Open Up Your Eyes escrita por Stark


Capítulo 1
Capítulo 1: Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá Narnianos, sou uma veterana aqui no Nyah, e bom agradeço por estar aqui desde já, sou autora de outras duas histórias que relatam Narnia,mas que modéstia parte não chegam aos pés desta nova trama que está bem mais amadurecida e que eu estou completamente apaixonada ao escrever. Podem me chamar de Mrs. Pevensie ou Stark, tanto faz u.u
Enfim, chega de enrolações e espero que gostem do que lerão a seguir.Espero vê-lo nos reviews. ❤



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“Nem tudo está perdido como parece...sabe, coisas extraordinárias só acontecem com pessoas extraordinárias, vai ver é um sinal que você tem um destino extraordinário, algum destino maior do que você poderia ter imaginado.”

—As Crônicas de Nárnia.

 

Durante 116 anos, entre meados do século XIV até a metade do século XV, França e Inglaterra se envolveram numa série de conflitos causados por disputas feudais que escalaram para uma guerra pelo trono francês. A longa batalha, chamada de Guerra dos Cem Anos, causou grandes transformações na Europa Ocidental, além de marcar a mudança da Idade Média para a Idade Moderna. Cerca de dois anos após a vitória francesa e o fim do conflito, a Inglaterra, devastada por mais de um século de brigas, encarou mais vinte anos de disputas internas por seu trono: uma briga entre as casas York e Lencastre, que ficou conhecida como Guerra das Duas Rosas. Essa guerra ainda estava longe de acabar, as forças armadas inglesas ajudaram a população a salvar o futuro daquela nação se casos muitos cidadãos morressem naquele caos.

Então foi preparado um trem, um trem que levaria jovens e crianças para bem longe dali, com o intuito de salvar-lhes, dar-lhes uma oportunidade de viver. E os Pevensie, um quarteto de irmãos britânicos embarcaram nele, e foram como muitos outros para longe dali. Um ano se passou e eles não retornaram, pois a guerra como dito, ainda não tinha fim, mais dois anos e nada.

Mas uma única garota de cabelos ruivos não embarcou, viveu anos escondida num porão subterrâneo, sozinha, sem família. Sua mãe havia morrido assim como seu pai, pois a casa em que moravam fora atingida por uma bomba das muitas lançadas em meio à guerra na execução de ataques aéreos.

Seu nome era Katheryne Darwin.

Neste exato momento ela se encontrava no porão, seu rosto era fracamente iluminado por um resto de vela aceso num canto qualquer, mais ainda assim a escuridão predominava sobre a fraca e quase inexistente luz emanada, ela sentava numa cama em péssimas condições onde havia somente um lençol encardido e um travesseiro coberto boa parte por mofo. A única mesa na qual estava a vela, continha pães com aparência pouco amigáveis e um único bule onde haveria qualquer tipo de liquido, provavelmente o tradicional chá inglês, só que agora numa versão sem muito sabor ou totalmente insípida.

Havia somente outra fonte de luz que adentrava aquele esconderijo, luzes que atravessavam sorrateiras as brechas folgadas das portas do porão. Não eram simples luzes, mas luzes de faróis que eram embutidos em máquinas voadoras que cobriam o céu britânico.

Ela vivia escondida mas de vez em quando tinha que sair para buscar coisas que necessitava para sobreviver, roubar infelizmente estava num dos seus métodos de sobrevivência, mas a intensificação da guerra ficou cada vez mais voraz e a última vez que ela havia saído fora duas semanas atrás. Para Katheryne era quase uma eternidade.

Apesar de um bom tempo vivendo sozinha com todo esse caos e um possível conformismo depois de tudo o que aconteceu com quem mais amava, ela ainda chorava algumas noites, a saudade desolava seu ser, a dor lhe preenchia cada vez que lembrava a cena repetidamente em sua mente, a cena de sua casa e pais indo pelos ares era algo que nunca iria esquecer. Prometera isso para si mesma. Olhar o nada virara um dos seus hobbys quando ela resolvia se perder em pensamentos, o que acontecia frequentemente quando os mesmos não eram interrompidos pelo susto de alguma explosão próxima dali.

Analisando sua situação, os fatores que contribuíam para uma vida não muito digna de um ser humano ela decidiu de uma vez por todas que teria que enfrentar um grande desafio que não era obrigatoriamente imposta fazia algumas semanas. Ela teria que sobreviver duas vezes, saindo dali encontrando suprimentos que necessitava, e o pior de todos...conseguir voltar.

