Setevidas escrita por tony


Capítulo 46
Todos estão loucos - Parte 4




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...(POV Nathanael)...

Então... É aqui que termina a minha história? Um garoto de catorze anos que não conseguiu sobreviver a uma descarga elétrica criada por um ser maligno vindo de outra galáxia, dimensão ou sei lá o que. Um garoto cujas últimas palavras forma: Eu não posso estar ficando louco. E não conseguiu ao menos dizer “Eu te amo” a alguém especial. É aqui o fim da picada para um menino que tinha a missão de salvar tribos, unir cartas e reinstalar uniões e laços destruídos com o tempo. Um menino que bateu as botas e nem conseguiu terminar o ensino fundamental. É estranho morrer. É estranho saber que ainda estou pensando mesmo morto. Eu não deveria estar dormindo? A morte não é como um sonho? Então porque ainda sinto minhas mãos e o meu corpo e sinto que tudo isso flutua em um vazio? Porque não consigo enxergar nada, além de escuridão?

São tantos por quês pra tão poucas respostas.

Sinto um frio enorme nesse outro lugar que não sei aonde é. Só sei que se estou morto, pra onde irei? O céu?! Eu não sei. Só sei que quero saber o que está acontecendo.

Pairo por alguns instantes e após segundos, sinto um choque percorrer todo meu corpo.

Fecho meus olhos.

Em seguida, tudo começa a ficar claro e na minha frente, aparece o garoto que me trouxe até aqui. O mesmo garoto que colocou a cidade de cabeça pra baixo, fazendo que as próprias pessoas se torturassem até a morte. O menino que antes, estava com uma camisa de força e todo acorrentado, agora só está com um enorme casaco branco que vai até as suas pernas. Ele está sentado no chão e de costas pra mim. Me aproximo devagar, temendo sua reação. Será que ele vai me atacar novamente se descobrir que estou aqui?

— E...Ei? — Digo hesitante de uma distancia aceitável. Se ele quiser fazer algo, dará tempo de correr ou talvez me defender, mesmo sem nenhuma carta aqui comigo.

O garoto se vira.

Seus olhos não estão mais vermelhos, mas há um enorme oceano azul brilhando em sua íris. O rosto antes branco como papel, agora está com um leve tom rosa e suas bochechas cheias de sarnas. Seu sorriso, mostra seus dentes totalmente tortos e só pra acrescentar consigo ver uma janelinha entre um deles. Não consigo entender muito bem? Há alguns minutos ele estava tentando me matar e agora está sorrindo pra mim?

Eu só posso estar ficando maluco.

— Oiie. — Ele diz com uma voz de criança inocente.

— O que faz aqui? — Pergunto

— Brincando. — Ele responde. — E você?

— Eu não sei. Você que me trouxe pra cá.

— Eu?

— Sim.

O garoto me fita por alguns instantes e depois de breves segundos ele suspira.

— Desculpa. — Ele diz.

Me aproximo e me assento ao seu lado. Por algum motivo, consigo sentir que ele está sendo sincero. Mesmo ele tendo me mandado pra cá e quase matado metade da população da cidade, eu o perdoo. Afinal, ele está realmente diferente agora.

— Tudo bem. — Digo. — Acho que todos nós fazemos coisas erradas e merecemos uma segunda chance.

— Obrigado. — O menino sorri. — Qual é o seu nome?

— Nathanael. — Falo olhando para a longa manga do casaco que cobre as mãos do garoto. — Mas pode me chamar de Nash.

— Nash? — Ele pergunta pra ter certeza.

— Sim. — Afirmo. — Seu nome é Anark, certo?

Ele me olha por alguns instantes e balança a cabeça em negação.

— Anark é o nome do moço que me trouxe pra cá.

Ah? Peraeh?! Que confusão é essa? Se esse garoto não é o poderoso-chefão-do-reino-das-trevas-também-conhecido-como-o-sinistro-da-escuridão e o tal. Quem é ele? E como pode ser tão poderoso pra uma criança?

