes, cores vivas.

As fadas iam de um lado ao outro, corriam em volta de fogueiras e dançavam, os cabelos das mulheres esvoaçavam e os dedos longos e pálidos entrelaçavam-se nos dos homens, que pareciam um tanto relutantes a participar da dança. Crianças riam, os estavam sujos e as mãos pegajosas por conta das frutas que eles faziam questão de pegar das árvores mais altas.

A festa fazia parte de um ritual que acontecia há quase mil anos. O povo reverenciava a natureza, toda primeira lua nova. Todas as fadas eram requisitadas a participar, a agradecer todo o conhecimento que era lhes atribuído por todos aqueles anos. Konan jogou um cacho de uvas na fogueira e observou o fogo pensativamente. O cabelo lilás estava solto, ondulado nas pontas recém-aparadas; o vestido branco era transparente no abdômen, os pés estavam descalços. Ao seu lado esquerdo estava Yahiko, que observava a festa com um sorriso satisfeito nos lábios; sorriso esse que não fazia com que seu rosto cheio de piercings tornasse-se menos ameaçador. Do lado direito de Konan, estava Nagato, irmão de Yahiko. Nagato era esguio, o cabelo avermelhado ia até a altura do pescoço, o lado direito cobria-lhe o olho.

— No que está pensando, Konan? - Questionou Nagato. O tom de voz dele era baixo, não como um murmúrio, mas porque Nagato costumava conversar daquela forma.

— Não acha que estamos silenciosos demais? - Replicou Konan com os olhos fixos na fogueira.

— Silenciosos? - Yahiko perguntou com um riso bem humorado. - Estamos fazendo uma verdadeira festa.

— Você não entenderia, Yahiko. - Nagato disse e o irmão fez uma expressão confusa. - Hoje é o dia em que estamos desprotegidos, nossos guardas estão aqui. Todos eles.

— E por isso que essa cerimônia é secreta. - Yahiko continuou tentando entender a linha de raciocínio do irmão. - Não podemos obrigar os nossos irmãos a não fazerem parte do ritual. Todos nós devemos estar aqui, isso tem sido feito há anos.

— De qualquer forma, não estou me sentindo confortável. - Konan estreitou os olhos; apertou as mãos em um gesto nervoso. - Bem, tomara que seja somente uma suposição e uma coincidência que você ache o mesmo que eu, Nagato.

— Não fomos ensinados para acreditarmos em coincidência. - Nagato disse seriamente e Konan concordou com um breve aceno de cabeça.

A comemoração prosseguiu normalmente. Mais oferendas foram feitas, as fadas continuavam a dançar e as crianças haviam desistido de pegar frutas e juntaram-se a eles. A própria Konan estava dançando, com Yahiko que a puxou para perto da fogueira ao ver que ela continuava preocupada. Eles rodopiaram e algumas risadas escaparam dos lábios da rainha, que aos poucos, foi esquecendo-se do silêncio assombroso da natureza.

Os olhos de todos voltaram-se para o castelo. As pedras brancas haviam adquirido a coloração avermelhada; um alarme alto de perfurar os tímpanos fez-se presente, a fumaça começava a surgir dos fundos do castelo, mais especificamente da biblioteca.

Bolas de fogo partiam do céu na direção deles, atingiam as árvores e consumiam tudo rapidamente. Crianças começaram a chorar, os gritos ocuparam o ambiente, o caos começara a predominar todos.

Pânico.

Medo.

Desespero.

Pandemônio.

As rochas em chamas continuaram a atingir aqueles que não tinham tempo para fugir ou abrigar-se. O fogo rodeava-os por todos os lados, Konan gritou em desespero ao ver uma criança quase ser atingida, um dos soldados a puxara de última hora.

— Saiam daqui! - Yahiko gritou enquanto os soldados organizavam-se da melhor forma possível. - Estamos sendo atacados! Vão para os refúgios, agora! - Konan sentiu alguém puxar seu braço, mas ela se desvencilhou com um solavanco. Esbarraram nela, levaram-na para o chão e ela protegeu o rosto com os braços. Logo, Nagato estava a puxando do meio da multidão para um círculo de soldados.

