Duas Mulheres escrita por Tina Granger


Capítulo 9
Capítulo 9




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Lembranças amargas

“Ele estava já a quase um ano agindo como comensal, se formara a quase quatro. Ninguém conseguira subir tanto no círculo intimo do lord em tão pouco tempo. Lucio malfoy, olhava com certa inveja o antigo colega da irmã. Afinal, demorara muito mais para o mesmo acontecer. Severus tinha uma sede de poder e de vingança que surpreendia a muitos. Em determinada noite, o próprio Lord o designara para uma das missões, onde tentariam capturar alguns aurores, que estavam conseguindo destruir vários dos ataques dos Comensais.

Severus estava no local a algum tempo, afastado dos demais Comensais, quando percebeu que na verdade era uma emboscada para os mesmos. Gritou isso, mas, antes que pudesse aparatar, um feitiço estuporante o fez cair. Mas percebeu uma coisa que o paralisou mais: o perfume que ele buscara por dois anos.

Ficando zonzo, não apenas percebeu um braço batendo na sua cabeça quando sentiu sua mascara caindo ao chão, junto com o corpo.

– Severus... – uma voz feminina sussurrou, parecendo chocada. Ela também usava uma mascara, sinal que não devia ser tão inocente assim. Ele simplesmente desmaiou, sem reconhecer a voz.

Acordou em um quarto, com um casal discutindo. O homem chamava a mulher de teimosa, ao passo que serenamente, ela retrucou que não se considerava isso, mas sim apenas obstinada.

– Obstinação serve para fazer coisas boas. Para se passar em exames, por exemplo. Ou salvar uma vida.

– Mas é isso que eu quero fazer! Ou será que você não ouviu o que Henry disse? Que o estado dele é muito mais grave do que parece? Além dos poucos feri...

– Não tente me convencer, Cass. Ele vai ser preso assim que...

– Por favor, Benjy... – o tom de súplica era palpável até para Severus.

– Eu vou me arrepender disso não vou?– pelo visto o imbecil começava a ceder a ela.

– É claro que não! – a garota estava de costas para Severus, ele observou atentamente o cabelo negro dela. – E depois, ele recuperado, vai sair da minha casa mais rápido que os recrutas indo para a enfermaria.

– Eu tenho medo que ele te magoe.

– Benjy, Snape não vai fazer nada comigo que eu não permita. E por mais que digam que se sofrendo aqui, é possível entrar no paraíso, eu digo: prefiro ser feliz aqui, está bem? E depois, lembra–se do que Henry falou? Que no estado que ele está, não vai poder fazer sexo selvagem por um bom tempo?

– Henry não disse... – quando percebeu o que ela dissera, Benjy ficou irritado. – Cassandra! Se já começou a fazer piadas sem graça, é porque recuperou a sua falta de sensibilidade! Francamente!

– Não precisa ficar tão irritadinho, papai. Afinal, eu só falei brincando, mas você me deu uma idéia maravilhosa! – fingiu ficar animada com a idéia.

– Sabe, ter uma filha como você, é a razão pela qual os homens decidem ser celibatários. – ele ignorou a risada dela. – Cassandra, é sério. Eu não posso te deixar sozinha com um comensal da morte!

– Que está ferido, sem varinha, em um prédio onde não pode aparatar! Acorda, Benjy! Eu não tenho 11 anos, sabia? E mesmo se tivesse, sempre quis ser policial, e quando recebi a carta de hogwarts, decidi ser o equivalente ao meu sonho, no mundo bruxo. E não vai ser por que cuidei de um comensal doente que vou mudar...

– Se os nossos superiores descobrirem...

– Falou muito bem. Se. Mas como você é um parceiro muito gentil, amigável e...

– Eu não acredito que você esteja fazendo isso comigo. Cassandra, isso é...

– Horrível, constrangedor, sem falar terrivelmente...

– Cale a boca! Será que nem nessa hora você consegue falar sério?