—Querido Deus, que o senhor me guarde. Por favor...

∞∞∞∞

Alemanha, Berlim, Maio de 1940.

Ser alemão não significava ter que aceitar a fazer parte de um novo regime desumano implantado em todo o país por um homem que não era nem legitimo filho da nação germânica. Ele era Austríaco e ainda assim governava um país, um povo que não era seu.

A ideologia nazista era algo extremamente monstruoso, ela era apoiada da ideia as superioridade da raça ariana delineada por Adolf Hitler.

Hitler dizia que os negros e pincipalmente os judeus eram inferiores a esta mesma raça, e assim criara uma teoria doentia, a teoria da “higiene racial”, onde todos que não faziam parte dos seus padrões característicos eram exterminados. Eles eram confinados em campos de concentração, submetidos a trabalhos extremamente forçados, sem acesso a comida ou higiene. Ainda assim ficou estabelecido que os que sobrevivessem a tais práticas, deveriam ter um destino ainda mais cruel: a morte nas famosas câmaras de gás, tanques de gasolina ou corredores de fuzilamentos.

Havia também os “campos de pesquisa”, para onde alguns dos judeus ou negros eram levados a fim de servir de cobaia em experimentos insanos que iam desde a mutilação a sangue-frio até injeção de tinta azul nos olhos das vítimas.

E pensar que muitos alemães eram fascinados e concordavam com aquilo se tornava macabro. Mas mesmo que a maioria da sociedade germânica concordasse com tal regime, haviam alguns que não queriam fazer parte daquela loucura.

E os Landsteiner’s se encaixavam nesse quesito.

A família era constituída apenas por um casal e sua filha, uma jovem de longos cabelos loiros com olhos incrivelmente azuis. Uma garota que se encaixava perfeitamente nos quesito da raça ariana do tirano Hitler, mas que assim como os seus pais pensavam totalmente o contrário dele, e ajudaram a esconder por um bom tempo a família Frank da perseguição nazista, até o esconderijo ser descoberto pela polícia alemã e levarem Anne, seu pai Otto, sua mãe e suas irmãs para os campos de concentração, onde a pequena Anne havia morrido com apenas 15 anos de idade.

Mas assim como os Frank pagaram caro, a família alemã também sofrera consequências e fora morta ali mesmo no local, exceto sua filha que havia conseguido se esconder dentro de um armário velho onde continha muitos casacos felpudos onde os infelizes policiais não haviam feito questão de averiguar.

E ela estava sozinha, Chelsea Landsteiner’s era órfã numa Alemanha nazista.

Depois de alguns ruídos os policias decidiram deixar o lugar com a família Frank, assim permitindo a Chelsea sair finalmente daquele pequeno confinamento. Ela saia com cuidado, com os olhos já marejados pela dor que crescia mais em seu corpo deixando todos os seus músculos dormentes, inertes. Andando com a costumeira calma de quando estava triste ou com medo, ela matinha seus olhos vidrados nos únicos seres que estavam ao seu lado antes de todo esse sofrimento começar. Antes do Partido de Adolf dominar a Alemanha.

O sangue que escorria dos pescoços degolados com um único golpe sujavam o carpete branco que fora colocado por Margot Frank, irmã e Anne, no dia anterior.

—Queimarão no inferno. - Chelsea dizia num cochicho para si mesma com voz tremula e os pensamentos direcionados aos policiais e principalmente para o diabo que agora tinha o poder do país em mãos. Ela afagava os cabelos dos pais, e minutos depois fechava os olhos de ambos uma com cada mão, no exato momento.

Suas emoções estavam desconcertadas, descontroladas, a falta de folego causava uma dor fina no seu peito, saber e pensar que nunca mais os veria era insuportável. Mas ela precisava partir, ficar ali seria auto rendição, com certeza os policiais voltariam ali para pegar os corpos e ridiculariza-los perante os fiéis do austríaco.

Então ela decidiu, andou rapidamente até o armário da pequena cozinha do local, e da primeira gaveta retirou uma lata de querosene e assim voltou para a sala. A lareira ainda estava acesa em chamas vivas, solitária. Chelsea então abriu a lata com uma pequena faca que pegara também na cozinha e derramara sobre os corpo no silencio da casa que somente era cortado pelos soluços fortes que saiam de sua garganta com tamanha dor.