— Estou bem, estou bem. - Gritou ela irritada ao ser questionada repetidas vezes. - Vão para o castelo, estão saqueando a biblioteca! - Sentiu um aperto em seu peito e fora amparada por Nagato.

Yahiko guiou os soldados na direção indicada e enquanto isso Nagato tentou leva-la para um refúgio.

— Não, NÃO! - Debateu-se a rainha tentando ir para o castelo. - EU PRECISO PROTEGER A BIBLIOTECA! - Vociferou correndo na direção do castelo, assim como Yahiko havia feito. Nagato a gritou e começou a segui-la, pedindo para que ela voltasse.

Konan correu sentindo que sua vida dependia daquilo. Desviou o máximo que podia das fadas que corriam na direção oposta da dela, pelo canto dos olhos, percebeu que algumas sangravam e tinham ferimentos graves. Entrou no salão principal, os cristais, os vasos de flores, tudo havia sido quebrado e revirado. Segurando a barra do vestido, a rainha subiu as escadas e virou no corredor à direita, esquerda e direita novamente. A passagem que dava acesso para a biblioteca estava aberta.

— CUIDADO!

Protegendo-se como podia, Konan sentiu o sangue escorrer por um dos braços. Rolou para o lado enquanto um dos invasores investia contra ela novamente. Ela chutou-lhe as pernas, lembrando vagamente do treinamento que Yahiko havia lhe dado. Bateu com a cabeça na parede e abaixou-se a tempo antes que fosse decepada.

Viu quando o homem preparou-se para mais um golpe. Não teria como desviar dessa vez. O golpe iria partir sua cabeça ao meio.

Quando pensou que não haveria mais jeito, o homem fora atirado pela janela. Konan colocou a mão sobre a boca e com os olhos marejados viu Nagato com a mão estendida, exatamente na direção em que o invasor estivera antes.

— Esqueci que você controlava magia tão bem. - Murmurou ela tentando forçar o riso.

— Você deveria treinar mais. - Nagato disse estendendo a mão para ela.

— Nagato, atrás de você! - Konan gritou e o companheiro viu que dez invasores corriam na direção deles. Nagato a soltou e passou a lançar os invasores uns contra os outros e pelas janelas. - Eu fiquei nervosa. - Admitiu a rainha que com um movimento rápido de dedos quebrou o pescoço de um homem que estava prestes a atacar Nagato pelas costas.

Correram para a biblioteca no instante em que uma parte da mesma explodiu. Konan tentou, mais uma vez, proteger-se com os braços, mas fora lançada contra uma das prateleiras. Os livros despencaram sobre ela, inclusive a estante, se Nagato não a ajudasse. Ela viu os próprios guerreiros lutando contra os invasores, que pareciam estar em número bem menor, mas que ainda assim estavam dando trabalho. Yahiko cortara a cabeça de um, mas fora atingido no braço por outro.

— Orochimaru! - Gritou Konan ao ver o feiticeiro parado sobre uma pilha de livros. A confusão ao redor parecia não incomoda-lo. - O que quer?

— Ah, você está aqui, Konan. - Orochimaru disse jogando o livro displicentemente sobre uma pilha de outros que estavam queimando. - Sendo a dona do lugar, creio que poderá me ajudar a encontrar o que eu quero. - Acrescentou em um sibilo.

— Não temos nada para você.

— Você não vai se importar se eu destruir tudo o que existe por aqui, não é? - Orochimaru questionou num tom falsamente cortês. - Tenho certeza de que os meus soldados não estão cansados. Há muita magia garantindo que eles continuem a lutar mesmo que seus corpos estejam dilacerados.

— Não temos nada para você. - Repetiu Konan. O lábio dela estava inchado e hematomas estavam surgindo em seu rosto. - Vá embora, maldito.