— Anark...Te trouxe pra cá?! — Pergunto hesitante. — E onde estamos? Mortos?!

O garoto gargalha inocentemente. — Não, seu bobo. — Ele diz limpando as lágrimas de tanto sorri. — Estamos presos dentro da minha cabeça.

— Da sua... Cabeça?

— Sim. — Ele responde em tom de óbvio, mesmo eu não entendendo direito essa história toda. — Tudo aqui dentro é criado pela minha imaginação.

— Ah... Tipo assim... Eu estou literalmente morrendo na vida real e você me traz pra um mundo imaginário na sua mente?

— Quase isso. — Ele diz agarrando uma bola que do nada cai do céu.

Olho pra cima para tentar entender, mas não consigo ver nada além de branco.

— Como...

— Perguntas depois! — O menino fala enquanto caminha de costas para mim. — Como você está com tanta pressa assim para voltar pro mundo real... Eu posso abrir um portal facilmente para te mandar novamente pra lá.

— Sério?

— Claro! Foi eu que te trouxe aqui, se lembra?

— Ah é. — Digo parecendo um idiota.

— Mas...

— Mas o que? — Pergunto assustado.

— Se você partir agora... Nunca saberá o motivo pelo qual lhe trouxe aqui.

Olho em seus olhos de forma desafiadora. — Eu não tô nem aí!

Ele sorri. — okay. — Em instantes um portal azulado se abre na minha frente. Parece um espelho, a única diferença é que não reflete de dentro e sim o de fora. Consigo ver Lucas gritando e chorando tentando quebrar a barreira que eu mesmo fiz com os poderes da carta torre.

Aproximo do portal dando dois passos largos. Por mais que eu queira voltar, há algo que não me deixa sair daqui: A minha maldita curiosidade.

Viro pra trás e pergunto: — Sobre o que você quer falar?

— Shat! — Ele responde quase de imediato, o que me causa calafrio.

Fito o portal por alguns instantes, mas meus ombros se curvam quando eu respondo. — Eu fico.

O pequeno garoto da pulinhos animados de alegria e fecha o portal da mesma forma que abriu.

— Legal! — Ele diz. — Isso vai ser muito divertido, você vai ver.

Reviro meus olhos. Acho que estão me pagando muito pouco pra virar babá de criança.

...(POV Andrew)...

— QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA BATER NELE, SEU FEIO? — Yatlas grita de frente para o menino pálido que segura um garoto moreno pelo colarinho de sua blusa. Qual é o problema desse garoto? Será que as crianças de hoje em dia não sabem o que é fugir de confusão e problema? Eu nunca vi um garoto tão lerdo como o Yatlas, sério, ele deve ser adotado. Não é possível. Como um menino pode ser tão anta? — SOLTA ELE, BOBO! — Meu irmão berra correndo na direção dele pronto para soca-lo com seu ursinho de pelúcia.

O menino parece que nunca viu a cor do sol na vida. Pelas roupas, deve ter fugido do hospício e tá tocando o terror na cidade. Corro na direção de Yatlas à fim de impedir o garoto de mexer na onça com vara curta, mas me assusto quando o garoto solta o moreno e desvia a atenção para o meu irmão. Um estrondo assustador faz com que Yatlas pare de correr. Ele se assusta ao ver o maluco pálido segurando um tipo de esfera colorida nas mãos. É uma coisa surreal. Parece que ele segura raios sem ao menos levar choque. Cara... Sei lá... Não tem como explicar. Se eu pudesse, filmava e postava no Youtube. Tenho certeza que as visualizações iriam disparar mais que o vídeo que postei do meu irmão fazendo caquinha pela primeira vez no pinico.

Minha admiração pela cena termina quando ele lança a esfera na direção de Yatlas que agarra o ursinho no mesmo instante.

— YATLAAAAAAAS, SAI LOGO DAÍ! — Berro, mas sou lançado pra longe devido ao impacto da esfera ao atingir seu alvo. Cambaleio no chão até abrir meus olhos e ver um clarão que diminui sua luminosidade aos poucos. Meus olhos começam a lacrimejar. Sinto o pior e meu corpo começa a tremer, sem ao menos conseguir levantar do chão duro e rachado. Consigo ouvir meu coração bater de forma acelerada, até que consigo ver nitidamente uma imagem diante de mim.