Limpando as lagrimas inutilmente pois a mesmas ainda insistiam em rolar, pegou uma agenda que repousava sobre um sofá velho e arrancou de vez duas folhas e caminhou depressa até a lareira. Esticou um dos braços e o papel começou a queimar rapidamente em sua mão, não tendo outra escolha, não deixaria que os seguidores nazistas fizessem algo com os corpos de seus queridos pais, então o lançou sobre os corpos que instantaneamente ascenderam como uma fogueira.

A temperatura das chamas deixava seu rosto ardente, mas ela permanecia ali, tapando a mão com horror, sufocando o grito agonizante que deixava aquilo tudo pior, as lagrimas rolavam incessantes deixando suas pálpebras pesadas, sua respiração estava descompassada e então percebeu que tudo ao seu redor estava ficando cinza, a fumaça tomava todo o lugar, em alguns minutos tudo viraria pó.

Sim, ela pensou em ficar ali, ir para a eternidade com eles, mas se o fizesse ela não seria uma Landsteiner’s, desistir não era algo costumeiro daquela família. Ela ali prometera para si mesma que lutaria até o fim contra o criador da raça ariana.

—Eu amo vocês. - foi o que Chelsea disse antes de deixar o local às pressas e tendo a má sorte de encontrar dois policiais alemães próximos ao terreno da casa. Ela não paralisou em choque se é o que está pensando, ela corria, corria em direção ao primeiro lugar que lhe veio à mente, corria em direção a floresta enquanto eles a perseguiam com olhares enojados e assassinos.

Chelsea Landsteiner’s queria sobreviver, precisava sobreviver, uma olhada para trás e eles continuavam lá, seus cabelos balançando contra o vento frio e o anoitecer que estava breve.

—Corra. - ela disse a si mesma enquanto sentia suas pernas fraquejarem.

∞∞∞∞

Estar numa fila de compras num supermercado era algo normal, estar numa fila para cortar os cabelos era algo extremamente banal. Mas estar numa fila para morrer era motivo para chorar. E ela estava lá, Hannah Frender, num dos campos de concentração onde por dia morriam mais de seis milhões de pessoas do seu povo, onde morriam milhões de judeus.

O que ela sentia era algo inexplicável, inexplicável de um jeito ruim, ela se perguntava o que tinha feito para estar ali, sem o menor direito de viver, somente por ser judia. Questionava onde estava o Criador num momento como aquele.

Hannah havia presenciado a morte de uma garota dois anos mais nova que ela, seu nome era Anne Frank, não estava muito perto, uns seis metros de distância talvez da câmara de gás em que a outra se encontrava. Ver seu rosto em pleno equilíbrio, sem nenhum vestígio de medo ou dor por seus pulmões estarem sendo intoxicados deixaram a judeia em curiosidade e um tanto mais assustada.

Como ela poderia sorrir? Como poderia a tal Frank não estar em horror com a morte ou com a dor que aquele tipo de morte causava? Pois ela estava. Seus pais haviam morrido no dia anterior, os cabelos de seus pais assim como todos os outros adultos foram raspados como uma espécie de ritual. Apenas os jovens as vezes eram deixados com os cabelos para receber a morte. E Hannah era uma delas, assim como Anne, como Dylan –um garoto de três anos que morrera logo depois de Anne- como Tanner outro garoto da mesma idade que Hannah e que sofria de asma e que com certeza sua morte tenha sido a pior até aquele exato momento.

Hannah evitava se perder em pensamentos pois aquilo podia a privar da surpresa de ser a próxima da fila. Havia somente uma a sua frente, já que uma garota de no máximo seis anos de idade, cabelos negros e olhos castanhos assim como o seu adentrava a câmara a soluços altos, com uma boneca farroupilha de pano nos braços.

Quando a câmara foi fechada não se via mais a pequena garotinha, pois seu tamanho não era o suficiente para que seu rosto ficasse a mostra na janela de vidro onde quem estava dentro via pela última vez aquele mundo, que agora era de Hitler.

