Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 29
Capitulo 28 - Mikoto


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 22/04/2021.
Espero que gostem,
Boa leitura!



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Mikoto

 

Nós discutimos.

Quer dizer, eu discuti e insisti para que Sasuke me contasse tudo o que estava acontecendo, mas ele apenas repetiu que eu deveria confiar nele.

Confiar de olhos fechados e esquecer de todas as minhas curiosidades, ao menos, no momento.

Não bastava.

Nem mesmo com livre acesso ao meu quarto (aquele que havia pertencido há mim tantos anos atrás) eu me senti capaz de ficar em paz. Andei de um lado para o outro, revirei tudo e era claro que nada ali me ajudaria a descobrir o que estava acontecendo.

Pensar no povo do festival me deixava agoniada. Como aquelas pessoas seriam afetadas pela guerra? E por quê?

Encaminhei uma mensagem para Ino esperando que ela pudesse me dizer algo sobre o que estava acontecendo e para a minha surpresa, fui ignorada. As últimas visualizações em suas mensagens eram de quase cinco dias atrás.

Eu estava sozinha.

Suspirei resignada e cobri meu rosto com as mãos. Já tinha lido o suficiente sobre guerras para saber que não era um bom sinal.

Assim me mantive apática pelo restante da noite sem saber o que fazer. Era impossível não me sentir inútil, mesmo que eu não soubesse de um terço do que estava acontecendo.

X-X-X

Acordei com batidas na porta. Eu sequer tinha percebido que adormeci.

Levantei da cama e passei a mão pelo meu cabelo para endireita-lo da maneira que consegui antes de abrir a porta.

A mulher em minha frente sorriu e indicou a bandeja em suas mãos como a justificativa para a sua presença. Ela não pareceu preocupada com a minha expressão de surpresa, nem na forma com que eu balbuciei sem saber o que dizer para ela.

Mikoto Uchiha, a rainha de Konoha, mãe de Sasuke e Itachi. Ela estava ainda mais bonita do que em minhas lembranças.

O cabelo negro caia por suas costas e o vestido azul marinho não tinha tantos detalhes quanto os que ela costumava usar em seu próprio mundo, mas a deixava com uma aparência elegante que poucas pessoas conseguiriam. Seus olhos brilhavam em minha direção como pequenas estrelas, repletos de expectativa.

— Você cresceu tanto, minha menina. – Ela murmurou repleta de orgulho. – Fazem tantos anos que não nos vemos.

Além de rainha, Mikoto cuidou de mim até poucos anos atrás. Sasuke havia apagado aquela parte da minha mente, mas não foi capaz de tirar de mim toda a emoção que me tomou ao me lembrar dela.

E quando os braços dela me envolveram em um abraço desajeitado, já que ela ainda segurava a bandeja, me permiti chorar por alguns momentos sem me preocupar com o porquê de tudo aquilo.

— Está tudo bem querida? – A senhora Uchiha me perguntou com preocupação. – Está sentindo dor?

— Não, não. – Apesar da minha voz falha e do meu marcado pelas lágrimas, eu me sentia tranquila. – Só estou feliz por ver alguém depois de tanto tempo.

Mikoto sorriu e aquiesceu compreendendo parte das minhas palavras. Talvez ela pensasse que eu estava me referindo aos anos que passamos juntas durante a minha atual vida, mas a saudade que me inundou era maior e mais antiga do que eu podia imaginar.

— Quer ir para outro lugar? – Ela ofereceu indicando a saída do quarto.

— Preciso de um minuto – Falei.

Corri pelo quarto sob o olhar atento dela e me limitei a colocar o primeiro moletom que encontrei, além de prender meu cabelo de uma forma que ficasse apresentável.

Céus, ela é uma rainha!

— Eu posso levar. – Falei fazendo menção de pegar a bandeja prateada das mãos dela, movimento esse que foi totalmente ignorado por Mikoto enquanto andávamos. – Muito obrigada por me trazer café da manhã.

— Espero ter acertado. – Mikoto riu consigo mesma e eu não entendi o porquê. – Tive alguns grandes embates com nossos cozinheiros para descobrir o que trazer para você.

— Não precisava ter se preocupado.

— Pedir isso é o mesmo que dizer para um ser humano que ele pode respirar debaixo d’agua. – Mikoto recitou tranquilamente. – É impossível.