Um garoto de cabelos roxos segura meu irmão no colo com apenas uma mão. Com a outra livre, ele segura uma espécie de pandeiro que dentro dele sai uma bolha que mais se parece com um escudo.

Torço para que aquilo tenha protegido Yatlas da esfera, mas ao vê-lo desacordado nos braços do garoto, perco a esperança.

Tento me levantar, mas a dor é enorme e toma conta do meu corpo me dominando por completo.

— Agredir uma criança indefesa? — O garoto de cabelos roxos diz com uma voz meio... Afeminada?! — Isso não é nada digno para um vilão decente.

— Lugi?! — O garoto do outro lado da muralha amarela grita assustado.

— Prazer em vê-lo novamente, maninho.

Me esforço para manter a cabeça erguida e conseguir ver o que acontece, mas aos poucos tudo vai ficando escuro e não consigo ver mais nada.

...(POV Nathanael)...

Estou assentado em uma galeria de artes ao lado do menino chato que não para de jogar a bola vermelha pra cima e pra baixo. Ele parece se divertir com isso, mas eu não estou nem um pouco animado com essa história toda. Não entendo porque ele me trouxe até aqui. O lugar só tem quadros velhos, abstratos, misturados e sem sentidos. Alguns parecem até que cuspiram tinta neles e “tcharãn”: Virou uma obra de artes.

É estranho, não é? Pagar milhões em um quadro como esse se você mesmo pode comprar a tinta e um quadro em branco, der na mão de uma criança que ela rabisca um igualzinho pra você. E tudo isso por menos de cinquenta pratas.

— Tá vendo aquele quadro alí? — O garoto aponta para um quadro cheio de desenhos que mais se parecem com pregos coloridos dançantes em um fundo pintado de amarelo.

— Uhum. — Digo.

— Fui eu que ajudei a fazer. — Ele diz com um tom de orgulho.

— Aé? — Falo cruzando os braços. — E o que isso tem haver com Shat?

O menino joga a bola pra cima e espera voltar. Quando ele a agarra novamente, se vira na minha direção e responde: — Você é muito impaciente, sabia?

— Sabia. — Suspiro revirando os olhos. — Agora vai me contar ou não?

— Vou, mas primeiro tenho que lhe mostrar uma coisa. — Ele verbaliza me puxando para dentro de um quarto onde há inúmeros quadros em branco. No fundo do quarto, há um homem que parece não dormir a dias. Seu semblante é de uma pessoa fracassada e abatida. Seus cabelos curtos estão totalmente bagunçados e na sua mão, a aquarela escorrega suas tintas se misturando em várias cores aleatórias.

— Ele... é Shat? — Pergunto assustado.

O menino faz uma cara de desdém e responde. — Não!

— Então...

— Nash. — Ele me repreende. — Creio que você ainda não entendeu o motivo pelo qual eu fui criado.

— Co...Como assim?

O garoto larga a bola no chão e suspira ao me explicar. — Eu sou a inspiração. Também conhecido como o lado insano das pessoas. — Ele diz correndo entre os quadros brancos largados pelo quarto. — Também sou o desejo e os questionamentos que vive no subconsciente das pessoas. Afinal, eu não sou ruim como você me viu no mundo real. Eu sou apenas essa criança que podes ver com esse seus olhos.

— Então... Porque estás atacando a minha cidade? Por que está ferindo todas aquelas pessoas?

Ele abaixa a cabeça e sussurra: — Se eu pudesse te contar... Teria te dito há muito tempo. Há coisas que o anteposto deve descobrir sozinho... Sem a ajuda de ninguém.

— Do que você está falando? Por que não pode me contar nada? — Pergunto ansioso. Está tudo ficando cada vez mais confuso.

