Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 147
Capítulo 147: POV Abigail Neumann




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Eu já não estava mais aguentando ter que ouvir Victoria falando de todos os seus namorados. Pretendentes, como ela os chamava. Pelo que ela explicava, ela era a garota mais requisitada em toda Illéa. Mas também, ela devia ser a que mais corria atrás dos caras também. Daquelas que facilitava bem para eles. Imagina se eu poderia ser do tipo que dá uma chance para qualquer cara que aparecesse na minha frente?
Aguentei o máximo que podia, rindo na minha cabeça de tudo que ela falava e imaginando com tudo realmente deveria ter acontecido. Se ela falava que tinha andado de carruagem com um, eu a imaginava tentando se segurar para aguentar o cheiro do cavalo. E toda vez que ela explicava o emprego do cara mais do que o corpo, eu o imaginava com sessenta anos e nenhum dente.
Mas depois de um tempo, eu me cansei. Duck tinha se levantado já fazia alguns bons minutos para ir buscar alguns drinks para nós. E além de ter que ouvir a voz irritante de Victoria praticamente implorando por atenção, eu tinha que ignorar as olhadas estranhas que Enny jogava em minha direção.
Não queria nem pensar que ela era irmã de Duck. Não queria nem me lembrar que eles ainda tinham um irmão mais novo. Eu nunca me dava bem com família de namorados. Tudo bem que todos os que eu tinha namorado até então mal tinham algum contato com suas famílias. Eu tinha um jeito incrível de atrair atores que pareciam nem lembrar que tinham mãe.
Mas a ideia de ter que impressionar não só a mãe como os irmãos me deixava com um frio na barriga. A opinião deles importava. Eles podiam muito bem fazer Duck desistir de mim. E eu realmente não precisava de outras razões para achar toda aquela história improvável.
Eu pedi licença e me retirei da mesa, sentindo os olhos de Enny nas minhas costas. Nem sabia para onde eu iria, só sabia que precisava sair dali por alguns minutos para conseguir voltar a pensar direito. Sem nem perceber o que fazia, peguei meu celular da minha bolsa e comecei a ler algumas das mensagens que Andre tinha me mandado.
Mas não era nada urgente, nada interessante. Quase respondi uma chamando-o para a festa, só para ter o que fazer. Até que meus olhos caíram em Duck.
Ele estava apoiado no bar, esperando nossas bebidas. Bloquiei a tela do meu celular e andei até ele, chegando por trás. Mas antes que eu o alcançasse, outro cara chegou primeiro.
"Duck?" Ele perguntou. "Duck Knout? Sou eu, Peter Vandelay. Nós nos conhecemos no aniversário do Príncipe Sebastian."
"Peter Vandelay! O advogado real, claro que eu me lembro," Duck disse, apertando a mão do cara.
"Eu vi que você tá com aquela cantora," o tal Peter disse, me fazendo parar de andar na hora e me virar de costas para eles.
Eu queria chegar mais perto, mas se ele tinha me reconhecido antes, ele me reconheceria naquela hora. E minhas orelhas estavam quase levantadas de curiosidade.
"Parabéns!" O tal Peter disse, num tom que me fez revirar os olhos. "Não consigo nem pensar em um jeito melhor de conseguir seu nome no jornal!"
Eu segurava a respiração esperando pela resposta de Duck. Já sentindo que estava prestes a sentir todo o chão fugindo de meus pés. Aquela era a hora em que descobriria que não deveria ter me entregado. Que confiar em Duck era uma péssima, péssima ideia.
O cara riu alto, completamente bêbado. Não fazia nem uma hora que a festa tinha começado e ele já estava naquele estado.
"Não é assim," Duck disse, me fazendo ficar na ponta do pé. Era uma reação idiota, mas eu não me controlei. Me sentia como se estivesse me segurando à esperança de que ele fosse contra o que o cara estava falando.
"Se você diz," ele falou. "Mas olha, cá entre nós," ele baixou a voz, me fazendo ter que inclinar a cabeça para trás para ouvir, "ela é...boa no que faz?" Ele riu antes que Duck pudesse responder e eu arrisquei um olhar em sua direção.
Duck nem olhava para ele, estava virado para o bar. E ele nem precisava falar mais nada, eu conseguia ver em sua expressão a sua resposta. E quando ele fechou o punho das duas mãos, eu vi que ele estava prestes a acabar com aquela conversa. Aquela era a prova que eu precisava.
