Setevidas escrita por tony


Capítulo 37
Especial de Natal - A estátua da justiça




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...(24 de dezembro — POV Nathanael)...

— Lucas?! — Grito batendo desesperadamente na porta da casa do garoto. — Lucas?

Lupin abre a porta ainda de pijama de bolhas azuis. O menino ainda está sonolento e antes de falar algo, boceja. — Sabe que horas são? — Ele pergunta como se eu não soubesse que são seis horas da manhã.

— Sei. — Verbalizo olhando para o garoto.

— Espero que seja importante. — Ele diz me dando espaço para que eu possa entrar na casa.

— E é. — Digo. — Cadê o Lucas?

— Ta dormindo. — Ele responde. — O quarto dele é lá em baixo.

— No porão? — Pergunto.

Ele balança a cabeça em positivo. — Exótico, não? — Digo fazendo careta.

— Haha. — Ele responde de uma forma nada legal.

Desço as escadas até me deparar com uma porta de madeira. Abro lentamente para não fazer barulho, e me deparo com o corpo do garoto atirado na cama. Ele está apenas de cueca e parece estar em um sono pesado. Não quero acordá-lo, mas preciso falar com ele.

— Lucas? — Sussurro chamando o garoto.

— Hum... — Ele responde apenas se mexendo na cama. Parece que não vai acordar tão fácil.

Suspiro e volto a sussurrar. — Luc...

— OLHA A FAROFA, A FARINHA, PEIXE É TRÊS POR DEZ REAL! — Lupin me interrompe gritando e batendo em uma panela com uma colher de pau de forma escandalosa. Lucas dá um pulo da cama me assustando.

— LUUPIIIIIIIIIIIIIN. — Ele berra irritado.

O garoto agarra a panela e a colher e sai correndo do quarto.

Começo a rir e Lucas se assusta ao me ver no quarto. — O que está fazendo aqui?

— Acho que a pergunta no momento é: Ele te acorda sempre assim?

Lucas suspira. — Desde quando eu o levei pra feira de quarta-feira da rua ao lado.

— Está se adaptando bem na Terra.

— Lupin mais do que eu. — Ele diz sentando-se na cama. — Admito.

Abaixo e me sento ao lado do garoto. Até que a cama é confortável.

— Vim te convidar pra passar o natal lá em casa.

O garoto sorri. — Está de brincadeira, né?

— Claro que não. — Respondo. — E minha mãe ficará muito contente em receber você o Lupin lá em casa. Tia Ruth também. E Clarinha então...

Ele levanta da cama e abre o armário.

— Você veio ás... — Ele olha pro relógio grudado na parede e esfrega os olhos pra conseguir enxergar melhor. —... Seis e doze da manhã pra me convidar pra ceia de natal que começa meia—noite do dia seguinte?

Sorri. — Isso!

Lucas pega uma bermuda qualquer e veste rapidamente voltando a se sentar na cama sem ao menos fechar o armário. Ele fita meus olhos.

— Ta. Eu vou.

Abro um largo sorriso e abraço o garoto. — Obrigado. — Digo. — Obrigado mesmo.

Lucas insistiu para que eu ficasse. No entanto, inventei uma desculpa qualquer para vim comprar seu presente de natal. Também passei na casa da Clara, e arrastei a garotinha pra cá. Estamos andando nas ruas lotadas à procura de um presente ideal. Ela está procurando algo para Lupin e eu para o Lucas. Natália preferiu ficar em casa, ela disse que Lucas não pode competir com o sono de beleza dela, então voltou a dormir. No fundo, eu não me importo. Só de estar com a pequena ao meu lado já me da animo para enfrentar as filas imensas das lojas.

— Acho que podemos passar naquela dali. — Digo apontando pra uma loja vermelha. — Parece que tem mais variedades.

Clarinha balança a cabeça sorrindo.

Ando ao seu lado segurando suas pequenas mãos. Apesar dela já ter idade pra caminhar ao meu lado sem precisar, ela não reclama quando eu faço isso.