— Apenas observe, e talvez vá me entender. — Ele diz se aproximando do homem. Cuidadosamente ele assopra em seu rosto e em questão de segundos, o velho se levanta rapidamente e dando risadas de alegria começa a pintar o quadro. — Eu sou o lado insano das pessoas.

— E isso é bom? — Pergunto.

— Na minha mente sim. Nas minhas origens, também.

— Mas no mundo real...

Ele abaixa a cabeça tristemente de novo. Me abaixo na tentativa de ficar na sua altura e por fim, digo. — Eu não entendo muito bem o que se passa por aqui. As coisas estão meio loucas desde quando você apareceu, mas eu sinto que isso não é culpa sua...

Ele segura o meu rosto com as suas duas mãos pequenas. — Faça o que precisa ser feito e você será meu futuro mestre.

Fico estático por alguns instantes... Isso significa que ele é...

Um clarão surge novamente e suga toda a realidade imaginária que eu estava presenciando. Até o garoto desaparece. Está tudo branco novamente. Exceto por uma coisa que está parada ao lado dos meus pés:

Uma bola vermelha.

Me agacho e pego a bola que logo se transforma em um portal, pelo qual eu atravesso, desta vez, sem hesitar.

...

Quando começo a ouvir vozes novamente, abro meus olhos e percebo que estou de volta a minha cidade. Deitado em uma enorme poça de sangue.

— Espectro de luz que oscila entre o vermelho e violeta. — Digo me levantando do chão. Uma grande rajada de luz vem de encontro ao meu corpo enquanto eu recito as palavras. — Atue na mais pura faixa de sete cores da minha aura e envolva o peregrino Nathanael com as suas emoções. — Um par de asas surge nas minhas costas. São bem maiores que as asas do desejo que eu havia conquistado na minha missão de “falso-resgate” ao Lucas. Uma tiara de asinhas também surge na minha testa. Cada asinha está em um lado. E isso combina até com as asas de verdade. No entanto, me sinto uma galinha com o manto e o short de penas que estão grudados no meu corpo. Isso nunca havia acontecido antes. Será que esse vai ser meu uniforme de transformação daqui pra frente? Eu realmente espero que não. É constrangedor.

— Nash! — Lucas grita chamando minha atenção do outro lado da barreira criada pela carta torre.

Ergo minhas mãos mirando na grande muralha de energia e a quebro sem fazer quase esforço algum. O felino corre na minha direção e me dá um grande abraço, não me deixando retribuir pelo fato de estar sendo literalmente esmagado pelos seus braços.

— Lu—Lucas... — Sussurro.

— Eu fiquei com tanto medo de te perder Nash. — Ele diz tremendo. Sua voz está falhando e parece que está chorando. — Eu... Eu...

— Está tudo bem, Lucas. — Digo tentando acalma-lo, mas dizer isso o fez chorar ainda mais.

— Não. — O garoto fala com a cabeça apoiada no meu ombro. Suas lágrimas quentes começam a me molhar. — Eu não sei o que teria feito caso você tivesse... caso você... Nash, eu não iria conseguir...

— Não diga isso, Lucas! — Digo me livrando do seu abraço e erguendo seu rosto com as minhas mãos. Seus olhos estão inchados e suas bochechas estão rosas. — Eu estou bem e estou aqui... Com você.

Ele começa a chorar ainda mais, fazendo com que suas lágrimas escorressem pelas minhas mãos que seguram suas bochechas. Limpo seu rosto e finalmente retribuo o abraço. É uma sensação estranha. Por dentro, sinto como se uma chama dentro de mim estivesse incendiando tudo que vê pela frente. Meu coração bate descontroladamente ao ouvir o som da respiração ofegante do felino. Suas orelhas de gato estão abaixadas, como se ainda estivesse triste, mas não posso culpa-lo por isso. Então, caminho com minhas mãos, das bochechas até a nuca do garoto e tento aproximar o seu rosto junto ao meu. Ele fita meus olhos e eu observo os seus. São tão lindos quanto os seus lábios que caminham lentamente em direção a minha boca.

