Não, Wilson! Você sabe que não posso fazer isso... Acha mesmo que vou abrir mão de um filho pelo House?

Aquela conversa não estava levando a lugar algum, parecia que Cuddy realmente estava decidida a seguir com sua vida e deixar os sentimentos que sentia por House, para trás.
Cuddy queria ser mãe e isso não incluía House, não agora.

Ela precisava de alguém que estivesse ao lado dela em todos os momentos, dando apoio, sendo uma base e ela sabia que mesmo ela querendo, House não era esse homem.
Mesmo nunca tentado ter nada sério com House, ela o conhecia muito bem e sabia que bancar o “paizão” não era muito a cara dele.

Nunca foi segredo para ninguém que os dois sempre se gostaram, a tensão sexual dos dois era visível até para um estranho. As brincadeiras, os elogios e piadas maldosas sempre tiveram um fundo de verdade. Muitas vezes Cuddy deixou visível para House que queria alguma coisa, mas ele sempre fugira, parecia ter medo de seus próprios sentimentos e nessa fase da vida, Cuddy não precisava de alguém assim, precisava de alguém seguro de seus sentimentos.

Vê-lo todos os dias era o maior dos desafios desde que Cuddy decidira esquecê-lo, era uma perseguição, se antes ela quase não o via, agora, todo minuto surgiam autorizações a serem assinadas.

Agora ela estava lá, com seu melhor amigo – e melhor amigo de House – falando sobre suas inseguranças, desejos e escolhas.

Insegura por não saber se era realmente aquilo que ela deveria fazer, adotar uma criança ocuparia bastante o tempo dela, seria necessário várias adaptações aos seus horários no hospital e isso não era fácil. Mas ela dizia para Wilson com firmeza que estava segura do que queria fazer, mas outra hora, já desabava com o amigo dizendo que talvez não fosse o certo.

- Mesmo amando meu trabalho, o meu desejo maior agora, é ser mãe. Sei que poderia esperar mais um pouco, mas eu sempre adio, não quero mais, quero que seja agora. Não estou mais na flor da idade Wilson, se esperar mais, meu filho vai me chamar de “vovó”.

Wilson tentava acalmar amiga que parecia estar perdida.

Cuddy sempre se destacara em vários aspectos, na faculdade e no colegial sempre esteve entre as melhores, se não, a melhor. Sempre teve uma beleza extraordinária de tirar o fôlego de qualquer um. Cuddy tinha todos os aspectos de uma grande mulher, tinha um ótimo emprego, era bem sucedida, respeitada em sua área, mas talvez por ironia do destino, ela não conseguia se sentir uma mulher completa, faltava alguma coisa, sempre faltou, e ela sempre soube o que era.

- Meu corpo foi feito para isso, eu sou mulher. Por que não consigo? Já fiz vários exames, não há nada de errado comigo, Wilson. Às vezes me pergunto se nasci para ser mãe ou estou persistindo no erro, mas ai eu lembro que toda mulher foi feita para ser mãe. Mas há algo errado. – Os olhos da Dean estavam marejados.

Lisa Cuddy fez a maior e mais difícil escolha de todas. A escolha que envolvia seus três grandes amores. O hospital, seu desejo de ser mãe e óbvio, Dr. House.

Lisa escolheu ser mãe e com isso, escolheu dedicar-se menos ao hospital e esquecer completamente o médico de seus sonhos.

House só traria problemas para ela, então ela pois seus sonho materno em primeiro lugar.

O que ela sentia por House era realmente forte, mas ela passou acreditar que não valeria a pena lutar por algo que provavelmente não daria certo.
Escolhera também procurar outra pessoa com quem ela pudesse contar e dividir o sentimento amor que é algo tão grande.
Ela estava ciente de que aquilo não seria a tarefa mais fácil de cumprir, mas estava disposta a tentar.

- Preciso saber se estará do meu lado, eu com certeza precisarei de você. – ela segurou uma das mãos de Wilson.

- Wilson, ele nunca quis nada comigo.
- Mas ele gosta de você.
- Nunca me falou.
- Você sabe que ele tem medo dos próprios sentimentos.
- Mesmo assim, House não é o homem que preciso.
- Arrisco a dizer que ele mudaria por você.
- Ele precisa mudar por si mesmo primeiro.

Os dois levantaram-se do restaurante e voltaram para o hospital.

- Obrigada pela conversa Wilson, é sempre bom desabafar com você. – ela deu-lhe um beijo no rosto. House observava a cena.

Cuddy seguiu para sua sala e Wilson para dela, não era de grande surpresa, House já o estava esperando.

- Vi você saindo com a chefe! Teve até beijinho depois.
- Nós fomos almoçar.
- E o que teve para o sobremesa? Lisa Cuddy com caramelo?
- Tá vendo? É por isso! – Wilson sobe o tom de voz. – Por que não consegue parar com esse sadismo desnecessário? Você não a respeita!

House ficou impressionado com a reação do amigo.

- Por que não diz que ficou incomodado por termos saídos juntos?
- Você não oferece perigo, Wilson.
- Ciúmes.
- Não estou com ciúmes, sei que não vai me trocar por aquela lá.
Wilson revirou os olhos.

- Você não consegue parar, não é mesmo? Parece que magoar as pessoas é sua proteção interna. Cuddy está passando por um momento difícil e precisava de um amigo. Ah, por que ela não te chamou? Você não consegue ser adulto o suficiente para entende-la. Pode ser um gênio da medicina, mas em matéria de sentimentos, você não ganha nem para o cafezinho.
Wilson sentou-se em sua cadeira e encarou House.

- Você perdeu uma grande mulher, Dr. House.

TBC...