— Resposta errada. - Orochimaru disse e com um gesto rápido, lançou Nagato contra uma das estantes e puxou Konan na direção dele. Suspensa no ar, a fada sentia que algo invisível apertava-lhe a garganta conforme os espaços entre os dedos de Orochimaru estreitavam-se. - Sabe, eu tenho tido um péssimo dia. - O corpo de Konan foi de encontro a uma parede e ela gritou. - Suspeitas de traições, um exército que está me dando dor de cabeça, uma conquista que está sendo adiada pela falta de um maldito livro. - A cada palavra o corpo dela era lançado contra alguma coisa. O tom de voz do feiticeiro estava indo de bem humorado para irritado. - Então, sua fada medíocre, faça-me o favor de me entregar o livro de magia negra que vocês estão escondendo! - Jogou-a longe e a fada cuspiu sangue quando caiu no chão. Tentou levantar-se, mas sentiu uma dor lasciva em sua perna esquerda. - Quero o livro das Almas Condenadas. E não estou disposto a esperar mais por isso. - O teto começou a despencar e Konan sentiu seu corpo sendo puxado para frente novamente. Ela gritou, as costelas estavam doendo e algo estava apertando seu coração. - Onde está?

Konan gemeu de dor e cuspiu sangue, o rosto belo estava inchado e parecia deformado.

— Está... Dentro... Dentro... Dentro de um alçapão. - Murmurou ela com dificuldade. Nagato ainda estava desacordado e Yahiko não conseguia alcança-la de maneira alguma. - Em baixo da estante norte. – Konan sussurrou as últimas palavras, sua voz desaparecendo a cada silaba, porém o sorriso no rosto de Orochimaru cresceu. Para ele, era o suficiente. - Vá embora do meu reino.

Pelo canto dos olhos ela viu a prateleira norte despencar, os livros voaram em todas as direções e o alçapão fora aberto, a barreira fora rompida sem problema algum e um brilho esverdeado cegou-os por um momento. Konan fora atirada com descaso para longe e antes que ela ultrapassasse uma janela, Yahiko a segurou e os dois bateram contra uma parede.

Orochimaru havia desaparecido e com ele, o seu exército.

— Mande... Mensagem... Uchihas. - Disse a rainha com dificuldade. - Diga que... Que Orochimaru levou um livro muito poderoso de magia negra. Diga... Diga a eles... Que... Que nós aceitaremos a aliança em... em troca de proteção, Yahiko, diga... a Sasuke.

X-X-X

Sakura virou-se no mesmo instante em que Sasuke proferiu as palavras finais. Com um último olhar sobre o ombro esquerdo, ela seguiu na direção oposta à da multidão.

Sasuke aceitou o gesto como um convite e não precisou pensar muito para saber onde ela iria.

Despediu-se do povo rapidamente, voltando-se para dentro do castelo em passos ágeis. Fugaku e Mikoto, embora tivessem notado a saída súbita do filho mais novo, não poderiam segui-lo.

— Onde você vai? - Sasuke entregou o manto para uma serva, que com uma reverência retirou-se deixando os dois sozinhos. - Não achei que você tivesse pavor do público, Sasuke. - Itachi cruzou os braços e manteve os olhos no irmão.

— Preciso ir à um lugar. - Sasuke respondeu rapidamente. Olhou para a porta e Itachi teve a impressão de que ele estava esperando por algo. - Depois conversamos.

— Não vá fazer nada que eu não faria.

Sasuke esboçou um sorriso, o que confundiu mais ainda o irmão mais velho. Itachi descruzou os braços e franziu o cenho, aproximou-se de Sasuke e colocou dois dedos na testa do mesmo. O sorriso (ou quase um) de Sasuke continuou ali, embora ele houvesse afastado os dedos do irmão em um gesto um pouco menos que brusco.

— O que está acontecendo? - Questionou Itachi curioso. - Você nunca sorri. Até parece... Esperançoso.

— Conversamos depois, Itachi. - Sasuke replicou antes de se afastar do irmão.

Sasuke não saiu do castelo logo de inicio. Seguiu por um corredor iluminado, com janelas que tomavam praticamente toda a parede direita, as cortinas vermelhas haviam sido puxadas e eram presas com cordinhas douradas. A parede esquerda possuía quadros com os ancestrais Uchiha e os vasos com rosas vermelhas estavam meticulosamente organizadas, as paredes eram brancas com detalhes em ouro.

O quarto de Sasuke era muito semelhante ao quarto que possuía no colégio de Tsunade. Duas portas brancas e entre elas, uma dava acesso à um closet e a outra, ao banheiro privativo. A cama de casal com lençóis e fronhas de cetim preto, não havia dossel. Sasuke havia o arrancado quando teve a chance e nenhum dos empregados ousou recoloca-lo novamente.

