Chains escrita por Priy Taisho


Capítulo 12
Capitulo 11 - Escadas


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Capítulo reescrito em 12/02/2021.
Ainda dedicado à Heydi Leminski pela recomendação, muito obrigada.
Boa leitura.



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Escadas

 

Mesmo de olhos fechados, eu consegui sentir o incomodo que predominava os sentimentos do vampiro ao meu lado. Ele, que normalmente era silencioso como uma sombra, lutava internamente entre a fúria e a inquietação.

Sasuke estava ao meu lado porque eu pedi, mas aquele não era o real desejo dele.

— O que fizeram com Sai? – Perguntei ainda de olhos fechados. Não encara-lo deixaria a situação mais fácil caso ele resolvesse mentir.

— Está preocupada com ele?

Não respondi de imediato. Não, eu tinha absoluta certeza de que não estava preocupada com Sai. Para ser sincera, não sentia nada além de pavor ao me recordar dele.

— É claro que não. – Abri meus olhos e me surpreendi ao ver o rosto de Sasuke próximo do meu. Ele parecia atento em cada detalhe do meu rosto. – Só quero saber o que aconteceu. – Murmurei.

— Não precisa ter medo.

— Eu não estou com medo. – Afirmei antes de pressionar meus lábios firmemente. Apesar de arder, eu já não conseguia sentir o corte que Sai havia me feito. – Estou falando sério. – Meu protesto não foi respondido por Sasuke de imediato.

Como se algo o chamasse, o Uchiha desviou os olhos na direção da porta e franziu o cenho. Ele permaneceu assim por muitos minutos e me pediu para ficar em silêncio quando fiz menção de perguntar o que estava acontecendo.

— Não consegue ouvir? – Quando voltou a me olhar, ele aparentava curiosidade. – Não consegue ouvir nada do que eu escuto?

— Achei que tivéssemos deixado bem claro quais eram as minhas limitações como humana. – Rebati e me sentei na cama com menos esforço do que achei que precisaria. – O que está acontecendo?

Sasuke molhou o lábio com a ponta da língua e seus olhos analisaram meu rosto em busca de qualquer coisa que o impedisse de me responder. Eu tinha certeza de que estava com a minha melhor expressão de seriedade.

— Não sei por onde começar. – Ele disse por fim afastando-se de mim, embora não tivesse levantado da cama. – Não sou bom em contar histórias.

— Eu sou boa em fugir. – O olhar desconfiado de Sasuke me fez dar um sorriso sem graça. – Mas isso está fora de questão no momento.

— Sai é um de nós.

Aquiesci incentivando-o a continuar sua história. Sasuke parecia buscar formas de conta-la sem que me assustasse.

— Ele não é daqui.

— Ele veio de outra cidade. – Murmurei ciente do que Sasuke falava. – Nos contou isso quando foi transferido.

— Não, não é só sobre outra cidade que estamos falando. – Sasuke respirou fundo e a confusão na escolha de suas palavras era palpável. – Nenhum de nós é daqui. Esse não é o nosso lugar.

— O que você quer dizer com isso?

— A minha terra natal é chamada de Konoha. – Sasuke disse com cautela. – Você não encontrará nada sobre isso nos seus livros, porque Konoha é de outra dimensão.

A minha expressão de surpresa foi o suficiente para que Sasuke ficasse quieto. Acreditar na existência de outro mundo era mais fácil do que aceitar a existência de seres místicos, mas ainda assim, continuava sendo surpreendente.

— E o que vocês estão fazendo aqui? Por que não estão...Em casa?

— Não é fácil explicar sobre isso. – Sasuke respondeu-me de imediato antes de levantar da cama. Ele passou a mão pelo cabelo escuro e manteve os olhos distantes de mim enquanto falava. – Nós também vivemos entre humanos de onde eu venho.

— Mas eles sabem que vocês existem. – Minha suposição foi confirmada com um leve aceno de cabeça dele. – Eu não entendo.

— É claro que não vai entender. – Apesar de inconformado, Sasuke esboçou o mínimo possível. – De qualquer maneira, Sai é de um clã que foi marcado por traição.

— Por quê?

— Eles estão fadados a viver nas sombras para sempre. – Sasuke ignorou minha pergunta e parecia lutar contra o barulho que somente ele era capaz de escutar. – Nós encontramos pelo menos vinte vampiros desta família durante à noite.