– Mas é sério! Juro! Acontece só que eu fiz essa promessa, quando nós ainda estudávamos. E você acha que eu devo a quem o fato de estar aqui na sua frente? Por favor, Benjy! Eu duvido que você nunca transgrediu nenhuma regra, tanto em hogwarts como aqui...

– Se descobrirem, eu não sabia de nada. – a garota soltou um grito e se pendurou no pescoço dele. – mas se esse idiota por as manguinhas para fora... Vou fingir que você é minha irmã e dar o que ele merece.

– Mas se eu fosse sua irmã, você estaria comemorando por haver um homem na minha cama... – ela começou a rir, esforçando–se para não ser muito alto o som. – Mesmo que doente.

Benjy fez um som de desagrado e saiu do quarto. Nenhum dos dois reparara que Severus estava consciente, ouvindo cada palavra trocada. Cass? A única Cassandra que ele conhecera era Cavendish... E ele duvidava que ela seria ousada o suficiente para...

Estava nessa linha de pensamento, quando a mulher entrou novamente no quarto. Tinha o cabelo negro solto, segurava uma bandeja. Que quase foi ao chão quando o sonserino resolveu falar.

– Então esse é o destino de sangue–ruins metidas... Servir uma bandeja a um sonserino sangue–puro.

– Vai assustar o rei da Inglaterra. – ela pronunciou as palavras lentamente. – Eu devia jogar o seu café da manhã na sua cara, para você aprender. – resmungando, ela colocou a bandeja em cima do criado mudo. – Bom dia para você também! – ela deu um sorriso largo. – pode me responder uma coisa? Eu fico melhor loira ou morena?

– Como eu vim parar aqui?

– Papai Noel te trouxe. Agora que tal você comer...

– Nem morto. – Severus estava azedo.

– Morto você não come mesmo. – Cassandra concordou. – Agora, eu vou limpar minha casa que está uma zona e...

– Cavendish, como eu vim parar aqui? – pelo visto ele não ia desistir. Cass suspirou antes de responder.

– Eu aparatei com você, que estava desmaiado... Caramba, eu nunca peguei alguém tão... – ela pareceu escolher uma palavra. – machucado antes.

– Eu estou bem! – Severus tentou se levantar, mas uma dor profunda nas costelas o fez se reclinar nos travesseiros. – O que você fez comigo?

– Não fiz nada, apenas te tirei do meio de uma batalha. E convenhamos, que você estava muito fraco para participar dela.

– Fraco? Pois saiba que eu não sou...

– Escuta, você desmaiou há dois dias. Se esse não é um sinal de fraqueza... Severus, vou ser franca: se eu estivesse nas suas condições... Você nunca viu um bustiê antes? – reclamou ao perceber que ele olhava na roupa em questão.

– O pingente.

– Ah, isso... Foi Angie quem me deu. No dia da nossa formatura. – segurou a estrela, com uma lua dentro, ambas apenas com o contorno. – Segundo ela, era um amuleto para me trazer o amor, mas acho que está com defeito de fábrica, pois ninguém consegue me suportar por muito tempo!

– Você me tirou?

– Óbvio não é? Se tivesse sido outra pessoa, você já estaria a caminho de Azkaban e... – não entendeu o olhar que ele lhe lançou.

– Rosas. Você estava usando um perfume de rosas e agora está usando o mesmo perfume de jasmim que sempre usou, quando tinha aulas comigo. – ele ia tirar essa dúvida da cabeça, mesmo que precisasse forçar a garota a beber veritassum.

– Sempre gostei de perfume de flores. – respondeu casualmente.

– Na lista de Angie, não havia o seu nome.

– Porque eu pedi a ela que não colocasse. – a cabeça elevou–se. Admitir aquilo não era fácil, mas estava cansada de se esconder. Se fossem outras circunstancias, teria se divertido muito com a surpresa que apareceu no rosto dele.

– Sua sangue...

– Olha o que vai falar! Paciência tem limite, Snape, e eu tive um dia difícil. Ah, quer saber? Não precisa me dizer se fico melhor loira ou morena. Do jeito que você está, não me surpreenderia se dissesse que fico melhor careca.