Dirigiu-se para a janela que dava acesso aos fundos do castelo. Não havia ninguém por ali, como o esperado. O quarto ficava em uma das torres mais altas, mas isso não impediu que o Uchiha pulasse e que alcançasse o chão tão graciosamente quanto um felino.

— Senhor? – Um dos guardas vinha na direção dele com uma expressão confusa. – Algum problema? – Sasuke estreitou os olhos. Sakura havia passado por um de seus homens e ele ainda lhe perguntava qual era o problema?

— Saia daqui – Ordenou e o vampiro aquiesceu rapidamente. – Diga a Itachi para reforçar a segurança desse lugar. – Virou-se e seguiu para a floresta.

O cheiro de Sakura por ali ainda era fresco. Um aroma incomum, adocicado, mas não enjoativo. Sasuke seguiu o cheiro que ficava cada vez mais forte, conforme ele se aproximava da floresta; embrenhou-se entre as árvores e sentiu-se nostálgico ao constatar que estava certo do destino da Haruno. Ela estava o levando para onde haviam selado o pacto tantos anos antes.

Ao alcançar o local exato, ele a avistou. Sentada sobre uma pedra, estava Sakura. Os fios do cabelo balançavam conforme a brisa, que não era muita e ele pode ver alguns deles grudados na lateral e nuca dela. A Haruno havia tirado a capa e a deixou sobre os joelhos.

— Nostálgico, não é? — Ela Murmurou pouco antes de abrir os olhos. — Tenho a impressão de que fazem horas que nós estivemos aqui pela última vez.

— Sakura...

— Não devíamos conversar — Ela olhou para Sasuke com seriedade, mas não fez menção de se afastar quando ele se aproximou.— Sinto sua falta, Sasuke — Os olhos dela abandonaram o carmesim e tornaram-se esmeraldinos.

— O que aconteceu com você? — Apesar da vontade latente de tê-la em seus braços, Sasuke se manteve cauteloso. A última vez em que vira Sakura ela não era completamente confiável.

— Por que não se senta aqui? - Sakura deu palmadinhas na pedra ao seu lado. - Há muita coisa para ser dita e pouco tempo. E como sempre, nós não temos tempo.

Sasuke se sentou ao lado dela e a observou em silêncio. O cheiro de Sakura era ainda mais forte quando estavam perto, assim como as emoções que os entrelaçavam através do pacto.

Depois de dias ele finalmente era capaz de senti-la. E era um alívio constatar isso.

— Desde muitos anos atrás Orochimaru está atrás do meu corpo — A Haruno contou desviando os olhos por um momento. — Mais especificamente das lembranças que estão gravadas na minha alma — Ela olhou para Sasuke novamente esperando ver algo em sua expressão que a impedisse de continuar. — Quando Midori lacrou os poderes dele, um dos ingredientes foi o meu sangue.

O maxilar de Sasuke ficara tenso, mas ele nada disse. A mão direita havia fechado em um punho e a sensação de traição que o atingiu tantos dias antes havia retornado.

E Sakura por poder senti-lo, entrelaçou sua mão a dele da maneira que pôde. Ela sabia que algo do tipo aconteceria.

— Todas as vezes em que eu desperto a minha consciência, Orochimaru vem me buscar.

— Nunca soube disso...

— Eu nunca tive coragem para contar — Sakura confessou e sorriu de uma maneira melancólica. — Nos não precisávamos de uma guerra em um momento inoportuno.

— Sakura...

Havia raiva naquela única palavra que foi silenciada após um pedido silencioso da Haruno. No entanto, era impossível lidar com as emoções de Sasuke sem perder o controle das suas.

— Não se irrite ao descobrir o que vou dizer agora.

— Estou irritado o suficiente por dois milênios, Sakura.

Era inapropriado, mas a Haruno permitiu-se rir baixo antes de contar detalhes da história que Sasuke desconhecia.

Desde as perseguições em outras reencarnações, aos segredos que ela escondera do Uchiha por tantos anos. Nem mesmo dizer que havia premeditado uma de suas mortes na tentativa de atrasar o plano de Orochimaru afetara Sasuke como descobrir que Sasori tinha conhecimento de uma parte daquele segredo.