— A sua preocupação é natural?

— Exatamente – Disse ela. – Principalmente com pessoas importantes. – Mikoto virou em um dos corredores e eu continuei a seguindo de perto, mesmo que já soubesse do nosso destino.

Nos sentamos na mesa da biblioteca e enquanto ela abria todas as cortinas, eu comi vagarosamente tendo certeza de que ela estava atenta a cada movimento meu.

A forma com que Mikoto se movia era hipnotizante. O cabelo balançava sutilmente e seus pés pareciam flutuar a cada novo passo, eu tinha a sensação de que ela estava envolvida em magia da cabeça aos pés.

— Está do seu agrado?

— Sim, obrigada. – Agradeci antes de ingerir um pouco do chá. Era doce, mas não enjoativo. – Me desculpe perguntar, mas...A senhora pretende ficar por bastante tempo?

— Apenas o suficiente – Disse ela enigmática. – Nós não temos o costume de ficar por muito tempo no mundo humano. Isso pode afetar o equilíbrio.

— Nós?

— Os líderes dos povos mágicos. – Ela respondeu. – Eles estão acima de nós, discutindo sobre o nosso futuro. – Mikoto olhou para o teto por um instante e então, eu percebi que o “acima” era literal. Eles estavam nos andares superiores.

— É comum que isso aconteça?

— Sasuke me disse que você faria perguntas. – Mikoto caminhou até uma das estantes e puxou um dos livros com pouco interesse. – Mas não, não é algo comum. Principalmente quando se trata de um conselho de guerra.

— Isso significa que Sasuke terá que voltar para Konoha?

— Sim, querida. A presença do meu filho neste mundo está durando mais do que o indicado. – A voz mansa de Mikoto não conseguiu me tirar a sensação de culpa.

Eles estavam em guerra e Sasuke estava aqui por minha causa.

— Não é sua culpa. – Mikoto enfatizou ao notar meu olhar. – Há muitas coisas das quais você desconhece, Sakura. Apenas saiba que estamos aqui para protege-la.

— Do que?

— Dos perigos que rondam seu espírito livre. – Mikoto sorriu, mas o enigma em seus olhos escuros me deixou desconfiada. – Posso lhe fazer uma pergunta também?

— Claro.

— O que achou do meu diário?

Eu definitivamente não estava esperando por aquela pergunta. E por isso enfiei mais um pedaço de uns dos pãezinhos amanteigados na boca para me dar tempo o suficiente para pensar em uma resposta digna.

— A senhora escreve muito bem.

— Obrigada.

— E eu não tinha a intenção de lê-lo sem a sua permissão.

— Se conseguiu ler, é porque foi permitido.

— Queria me lembrar de tudo o que descreveu nele – Falei pausadamente. – Mesmo assim, consegui visualizar tudo.

— Eu não estava muito satisfeita no começo. – Mikoto confessou fechando o livro em suas mãos. – Provavelmente soei como uma velha ranzinza.

— Jamais poderia vê-la assim.

— Oh, fico muito agradecida. – Ela sorriu e de fato parecia lisonjeada. – Me enganei sobre você antes de te conhecer, Sakura. – Eu não sabia o que responder diante daquelas palavras, então permaneci em silêncio. – E peço perdão por não ter tido forças suficientes para impedir o que aconteceu.

— Não foi sua culpa...

— Então por que ainda sinto que devia ter lhe protegido?

— Senhora...

— Não se preocupe, Sakura – Disse ela complacente. – É apenas um dos fatores que acompanham a imortalidade. Nossa memória é longa e nossa culpa arrasta-se por anos sem que tenhamos consciência de quanto tempo se passou.

Mais uma vez, não soube o que responder.

X-X-X

Quase todos os lugares da mesa estavam ocupados. Eram todas figuras imponentes, flanqueadas por seus acompanhantes que mantinham as expressões falsamente serenas.

Não era preciso de muito para saber que os guardiões dos líderes do conselho eram mortais e fatalmente hábeis durante os ataques.

A luz da lua adentrava as janelas e os galhos da árvore mais próxima batia contra o vídeo algumas vezes, emitindo um barulho sem ritmo algum que era facilmente ignorado.

