Setevidas escrita por tony


Capítulo 16
Adeus, Lucas!




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Flutuo no vazio. É algo extremamente estranho a sensação de estar fora do seu corpo. É como se o tempo e o espaço não existissem. Reflito sobre Bryan. Ainda não entendo o motivo pelo qual ele tenta ferozmente me matar, sendo que estamos do mesmo lado.

O mago, A força e Os enamorados. Foi árduo selar as auras desses três amuletos e mesmo assim não parecem ser nada em comparação às habilidades do menino leão. Eu não quero machuca-lo, mas também não posso morrer. Não ainda. Eu tenho uma missão pra cumprir, querendo ou não, dei minha palavra a Lucas que iria reestabelecer a paz entre as nações e tribos unificando-as em uma só. Eu não tenho muito tempo, mas é preciso pensar.

Enquanto meu corpo sofre pancadas e golpes de Bryan, minha aura-mente-alma estão em uma simples projeção astral fora da realidade. Fui separado do meu corpo. É um truque que aprendi com Lucas nessas férias. O treinamento até que me serviu pra algo. Fugir.

Eu tentei água, que na lógica apaga o fogo. Já que o menino domina o fogo, por que a água não pode acalmá-lo? Como ele corre, eu tentei retirar o solo, afinal leões não voam. E mesmo assim ele conseguiu escapar. Tentei o ar, mas ele rugiu mais forte. A carta regente não passa de um brinquedo perto do garoto. Até o sono fugiu dele. Acho que eu também não posso medir força com ele... Seria idiotice já que sua tribo é famosa pela agilidade e...

Espera! Como eu não havia pensado nisto antes?!

Concentro minhas energias e volto para o meu corpo. Bryan ergue meu corpo estático pelo colarinho da blusa. Uma rajada de dor veio logo em seguida, pois quando estava fora do meu corpo, não conseguia sentir as dores das pancadas.

— É o seu fim.—Ele diz erguendo o punho.

Sem reação, puxo o braço do garoto e levo até a minha boca dando uma mordida que com toda certeza arrancaria o braço de alguém que fosse humano. Sério, a mordida foi tão sobrenatural que até meus dentes doem.

Bryan ficou estático. Assim que larguei o braço do garoto, pensei que fosse morrer ali mesmo. Ele apenas me olhou, fitou meus olhos e abriu a boca para dar um grito ensurdecedor.

Bryan corre de um lado para o outro desesperado pela dor que está sentindo. Pego uma carta do bolso. Ele para na minha frente.

— Vai pagar por isso, seu idiota!

— E você vai pagar meu plano odontológico, seu braço é tão duro que eu acho que quebrei um dente.

— Ora, seu...—O menino diz correndo em minha direção.

Lanço a carta para cima e giro minha auréola mirando no garoto.— Carta triunfante sobre os animais da natureza. Consiste não desprezar o ser inferior e dome a terrível fera através da sabedoria e coragem. —Digo —Vai, força!

Ao se aproximar, uma mulher de cabelos pretos sai da carta e abraça levemente Bryan. As cores da aura da mulher eram claras e o menino tremia nos braços da moça, como se estivesse tentando se livrar do abraço, mas quanto mais ele fazia força, mais correntes apareciam prendendo o seu corpo. A mulher por fim dá um beijo na sua testa e o garoto caí exausto no chão. Acordado, mas como se tivesse tomado tranquilizantes direto na veia.

A mulher volta para a carta. Guardo e coloco de volta no bolso. Meu uniforme está sujo de terra e sangue. Aproximo-me do garoto.

— C-como?—Ele diz em voz serena.

— Quando eu capturei a carta força, percebi que ela tinha alguns probleminhas com leões quando estava solta. Então deduzi que essa seria a carta certa para domar um leão sem domador.

— E estava certo. — O menino diz — A carta força pertencia à tribo dos leões antes de desaparecer. É uma das únicas cartas que consegue nos abater.

— É o que eu diga! — Sorri, ou pelo menos tentei — E o que vai acontecer agora?

— Estou aqui para te vigiar de perto. Testar suas habilidades, mas parece que você é mais resistente do que pensei.

— Eu aceito isso como um elogio?

— Vindo de mim, é o máximo que poderá conseguir.

O menino se levantou com dificuldade, parecia que as correntes ainda estão o prendendo no chão. Ele levantou a mão e eu o cumprimentei.

