Setevidas escrita por tony


Capítulo 12
Um leão


Notas iniciais do capítulo

"Um leão sem domador"



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Denner, Lupin, Clara e eu estamos no carro indo em direção ao circo. Sim, você leu certo! Lupin também está conosco na forma híbrida.

“Mas como Denner não desconfia de nada?”

É simples. O garoto implorou tanto pra ir com a gente ao circo que tive que arranjar de última hora, uma calça e blusa que coubesse nele. (Afinal, seria estranho ver um garoto que aparenta ter dez anos apenas de cueca e com um rabo de gato balançando de um lado para o outro) Pra esconder as orelhas, peguei uma touca preta que eu tinha no meu armário e coloquei em sua cabeça. Entretanto, o menino continua chamando atenção por causa de seus cabelos azuis.

O resto foi fácil.

1 — Tive que convencer Denner que Lupin era irmão do meu único amigo da escola e que ele queria ir comigo ao circo.

2 — Convencer o Denner de que o cabelo dele não era azul até a raiz (Ele queria tirar a toca pra ter certeza).

3 — Esconder o rabo dele toda hora que teimava em sair da calça.

Chegamos ao circo. Várias tendas estão espalhadas pelo lugar. 

— Onde querem ir primeiro? — Grito animado.

— Casas dos espelhos. — Lupin sugere.

Clara aponta o dedo para o carrossel.

— Será que eu posso dormir dentro do carro? — Denner diz entediado.

— Pode ir embora se quiser, mas terá que voltar pra nos buscar às dez. — Digo em tom autoritário.

— Sim senhor. — Meu irmão diz debochando. — Seu chofer estará aqui às nove e cinquenta e nove em ponto para leva-lo para casa pirralho.

— Ora seu. — Grito correndo atrás dele que logo entra no carro e tranca a porta partindo com o veículo.

— Aff. — Resmungo. — Mas não vou deixar ele estragar minha noite. Onde vocês querem ir primeiro pessoal? — pergunto me virando e percebendo a ausência dos meninos. — AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH! — Berro em pensamento. — Aqueles dois me deixaram sozinho.

...(Lupin POV)...

A casa dos espelhos é chata demais. Depois de irmos ao carrossel, eu e a Clarinha fomos escondidos por baixo da tenda ver o que os circenses estão fazendo. Ao nos aproximar por detrás das caixas observamos atentamente um mágico mostrando pra sua assistente às farsas de seus truques. Clara suspira desanimada como uma criança ao saber que papai-noel não existe. Ao ver aquilo, quis leva-la para outra tenda para que assim não a deixasse desapontada no show, mas algo chamou a minha atenção.

— Hey, magico de araque. — Uma mulher robusta e forte o chama arrastando suas correntes que prendem suas pernas. — Se liga só nisso. — Ela diz mostrando o corpo de um leão morto com o sangue escorrendo em suas mãos.

Tampo os olhos de Clara.

— NÃO ACREDITO QUE VOCÊ MATOU MAIS UM. — O mágico grita se aproximando da mulher. A moça tinha músculos de sobra.

— Ele não quis me obedecer... E ainda ameaçou me morder. — Ela diz jogando o corpo do animal no chão.

— O mestre não vai gostar nadinha quando souber disso.

— Eu não to nem aí pro mestre, eu quero mais é que esse lixo se dane. — Ela diz se sentando em um dos caixotes. — Se ao menos ele contrabandeasse rinocerontes ou animais mais fortes do que simples leões já ajudaria muito nos meus treinamentos.

— Você é uma domadora de leões.

— Que domadora o que! — Ela diz relaxando os músculos e colocando as mãos sobre a nuca sentando de forma confortável. — Esses leões não querem ser domados. Eu acho que estou mais pra devoradora.

— Ai ai. — O mágico diz. — Depois que você começou a ser forte, nem parece que é a velha e delicada Aninha de sempre.

— Vai se danar. — Ela diz.

Arrasto devagar Clarinha para fora da tenda e já no lado de fora digo: — Precisamos achar o Nathan.

...(Nathan POV)...

Pipoca, algodão-doce, pipoca, jogos, pipoca, alegria, pipoca, brinquedos... Será que eu já disse que aqui tem pipoca?

Eu amo circo.

Nunca me senti tão animado e relaxado nessas férias desde que descobri que sou o anteposto. Aqui finalmente posso sentir a paz, tranquilidade e...

— NAAAAAAAAAAAAASHHHHHHHHHHHHHH! — Lupin grita vindo em minha direção.

Retiro o que eu disse. No final sou apenas uma babá de crianças que se perdem e se encontram novamente.

— O que é! — Digo em tom grosseiro comendo minha pipoca.

— Temos que contar o que vimos.

— Diz.

— Uma mulher muitooo... — Ele pausa para respirar — Grande, enorme e ...

— Ah sim. — Digo apontando para o cartaz. — A domadora de leões né?

— É. — Ele diz ao ver a imagem da mulher no papel. — É ela. Ela matou um leão do circo com as próprias mãos.

Gargalhei com a piada.

— Fala sério. — Digo comendo mais pipoca. — Geralmente as domadoras vivem com um chicote na mão quando entram nas jaulas.

— Ela não... — Lupin diz sem fôlego. — Ela é mais forte do que está nessa foto. — Ele diz apontando para o banner. — Ela tá alta, enorme e muito forte.

— E qual é o problema?

— O problema é que esse lugar é ilegal e fazem contrabando.