— Cuidado! — O felídeo de cabelos roxos grita alertando a presença do inimigo. O menino com olhos de sangue pula pra cima de nós, mas Lucas consegue ser ágil o suficiente para criar um arco, por onde dispara flechas com a sua aura. O menor consegue desviar de algumas, mas logo é atingido e cambaleado pra longe.

— Ele não é Anark! — Grito. — Está sobre o efeito deles.

— Então precisamos quebrar a maldição. — May diz aparecendo atrás de nós. Pelo visto, o efeito da carta enamorado havia terminado. — Aliás, belo visual.

— Vá te catar. — Digo dando língua pra ela.

— E como faremos isso? — O felídeo de cabelos roxos diz se aproximando de nós segurando um garoto de cabelos loiros nas mãos e um ursinho de pelúcia na outra.

— Eu não sei. — Respondo. — E... Não é perigoso pra eles estarem aqui? — Pergunto apontando para os dois desconhecidos. A criança no colo e o garoto de cabelos castanhos desacordado no chão. Pra falar a verdade, até esse garoto de cabelo tingido é desconhecido também. Gente, eu só fiquei desacordado por alguns minutos e a farofada toda já está junta e eu nem estou atualizado. Acho que quando eu chegar em casa vou pesquisar se plutão já voltou a participar do sistema solar... Por que... Vai que eu tenha dormido mais tempo que eu pensava?

— Ele tem razão. O que eles estão fazendo aqui, Lugi? — May verbaliza curiosa. — E por que não estão sobre o efeito de tortura dessa misteriosa criatura?

— Eles já estavam aqui quando os encontrei...

— Humanos... — O garoto de olhos vermelhos diz se levantando novamente. — Todos... Vocês... — Ele continua. Lucas e eu começamos a ficar em posição de defesa. — ... Serão... Exterminados...

Ele corre na nossa direção e cria uma espada no lugar que deveria estar sua mão esquerda.

— Afastem-se. — Digo correndo ao encontro do garoto com a carta torre na mão.

Ele ergue a espada e mira na minha cabeça, mas o escudo criado pela carta protege minhas mãos quando as suspendo no ar impedindo o ataque do garoto.

— Água! — Grito segurando a carta dos elementos com a outra mão. Um cano do prédio em ruinas ao nosso lado estoura fazendo jorrar agua pra tudo quanto é canto, mas em segundos se transforma em uma rajada vindo ao encontro do oponente que é atingido e arrastado lentamente. — Vento! — Falo criando um vendaval que atira pedras e entulhos que estão no caminho. Não paro até que ele fique totalmente soterrado. Depois de alguns segundos, suspiro e cesso os ataques. — Acabou. — Digo.

Quando viro de costas, um enorme raio atinge a ruina de destroços livrando o garoto de toda aquela prisão de concreto. Ele começa a absorver o raio e seu corpo começa a emergir uma luz da mesma cor que solta pequenos raios pra todos os lados.

Um deles vem na minha direção, mas o felídeo de cabelos roxos é mais rápido e bate no seu pandeiro, criando uma barreira que me protege para que eu não seja atingido.

Viro na sua direção e sorrio.

Os raios que saem do seu corpo começam a se transformar em abutres que bicam o escudo furiosamente até rachá-los. Há aves elétricas para todos os lados. Não entendo como uma criatura consegue tanto poder e força dessa forma. Até que percebo uma coisa. A marca da maldição em sua testa não para de brilhar enquanto ele ataca. Então concluo que seja ali. É ali. Tem que ser. Acabo de achar o seu ponto fraco.

— May! — Grito. — Cuide dos abutres e proteja os garotos.

— Ok. — A bruxa concorda invocando seu báculo e disparando bolhas que prendem os abutres no ar.

— Lucas, prepare o arco e fique atento. — Alerto o garoto que cria de imediato um arco com a energia azul de sua aura.

— Pronto!

— Cabelo roxo. — Digo olhando para o felídeo com o pandeiro.

— É Lugi! — Ele corrige.

— Okay. — Digo. — Lugi, se prepara pra desfazer a barreira quando eu avisar.

— Ta.