Sem dizer mais nada, ela saiu do quarto. Severus suspirou, dando uma olhada no quarto. Ao lado da cama de casal, tinha o criado–mudo, onde Cassandra colocara a bandeja. Um sofá, marrom escuro, uma pequena escrivaninha, uma garrafa em cima dela e copo, com cadeira e o guarda–roupa branco, com duas portas, uma que ele pôde ver a sala, e a outra ele imaginou que fosse o banheiro.

Obviamente, o quarto havia sido ampliado com magia, para que coubessem tantos móveis, e Severus tentou novamente se levantar, as dores nas costelas foram as mais fracas que sentiu. O impacto foi tão inesperado, que ele não conseguiu controlar um grito. Dois segundos depois, uma Cassandra pálida entrava no quarto.

– Tentou se levantar? Desculpe–me, eu esqueci de avisar... – ela pegou a jarra e colocou o liquido dentro do copo, oferecendo a ele. – Você vai ter que ficar de cama, por no mínimo um mês. Foi usado um feitiço em você, que reabriu algumas... Bem, muitos ferimentos que não estavam cicatrizados. – não o deixaria saber nunca que ficara apavorada quando vira as cicatrizes que ele tinha pelo corpo inteiro. E que por conta delas, mais o fato de não conseguir estancar o sangue que escorria das novas feridas, fizera a primeira coisa que passara pela cabeça, que fora chamar um medi–bruxo. Felizmente, podia confiar em Henry Weasley... – Eu tentei te curar, mas sou auror, não medi–bruxa... Então, chamei um, e pedi que ele te... Não se atreva a se mexer!

– Eu não vou ficar na sua casa!

– Ah, vai sim. – Cassandra puxou a varinha, que mantinha dentro de um corsário negro. Murmurou um feitiço, que fez o leve edredom se enrolar, prendendo Severus. – Eu quase morri naquela porcaria de lugar para conseguir te tirar de lá e não vai ser o seu gênio arrogante e sua cabeça–dura que vai destruir todo o trabalho que eu tive! Agora Severus, você tem duas escolhas: ou me deixa ajudá-lo, ou vai ser forçado a ter a minha ajuda! Se por acaso você não tenha percebido, estou fazendo isso pelo pagamento das aulas que tive com você. – quando ele começou a xingá–la, Cassandra só deu um sorriso. – Não precisa agradecer... Agora que você percebeu quem está no controle, que tal ser um bom menino e tomar essa poção revitalizante? Juro que o seu corpo só vai melhorar, não vai acontecer mais nada.

– Quem fez essa poção? – Severus perguntou desconfiado.

– Henry Weasley. Ele é medi–bruxo, e foi quem tirou a sua roupa. – subitamente Cassandra se interessou por um buraco qualquer na parede. – e então? Vai beber?

– Contanto que você esteja bem longe de mim.

– E perder a oportunidade de te irritar mais um pouco? Nem se eu fosse a própria miss universo!

Foi o inicio das duas semanas mais infernais que Severus passara na vida. Cassandra estava de férias, e sempre estava entrando e saindo do quarto (que ele descobriu ser dela), o alfinetando, cantando e passando um sermão após o outro. Severus não via a hora de se ver livre dela, especialmente durante as noites, já que dividindo o apartamento com uma trouxa (como ela se sujeitava a isso?), era obrigada a passar as noites no mesmo quarto que ele. Do nada, certa manhã, ele acordou e não escutou nenhum barulho que indicasse a presença de Cassandra. Ficara as duas últimas semanas de cama, não tendo nem mesmo permissão para ir sozinho ao banheiro! Esperava todos os dias pela visita de Henry, ou como Cassandra o chamara uma vez “Pinheiro em Chamas”, para realizar suas necessidades de higiene (banho), já que nos outros momentos, a mulher providenciava atraves de magia, que ele tivesse um mínimo de privacidade, por alguns momentos no dia.

Sentando–se na cama, se arrependeu disso no instante em que uma Cassandra entrou no quarto.

– Você não está pensando em levantar está? – como alguém podia passar uma imagem apavorante só com um levantar de sobrancelhas, Severus questionou–se antes de responder.