O sentimento de traição e o remorso o fizeram se afastar dela bruscamente.

Os olhos escuros de Sasuke atacavam Sakura enquanto ele andava de um lado ao outro na pequena campina como alguém que estava desnorteado.

— Como pôde esconder isso de mim? — Sasuke rosnou as palavras para ela. — Todos esses malditos anos, Sakura! Estive me culpando por não poder protegê-la!

— Eu sinto muito.

— Suas desculpas não são o suficiente — Sasuke retrucou com hostilidade. — Tem ideia do buraco que senti em meu peito quando perdi você? Todas aquelas malditas vezes... — O Uchiha prendeu a respiração e se afastou alguns passos quando Sakura se levantou.

— Sasuke, você não teria deixado...

— Em que mundo você acha que nós estamos? — Sasuke questionou com revolta. Ele sentia toda aquela frustração correndo por suas veias como gasolina. E Sakura o queimava sem piedade alguma. — É claro que não permitiria, Sakura! Morrer para adiar os planos do Orochimaru? Eu o teria matado com as minhas próprias mãos para mantê-la viva!

— Não é tão fácil matá-lo assim...

— Pro inferno, Sakura! — O Uchiha bradou antes de enfiar as mãos nos próprios cabelos. Os olhos dele estavam marejados e uma parte dele queria ir para longe da mulher que ele ansiava a dias por encontrar. — Você confiou em Sasori Akasuna, mas não em mim — Sasuke havia cuspido aquelas palavras na direção dela. Eram como ácido. — Todos esses anos... Você me tratou como um bastardo...

— Não fale assim — A Haruno retrucou e fez menção de se aproximar de Sasuke mais uma vez. — Eu me lembro de todas as nossas conversas, Sasuke. E sei o quanto você me amou em cada uma das minhas vidas. — Ela deu um novo passo na direção dele e o fato de que ele não a repeliu era um bom sinal. — Eu não podia colocar você em perigo, da mesma forma que você sempre me protegeu.

— Eu não entendo...

— Não há o que entender, meu amor — Sakura tocou-lhe o ombro com a ponta dos dedos. Ela sentia os próprios olhos marejados, mas reprimiu as lágrimas a todo custo. — Sei que você teria me ajudado, mas foram as decisões que nos trouxeram até aqui.

— Nós teríamos vivido bem sem toda essa merda — O Uchiha retrucou aceitando o toque de Sakura em seu rosto. — Me senti no inferno todos esses anos, Sakura.

— Eu sei — Ela o envolveu em um abraço e sorriu minimamente ao sentir que Sasuke havia repousado o nariz na curvatura de seu pescoço. — Estive no inferno também.

Permaneceram abraçados e em silêncio por longos minutos. As mãos de Sasuke acariciavam a cintura de Sakura, enquanto o nariz dele inalava o cheiro dela lentamente, causando cócegas na vampira que apenas contava as batidas do coração dele.

— Me perdoa — Ela murmurou.

Sasuke afastou o rosto do pescoço de Sakura e com o polegar direito traçou os contornos do rosto dela demoradamente. Não havia nada de diferente no rosto dela, mas a aparente consciência tinha transformado os olhos esmeraldinos em algo intenso.

A sensação era de que todas as mulheres que ele havia conhecido como Sakura estavam presas dentro daqueles olhos.

Ele encostou a ponta do nariz sobre o dela e após isso depositou um beijo demorado na bochecha direita, em seguida a esquerda e após isso o canto dos lábios demoradamente. Ambos estavam ansiando por aquele toque.

O beijo que começou lentamente transformou-se em algo intenso, profundo, quente. As mãos de Sasuke pressionavam os quadris de Sakura, impulsionando o corpo dela em direção ao seu, de maneira que ela entrelaçasse suas pernas em torno dele.

Ela conseguia senti-lo, principalmente quando Sasuke a pressionou contra uma das árvores. A mão dele trilhava um caminho curioso pela pele de Sakura, subindo através da camisa que ela trajava até alcançar um dos seios com desejo. Ele o apertou, recebendo um gemido baixo em resposta.

