Duas Mulheres escrita por Tina Granger


Capítulo 3
Uma aula




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Uma aula

Primeira aula, Grifinória com Sonserina, quinto ano. Todos pareciam estar com sono, menos Samara Sanders. Snape distribuiu as redações que havia corrigido, imaginando quando a explosão do dia aconteceria. Isso porque, desde o terceiro ano, Samara o afrontava todas as vezes que pisava na sua sala de aula.

Quando viu a nota que tirara, Samara falou algumas palavras que Snape sequer imaginava que ela conhecia. Estreitou os olhos, quando percebeu que ela não ia de imediato enfrentá-lo. Sinal que a briga ia demorar tanto para acontecer como para acabar.

No fim da aula, Samara colocou o rabo de lagartixa no caldeirão, provocou uma pequena explosão, resultando que o líquido viscoso que borbulhava transbordasse um pouco. Meio que acostumada a esse acontecido, Samara não sofreu nada, já que no instante em que percebeu o que ia acontecer, pulou para trás, derrubando Joan Brett, uma sonserina, que costumava ter ataques de mal-humor (e era com quem Samara preferia brigar).

Sua... estúpida! Sangue-ruim imbecil! – Joan gritou, levando no segundo seguinte um soco direto no olho.

Os grifinórios trataram de puxar Samara, enquanto os sonserinos puxaram Brett. As duas haviam se engalfinhado. Severus deixou os ânimos se acalmarem um pouco antes de intervir.

Devo dizer, que não estou surpreso com a inabilidade de certas alunas... Vinte pontos a menos para a Grifinória pela estupidez de Sanders com a poção do esquecimento, coisa que qualquer criança do primeiro ano faz, e mais quarenta pela agressão à colega.

Snape falou calmamente, provocando uma onda de indignação nos grifinórios.

Tudo bem, professor. E quantos pontos da Sonserina? Pois se eu muito me engano, Brett me agrediu primeiro, com palavras. – Samara tentou ao menos tirar alguns pontos da sonserina.

Sanders,inabilidade com as palavras geralmente causa problemas, e Brett apenas expressou-se mal. – Samara cerrou os dentes. Antes que pudesse raciocinar, argumentou.

Ah, Brett apenas expressou-se mal... Interessante. Então quer dizer que na minha redação, que demorei uma semana escrevendo, revisando e acrescentando tópicos extremamente importantes, eu me expressei mal?

Exatamente. Agora, trate de limpar...

Desculpe professor, mas eu não concordo. Draco leu, corrigiu a minha redação e me disse que a comparou com a de Brett, e afirmou que a minha estava muito melhor. – quando percebeu que todos a encaravam, ela tapou a boca, com os olhos arregalados. – Falei demais. – ela murmurou, prendendo o ar.

Malfoy leu a sua redação, a corrigiu e comparou com a de Brett? – o tom suave de Snape parecia a bonança antes da tempestade. Samara soltou o ar lentamente.

Óbvio que ele cobrou um preço para fazer isso, professor Snape. Ou o senhor acha que o monitor Malfoy consegue agir como uma pessoa normal?

E qual foi o preço cobrado pelo senhor Malfoy, Sanders? – ele ignorou o fato dela estar tão vermelha quanto os cabelos de Gina.

Isso, professor, o senhor deve pedir a ele... Pois eu duvido que o monitor vá me devolver o que paguei. Aliás, nem tem como ele devolver. – ela conseguiu dar um riso nervoso.

Nunca Samara ficou tão agradecida pelo sinal ter batido naquele instante. Os alunos que estavam paralisados começaram a se mexer no mesmo instante, os sonserinos continuando a olhar Samara como se ela estivesse mentindo. Os grifinorios, como se ela fosse louca. Quando estavam saindo, Samara estava ao lado de Virginia Weasley falando alguma coisa como “queria que eu dissesse o que?”, Severus terminou o que pretendia.

Sanders, às oito horas em ponto, esteja aqui.

Mas professor... – ela tentou protestar, mas antes que pudesse formular a frase, ele a cortou.

Você escutou.