Donnatella estava de pé, as correntes em suas roupas emitiam um leve barulho a cada movimento que ela ousava fazer, mas ela não parecia incomodada que os demais mantivessem sua atenção sobre ela. O cabelo castanho estava preso em um trança longa, que era finalizada por um laço esmeralda que parecia brilhar.

— Pretendem começar isso logo ou vamos esperar pela próxima lua cheia? – Um homem de cabelo castanho e olhos prateados rosnou a observação atraindo a atenção dos membros do conselho para si. – Sempre achei que a democracia era inútil. – Ele sorriu como uma fera pronta para atacar suas vítimas e coçou a barba rala com o dedo indicador repetidas vezes.

— Não seremos selvagens como você, Lucian.

— É o seu povo que vive no meio da floresta e adora as flores, Konan. – Lucian dirigiu seu sorriso para a mulher de cabelos lilases que estava sentada à sua frente. – Meu povo resolveria toda essa confusão com um ataque.

— Mortos não ganham guerras – Konan retrucou. – Não ache que nós vamos agir como a sua matilha estúpida.

Lucian rosnou e fez menção de avançar na direção da mulher, que manteve-se impassível ao notar que seus guardiões já estavam prontos para atacar o lobisomen que exibia suas presas enquanto arranhava o tampo da mesa com suas garras.

Lucian não tinha escolhido guardiões. Era orgulhoso demais para isso.

— Não precisam se preocupar, Yahiko, Nagato. – Konan ergueu uma das mãos e os ruivos ao seu lado baixaram as armas apenas o suficiente para que a ameaça ficasse subentendida. – Não podemos nos rebaixar a isso. Estamos em uma reunião diplomática.

— Não seja cínica.

— Chega. – Sasuke se pronunciou após um suspiro. – Não vamos chegar a um acordo se continuarem a discutir.

— Eu nunca estive interessada em um acordo, majestade. – Konan olhou para o Uchiha com seus olhos amarelados. – Estou aqui apenas para ouvir sua proposta, apenas seguindo os protocolos estabelecidos há tantos séculos.

— Espero que esteja interessada em impedir que seu povo queime, Konan. – Sasuke respondeu com a expressão indiferente. – Espero que todos vocês estejam dispostos a protege-los.

— Somos fortes o suficiente sozinhos. – Lucian comentou. – Não aja como se seu povo fosse além dos nossos, jovenzinho.

— Consegue garantir seu poder de ataque com metade dos seus homens? – Sasuke questionou com seriedade. – É de conhecimento de todos que Cassandra trabalha com Orochimaru agora.

— Minha irmã não é uma traidora.

— Até que se prove o contrário, ela é. – Sasuke piscou algumas vezes e esperou uma reação explosiva do homem, mas ele apenas limitou-se a rosnar ameaçadoramente. – E vamos considera-la como inimiga até entender completamente esta situação.

— Finalmente uma decisão coerente.

— Não estou interessado em seus comentários, Konan. – Sasuke retrucou olhando para a mulher com seriedade. – Compartilhe conosco seu conhecimento ou mantenha a boca fechada quando for fazer provocações infantis.

— Acha que conseguirá minha ajuda me ofendendo, Sasuke?

— Shikamaru, por favor, inicie os relatos. – Sasuke ignorou a pergunta de Konan e cruzou os braços antes de apoiar-se contra uma das paredes. – Todos os detalhes são essenciais para que montemos nossa estratégia de guerra.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews? Críticas? Teorias? (AMO, AMO, AMO!!)
Vi que algumas pessoas tem se questionado sobre a Mãe-Humana da Sakura, ela não tem uma importância grande na fanfic, mas quis mostrar um pouquinho do que aconteceu com ela. Os Harunos (vampiros) não apareceram e sinceramente, ainda não sei se devo dar alguma cena para eles, além de citações. O que acham?
O Sasuke foi mais maleável durante esse capitulo, o personagem central, que teve uma parte da história narrada por outra pessoa (Mikoto).
Não sei se vocês perceberam (TENHO CERTEZA DE QUE SIM! haha), mas a história gira em torno da Sakura, mas não é ela quem conta, são os outros personagens. Ela meio que descobre sobre ela, junto com vocês.
Enfim, acho que são as maiores notas finais da minha vida!
Até a próxima semana ♥