— E o que vão fazer?

— Vamos matá-los. – Sasuke havia adquirido uma postura que eu jamais devia ter dito. – Não há proibições em vir ao mundo humano, mas existem restrições quanto à isso. Traidores não podem atravessar o portal.

— Eles não têm culpa do que o Sai fez. – Minhas palavras saíram rápidas e repletas de desespero. – Não pode deixá-los em paz?

— Há pelo menos dois meses estamos investigando alguns desaparecimentos. – Sasuke me respondeu com paciência. – Nenhum deles é inocente, acredite no que eu digo, Sakura.

— E por que você precisa determinar isso?

A boca de Sasuke entreabriu-se e ele não conseguiu me responder. Suas mãos fecharam-se em punhos ao lado de seu corpo e ele balançou a cabeça negativamente, em seus olhos, havia melancolia.

— Vá descansar, Sakura. – Ele disse por fim. – Ainda estamos na madrugada e eu preciso ver o que Ino está fazendo. – Sasuke fechou os olhos e ergueu umas das mãos para pressionar suas têmporas.

— Eu posso ir com você.

— Não é o indicado.

— Não importa. – Joguei os lençóis que me cobriam para o lado e me levantei. – Não quero ficar aqui sozinha.

Sasuke avaliou e aquiesceu tendo certeza de que eu não causaria tantos problemas se estivesse sobre seus olhos atentos.

Calcei meus sapatos e o segui para fora do quarto, não deixando de me surpreender com a magnitude da casa em que estávamos. Os quadros sobre as paredes retratavam paisagens que eu nunca tinha visto, mas que não me impedia de admirá-los conforme nós caminhávamos pelos corredores.

Não havia muito para ver, além das portas trancadas que davam acesso aos quartos e do lustre magnifico que iluminava todo o ambiente enquanto íamos para o piso inferior.

A sala era maior do que minha antiga casa, disso eu tinha certeza. O sofá de couro negro tomava boa parte do ambiente, de frente para a lareira majestosa que crepitava suas chamas tranquilamente. Haviam quadros por todo o lugar, em um deles, estava Sasuke, outros dois homens e uma mulher de cabelos negros que era muito parecida com ele. Os olhos vermelhos retratados ali pareciam me acompanhar a cada movimento que eu fazia.

A parede que dava acesso ao lado de fora da casa era quase que completamente feita de vidro. Cortinas grossas e vermelhas impediam que curiosos vislumbrassem a casa naquele momento.

Apesar do tapete e da mesinha de vidro que permanecia ao centro da sala, existia um espaço grande e vazio que me chamou atenção. Parecia proposital.

A mão de Sasuke pousou delicadamente sobre a base de minhas costas e ele me guiou em direção a uma das estantes. Ele mantinha sua expressão pensativa, enquanto seus olhos vasculhavam algo que eu não identifiquei, até que resolveu puxar uma estátua pequena e dourada. Forcei minha visão e tive que me aproximar para poder ver que era a réplica de um anjo dourado.

— O que é isso?

Sasuke não me respondeu, mas indicou que eu devia segui-lo até a outra ponta da estante. Observei com atenção até notar o quase imperceptível formato de anjo talhado contra a madeira escura.

— Está é uma chave.

Antes que ele continuasse sua explicação, Sasuke me puxou para longe da estante no instante em que o chão começou a ceder. Ouvi o som de rochas se movendo e colidindo uma com as outras, antes que eu pudesse ver que ali estavam escadas que levavam para o subterrâneo.

— Ainda tem chances de desistir. – Ele disse olhando para as escadas e em seguida para mim. – Não vai demorar para te deixar no quarto.

— Quem tem isso numa sala?! – Perguntei assustada e ele sorriu de canto. – É sério?!

— Uchihas.

Embora eu tenha me sentido levemente intencionada a perguntar o motivo, Sasuke não me deu chance alguma, pois passou a descer os degraus de forma ágil. Corrimão era dourado e ornamentado com detalhes delicados, que lembravam flores. As escadas eram uma mistura nada saudável de eternidade e mármore branco.

— Por que tantas escadas? – Resmunguei tentando acompanhar o ritmo de Sasuke. Ele estava longe já e não parecia preocupado com o meu atraso. – Não dava para ter um elevador?