Desculpe. – ela falou rudemente. – Mas eu já tenho um compromisso para essa hora.

Não venha na detenção, Sanders, e a Grifinória perde cem pontos. – ele a ameaçou.

Está certo, professor. Mas se o senhor não estiver aqui? Ainda estou em detenção?

Me ameaçando, Sanders?

Só fiz uma pergunta, professor Snape. Embora a aula tenha já terminado, essa dúvida me surgiu do nada. – a ironia era palpável.

Se eu não estiver, Sanders, o que não acontecerá, se eu não estiver, vou designar um dos monitores da Sonserina para cuidar da sua detenção.

Algum dos monitores ou um monitor especifico? Sabe, tem uma enorme diferença entre...

Saia. – Samara não esperou segunda ordem. Severus sentou-se, suspirando. - essa garota ainda vai me enlouquecer.

Meio-dia, Snape se encaminhava para o salão principal quando escutou a voz de Samara chamando por Malfoy. Discretamente foi até onde escutaria a conversa dos dois.

Escuta aqui, Draco, sinceramente, estou pouco me lixando para o que o resto da escola vai pensar. Nós temos um acordo, ou será que a florzinha vai amarelar?

Sanders, você percebeu a idiotice que fez? Agora todos vão comentar, e decididamente, você acha que eu iria perder o meu tempo... Professor Snape. – Draco se enrijeceu, e Samara se encostou displicentemente na parede, lançando-lhe um olhar desdenhoso.

Borra-botas. – o insulto não teve nenhuma direção especifica. Vagou o olhar para um ponto atrás de Snape, não o tendo no seu campo de visão.

Cale a boca, Sanders. – Draco imaginou o que poderia piorar. Samara só mostrou-lhe a língua. Severus fechou a cara.

Que bom encontrá-lo junto a Sanders, Malfoy. Assim você pode me explicar o que ela disse durante a aula.

Isso vai ser meio difícil, professor, já que eu já tive três aulas, e falei muito com os...

Sanders, estou falando com Malfoy. Mais uma palavra sua, e não me responsabilizo pelos meus atos.

Que estressado professor. Se o senhor fosse trouxa, eu recomendaria um massagista que trabalha perto da minha casa. – fechou a boca com o olhar gélido que ele lhe deu.

Estou me referindo a uma certa redação. E então?

Ah... Bem, eu... posso explicar. – Draco estava sem jeito.

É por isso que estou esperando. – Snape perdeu a paciência. Especialmente por Samara estar quase gargalhando. E não adiantou de nada o olhar gelado.

Desculpa professor, mas é muito engraçado isso. Especialmente a cara dele.

Que eu saiba, não tenho cara de palhaço. – ele ficou indignado.

Devia se olhar de vez em quando no espelho. – Estava dando tempo para ele pensar numa resposta, era óbvio.

Sanders. Suma da minha frente. – pela segunda vez no dia, Snape a mandava sair.

Ainda estou em detenção?

Sim. – o tom irritado arrancou um sorriso na garota.

Não se pode vencer todas, que peninha... tchauzinho, professor, até a noite. – ela balançou a mão, sumindo no corredor.

Uma explicação simples, e rápida Malfoy. – o tom irritado não deixava dúvidas que se mentisse, Severus perceberia.

Sanders me pediu para ajudá-la com poções. Resolvi fazer isso. Simplesmente.

E qual o pagamento?

Pagamento?

Malfoy, minha paciência acabou quando essa garota abriu a boca pela primeira vez. E então? Qual o pagamento que você exigiu? E que não pode devolver?

Acho que com todo o respeito, professor, isso não deve ser comentado pelos corredores. – ele reuniu toda a dignidade que pode para responder isso. Snape tentou ler-lhe a mente, mas Draco estava pensando em... Fogo?

Malfoy, vá almoçar. – Snape ordenou, sendo rapidamente obedecido. Draco não escondeu o alivio de sair dali.

Santo Merlin...

“ - Ei, monitor Snape! Severus, deixe de se fingir de surdo e pare um instante. – A garota loira tinha a respiração levemente acelerada.