Olho para o lado e vejo um beco escuro. O que é estranho, pois nessa manhã o sol cobre grande parte da rua. Há um menino de rua sentado ao lado de uma lata de lixo. Por algum motivo, ou sem nenhum, ele sorri pra mim. Fico sem reação e depois de alguns segundos sorrio pra ele, mas continuo andando.

Ao chegarmos à loja, a primeira coisa que reparo é as filas dos caixas lotados. Suspiro, mas logo Clarinha me puxa apontando para um carinho amarelo de controle remoto.

Ela retira dinheiro do bolso e conta pra saber se é suficiente. Falta algumas moedas, mas decido ajuda-la.

— Já escolheu o seu presente pro Lupin? — Pergunto pegando o carrinho.

Ela olha pra minha cara e balança a cabeça em negação.

— O que foi? Não é para o Lupin? — Pergunto. Ela nega. — Não acha que o Lucas está bem grandinho pra brincar de carrinho? — Sorri ao pensar na hipótese. Ela balança as mãos negando com força. — Ok ok. Mas se não é pro Lucas e nem pro Lupin, pro Denner muito menos né?

Ela revira os olhos.

— Então pra quem é? — Pergunto.

Ela me chama com o dedo indicador e eu me agacho para ficar da sua altura. A menina agarra minhas bochechas com a suas pequenas mãos e me direciona para saída da loja.

— O que você está querendo dizer?

Clara aponta para o beco ao lado da loja. Engulo em seco

— Está querendo comprar esse carrinho para aquele menino? — Digo me lembrando do garoto de rua.

Ela sorri e balança a cabeça. Crianças são tão inocentes e bondosas, coro só de pensar que até Clarinha entende o significado do Natal e eu havia me esquecido disso. Havia me esquecido que o Natal não é só comemorações que incluem a presença de diversos símbolos tradicionais como a ceia de Natal, árvore de Natal, o Papai Noel, as músicas, a troca de presentes, o presépio, a iluminação e outras decorações natalinas... O Natal vai além disso. E por mais que eu seja hipócrita dizendo que o Natal também significa perdão, amor, paz e aqueles clichês que você pode encontrar em outra fanfic de especial de natal no Nyah fanfiction, eu digo que o natal vai, além disso. O Natal significa amor! O amor que Deus teve pelos homens ao enviar um filho pra morrer por nós. O mesmo amor que ele pede para que tenhamos com uns aos outros. E apesar de todas as simbologias, o maior de todos é o Amor.

Pego o carrinho amarelo e uma bola de futebol. Clarinha sorri ao me ver ajuda-la e eu retribuo o sorriso, pois me sinto aliviado e feliz por alegrar o natal de alguém. O único desafio que tivemos que enfrentar foi aproximadamente uma hora na fila da loja.

Ao sairmos da loja, minhas pernas ficaram bambas de tanto que fiquei em pé esperando.

Clarinha me puxa correndo em direção ao beco e ao cruzarmos a esquina, o menino não estava mais lá. Há apenas uma lata de lixo e uma...

— Estátua?! — Digo fitando o monumento de maneira estranha. — Essa coisa não estava quando passamos por aqui.

Clara se aproxima da grande estátua de pombo e toca com suas mãos no bico do pássaro de concreto.

Um arrepio percorre todo o meu corpo. Será que...

— Hey, menino? — Ouço uma voz me chamar e ao virar pra trás me deparo com Lupin e Lucas com algumas sacolas nas mãos.

— Hey! — Grito tirando minha atenção da estátua. — O que vocês estão fazendo por aqui?

— Depois que vocês saíram, eu e o Lucas viemos comprar seus presentes de Natal.

Lucas dá um chute no traseiro do irmão. — Linguarudo! — Ele diz.

— Ei! — O pequeno reclama. — Até parece que a gente não sabe que eles vieram fazer o mesmo.

Lucas cora, o que me faz a sorrir.

— Tem um carrossel aqui no parque, Clarinha. — Lupin verbaliza alegre. — Quer ir com a gente?

A garota euforicamente balança a cabeça.

— Vamos todos juntos, então. — Lucas diz, mas seu irmão dá de ombros correndo apressadamente ao lado de Clara pelas ruas do bairro.