Sasuke deixou os lábios de Sakura por um instante, distribuindo beijos por todo o pescoço desnudo da Haruno enquanto massageava o mamilo enrijecido com os dedos lentamente.

Os caninos roçaram o pescoço dela e antes que ele pudesse dar a atenção que queria aos seios de Sakura, ela entrelaçou os dedos nos fios de cabelo dele e o puxou em direção de sua boca, para um dos melhores beijos que ela havia tido em toda a vida.

A mão esquerda de Sasuke havia passeado por entre as pernas da Haruno e sob a calça, ele fez questão de acaricia-la lentamente, provocando um arrepio satisfatório em Sakura.

O Uchiha estava pronto para intensificar o toque quando Sakura o interrompeu, cessando o beijo aos poucos até que restasse apenas a expressão confusa e muito frustrada de Sasuke.

— Não vamos transar em uma floresta.

— Nunca foi um problema — Sasuke sorriu de canto ao notar que Sakura ficara levemente constrangida.

— Preciso te falar sobre Orochimaru...

— Você sabe como estragar o clima — O Uchiha resmungou antes de deixar que Sakura se desvencilhasse dele.

— Ele está usando os lobos. - Sakura disse e ele murmurou um "Os lobos são aliados dele". - Na verdade, não. Lembra-se da Pedra da Lua?

— A Pedra que mata filhos da noite e que é venerada pelos Lycans. - Sasuke comentou com o cenho franzido. - Orochimaru está usando a Pedra da Lua para manipula-los? - Sakura assentiu e o Uchiha passou uma das mãos pelo cabelo. - Aquele maldito...

— Você sabe alguma forma de obter a Pedra da Lua ou de quebrar o encantamento que ela tem sobre os lobos? - Sakura questionou ansiosa. - Orochimaru está fazendo um verdadeiro banho de sangue entre eles... Por diversão.

— Vou pedir para que Donnatela procure algo.

— Os Hyuga. - Sakura discordou e ele arqueou uma sobrancelha. - Sei que não é fã deles, mas acredito que são os únicos que podem ajudar. Peça ajuda a Tenten também, ela é próxima deles. – Pontuou. - A Alfa está do nosso lado, Sasuke.

— Cassandra? Ela sempre foi mais inflexível do que Lucian..

— Temos um objetivo em comum. - Sakura respondeu-o simplesmente. – Orochimaru quer um livro que está nas mãos das Fadas.

— Para quê? – Sasuke questionou fitando o rosto de Sakura pensativo. – Orochimaru é um feiticeiro velho, não precisa de livros. Como você sabe disso?

— Tenho meus truques — Sakura respondeu sem dar muita importância. — Não sei do que se trata, mas é magia negra, Sasuke. — Ela cruzou os braços e olhou para a floresta por alguns instantes. — Os guerreiros se escondem e apunhalam pelas costas. Os trasgos rasgam a terra sob seus pés e aqueles que atacarão sob as sombras estão onde devem estar...No escuro. — Recitou as palavras de Orochimaru com dificuldade.

— Guerreiros das sombras? — O Uchiha questionou arqueando as sobrancelhas, mas Sakura não soube responde-lo. — Conheço essa citação de algum lugar.

— Eu nunca ouvi falar — Sakura confessou com frustração. — Mas ele está tramando algo. Precisa ficar atento nisso.

— E os poderes dele? — A dúvida brilhou os olhos escuros dele com a lembrança do que havia acontecido na mansão. — Naruto foi pego de surpresa.

— Ele é forte mesmo com parte dos poderes — Sakura explicou pensativa. — Não conseguirá recupera-los... Não sem os ingredientes corretos.

— Existe alguma forma de consegui-los de volta? Mesmo que não seja permanente? – Sasuke questionou pensativo. Sakura ergueu os ombros em um gesto de “Não faço ideia”. – Vamos dar um jeito de descobrir. Vou pessoalmente até Konan amanhã.

Sakura aquiesceu e a sensação de que a conversa não havia acabado deixou o clima entre eles desconfortável por um momento. Ela conseguia sentir a advertência que estava sendo formada na mente do Uchiha.

— Fora isso, não sei de mais nada. Orochimaru está me dizendo apenas o necessário. Não posso correr o risco de ficar questionando e fazer com que ele desconfie. – Continuou a vampira resignada. – Insano. Essa é a palavra perfeita para descreve-lo.