- Não me chame de Severus, não lhe dei essa intimidade, Cavendish.

- Sabe muito bem meu nome, e que não é Cavendish. Será que pode me escutar por cinco minutos sem essa cara de arrogância?

- O que quer? – ele retrucou, altivo.

- Diversas coisas. Dinheiro no banco, um namorado decente, a paz mundial... – a risada saiu espontaneamente.

- Muito engraçada. – Severus recomeçou a caminhar.

- Sabia que mal-humor mata? Se não, faz envelhecer cedo. Prometo que não faço nenhuma gracinha, se parar um pouquinho.

- Não me encoste! – Severus reagiu como se água fervente o tivesse tocado, no instante que ela o tocou no braço.

- Então para de fugir feito um imbecil e me escuta. – ela fez a volta e parou na frente dele, os olhos azuis encarando os olhos pretos. – É muito simples. Quero te pedir quanto você quer ganhar para me ensinar Poções.

- Não pode pedir a Lupin ou à monitora sangue-ruim?

- Remo está com problemas, e... quem é a monitora sangue-ruim que você está falando?

- Não aja como uma idiota. Sabe muito bem que me refiro à outra sangue-ruim da grifinória.

- Outra sangue-ruim... Nossa, pensei que você ao menos fizesse uma distinção especial para Lílian. – ela sorriu novamente. – Mas como não é o caso... Será que pode me ensinar Poções?

- Por que?

- Por que? Você não acha que ser considerada um trasgo nessa matéria já não é o suficiente?- ela sorriu, como se tivesse feito uma grande piada.

- Por que não pode pedir à sangue-ruim?

- E por que não aprender com o melhor? Severus, você é...

- Cavendish, lisonjas baratas, embora combinem perfeitamente com você, não fazem o meu gênero.

- Ui, essa devia ter me ofendido, mas se consigo aturar as cantadas idiotas de Sirius, sem bater tanto nele, acho que consigo ignorar essa ofensa. A situação é simples: sou uma trasga em poções, você é o melhor, e arranjo o dinheiro que for preciso para pagá-lo. Então? Negócio feito?- ela estendeu a mão para cumprimentá-lo, mão que foi ignorada, e o sonserino passou adiante. – Tá legal, eu confesso: considero você o cara mais inteligente de Hogwarts. Satisfeito? Lílian está tentando me ensinar, mas definitivamente a única coisa de Poções que consegue entrar na minha cabeça são as detenções com o Smith. Fora isso, nada.

- E daí? – Severus não parara, mas a garota fora atrás.

- Daí? Você olhou os requisitos para Auror? Lá está escrito em letras garrafais: PO-ÇÕES! Nas outras matérias, acho que tenho chances de passar, mas em poções... Nem se eu fizesse um strip-tease e ficasse completamente nua no meio do salão teria alguma chance nos requisitos mínimos.

- E pretende me pagar como? Você vende seu almoço para comprar o jantar!

- Isso já não é da sua conta, e embora meu pai não seja milionário, eu tenho minhas economias, e posso muito bem fazer bicos. Não tenho medo de trabalhar para pagar meus estudos, monitor Snape. Vamos lá, Severus, seja camarada.

- Cavendish, esqueça. Eu não vou me sujar aceitando pagamento de uma sangue-ruim.

- Então pode encarar o meu estudo como um desafio, uma revisão de matéria, o que quer seja. Mas por favor, ME ENSINE POÇÕES. – ela praticamente implorou. Quando ele parou, se virando, ela sentiu o coração parar de bater por um instante. O sorriso desdenhoso, marca registrada de Snape, estava lá.

- Não. – disse simplesmente, antes de continuar a andar e entrar no Salão principal.”


Professor Snape, o senhor está bem? – Luna Lovegood o estava encarando com um olhar diferente do habitual.

Estou.

Não parecia. Tinha o olhar tão distante... – Se Luna Lovegood tinha achado o seu olhar distante, uma coisa era certa: os outros alunos deviam estar achando que ele enlouquecera. A ignorou, e foi para o salão principal.

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