Desço as escadas ao lado de Lucas e ao chegarmos ao subsolo encontramos Lupin e Clara pulando de um lado para o outro perto da roleta.

— Compraram as passagens? — Lupin pergunta.

— Uhum. — Respondo.

Passamos na roleta e esperamos o metrô chegar. Entramos em um vagão quase vazio, mesmo assim Lupin e Clara se encostaram no chão enquanto eu e Lucas preferimos ficar de pé.

As estações vão passando e aos poucos a nossa vai chegando. O sono já está tomando conta do meu corpo, já são quase dez da manhã e eu ainda não fiz nada de produtivo.

— Está cansado? — Lucas pergunta ao ver minha cara de acabado.

— Muito. — Respondo.

O maior abre os braços e eu sem pensar duas vezes me agarro a ele. Lucas me envolve em um abraço aconchegante e ao mesmo tempo forte. Ficamos assim por um bom tempo sem nos preocuparmos com as pessoas que estão no vagão. Estou feliz por estar nos braços dele e ao mesmo tempo feliz por estar com alguém que eu goste. Apesar de guia-arrogante-chato-conselheiro-resmungão e egoísta, Lucas sempre foi, e sempre será meu gatinho preferido. Afasto-me lentamente do abraço, mas Lucas ainda segura na minha cintura. Encosto nossas testas e olho em seus olhos tentando encontrar o motivo para gostar assim tanto dele. Abro minha boca para sussurrar algo, mas ele se adianta se aproximando ainda mais. Quando seus lábios estão próximos dos meus, uma coisa estranha acontece. Um barulho estranho de raio laser de desenhos animados começa a invadir o metrô. No mesmo instante, Lucas e eu viramos nossos rostos para o lado e uma cena estranha ocorre diante de nossos olhos. Algumas pessoas que estão no vagão começam a se transformar em estátuas de pombo.

— Mas que merda é essa? — Grito assustado.

— Está parecendo que alguma carta se manifestou. — Lucas diz segurando minha cintura.

Olho pra ele com cara de espanto. — Uma carta que transforma as pessoas em estátuas... DE POMBO?

O garoto me solta e aponta pra algumas pessoas no vagão. Percebo que não são todas que estão se transformando em estátuas, mas as que sobraram, parecem estar hipnotizadas ou sobre o efeito de alguma... magia!

A porta do metrô se abre. Lucas, Clara, Lupin e eu corremos e subimos as escadas desviando das estatuetas e pessoas paradas na nossa frente.

Na cidade, tudo está em completo silêncio. As pessoas hipnotizadas estão completamente estáticas enquanto as estátuas são diferentes uma das outras. Há diversos tipos de pombos, um diferente do outro. Alguns têm bicos maiores enquanto outros têm asas ou pernas maiores. Lupin e Clara observam atentamente as estátuas como se fossem a estátua da liberdade. Se você conseguir parar pra pensar, as cartas se manifestam de forma bizarra. O mago fez um redemoinho dentro de uma piscina, à força era matadora de leões, os enamorados soltava pozinho apaixonante dourado, a torre fez um escudo em um castelo mal-assombrado do parque de diversões, a estrela fez um show de ballet ao vivo no meu quarto e agora uma carta que transforma pessoas em estátuas? Gente, que tipo de droga Shat estava usando pra criar essas cartas?

Lucas está distraído, então decido começar a agir. Pego um tapete vermelho na porta de um restaurante qualquer e posiciono na minha frente.

— Vamos nessa, pessoal! — Digo, chamando a atenção deles. — Espectro de luz que oscila entre o vermelho e violeta, atue na mais pura faixa de sete cores da minha aura e envolva o peregrino Nathanael com as suas emoções. — Grito recitando meu clichê, fazendo surgir minhas asas. — HALO!— Retiro uma carta do bolso da calça e jogo pra cima, enquanto retiro a auréola que flutua na minha cabeça e miro na carta que paira no ar. — Oh, mago dominador dos quatro elementos da natureza, ordeno que saia da sua forma submissa e apresente seus poderes ao seu novo mestre. VENTO!

O tapete começa a flutuar. Clara e Lupin não perdem tempo em subir do pano voador, Lucas faz o mesmo.