"Olha, se algum dia você cansar da cabeça oca dela, é só me passar o número dela que eu a tiro dos seus ombros," ele riu de novo, dando tampas nas costas de Duck. Por entre meus cabelos - que eu tinha jogado na cara para conseguir me esconder - eu vi Duck praticamente rangendo os dentes.
E eu sabia. Eu simplesmente sabia que era hora de atrapalhar aquela conversa. Por mais que a sua reação me fizesse sorrir sozinha, me sentindo a menina mais bonita dali, eu tinha mais medo ainda daquilo acabar mal.
"Olá," eu disse, me colocando do lado de Duck bem na hora em que ele se virava para o cara.
Assim que seus olhos me notaram ali, sua expressão de raiva desapareceu e foi trocada por um sorriso.
"Eu estava te procurando," falei para ele, ignorando completamente o idiota que estava ali. Pensei comigo mesma que talvez, se ele percebesse que ninguém nem se dava conta da sua presença, ele faria o favor de se retirar de perto de nós.
E foi o que aconteceu. Eu me inclinei para Duck até que meus lábios tivessem encontrado os seus. E assim que eu me afastei, percebi que o cara tinha ido embora.
"Você era exatamente do que eu estava precisando," ele disse, sem tirar os olhos de mim.
"Imagino," respondi. "Por que você está demorando tanto?"
Ele deu de ombros, se virando para o bar, onde o barman colocou duas taças de champanhe.
"Precisava de um tempo longe da minha irmã," ele disse, fazendo uma careta.
Eu lhe dei um tapa no ombro que quase o fez derrubar o champanhe em cima dele. "Dá próxima vez, inventa uma desculpa que me livre também."
Ele riu. "Pode deixar," disse, se abaixando para me beijar.
"Argh," alguém fez do nosso lado e eu me virei incrédula, achando que era para a gente. "Alguém aqui já não aguenta mais ter que ouvir a Victoria falando?"
Era Beatriz, ela se apoiou no bar, toda desanimada.
"Achei que vocês fossem amigas," eu disse, deslizando a minha mão pelas costas de Duck até estar abraçada com ele, que apoiava seu braço nos meus ombros.
"Amigas, não," ela me corrigiu. "Aliadas. E quando eu me aliei a ela, eu não sabia que teria que passar a eternidade ouvindo o quão incrível a sua vida é."
"Você não sabia?!" Eu perguntei. "Ela tem isso escrito na testa!"
Eu ri da minha própria piada até encontrar os olhos de Duck, que estava completamente confuso.
"Beatriz, esse é Duck," eu falei, fazendo-a olhar para nós.
"Eu sei," ela se virou para o barman, "três taças de champanhe," ela disse para ele. "Você é o irmão da Enny, não é?" Ela perguntou quando se virou de volta para nós. "Ela estava mesmo falando de você. Ou melhor, de vocês."
"O que ela falou?" Eu perguntei, enquanto Duck dava um gole no seu champanhe.
Como ele podia não estar nem um pouco preocupado com ela não gostar de mim?
Beatriz deu de ombros. "Sei lá, só falou que vocês estavam juntos." Ela pegou uma das taças que o barman colocou ali e a virou inteira. "Aliás," ela falou depois. "Ela está com aquele guarda que a segue para todo lado?"
Isso conseguiu a atenção de Duck. "Não," ele respondeu na hora. "Por que? Você acha que ela está com ele?"
Beatriz deu de ombros de novo, enquanto eu observava a expressão dele. Era uma mistura de divertimento e descontentamento. Só ele para conseguir juntar as duas coisas em um só olhar, que mirava a mesa das selecionadas.
"Beatriz?" Uma voz estranha a chamou e eu me virei com ela para encontra um garoto loiro atrás de nós.
Ele não parecia ter mais do que dezesseis anos e a olhava como se tivesse sonhado com aquele momento durante anos.
De repente, eu já me sentia bastante deslocada.
"Lukas! Ela disse, animada. "Meu deus, o que você está fazendo aqui?"
"Eu acho que essa é a nossa deixa para sair," Duck cochichou no meu ouvido e nós saímos de perto deles devagar.
Duck colocou os braços em volta de mim, segurando as duas taças de champanhe.
"Nós vamos mesmo voltar para aquela mesa?" Ele perguntou no meu ouvido.
"Acho que nós podemos arrumar algum lugar mais legal para passar o resto da noite," eu disse, me virando para olhá-lo.
Ele levantou as sobrancelhas para a minha expressão e abriu um sorriso divertido. "Qualquer que seja a sua ideia, eu aceito."


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