Logo a garotinha foi retirada, seu corpo mole, vazio, ela obviamente não estava mais ali. Mais uma vez Hannah se perguntou onde estava o Criador, olhou pro céu e ele estava nublado, é incrivelmente clichê ou até mesmo inexplicável quando acontece algo ruim num dia o céu sempre parece estar conforme e situação. Naquele momento ele tinha um ar mórbido, melancólico, triste. Até o formato das nuvens que pairavam estavam feias, como se não tivessem nem um pouco de vontade de estar ali sobre eles, presenciando aquele abatedouro judeu, os vendo ir ao holocausto sem culpa de absolutamente nada, ou como os nazistas diziam: culpa por existir.

Então de repente o pânico correu pelo todo corpo quando um menino de sua idade, de pele bastante pálida, roupas surradas, cabelos negros e olhos incrivelmente verdes entrava na câmara, apesar de ter olhos claros ele “merecia” a morte segundo os nazistas somente obviamente por conta da religião judaica. Hannah se deu conta de que seria a próxima a entrar ali e não sair mais com vida. Seus olhos arderam em lagrimas em pensar naquilo, ela sentia dor, uma dor que só crescia ao ver o garoto com as orbes verdes repleta por lagrimas assim como o seu. Mas apesar de estar chorando ele parecia ter controle em demonstrar suas emoções, ele olhava fixamente para Hanna enquanto as lagrimas rolavam, mas ela sabia que seu rosto serio trazia um olhar vago ao nada, ele morria lentamente perdido na sua mente.

Frender seria a próxima e ela queria morrer como ele: Consigo mesma.

∞∞∞∞

Interior da Inglaterra, século XV. 

Lucy andava tranquilamente pelos corredores da casa do professor Kirke com um livro grosso de tamanho mediano em mãos. Seus cabelos soltos um pouco maior que a altura dos ombros estavam brilhantes pois o castanho claro fazia contraste com os raios solares que adentravam a casa por conta de alguma janela aberta ali.

Chegou até o fim do corredor e começou a caminhar num pequeno hall que em alguns passos dava na escadaria que levaria ao primeiro andar, onde os demais provavelmente se encontravam. Enquanto descia os degraus já podia ter uma visão de Susan sorrindo enquanto olhava vestidos belíssimos que a governanta que trabalhava pro professor lhe mostrava ou até mesmo presenteava.

Descendo mais um pouco podia ver o professor com um livro em mãos, sentado numa poltrona, aquilo indicava que ele lia antes de Peter sentar-se ao seu lado e começar um diálogo que Lucy jugou interessante por conta das expressões surpresas e olhares impressionados quando era a vez do loiro falar.

E por fim, ao chegar no último degrau térreo da escada ela pode avistar Edmund saindo da cozinha com um prato de biscoitos com goiabada derretida por cima numa mão, e na outra uma xícara de algo que fumarava e que ela adivinhou ser chocolate quente por conta do cheiro.

—Edmund? - Lucy o chamou erguendo uma sobrancelha com um sorriso de canto nos lábios, ela estava mais amadurecida, assim como todos mas não deixava seu jeito doce de ser, assim como alguns dos irmãos não deixavam alguns traços de sua personalidade desaparecerem.

—Sim? - Ed respondeu no mesmo om virando-se para ela tranquilamente depois de ter engolido finalmente o que comia.

—Chocolate quente no verão? - questionou e o mesmo continuou a fita-la só que sua expressão havia mudado um pouco, ele parecia levemente irritado.

—É o que eu quero. Algum problema Lucy? - respondeu o garoto com a voz um tanto afetada indo senta-se numa cadeira vazia ao lado de um criado mudo onde colocara sua xícara fumegante.

—Problema nenhum senhor. - Lucy respondeu sorrindo de canto pelo irmão se irritar tão facilmente, ela não queria brigar sabia que esse era o jeito dele, por isso só levantou as mãos em rendição quando respondeu e foi sentar-se próxima a Peter e ao professor.

—E então posso saber o que conversam? - Lucy questionou sorrindo docemente para o professor que afagou delicadamente o topo da sua cabeça e tirou os óculos redondos que usava limpando as lentes num lencinho que retirava do bolso da calça.

—Estávamos falando sobre meu futuro. – Peter respondeu tranquilamente olhando para o professorem seguida. - Já que este é meu último ano no colégio, estou pensando em alguma faculdade, quem sabe ser professor? -completou enquanto Lucy ouvia com atenção assim como professor, Susan, a governanta e até mesmo Edmund.