— Orochimaru é confiante demais para achar que o feitiço falhou - Sasuke garantiu encarando Sakura seriamente. - Fique aqui. Você não precisa voltar. - Acrescentou sinceramente, os olhos estreitaram-se ao ver o sorriso triste dela.

— Não posso. - Disse em um murmúrio, acariciou a bochecha de Sasuke levemente. – Não ainda.

— Sakura...

— Prometa que não irá atrás de mim – Advertiu com seriedade. Ela manteve a mão sobre o rosto de Sasuke, mas cessou o carinho por alguns instantes. - Prometa, Sasuke.

— Isso não é necessário. - Sasuke retrucou irritado. - Já sabemos o suficiente, você não precisa mais arriscar sua vida.

— Sasuke, não ouse ir atrás de mim. - Sakura avisou apontando para ele. - Nunca vou te perdoar se fizer isso. — O olhar acusatório do Uchiha não foi o suficiente para que Sakura desistisse de seus planos.

— Por que você é tão cabeça dura? - Sasuke tinha uma expressão frustrada que combinava com sua voz. - Eu... Eu prometo. - Pareciam que facas estavam atravessando sua garganta, mas mesmo assim, mesmo contra sua vontade, ele prometeu. - Prometa-me que a qualquer sinal de perigo voltará para cá. Não importa se for uma piada mal interpretada de Karin ou que Orochimaru apenas comece a te afastar das coisas, prometa-me que irá voltar.

— Não sou estúpida para colocar minha vida em risco desse jeito. - Sakura retrucou azeda. Sasuke continuou encarando-a a espera de uma resposta. A Haruno suspirou e assentiu; fez uma careta e murmurou que prometia. Sasuke a envolveu em um abraço apertado. - Não fique preocupado comigo, entendeu? Sou a única que pode fazer isso.

Sasuke passou a língua pelo lábio inferior e manteve o olhar fixo nas pedras em que eles estavam antes. Não suportaria perde-la novamente, mas Sakura era teimosa e mesmo que ele tentasse impedi-la, ela daria um jeito de fazer o que quisesse.

— Você é teimosa. - Ralhou ele e ela riu constrangida. - Não vou impedi-la de ir. - Ela suspirou pesadamente em um gesto dramático. – Ao menos me promete que não irá me deixar de fora novamente.

Sakura fez caretas enquanto ele falava, revirou os olhos e bateu no peito dele levemente.

— Estamos bem, não é? Por que você está sendo tão dramático?

— Estamos em casa, Sakura.

X-X-X

Com o auxílio de uma lâmina, Karin cortou a palma da mão e observou o sangue escuro pingar no recipiente de vidro. Continuou espremendo o ferimento, as sobrancelhas unidas em uma expressão determinada. Ao abrir a mão, o único resquício do ferimento era uma linha rosada. Os dedos estavam sujos de sangue e ela os observou, virando-os contra a luz deixando-os o mais perto possível de seus olhos.

Pegou a lâmina novamente e realizou um novo corte. Estava encantada com seu poder de regeneração.

— Senhora. – A porta fora aberta, mas ela permaneceu com os olhos fixos nas gotas de sangue que voltavam a pingar no recipiente. – Não a encontrei. – Karin ergueu os olhos do recipiente de vidro e voltou-se para a serva que estava parada relutante na porta.

— O que disse? – Rosnou segurando o cabo da adaga firmemente. – Onde está? Onde está?

— Eu não a encontrei, senhora. – Repetiu a mulher aflita. – Nenhum de nós. A senhorita Sakura é esperta. Ela sabe que nós a estamos vigiando, tenho certeza. – Ela apertou os dedos no tecido surrado do vestido.

— Então você falhou. – Karin concluiu largando a lâmina no chão e aproximou-se da mulher com as mãos afastadas do corpo. – Se Sakura saiu da sede, eu preciso saber para onde ela foi. – Com a mão ensanguentada ela agarrou o pescoço da mulher e a ergueu. – E se você não sabe, não me serve para nada. – A mulher tentou puxar a mão de Karin de seu pescoço, debateu-se enquanto implorava por piedade.