— Vamos. — Digo entregando a carta para Lucas que conduz o tapete enquanto eu uso as minhas asas para voar pela cidade ao seu lado.

— Ah... O que estamos procurando mesmo? — Lupin pergunta com cara de dúvida.

— Acho que qualquer coisa estranha. — Respondo.

— Estátuas de pombo, conta? — Ele pergunta.

— Acho que não. — Retruco.

Uma grande explosão ocorre deixando um grande rastro de fumaça. Lucas aponta para o local o fogo se alastra. — Alí. — Ele diz. Voamos o mais rápido possível, mas tivemos que pousar um pouco antes do lugar, devido a fumaça.

— Toma. — Lucas diz me entregando a carta. Guardo novamente no bolso.

Ao virarmos a esquina. Nos deparamos com Natália lutando com um báculo enorme. Ela está ferida no chão e na sua frente há uma estátua enorme de uma mulher sentada em um trono com um pombo no ombro, uma balança na mão e uma espada na outra. A estátua é gigante e está na frente da delegacia como se quisesse protege-la ou algo do tipo.

— É uma carta de proteção? — Pergunto.

— Pior. — Lucas responde.

— É a carta justiça! — Lucas diz assustado.

Suspiro. — É cada carta com nome exótico. — Digo quase em um sussurro.

— Vocês vão ficar parados aí, hein? — May pergunta se levantando do chão.

— Quem me dera. — Lupin retruca fazendo a garota lançar um olhar severo de reprovação ao menino. — METAMORPHOSE.

Lupin se transforma em híbrido. Ele está de cueca, orelhas e rabo de gato. Seus cabelos estão em um tom azul brilhante.

— METAMORPHOSE. — Lucas faz o mesmo que o irmão, abandonando sua forma humana e adotando a forma híbrida.

— Estão todos prontos? — pergunto.

— Nasci pronta! — May responde levitando o asfalto e lançando em direção a estátua.

Um brilho surge de sua mão gigante da estátua. A mesma mão que segura a espada. O asfalto atinge em cheio, mas não acontece absolutamente nada. Nem uma rachadura se quer.

— Uou. — Digo me assustando. — Parece que ela é bem resistente.

— Temos que atacar juntos! — May ordena como se fosse a rainha-da-cocada.

Lupin conjura com sua aura uma marreta. Lucas conjura arco e flechas e May posiciona seu báculo mirando na estátua. Faço o mesmo que a garota ao retirar a carta estrela do bolso.

— Preparar. — Ela grita.

— Apontar! — Lupin ordena.

— FOGO! — Berro em alto som.

Lupin dá um salto e lança enormes marteladas sobre o pé da estátua. Lucas dispara flechas contra a mão que segura a espada enquanto May dispara bolas de fogo contra a mão que segura a balança. Eu lanço diversos raios sobre o pombo que está no seu ombro. Uma enorme neblina de poeira cobre o local devido aos ataques furiosos que lançamos.

Aos poucos a neblina foi baixando e uma cena surpreendente está sobre meus olhos.

A estátua está intacta.

— O QUE?! — Berro. — Ta de brincadeira comigo, né?

Lupin cai pra trás exausto e seu irmão suspira pela falta de resultado.

— Vamos tentar de novo. — May diz se preparando para lançar mais bolhas.

— Espera! — Digo antes que a garota continue. — Acho que esta carta não corresponde aos nossos ataques.

— Como assim? — Lupin pergunta sentando-se no chão.

— Talvez ela não seja nem uma carta de ataque...

— E muito menos de defesa. — O pequeno completa.

— Exato. — Digo. — Essa carta deve ser diferente das outras.

— Se chama carta especial. — Lucas interrompe sorrindo. — Diferente das outras, ela esconde um enigma por trás de seus atos.

— Está me dizendo que há um motivo pra ela transformar as pessoas em pombos?!

— Por mais que fuja da lógica...Sim!

— Aiiiiin.

— E o que eu faço agora?

— Eu não sei, o anteposto é você. — Lupin diz voltando a deitar no chão.

— SUA WIKIPÉDIA-MIRIM DO MUNDO MÁGICO, ERA PRA VOCÊ ESTAR ME AJUDANDO A CAPTURAR ESSA BUDEGA DE CARTA.