— Não para onde estamos indo. – Contive o grito ao ver Sasuke ao meu lado novamente. Ele parecia se divertir com a minha tortura. – Quer ajuda? – Ele estendeu os braços para me carregar.

Concordei mesmo sabendo que aquela era uma péssima ideia e por isso, mantive meus olhos fechados por todo o percurso. A sensação era de que eu estava presa em uma montanha russa sem fim.

— Minha alma com certeza está lá em cima. – Afirmei apontando para a parte superior de onde estávamos quando Sasuke me deixou descer. – Eu tenho certeza. – Murmurei usando todas as minhas forças para controlar a náusea que eu sentia.

— Acontece isso nas primeiras vezes. – Sasuke estendeu sua mão em minha direção, mas o grito que ouvimos o fez parar. – Ainda há chance de voltar para o seu quarto.

— Era isso o que você estava ouvindo? – Murmurei chocada com o desespero na voz daquele que gritava. Foi impossível não recuar um passo, a mão de Sasuke me impediu de cair. – O que...Está acontecendo?

— Não diga que não avisei.

Ele recomeçou a andar e eu o acompanhei, apertando seu braço a cada vez em que um novo grito soava. Eles ficavam mais altos a cada passo que dávamos e mais frequentes.

Quando alcançamos uma porta, Sasuke a empurrou sem cerimonias e entrou. Parecíamos ter sido transportados para a época medieval. O ambiente era iluminado por tochas e nas paredes estavam diversas estacas e instrumentos de tortura que eu sequer sabia que existiam.

— Não devia estar aqui.

Olhei para Ino e ela parecia séria no que dizia. O cabelo loiro permanecia preso em um rabo de cavalo, seus olhos azulados estavam frios e uma de suas bochechas tinha respingos de sangue.

— Ela não queria ficar no quarto. – Sasuke explicou ao ser intimidado por minha amiga. – O que está acontecendo...

— Ótimo! – Ino esbravejou com irritação. – Dê à Sakura uma noite de pesadelos! É exatamente o que ela precisa para nos aceitar! – Ela jogou a lâmina no chão e puxou o elástico que prendia seu cabelo antes de cobrir o rosto com as mãos. Eu nunca tinha visto a Yamanaka daquela maneira. – Eu...Me desculpe. – Acrescentou frustrada olhando diretamente para Sasuke. – Aquele filho da puta não fala.

— Tenho certeza de que está fazendo um bom trabalho. – A convicção nas palavras de Sasuke fizeram Ino relaxar. – Conseguirei alguma coisa dele. – O Uchiha começou a seguir para a porta que estava atrás de Ino sem olhar na minha direção.

— Se não conseguir, teremos que mata-lo sem as respostas. – Ino o advertiu e olhou para mim quando fiz menção de seguir Sasuke. – É melhor ficar aqui, Sakura. – Ela se colocou entre eu e a porta com determinação.

— O que tem aí? – Olhei para a madeira apodrecida na esperança de ver algo por entre as frestas, mas não tive sucesso. – Por que não posso entrar?

— Isso pode te traumatizar. – Ino me alertou com firmeza. – Não é agradável, Sakura.

— Não deve ser pior do que três experiências de quase morte em um mês. – Minha resposta foi tão dura quanto as advertências dela. Ino não estava satisfeita com o que eu dizia. – Eu ainda estou de pé, não estou?

— Por quanto tempo? – A loira rebateu com rispidez. Eu nunca tinha recebido nenhuma resposta como aquela vindo dela. – Por quanto tempo vai aguentar todas essas merdas e continuar de pé? – Ela rosnou as perguntas e eu lutei para não demonstrar receio.

— Até que não seja mais necessário aguentar todas essas merdas.

Ino me encarou por um tempo e por fim suspirou, deixando a entrada da sala livre. A advertência ainda estava em seus olhos, mas ela não fez menção de me impedir uma segunda vez.

Atrás daquela porta existia horror. Meu corpo sentia isso todas as vezes em que o grito gutural tomava conta do ambiente, eram todas as vezes em que o cheiro de sangue preenchia aquele cubículo apertado e velho.

E não precisava ser nenhum gênio para entender que quem gritava era Sai, mesmo que seus gritos fossem seguidos de risadas histéricas e ameaças sem fundamento para alguém que estava preso como ele.

Alguém que morreria como ele.