— Hey. — Digo tampando sua boca para que ele falasse mais baixo. — Não diga isso em voz alta. E como você sabe disso tudo?

— Eu e a Clara estávamos espionando os circenses nas tendas.

— Aiiiin. — Grunhi sem saber o que fazer. — Isso é verdade Clara? — pergunto fitando a garotinha assustada que balança a cabeça em sinal de positivo. — Okay, então depois do show pensarei no que vamos fazer.

— E até lá?

— Ajam como se não soubessem de nada. — Digo pensativo.

Não sei o que é pior... Enfrentar um amuleto ou não ter paz até em uma noite no circo. Eu só queria comer minha pipoquinha em paz. Será que é pedir muito?

— Que horas começa o show? — Lupin pergunta segurando a mão tremula e assustada de Clara.

— Nove. Mas não saiam de perto de mim até lá.

— Ta. — Lupin diz e logo sussurra para a garotinha. — Não precisa ter medo não, ela não vai fazer mais nenhum mal aos leõezinhos... O Nash não vai deixar.

Ao ouvir aquilo, sinto um aperto no coração.

“Eu preciso fazer algo quanto a isso.”

Brincamos no carrossel e comemos um montão de coisa antes da apresentação começar. Quando entramos na tenda, eles nos deram uma chave para guardar os celulares, bolsas e aparelhos eletrônicos. No começo não entendi muito, mas depois saquei que eles fazem isso só para não filmarmos as apresentações ou se caso quiséssemos denunciar não termos provas.

Eles parecem ser mais perigosos e espertos do que eu penso.

Ao sentarmos na arquibancada, as luzes se apagaram e acenderam rapidamente mostrando dois trapezistas pulando de um trapézio para o outro agilmente.

Os olhos de Clara se encantaram, mas logo abaixaram ao ver um palhaço aparecer no meio do círculo.

— Não tenha medo. — Adverti a garota. — Palhaços nos fazem rir.

Lupin segurou a mão da menina que logo se acalma.

— Respeitável público, Senhoras e senhores, adultos e crianças quero apresentar a vocês a mais nova atração do circo, Ana a domadora de leões! — O palhaço grita correndo para mostrar a mulher na jaula, mas logo tropeça no meio do caminho, fazendo todos sorrirem, exceto a Clara.

A mulher é exatamente como Lupin me descreveu. Extremamente musculosa e robusta, além de parecer ter um ego enorme pelo jeito que acena para o público.

Todos gritam animados.

A mulher pega uma bola (Observação: Ela está sem chicote, proteção, e só veste uma fina roupa e uma capa que se parece se super-herói qualquer dos anos 80) e agilmente lança na direção do leão que abre a sua boca e engole a bolinha. Todos se assustam como a velocidade e instinto do leão. A mulher se aproxima do animal. O leão abre sua boca e ruge ferozmente, e rapidamente a mulher aproveita a distração do rugido e agarra com as duas mãos a mandíbula do leão.

Ao ver aquela cena um arrepio estranho percorre meu corpo.

“Essa sensação...”

A mulher coloca a seu braço dentro da boca do leão. O animal começa a gemer de dor e todos do público começam a sussurrar coisas como: “Ela está machucando o animal”... “Será que isso é permitido?”...”Que cruel”...

Aos poucos todos começam a vaiar.

A mulher retira a bolinha de dentro da barriga do animal e o lança contra a grade.

Eu, como sempre o mais metido, levanto-me e grito: — Hey, sua psicopata, será que você não entende que o que está fazendo é errado? — berro fazendo todos virarem sua atenção á mim.

A mulher vira sua atenção para mim e arregala os olhos.

— Você! — Ela diz como se me conhecesse há anos.

— Ooops. — Lupin diz segurando o meu braço.

— Você é o anteposto! — Ela grita saindo da jaula e correndo na minha direção na arquibancada.

Todos se assustam com a mulher que corria e começam a correr também com medo e fugindo dela.

— Como ela sabe disso? — Pergunto para Lupin.

— Talvez, ela seja uma carta! — O garoto responde.

— O arrepio! — Digo me lembrando daquela sensação estranha que eu tive.

— Ah...?

— Nada, só leve a Clarinha pra longe daqui.

— Xá comigo! — Ele diz segurando a garota e saltando para o outro lado da arquibancada.

A mulher se aproxima.

— “Espectro de luz que oscila entre o vermelho e violeta, atue na mais pura faixa de sete cores da minha aura e envolva o peregrino Nathanael de acordo com suas emoções. Halo!” — Digo fazendo as auras cobrir meu corpo. A mulher ataca lançando seu corpo contra mim, mas logo é lançada para longe por uma das auras que cobria meu corpo no momento da transformação. Por fim, a auréola aparece na minha cabeça. — PREPARE-SE SUA COISA ENORME DE MASSA MUSCULAR, EU IREI SELAR SUA AURA E VOCÊ NÃO FARÁ MAL A NENHUM ANIMAL. — berro.

A mulher com raiva pega um caixote e lança em minha direção.

Retiro a carta “O mago” do bolso e logo suspiro: Calma, é só não ter raiva.

— Vento que leva as folhas caídas do outono, proteja-me com sua graça nesta seguinte ocasião. — Digo lançando a carta para cima e com as mãos lanço um pequeno vendaval que atinge o caixote levando-o para o outro lado da arquibancada.

A moça com fogo no olhar salta novamente para cima de mim que me assusto com o seu tamanho e permaneço estático.

— Ai meu DEUS! — Penso.


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Notas finais do capítulo

Continua no próximo capítulo...



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