– Na verdade, estava me questionando se você estaria procurando um pouco de – ele fez questão de uma pausa. – sexo selvagem.

– O que você... – o rosto de Cassandra ficou subitamente vermelho, ao compreender as palavras de Snape. – você estava consciente quando...

– Sim. – agora era Severus quem se divertia. – Mas devo dizer que tenho padrões muito rígidos para escolher a minha parceira e definitivamente, sangue–ruins não se enquadram nesses padrões. Mesmo que sejam muito bonitas!

– Que bom saber disso, assim não vou precisar mais do meu crucifixo e vou poder voltar a usar alho só na cozinha, e não como proteção para o meu pescoço! – apesar da imagem de durona, Cassandra não conseguiu apagar o rubor da face. – mas não foi por isso que voltei para cá.

- Quer dizer que você tinha saído? E por que não ficou por lá mesmo?

- Não se preocupe, você não vai precisar me aturar por muito tempo mais. – ela usava uma calça jeans azul–escuro, com uma blusa no mesmo tom, botas e o pingente que ele percebera que ela não tirava para nada. – Apenas voltei por sua causa. – ela deu uma piscadinha. – mas não do jeito que essa cabeça está pensando. – foi até o armário e pegou uma sacola de viagem vermelha. – Voltei para te dizer que a partir de agora, você não vai precisar me aturar o dia inteiro... As minhas férias acabaram. Mas o senhor nem pense que eu vou cometer a atrocidade de te deixar sozinho. Fui até a sua casa...

- Você foi na mansão Snape? – Severus sentiu novamente vontade de esganá–la. – por que não me deixa ir em paz?

- Você sabe o que essa palavra significa, Severus? – Cassandra o encarou, seriamente. – não estou me referindo a ninguém te azucrinando os ouvidos. Estou me referindo a você sentir que não deve nada a alguém, a se sentir livre para rir, ou cantar, sem medo que te apontem o dedo... Respirar fundo, sentindo o ar entrar e sair sem nenhum compromisso que possa te apressar a isso? Talvez eu esteja dando os exemplos errados, mas paz para mim é isso. E minha cabeça não está suja para você olha–la desse jeito. – ela exclamou irritada.

– O que aconteceu com seus cabelos? – Cassandra olhou imediatamente no espelho.

– Só as raízes estão aparecendo... preciso pintar de novo, já que não sou metamorfa. – já estou de saída, não se preocupe... Só voltei mesmo para trazer Dyndy.

– Dyndy?– a pergunta foi respondida quando Cassandra abriu a porta do quarto e um elfo marrom, olhando para o chão entrou. – Dynduawndy! – pela primeira vez, Cassandra viu um sorriso, sem ser zombeteiro, no rosto de Snape.

- Bem, como deu para perceber, vocês vão se entender perfeitamente. Dyndy, não se esqueça das recomendações que eu lhe passei.

– Dynduawndy não vai esquecer, senhorita, Dynduanwdy promete. Dynduawndy quer ver mestre Severus recuperado, e em casa o mais rápido possível. – o elfo falou solene. Cassandra assentiu.

– Ótimo. Então eu vou despreocupada. – ela se inclinou e beijou o elfo na cabeça careca. – E se esse turrão mandar você para o inferno, pode dizer o que eu te disse.

- Dynduawndy serve a mim! – Severus murmurou, os dentes cerrados.

- Pode servir, mas enquanto estiver na minha casa, Severus, eu sou quem decide o que é feito ou não. – deu um sorriso largo antes de sair do quarto.

- Que ordens ela lhe deu, Dynduawndy?– Severus sabia que o elfo trataria de obedecer a todas as ordens, se isso significasse uma recuperação mais rápida para ele.

- Apenas que Dynduawndy não deveria deixar mestre Severus sair da cama, e onde estão as poções que o mestre deve tomar, para se recuperar mais rápido...