Aceitar a morte eminente de Sai me parecia tão absurda, mas vê-lo naquelas condições apenas me mostrou que eu me adaptava cada vez mais rápido as situações adversas que permeavam a minha vida.

Tê-lo morto era uma questão de sobrevivência. E pensar desta maneira não foi capaz de apaziguar o embrulho em meu estomago ao vê-lo, embora tenha me impedido de gritar para que Sasuke parasse.

Sai gritou ao ter uma de suas mãos perfuradas por uma lâmina como a que ele havia usado para me ferir. Ele estava preso por correntes em uma cadeira, imobilizado o suficiente para que seus movimentos não fossem além dos espasmos involuntários de seu corpo.

Os dentes estavam manchados de sangue e escorriam por sua boca todas as vezes em que ele gritava, seus olhos injetados de raiva fixaram-se em mim, mesmo quando Sasuke lhe bateu com tanta força que provavelmente ele teria desmaiado se não fosse um vampiro.

— Veio me visitar, Sakura? – Ele perguntou com falsa felicidade. – Sente-se para aproveitar a nossa pequena festinha.

— Você é dissimulado. – Falei mantendo-me longe dele. O olhar de Sai me enjoava. – Por que tentou me matar todas essas vezes?! Achei que fossemos amigos! – O acusei sentindo meus olhos arderem.

Ino colocou uma das mãos sobre o meu ombro e adentrou a sala atraindo a atenção de Sai para si. Ele parecia assusta-lo ao vê-la, mas não demonstrou, dando apenas mais um sorriso que desmoronou quando ela o chutou no rosto sem cerimônia alguma.

Se ele não estivesse preso por correntes, tenho certeza de que seu corpo teria ido para o outro lado da sala.

— É tudo o que têm? – Sai cuspiu sangue e olhou para a Yamanaka com desafio. – É assim que os seus tenentes trabalham, Sasuke? – A familiaridade em suas palavras me causou estranheza.

— Só está vivo porquê quero respostas. – Sasuke inclinou-se na direção de Sai que avançou em sua direção com pouco sucesso. – Quem lhe contou sobre nós?

— Você acha que está se escondendo tão bem? – Sai retrucou com aspereza. – Não sou o único que a viu, você sabe melhor do que eu sobre isso.

Aquelas palavras me assustaram. A ameaça era real.

— Nós não somos os únicos que estamos procurando por vingança! – Sai gritou repentinamente quando sua mão foi arrancada por um golpe de Sasuke. – Não somos os únicos que tem sede de sangue, Uchiha! – Meu antigo amigo gritou quando Sasuke avançou sobre ele e para a minha surpresa, Ino precisou interferir quando um buraco grande surgiu no peito de Sai. – Sakura será a primeira! A primeira que você perderá por ser esse filho da puta!

— Cale a boca!

— Ele vai te fazer queimar de novo, garota! – Sai gritou enlouquecido. – Vai te fazer pagar por isso!

Recuei um passo quando Sai me olhou e o medo me assolou mais uma vez, me fazendo gritar quando senti uma mão sobre o meu ombro.

— Vou levá-la. – O homem disse com convicção. Notei, pela primeira vez, que ao lado dele estavam Gaara e Naruto, este último sério como nunca vi antes. – Sasuke está se controlando porque você está aqui. – Ele murmurou em minha direção enquanto começava a me guiar para fora da sala.

— Quem é você? – Perguntei olhando por cima do ombro na tentativa de ver o que acontecia na sala. A última coisa que vi foi Ino fechando a porta como o último aviso de que eu não devia me aproximar novamente. – Por que...

O homem não me respondeu. Ele tinha cabelos cumpridos presos em um pequeno rabo de cavalo, olhos carmesins e trajava um sobretudo preto que tinha manchas de sangue.

Ao mesmo tempo em que tinha certeza de que eu nunca o tinha visto, tive a impressão de que o conhecia de algum lugar. Aquelas malditas impressões que seguiam me perseguindo por onde quer que eu fosse.

— Meu nome é Itachi Uchiha. – Ele disse com bom humor e só então fui capaz de comparar todas as semelhanças gritantes que ele e Sasuke tinham. – É um prazer te conhecer, Sakura.

 


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Notas finais do capítulo

Continua...Mereço reviews? Recomendações? Puxões de orelha?
Até semana que vem