— Ok, ok. — Lucas verbaliza tranquilamente. — Só precisamos descobrir o enigma que a carta carrega. É simples!

— É simples! — repito em tom irônico. — Então adivinha senhor espertalhão.

...

Eu poderia dizer que Lucas conseguiu descobrir o enigma me ajudando a capturar a carta e no fim, tivemos um natal feliz como todas as outras famílias normais do mundo. Mas estaria mentindo se dissesse isso.

Já são 4 horas da tarde e ninguém ao menos descobriu uma pista do que pode ser a droga do enigma.

— Eu desisto. — Lupin reclama sentando no pé da estátua. — Essa é a carta mais confusa que já vi em toda minha vida.

— E a mais confusa que já se manifestou até agora. — Reclamo.

— Tem que haver alguma coisa que nos indique o por quê as pessoas estão sendo transformadas em estátuas.

— E estátua de pombo ainda por cima.

— Dizem que pombo simboliza a paz. — Lupin diz como se fosse uma pista que iria dar fim aos nossos problemas.

— Quando é pomba branca, sim. — May retruca.

— GENTE. — Grito. — VOCÊS NÃO ESTÃO AJUDANDO.

— Nash tem razão, deveríamos estar concentrados em selar essa carta.

— Mas como? Estamos à mais de três horas aqui parados. — A ruiva reclama.

— Eu sei e por isso mesmo se não agirmos rápido, passaremos o natal aqui de frente pra essa...

Mal termino de falar a frase e a estátua levanta a mão que segura a balança. Lupin se assusta e levanta desesperado do pé do monumento.

— O que foi isso? — Lucas diz ao ver que a estátua mudou de posição.

— Acho que ela não quer que passemos o Natal aqui...

E novamente a estátua se movimenta, levantando braço com a espada. Fico pensativo por um tempo.

— NATAL! — Grito. A pomba que estava no ombro da mulher assentada voa para a balança.

A carta reage com a palavra “Natal”...

Penso por alguns instantes e logo me lembro de hoje de manhã:

(...) Clara me chama com o dedo indicador e eu me agacho para ficar da sua altura. A menina agarra minhas bochechas com a suas pequenas mãos e me direciona para saída da loja.

— O que você está querendo dizer?

Ela aponta para o beco ao lado da loja. Engulo em seco.

— Está querendo comprar esse carrinho para aquele menino? — Digo me lembrando do garoto de rua.

Ela sorri e balança a cabeça. (...)

— É ISSO! — Grito.

— O que? — Todos gritam uníssonos e até Clarinha que estava sentada sobre o martelo enorme de Lupin, se levanta.

— Eu já entendi o enigma, mas conceder a resposta eu vou precisar da ajuda de vocês.

Todos assentem. Chamo o pessoal pra uma roda e começo a cochichar.

...

Na minha mão está uma bola de futebol. Clara, Lupin, May e Lucas estão distribuídos ao meu lado de forma simétrica para que assim possamos começar nosso plano. — Só espero que isso funcione. — Penso.

Suspiro, e hesitando abro minha boca aos poucos e começo a cantar:

"Bate o sino pequenino, sino de Belém
Já nasceu Deus Menino para o nosso bem
Paz na Terra pede o sino alegre a cantar
Abençoe Deus Menino este nosso lar (...)"

May, Lupin e Lucas começam a cantar comigo, enquanto Clara balança a cabeça de um lado para o outro seguindo o ritmo da música à capella:

 

Hoje a noite é bela, juntos eu e ela
Vamos à capela, felizes a rezar
Ao soar o sino, sino pequenino
Vai o Deus menino, nos abençoar.

Bate o sino pequenino, sino de Belém
Já nasceu Deus Menino para o nosso bem
Paz na Terra pede o sino alegre a cantar
Abençoe Deus Menino este nosso lar

Vamos minha gente, vamos à Belém
Vamos ver Maria e Jesus também
Já deu meia noite,já chegou Natal
Já tocou o sino lá na catedral

Bate o sino pequenino, sino de Belém
Já nasceu Deus Menino para o nosso bem
Paz na Terra pede o sino alegre a cantar
Abençoe Deus Menino este nosso lar

Hoje a noite é bela, juntos eu e ela
Vamos à capela, felizes a rezar
Ao soar o sino, sino pequenino
Vai o Deus menino, nos abençoar.