As semanas se arrastavam, sendo que dois dias antes de completar um mês, ele estava cansado de ficar na cama, já que sentia–se muito bem. Mandou Dynduawndy ir pegar um copo d’água, vestindo um robe negro de seda, rapidamente antes que o elfo retornasse, Severus foi para a sala de estar. O elfo ao ver o seu mestre ali em pé, começou a falar, mas a um gesto calou–se.

- Não quero uma única palavra de recriminação, Dynduawndy. Aquela mulher já me inferniza o suficiente durante as noites. – isso quando voltava para casa, coisa que não acontecera umas duas ou três vezes. Ele e Cassandra não conseguiam parar de discutir, e Dynduawndy quase caía duro quando percebia a bruxa se aproximando de Severus. Mas fora isso, ele parecia nutrir uma grande admiração pela loira, agora morena, fato esse comprovado que quase todas as falas de Dynduawndy começavam com um “a senhorita disse...”.

Severus sentou–se em sofá cinza, com o encosto alto. A não ser que observasse muito bem, não notaria nenhuma característica de Cassandra ali. Dynduawndy ficou de pé com a cabeça, baixa, os lábios comprimindo–se para não falar nada.

- O que é? – perguntou impaciente ao perceber um olhar de censura.

- Dynduawndy vai ser castigado se falar o que pensa... – ele ousou murmurar. Severus, em um impulso, jurou não fazer nada, se ele falasse. – Dynduawndy pensa que mestre Severus deveria abrir o coração... A senhorita Cassandra gosta de mestre Severus, de certa forma até mais que Dynduawndy... – foi interrompido por batidas insistentes na porta. – a senhorita disse para não deixar pessoa alguma entrar, mestre.

- Dynduawndy, vá para a cozinha e fique em silencio.

- Mas mestre...

- Desobedecendo a uma ordem do seu senhor, Dynduawndy? – o elfo foi para a cozinha, balançando a cabeça. Felizmente, Severus não ouviu os murmúrios do elfo.

- Dois bruxos tão cabeça–dura deveriam parar de brigar... Só um elfo que não conhece o seu mestre, não perceberia os bons sentimentos que o mestre tem, quando a senhorita está por perto...

Severus ao abrir a porta, deparou–se com uma mulher elegantemente vestida. Ela ergueu a sobrancelha ao vê–lo.

- Ora, ora... Pelo visto, minha filhinha cresceu e esqueceram de me avisar...

- Quem é você? – Severus não foi educado ao fazer a pergunta, a mulher simplesmente o ignorou, entrando porta adentro. Pergunta inútil, pois ele podia perceber de quem Cassandra herdara a estrutura do rosto delicado.

- A mãe da jovem que habita essa espelunca. Onde Cass está? Espero que esteja fazendo alguma coisa útil. – ela ergueu uma almofada, estudando o estado do sofá. Por fim, decidiu ficar em pé.

- Não sei. E já que não lhe convidei para entrar, espero que não se sente. – Severus se sentou, cruzando as pernas na mesinha de centro.

- Atrevido... Qual é seu nome, garoto?

- Garotos são os irmãos de Cassandra. Seus filhos. – lembrou–se do que Angie lhe contara. Pelo que mencionara depois, dois teriam agora 16 anos. – E sua filha esteve muito bem sem a sua presença, sua trouxa idiota.

- Não importa. Vou esperar por minha filha, e nenhum homem, que faz sair fagulhas de uma vara, vai ser capaz de me tirar daqui. – a mesma arrogância da grifinória quando queria alguma coisa.

– Azar o seu. – eles ficaram se encarando, os olhos castanhos claros da mulher lançando chispas de ódio. Eles não ficaram muito nessa situação, já que Cassandra entrou, chamando por Severus. Ao perceber a mulher à sua frente, ela estacou.

- Vá embora. – foram as primeiras palavras. – E não se atreva a voltar.

- Antes precisamos ter uma conversa, Cassandra.

- Já tivemos a conversa que precisávamos há seis anos, Catherine. – o som do nome saiu amargo. – E desde ela você está morta para mim. – Cassandra se mexeu, deixando a porta aberta. – Você tem um segundo antes que eu chame a polícia, senõra Ortega. – os lábios de Cassandra estavam brancos. Apertava as sacolas com força, as juntas dos dedos brancas.

