Quando a Chuva Encontra o Mar: Uma Nova Seleção escrita por Laura Machado


Capítulo 137
Capítulo 137: POV Sophie Abramovitch




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"Você acha que já saiu o resultado?" Beatriz me perguntou bem baixinho, provavelmente tentando evitar que qualquer outra pessoa ali na igreja a ouvisse.
Eu dei de ombros, meus olhos fixos no altar. "Nós vamos descobrir mais cedo ou mais tarde."
Ela não respondeu, então eu considerei seu silêncio como seu jeito de concordar. Nós não falamos mais nada por um tempo, o que só me deixava ainda mais nervosa. Eu não sabia o que estava acontecendo no Salão das Mulheres. Eu não sabia o que estava acontecendo na Ala Hospitalar. Tudo podia estar começando a dar certo. Ou tudo podia estar começando a dar errado. E quanto mais tempo passava, maior a dúvida ficava. Não existia certeza, nem os minutos de atraso davam algum tipo de certeza. Tudo bem que eu não era parte íntegra de toda a situação, mas não saber estava me deixando nervosa demais!
Depois de um tempo, Beatriz disse que ia falar com Victoria, que estava sentada alguns bancos atrás de nós. Eu só concordei com a cabeça e a deixei ir, apesar de estar me perguntando porque alguém no mundo iria querer falar com Victoria mais do que fosse absolutamente necessário.
Não tive nem chance de ficar sozinha por dois segundos. Assim que ela deixou o banco livre ao meu lado, ele foi ocupado por outra pessoa. Outra pessoa linda, alta e ruiva.
"Eu preciso falar com você," Gerad disse, apesar de que eu já estava prestes a sair de lá. Até cheguei a me levantar, mas ele segurou em meu braço e me puxou de volta pra baixo. "Soph, me dá um minuto."
Eu bufei, mais irritada com meu próprio coração que anunciava a chegada dele dentro de mim, do que propriamente dele. Arrisquei um olhar em sua direção e vi seu terno preto slim impecável do meu lado, acompanhado de sua gravata finíssima. Ele era perfeito. Nós não parecíamos nem do mesmo mundo.
"Você parece que vai para um funeral," eu disse, querendo com todas as minhas forças trazê-lo para baixo comigo, para o meu nível.
"Eu estou," ele disse, me dando um sorriso de lado, que logo desapareu. "Sério, Soph, me deixa explicar-"
"O quê? O que você pode ter para explicar?" Eu levantei a minha voz um pouco e ele logo me fez um gesto para falar mais baixo. "Você tem namorada, Gerad. E mesmo que, em algum mundo louco, você fosse terminar com ela, eu não quero ser essa pessoa que separa um casal. E a última coisa que eu quero é começar nosso relacionamento assim."
Ele recuou a cabeça um pouco, como se quisesse me olhar melhor. Estava praticamente inteiro virado para mim, enquanto eu insistia em me manter sentada certa, virada para o altar.
"Nosso relacionamento?" Ele repetiu, um sorriso abrindo em seu rosto.
De tudo que eu tinha falado, era nessas palavras que ele tinha se apagado. Não consegui evitar de revirar meus olhos, ao mesmo tempo que sentia minhas bochechas começarem a pegar fogo. Eu realmente tinha falado aquilo, não é? Eu realmente tinha acreditado que eu estava na posição de presumir que nós teríamos um relacionamento, que era isso que ele tinha ido ali falar comigo. Ele poderia muito bem ter ido me explicar que não poderíamos fazer aquilo de novo, que seria melhor se nós não contássemos para ninguém. O sorriso dele podia muito bem ser pela graça que ele encontrava em eu ter presumido algo como aquilo.
Mas não era. O jeito que ele me olhava era como se ele estivesse admirado, não só por mim, mas pelo que eu tinha falado. E me fez sentir ainda mais envergonhada.
"Você não está separando nada," ele disse, se chegando mais perto de mim, me fazendo querer deslizar para o lado contrário. "Eu não tenho namorada."
Eu soltei uma risada sem humor. "Mesmo que você tenha terminado-"