— Amigos? — Perguntei.

— Parceiros. — Ele responde.

O menino volta para a forma de leão e volta para adentro da cerca onde estão os outros leões do zoológico que dormem.

— Eu irei vigiar seus passos de perto, Nathanael, sempre que for selar uma carta irei te acompanhar até o conselho decidir a hora de voltar para minha tribo.

— Não tem com o que se preocupar. — Respondo — Nem você e nem o conselho.

Clara sai de trás de uma árvore e vem correndo me abraçar ainda com medo de Bryan.

Pego as três cartas do bolso e seleciono a carta “Os enamorados”. — Acho que está na hora de despertar. — Digo fazendo o menino sair saltante de dentro da carta, dando piruetas no ar enquanto sugava o pó dourado de dentro dos corpos das pessoas. Quando o cupido retornou à carta, todos acordaram aos poucos e ficaram espantadas pelo fato de não haver nenhum leão solto.

Tivemos que sair do zoo. Eles queriam evacuar o local e concertar as grades enquanto os leões ainda estavam dormindo. Tive que inventar para Denner que havia rolado a escada enquanto corria do leão que estava solto. Ele achou que tinha desmaiado quando ficou de frente pra fera e acreditou que meus ferimentos eram devido a uma queda da escadaria do zoológico.

À noite, Denner contou pra todos os seus amigos o sufoco que havia passado (Obviamente ele escondeu a parte que desmaiou e transformou a história em um ato heroico). Minha mãe me mandou colocar gelo no olho direito que está bem inchado. Lupin me perguntou como eu venci Bryan sem a sua ajuda e eu disse apenas que usei a força de vontade.

— Onde está o Lucas? — Pergunto ao entrar no quarto com um pano com gelo grudado no olho.

— Éeer... — Lupin diz se levantando do chão ao lado de Clara.— Eu ia te dizer isso quando saímos do Zoológico, mas...

— Fala logo. — Digo — Ele ainda tá irritado comigo?

— Bem, é que...

— Já sei, ele vai ficar sem falar comigo por uma semana que nem quando eu errei aquele treinamento de flutuação?

— Nash, é ...

— Ou então...

— Nash!— Lupin grita chamando minha atenção.

— Diz.

— Lucas não será mais seu guia! — Lupin diz abaixando a cabeça. — Quando voltamos pra cá, recebi uma mensagem do conselho dizendo que Lucas está preso. Ele foi pego. — O menino diz — E agora, não irá te acompanhar mais nas missões.

— Ta. — Respondo meio triste. — Mas quando iremos vê-lo novamente? Tipo, ele foi preso por que?

— Nash, nós não veremos mais o Lucas. — Lupin diz segurando o choro.

— Como assim?

— O conselho irá bani-lo da tribo.

— Mas por que?

— Ele é o único da tribo dos gatos na história que morreu quatro vezes em assim tão pouco tempo.

— Mas... mas...

— Amanhã ele será julgado e condenado. — Lupin fala chorando. — E se ele for condenado, ele perderá suas três vidas restantes.

— Irão mata-lo? — Pergunto incrédulo.

— Não só mata-lo. — Lupin soluça. — Quando um felídeo da tribo dos gatos morre. Todas as pessoas que estiveram ao seu redor, se esquecem de sua existência, a não ser parentes.

— Isso quer dizer que...

— Você e Clarinha irão se esquecer de Lucas e irão continuar vivendo como se nunca tivessem conhecido ele.

Clarinha balança a cabeça, talvez por imaginar essa hipótese. Ela não queria se separar de Lucas. Todos estão chorando sem parar, enquanto eu ainda estou estático tentando entender a situação.

— Vou me esquecer de Lucas?

— Não só dele, como de mim. Afinal, não vou poder continuar aqui sem meu irmão.

— Se vocês não vão me guiar. — Sussurro — Quem vai então?

— Eu! — Um menino berra na janela. — O magnifico...

— Bryan?! — Berro assustado.


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Notas finais do capítulo

Eae gente :)
O capítulo foi meio tenso, mas e agora? Será que Nash irá se adaptar à personalidade de Bryan? Como será de agora em diante para o garoto se ele se esquecer de Lucas? E Lupin, como ficaria sem sua amiga Clara e vice-versa? No próximo capítulo trará respostas pra todas essas perguntas.
Não deixem de comentar ^-^
Bjus mil e até o próximo capítulo.



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