- Você faria isso, Biscoitinho?

- Cala a boca! Você não tem moral para me chamar assim! – Cass gritou, os olhos flamejando de raiva. Ela respirou fundo, tentando se acalmar. – Eu vou guardar minhas compras, e quando voltar para a sala, quero você longe da minha casa, da minha família e da minha vida, entendeu?

- E se eu não quiser?

- Vou ser clara, para não haver nenhum mal–entendido: EU NÃO QUERO SABER DA SUA VIDA E NÃO QUERO QUE SAIBA DA MINHA, compreendeu? – Cassandra passou rente a ela, virando o rosto. Embora não tivesse elevado a voz, o tom firme e gelado eram patentes.

- Se você mudar de idéia, estou morando em Madrid. – a voz saiu firme, mas Cassandra ignorou. Quando voltou a sala, Severus estava sozinho.

- Que ver...

- Cale a boca. – Cassandra estava furiosa, mas parecia se controlar. – por que está de pé? Henry foi muito claro, dizendo que você não poderia levantar–se da cama, a não ser daqui a dois dias...

- Estava cansado de ficar na cama então...

- Por que abriu a porta para ela? Se você não tivesse aberto essa maldita porta... – ela passou a mão pelos cabelos.

- O seu segredo estaria a salvo, não é? Lamento informar, Cavendish, mas como você já me disse uma vez, não existe um segredo que seja eterno. E depois... – Severus se impressionou quando os olhos da mulher cruzaram os seus. Raiva, mágoa, fúria... Nos olhos de Cassandra havia uma dor muito grande.. – Angie já havia me contado sobre ela, que ela lhe dissera alguma coisa muito...

- Quer saber o que essa mulher falou para mim? As palavras exatas? Eu nunca vou conseguir esquecer, Severus, nunca! – as lágrimas que ela estava tentando reprimir saíram livres. – “Sabe a razão pela qual eu não estou na América, como sempre foi o meu projeto de vida, Cassandra?Por sua maldita causa! Se eu tivesse conseguido me livrar de você, enquanto estava dentro de mim! É isso mesmo, eu tentei abortar você, mas não... Primeiro eu não consegui... Quando estava indo tentar de novo, seu pai, esse imbecil romântico, descobriu que eu estava grávida... Ameaçou me denunciar, à justiça... Passou a me vigiar todos os momentos, só por conta de uma coisinha minúscula... quando você nasceu, eu já tinha perdido todas as minhas chances”... – Cassandra continuou falando, mas Severus percebia que era algo automático,pois os sentimentos estavam entorpecidos. Cassandra parecia um casca oca. – “Se isso não basta para você, para mim não foi... Eu nunca gostei da idéia que você fosse uma bruxa, com aquela amiga estranha... Eu me livrei de te aturar durante o ano, mas tinha o seu pai... Todo orgulhoso... “Cassandra é garota mais inteligente que conheço... puxou a mim... Ela tem não só a inteligência, mas também a noção de honra dos Cavendish...”. Você tinha a MINHA beleza e a falta de ambição daquele...” – Do nada, Cassandra pareceu perceber o que estava falando. A raiva que sentia por Catherine pareceu se voltar a Severus. – Eu tinha conseguido viver sem isso me machucar tanto... Você fez voltar tudo! – Cassandra caiu de joelhos, escondendo o rosto banhado de lágrimas.

- Cassandra, eu... – Severus começou a se aproximar, mas do nada, ela se colocou de pé, secando as lagrimas com raiva.

- Se você está em condições de ficar em pé, também está em condições de ir embora. Volte para sua casa, lute por Você–Sabe–Quem... Eu não me importo mais... – ela reprimiu um soluço. – Eu vou sair, Severus, vou voltar dentro de uma hora.– ela se aproximou de uma pequena estante, e abrindo–a, pegou a varinha de Severus. Jogou–a na mesinha de centro. – Não quero absolutamente nada que possa lembrar de você na minha casa.


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