—Isso é maravilhoso Peter. - Susan disse sorrindo enquanto devolvia um vestido de seda azul anil para a governanta que sorria levemente. -Fico feliz que esteja pensando assim, parar com brigas é sempre bom. -sorriu ao completar assim como os demais. Sabiam como Peter era há um tempo atrás, ele havia melhorado bastante, as brigas no colégio ou até mesmo com Ed já não eram frequentes.

—Exatamente, mamãe gostará de saber disso. - Lucy voltou a se pronunciar e Peter sorriu com sua afirmação.

—Só espero que não fique bancando o intelectual perto de mim. -Edmund se pronunciou depois de um tempo e todos rolaram os olhos com o que o mesmo disse. Exceto o professor Kirke que sorria daquele jeito que releva tudo e sabe mais do que os outros.

—E você pare de bancar o revoltado. - Peter revidou arqueando uma sobrancelha mas sem deixar o sorriso brincalhão, o qual fez Edmund rolar os olhos, ele fazia isso quando achava alguma coisa patética, irritante ou quando queria rir de algo e não queria transparecer. E nesse caso se punha a última opção.

—Eu não banco o revoltado. - Ed revidou como uma criança de dez anos de idade e quando ia pegar outro dos biscoitos doces acabou pegando o vento. A governanta retirou tanto a xícara quanto o prato de cima do criado deixado Edmund um tanto confuso. A governanta apenas o olhou e com um sorriso divertido nos lábios- o qual raramente aparecia- e disse:

—Você pode não bancar o revoltado, mas tenha modos, olhe seu estado, pare de bancar o esfomeado criança! Gula é pecado. - com o que disse os irmãos Pevensie gargalhavam da cara de indignação que o garoto fez ao escutar aquilo. - Esse garotos de hoje em dia, precisam se confessar e....- a governanta continuou a falar enquanto ia em direção a cozinha e sumia de vista segundos depois.

—Não achei nada engraçado. - Edmund disse emburrado com os braços cruzados enquanto se esparramava na cadeira de madeira mas acolchoada no assento.

—Claro, você fala isso porque é com você. - Susan disse tranquilamente se virando para Edmund que olhou de soslaio.

—O único lugar que eu não sou respeitado é quando estou com vocês…- Ed começou com um ar de sábio que fez o professor rir e os demais rolarem os olhos e falarem em coro completando a repetida fala de Edmund em momentos como aquele de uns tempos pra cá.

—Porque em Nárnia eu sou um Rei, todos me respeitam, me veneram, me dão o devido valor. - após dizer isto, Susan, Peter e Lucy sorriram e foram abraçar o irmão que relutava, mas que no fim foi enterrado pelos outros três e gostou disso.

—Edmund tão temperamental. - Peter verbalizou bagunçando os cabelos negros de Edmund que rapidamente pôs-se a arruma-los.

—Lucy, que livro é aquele na mesa do professor? - Susan questionou olhando para a irmã e antes que a mesma pudesse responder ela mesma completou. - Não tem mesa. - e sorriu abertamente olhando pra cima e fechando os olhos por conta do forte sol que batia em seus olhos.

Todos se deram conta de que não estavam mais na sala do professor Kirke, mas sim numa praia, no reino de Aslan.

—Eu queria saber como conseguimos ser tão desatentos assim,quando acontece não percebemos de imediato. - Edmund comentou sorrindo e os outros três gargalharam felizes demais para se defenderem dizendo que não são lerdos coisa alguma.

—Eu sinceramente me sinto como se fosse a primeira vez. - Lucy comentou e Peter assentiu em concordância, imediatamente olhando pro mar.

—Exato, e parece que vamos viajar em grande estilo. - Peter verbalizou sorrindo abertamente encerrando aquela conversa. Todos se calaram com sorrisos estampados nos rostos ao reconhecer Caspian pendurado na parte da frente, como seu título dizia “o Navegador”, a bordo do Peregrino da Alvorada.

∞∞∞∞

Nesse momento Katheryne corria em meio as bombas lançadas pelas máquinas voadoras ou até mesmo tanques espalhados pela cidade, ali ela percebera realmente que se fosse esperta teria ficado no seu porão subterrâneo, mas se a mesma olhasse por outro lado morreria do mesmo jeito, de fome.

Seus olhos ardiam pela poeira que pairava cada vez mais grossa no ar e também pela incessável vontade de chorar, ela não queria morrer apesar que de alguma forma ela esperava por isso, a qualquer momento poderia ser atingida e morrer em chamas assim como seus pais, talvez fosse o seu destino.