Bate o sino pequenino, sino de Belém
Já nasceu Deus Menino para o nosso bem
Paz na Terra pede o sino alegre a cantar
Abençoe Deus Menino este nosso lar

Vamos minha gente, vamos à Belém
Vamos ver Maria e Jesus também
Já deu meia noite,já chegou Natal
Já tocou o sino lá na catedral

Bate o sino pequenino, sino de Belém
Já nasceu Deus Menino para o nosso bem
Paz na Terra pede o sino alegre a cantar
Abençoe Deus Menino este nosso lar

Abençoe Deus Menino este nosso lar

Ao ouvir nossas vozes cantarolando juntas, a estátua começa a emitir um forte brilho ofuscante, claro e divino. Aproximo voando até ficar de frente para o rosto gigante da mulher de pedra.

— O meu nome é Nathanael, e eu fui escolhido por Shat para selar as cartas mágicas e unir as tribos de sua dimensão. No início desse ano, aceitei a missão e comecei minha longa jornada ao lado dos meus amigos para cumprir essa missão. — Digo sorridente — Hoje, em uma tarde de véspera de Natal, estou aqui mostrando que nem todos perderam o espírito natalino. Afinal, você está transformando pessoas que não sabem o que significam o natal em estátuas, né? — Pergunto, o que faz aumentar a densidade do brilho da estátua como se a resposta fosse “Sim” — Eu e meus amigos estamos aqui, para mostrar que não precisa fazer justiça dessa forma. As pessoas desperdiçam o tempo achando que é isso que lhes faltam. Com isso, acabam se esquecendo das pequenas coisas como um “Olá” ou “Bom dia” quando acordam pela manhã. Elas também se esquecem de que se estão vivas é porque Deus deu a oportunidade de fazer diferente e concertar o que errou. Oportunidade de recomeçar. As pessoas se esquecem às vezes do verdadeiro significado do Natal, mas não são todos. Eu e meus amigos estamos te mostrando que não. E é com essas palavras e atitudes que quero levar a vida. Vendo aquela pessoa na rua pobre, necessitada, precisando de um simples trocado, e palavras de carinho, e mesmo as pessoas julgando que ela vai se drogar, que aquilo não passa de encenação, eu vou lá, pego os poucos trocados que eu tenho, não me importando se sou rico, pobre, a cor, religião, sexualidade. Importa-me ajudar, dar amor. Por um minuto deixo nossas diferenças de lado, não me importa para o que ele vai usar aquilo, se para se drogar, ou para comer, me importa ajudar. Mas que eu sempre irei me lembrar daquilo, que mesmo sendo um gesto pequeno e humilde, eu fiz meu melhor, eu tentei. Se errei? Basta esperar as consequências e aprender também com elas. Tudo já está feito, não posso mais desfazê-las nem voltar no tempo. Basta aprender a lidar com elas. Afinal, é isso que significa o Natal, não é? O amor que Deus teve por nós...E que nós devemos ter um com os outros...

A estátua começa a tremer ao ouvir as minhas palavras. Aproveito a oportunidade e lhe dou um grande abraço... Ou pelo menos... Abraço suas bochechas de tão grande que ela é.

— E com essas palavras de coração, alma e aura que eu quero lhe dizer... e dizer ao mundo... Feliz Natal. — Digo fazendo a mulher soltar a espada e a balança no chão.

Pego minha auréola e miro na sua testa. — A sete auras eu selo sua aura. — Sussurro. A estátua aos poucos é sugada para dentro da halo levando tudo o que está ao redor como a espada, o pombo e a balança. — Apresente sua forma submissa! — Ordeno e de dentro da auréola sai uma carta. A imagem é de uma mulher loira que segura uma espada e uma balança e em seu ombro há um pombo. Ela está assentada entre duas pilastras e em sua cabeça há uma espécie de coroa dourada. Embaixo de seus pés está um piso xadrez. Na fita está escrito: A justiça. Sorri. Essa é uma carta diferente das demais...