"Não, você não está entendendo," ele falou, um pouco mais firme, mas ainda com a voz bem baixa. "Sophie," eu o mirei, "eu não tenho namorada. Caresa não é exatamente a minha namorada."
"Como assim?"
Ele olhou para os dois lados, depois se levantou. "Vem cá," disse, me pegando pela mão e quase não me dando tempo nenhum de levantar antes de começar a me puxar para o fundo da igreja.
Mas ele não se contentou com isso, logo que chegamos lá, ele se enfiou em uma portinha que tinha lá e me puxou para dentro. Dava em um corredor gelado que acabava em uma escada caracol. Presumi que levasse até a cúpula.
"Caresa é a minha namorada," ele disse, sua voz ainda baixa, apesar de ser só nós dois ali. "Mas não de verdade. Meu publicitário que arranjou o nosso namoro, porque eu estava com muitos problemas com fãs fanáticas."
"Você só pode estar brincando!" Eu soltei sem pensar.
"Não estou," ele me assegurou, sério. "Ninguém sabe. Nem minhas irmãs, nem meu irmão, nem minha mãe."
"Você tem um irmão?" Eu perguntei, completamente fora do assunto.
"Sim," ele disse, "e ele também não. sabe. Ninguém sabe. Só o meu publicitário, Caresa e o dela."
"E como ela aceitou isso?"
Ele esfregou a nuca, o que me fez pensar que talvez ele estivesse envergonhado com tudo aquilo. "Ela precisava de ajuda na sua carreira," ele disse. "Eu a ajudo e ela me ajuda."
Eu concordei com a cabeça, deixando meus olhos caírem ao chão, pensando naquilo. Tinha algo nesse namoro falso dele que me incomodava e muito! Mas, ao mesmo tempo, era uma enorme porta marcada como saída que eu queria atravessar.
"Mas vocês não tem nada?" Eu perguntei, me lembrando de momentos em que eles tinham estado um do lado do outro, ela fazendo de tudo para parecer a namorada perfeita.
"Não!" Ele se apressou a dizer. "Quer dizer, ela está começando a bagunçar as coisas, ela exagera às vezes. E se fosse m qualquer outra circunstância, nós provavelmente já teríamos tido alguma coisa. Várias coisas," ele levantou uma sobrancelha e sorriu para ele mesmo, mas assim que viu a minha expressão nada satisfeita, ele voltou a ficar sério. "Mas como eu sabia mesmo que esse relacionamente não era de verdade, eu me mantive longe. E nós nunca tivemos nada. Nada mesmo, eu juro," ele procurou as minhas mãos e as segurou com as suas. "Soph, eu não preciso continuar com isso. Não se eu tiver você do meu lado."
"Eu não sei, Gerad," disse, tentando tirar minhas mãos dele, mas ele as segurou mais forte.
"Me dá uma chance," ele pediu, sua voz bem mais alta. Ele deu um passo em minha direção e eu não pude evitar de calcular na minha cabeça a distância entre meus lábios e os seus. "Me deixa terminar com ela publicamente e aí me dá uma chance. Um encontro. Talvez dois," ele riu de si mesmo, abrindo o sorriso mais lindo do mundo, que só o deixava ainda mais irresistível. Não era justo ele me pedir assim. "Um encontro, é só o que eu te peço."
Eu o mirei, virando só um pouco meu rosto, como se estivesse pensando. Mas não tinha o que pensar. Mesmo que eu ainda tivesse que repassar na minha cabeça se valia a pena, se todo o medo e o desconforto de namorar alguém famoso era o que eu queria, meu coração já tinha aceitado. Era o mínimo o que eu podia fazer por ele. Um encontro era o mínimo que eu podia fazer por mim.
"Está bem," eu disse, fazendo o seu sorriso só crescer ainda mais, se isso era possível. "Um encontro. Eu te dou o meu número e você me liga depois de já ter terminado com ela. Mas eu não prometo nada."
"Combinado," ele nem parecia me ouvir direito, e eu podia jurar que ele só estava pegando as partes boas.
"Um encontro," repeti.
"Um encontro," ele se inclinou para mim e por um segundo eu achei que ele fosse trapacear.
Mas seus lábios encontraram a minha bochecha, deixando uma lembrança da noite anterior.
"Vai ser o melhor encontro da sua vida, pode esperar," ele disse, orgulhoso de si mesmo.


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