Chelsea continuava a sua corrida, a corrida contra a morte assim como Katheryne. Suas pernas fraquejavam, o cansaço lhe tomava conta, seus olhos marejavam, mesmo correndo a todo vapor sendo perseguida por aqueles monstros nazistas ela conseguia-se lembrar do momento em que os carbonizou, soava cruel, mas em sua mente seria mais cruel, se os seguidores de Hitler fizessem algo macabro com os corpos de seus queridos pais, mas nem por isso ela deixava de se culpar por tal ato cometido.

As arvores pareciam se juntar deixando o caminho estreito quanto mais ela corria, ela não queria desistir, não queria se entregar, não queria morrer nas mãos daqueles soldados do diabo, como dizia sua mãe, por um momento ela sorriu em meio as lagrimas ao lembra-se daquilo.

Hannah via o menino de olhos verdes ser retirado de qualquer forma e um nó se formava em sua garganta, um dos guardas do campo de concentração indicava com o dedo que ela seria a próxima, passos lentos foram dados até o local, o guarda que tinha características de um verdadeiro alemão rolou os olhos em impaciência e a puxou pelo braço, instantaneamente ela começou a se debater tentando inutilmente cancelar sua partida, tentando fugir dali, alguns outros judeus a olharam com pena pois tinham consciência de que ninguém poderia fugir.

Katheryne corria coisas despencavam ao seu redor, tremores a faziam cair pelo caminho, Chelsea não aguentava mais, a floresta chegava ao fim e lá havia um desfiladeiro, e Hannah finalmente fora colocada no seu particular holocausto. Não havia mais saída para nenhuma das três.

Olhando para o céu negro repleto de estrelas Katheryne sentiu seu corpo arder a uma bomba vir queimando como um meteoro em sua direção, Chelsea só tinha uma saída, pular. E foi isso que ela fez. E Hannah já estava indo, o gás fora liberado dentro da câmara.

Quando a bomba atingiu Katheryne, Chelsea pulou do penhasco e Hannah começou a se intoxicar, para as três quando fecharam os olhos pelo medo tudo se tornou uma imensidão de branco. Katheryne, Hannah e Chelsea se encontravam numa floresta, em partes diferentes ambas abriram os olhos e se encantaram com o que viam, algo passava da lógica, a surpresa preenchia o ser de cada uma, elas morreriam, seria esse o céu? Isso era uma alucinação? Era o que as três pensavam até que cada uma foi tirada dos seus pensamentos.

De repente na frente de Chelsea centauros surgiam em grupo, ela deu um passo para trás mas tudo o que fizeram foi reverencia-la e sorrir amigavelmente, automaticamente ela retribuiu e se perguntou se estava louca.

A frente de Katheryne três homens bodes surgiram conversando entre si cumprimentando-a educadamente e ela fez o mesmo, depois lembrou-se como eles se chamavam, já tinha visto em livros, mas só em livros, aquilo era tudo uma completa loucura, Faunos? será que foi chá inglês demais? Faunos?

E aos pés de Hannah, dois castores, um macho e uma fêmea discutiam sobre algo engraçado, ela quis rir mas estava ocupada demais com a surpresa de dois castores falando.

As três levaram as mãos à cabeça não acreditando que aquilo estava realmente acontecendo, se estivessem lado a lado poderiam dizer que tal ato fora ensaiado, todas riam, gargalhavam pois não acreditavam no que os seus olhos viam quando os abriram. Então começaram a rodar, gritar, correr sem rumo, com o vento balançando seus cabelos com delicadeza e veracidade ao mesmo tempo.

Pela primeira vez depois de muito tempo a britânica a alemã e a judia se sentiam livres. Correndo em meio a floresta encontrando criaturas que sorriam com sua passagem elas pararam no mesmo lugar.

Olhando-se umas às outras os sorrisos sumiram, não por desgosto mas por curiosidade. As três com as respirações descompassadas se olhavam até um mínimo sorriso sair dos lábios das três, até ouvirem soar trombetas ao longe. Perceberam então que estavam próximas de um penhasco, e do outro lado dele havia algo que todas acharam extraordinariamente magnifico só de olhar. Lá estava um castelo qual elas mal sabiam que viveriam grandes desafios.

Diante de seus olhos estava Cair Parável.


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