— UHHHHHHHHHHHUUUUUUUUUUU! — Lucas pula eufórico. Conseguimos!

— YUUPPPIIIIIIIIIIIIIII — Lupin pula girando segurando as mãos de Clarinha enquanto May sorri admirada.

Pouso e corro para abraçar Lucas que me envolve em seus braços.

— Você foi demais. — Ele disse.

— E você canta bem afinado pra um gato de três vidas.

O garoto sorri. — Valeu.

Olho ao redor e vejo que as estátuas de pombo estão se transformando em humanos novamente, enquanto as pessoas atordoadas voltam ao seu estado normal. A rua está completamente destruída devido aos ataques que lançamos contra a carta. Se não sairmos rápido daqui, as pessoas irão se assustar com a minha forma de anjo e a forma híbrida de Lucas e Lupin.

...( 24/25 de dezembro)...

Apesar de toda a confusão dessa manhã... Estou feliz por todos estarem aqui em casa celebrando o Natal. Denner não para de falar sobre a escola com Lucas enquanto Natália, Lupin e Clara conversam sobre algo a respeito de jogos virtuais. Eu, dei uma pequena escapadinha pra poder terminar algo que comecei hoje pela manhã.

Entro no meu quarto e encosto a porta. Pego a bola de futebol e um carrinho amarelo e coloco em cima da cama. Abro a gaveta e retiro a carta justiça de lá dentro.

— Halo! — Digo invocando minha auréola. Sorri. — Correntes da justiça que vigiam e norteia os quatro cantos desse planeta. Venha entregar com seus poderes o que não pertence à minhas mãos. Que a JUSTIÇA seja feita. Em nome de Nathanael, eu ordeno!

Uma mulher sai da carta, mas desta vez seus olhos estão vendados. Ao seu lado estão dois pombos o qual ela entrega para um, o carrinho, e para o outro ela entrega a bola de futebol. Sorri. Ela é a única que entra para a carta novamente enquanto os pombos saem voando pela janela.

Antes de entrar novamente para a carta, ouço um breve sussurro. — Feliz Natal, mestre.

Assusto-me.

Será que...

...( 24/25 de dezembro — POV Yan)...

O chão está frio e duro.

Não consigo dormir direito essa noite devido às luzes ligadas e alguns fogos que estouram no céu. Estou cansado e com fome, mas com a fome eu aprendi a me acostumar. As coisas não são fáceis pra quem dorme na rua.

Estico meus pés encostando minhas costas na parede enquanto me aqueço com um pequeno pedaço de pano.

Olho para o céu à procura de estrelas, mas é em vão. Suspiro. Fecho meus olhos e espero conseguir dormir, mas abro novamente ao ouvir o barulho de asas batendo.

— Ah? — Me assusto ao ver dois pombos brancos deixarem uma bola de futebol e um carrinho amarelo ao lado da lata de lixo onde eu estou. — Pra mim?

Não sei o que deu em mim, esperando que as pombas respondessem, mas fico estático ao vê-las virarem pedra e caírem no chão como se fossem brinquedos de plástico.

— Uau. — Digo admirado. — Obrigado Deus! Obrigado!


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal o/
Espero que tenham gostado do especial de Natal de SETEVIDAS e espero que vocês tenham conseguido captar a mensagem que esse capítulo quis transmitir. Quero mandar um grande beijo no coração de todos que acompanham essa fic e dizer que vocês me ajudam muito na construção dela. Infelizmente, ela entrará em hiatus e só voltará ano que vem. Caso vocês não acompanhem outra fic de minha autoria, quero lhe dizer que só iremos nos rever novamente no ano que vem... Então quero te desejar um feliz natal! E um próspero ano novo.
Para os que acompanham as minhas demais estórias, estou deixando esse recadinho:
SETEVIDAS – Entrou em hiatus e só volta dia 02/01
Keep Holding On – Season bônus será postada dia 25/12
Over12 – Próximo capítulo dia 26 ou 28/12
Circus – Sem data definida
Bjo no coração de todos



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