— Um... — Digo contando e observando os abutres bicarem o escudo. — Dois... Três... — Suspiro. — Agora! — Grito e no mesmo instante que a barreira se desfaz, May consegue capturar os abutres com as bolhas, fazendo meu caminho ficar livre. Corro em direção ao garoto descontroladamente furioso e vejo seus olhos serem cobertos por uma cor roxa vinda do raio. Ele tenta lançar alguns deles sobre mim, mas consigo desviar até chegar a ele, onde lanço uma carta sobre o seu peito. — Correntes da justiça. — Grito ao me aproximar. — Julgue com as suas armas e condene o opressor que humilha essa cidade. Em nome de Nathanael, eu ordeno. Justiça!

Ao proferir essas palavras, correntes são criadas no chão em volta do garoto, a qual agarra seu braço o imobilizando. Ele faz esforço, mas em vão. Salto para trás dele e seguro seu rosto por trás o fazendo olhar pra frente.

Sinto meu corpo ser eletrocutado quando minhas mãos tocam no corpo dele, e por isso grito alertando Lucas.

— Agora, Lucas! — Berro. — Atire na testa.

A dor é terrivelmente insuportável. Meus dedos estão se queimando aos poucos, mas seguro firme o rosto do menino que se debate tentando se livrar de mim e das correntes.

Os segundos parecem horas, até que sinto sua cabeça ir levemente para trás e quando percebo, há uma flecha em sua testa justamente na marca onde se encontra os nossos problemas. Lucas é realmente bom de mira. Aos poucos o sinal vai saindo de seu rosto e o garoto cai no chão desacordando.

Os raios cessam e o céu começa a abrir aos poucos. As nuvens vão se dissipando junto a todos os raios, trovões e abutres que há no local. Um arrepio percorre o meu corpo me fazendo acreditar que ainda há algo de errado. E há. Olho novamente para o garoto de olhos vermelhos atirado no chão. As correntes que prendem seu braço sumiram, mas sua roupa branca está completamente suja com o meu sangue. Pego a carta Justiça que deixei em seu peito e guardo novamente no bolso do short de penas.

— Conseguimos! — Diz May pulando alegremente.

— Não. — Digo. — Ainda não.

— Ah?

— Halo! — Grito conjugando minha auréola. — A sete chaves eu selo a sua aura.

O garoto é sugado para dentro da halo.

— Apresente sua forma submissa!

Uma carta começa a se formar dentro da minha auréola que logo a lança para fora indo direto para minha mão. Na imagem da carta, há um menino com um manto-pijama-não-identificável azul escuro cheio de desenhos amarelos. Ele parece estar no topo de uma montanha sentindo a brisa enquanto o sol brilha intensamente atrás dele. Há um pequeno cachorro alegre ao seu lado e em uma de suas mãos ele carrega um grande graveto enquanto a outra segura uma bela rosa branca. Ele parece estar feliz. E a paisagem é muito bonita.

— Como você sabia que...

— Que ele não era Anark? — Completo sua pergunta.

May balança a cabeça afirmando.

— Quando eu estava desacordado, tive uma estranha experiência... — Digo tentando fazer mistério. — Digamos que foi uma experiência meio... Insana.


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Notas finais do capítulo

Oiiie meus felídeos lindos do colaçaum ♥
Sei que demorei uma década pra postar esse capítulo, mas como viajei semana passada e só voltei sábado... Não consegui entrar no nyah devido à alguns bugs no meu pc também.
Como essas semanas estarei livre, tentarei postar com uma certa frequência os próximos capítulos, então espero que acompanhem :P
Outra novidade é que alguém estará se despedindo da fic logo logo, e acho que vocês sentirão falta ;-;
Enfim, o que acharam do capítulo? Vocês já suspeitavam que esse garotinho na verdade era uma carta de Shat que foi amaldiçoada por Anark? E quanto ao novo visual de Nash? O que isso tem haver com Drew "o tal garoto que consegue ver auras?!
Bem... Espero que tenham gostado... Por favor, não deixem de comentar.
Bjos mil no coração



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