Karin sacudia a cabeça negativamente, sentia os ossos do pescoço dela quebrando-se aos poucos em sua mão. Viu o brilho nos olhos da serva ser substituído por um tom opaco, logo ela parou de gritar por ajuda, mas seus lábios permaneceram separados, as mãos dela perderam a força e se Karin não tivesse sido interrompida, já não existiriam chances para a mulher que saiu cambaleando da sala o mais rápido que pôde.

— Estou certo de que a pobre moça não precisava disso. – Karin ergueu os olhos e fixou-os no homem escorado no batente da porta.

Suigetsu sorriu, exibindo os dentes afiados, semelhantes aos de um tubarão; o cabelo esbranquiçado estava na altura do queixo e os olhos lilases observavam a mulher morta com curiosidade.

— Você é uma idiota se achar que Sakura vai ser seguida tão facilmente por humanos, Karin.

— Quero que ela saiba que estamos de olho nela. – Karin replicou rispidamente. – Orochimaru pode confiar em seus poderes, mas ele já não é mais o mesmo desde que ela veio para cá. – Continuou indo de um lado para o outro. – Acredita que... Que minha irmãzinha é a arma perfeita. Mas eu conheço Sakura e ela seria tudo, menos aquilo que está sendo agora. Tem alguma coisa estranha, eu sei disso.

— Você está sendo paranóica – Suigetsu comentou revirando os olhos. Karin notou que uma grande espada estava presa em suas costas, a lâmina dela possuía a largura de dois palmos das mãos de Karin. – Sakura não se lembra de nada.

— Então onde ela está? – Karin vociferou voltando-se para Suigetsu. Ele não viu quando, mas ela estava com a faca em mãos novamente, apertando-a contra a palma da mão. – Sakura esta esperando o momento certo para me matar. Eu sei disso.

— E você está com medo. – Concluiu Suigetsu rindo debochadamente. O sarcasmo escorria por cada uma de suas palavras. – Mesmo depois de ter suas células reconstruídas. Você tem medo dela.

— Cale a boca! – Karin arremessou a adaga em Suigetsu que desviou por pouco. Em sua bochecha, havia um corte fino que começava a escorrer sangue. – Eu consigo me regenerar mais rápido, mas eu não sou uma guerreira. Mesmo depois de anos de treinamento, eu nunca alcançaria Sakura... Maldição.

— Sua irmã não sabe o que é lutar há séculos. – Suigetsu replicou irritado. Esfregou o corte na bochecha desajeitadamente, sujando o rosto com o sangue. – Pare de ser estúpida. Se quer resultados faça alguma coisa. Não espere por Orochimaru, aquele idiota espera por uma ascensão majestosa. Nós só precisamos assumir o controle, não importa como. – Revirou os olhos, mas um sorriso grande espalhou-se pelo rosto dele. – Aliás, tenho uma noticia de onde sua irmãzinha pode estar.

— Onde?

— Konoha. – Suigetsu respondeu e deliciou-se ao ver os olhos de Karin se arregalarem. – Juugo a viu perto do vilarejo. A menos que você tenha duas irmãs com cabelos rosados e incrivelmente atraentes.

— O que ela queria lá? – Karin murmurou repetidas vezes. Passou a mão pelo cabelo, manteve os lábios entreabertos e sacudiu a cabeça tentando clarear os pensamentos. – Diga-me logo, seu estúpido! – Ela avançou na direção de Suigetsu, pronta para esmurra-lo, mas ele a deteve.

— Não faço ideia. – Confessou o homem apertando os pulsos dela com força. – Juugo não tem tempo para ficar vigiando sua irmã, foi uma simples coincidência. – Karin gritou irritada e sacudiu os braços até que Suigetsu a soltasse. – O que vai fazer? – Perguntou assim que a soltou. Karin recomeçara a andar de um lado para o outro no quarto, mantinha as mãos na cintura.

— Eu não sei. Não diga nada a Orochimaru. – Karin respondeu exasperada. – Mas minha irmã pode... Ah, ela pode sim, com certeza. – Murmurou e Suigetsu franziu o cenho confuso. – Ela pode querer uma outra experiência animadora com os lobos, não é? Quem sabe dessa vez eles a matem.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
Até! Beijão!