Carol olhou novamente para o caipira, rezando internamente para que ele não notasse o rubor em suas bochechas. Juntou o máximo de ar para seus pulmões, desejando ser corajosa o bastante para caminhar até ele, e falar sobre seus sentimentos. Sentia um formigamento na ponta dos dedos, a cada vez que os olhares se cruzavam, pode observar um rastro de um sorriso nascer nos lábios tão desejados por ela. Teve de se conter para não suspirar.

Não se surpreendeu quando o mesmo passou por ela, sem nem ao menos olha-la direito. Já estava acostumada com o jeito rude e nada educado que Daryl costumava usar com ela.

Não entendia a razão de gostar tanto dele. Ele a tratava mal a maior parte do tempo, era frio e bruto com ela. Gostava de imaginar que era por ele se preocupar com Sophia, mas no fundo, sabia que era mais do que isso. Carol sentia que sua garotinha não era a unica coisa com que ele se importava. Já o tinha pegado olhando para ela algumas vezes.

Se sentia tola por ao menos pensar na possibilidade de Daryl querer algo comela.

Em um momento de fraqueza, se pegou pensando em Ed, e no quanto se sentia aliviada agora.

Não que tivesse um coração ruim, mas sim, porque tinha marcas. Marcas de uma vida ao lado de um homem ruim.

Mas Daryl não... Ele era bom, justo... Por mais bruto e frio que fosse, não deixava de ser um homem honesto.

A mulher não percebeu que o dia já havia passado, até que viu as pessoas de seu grupo começarem a armar barracas e discutirem para ver quem faria a vigília naquela noite.

Daryl estava cansado, sentia os efeitos do sono tomando conta de seu corpo. Queria apenas voltar para a fazenda, e descansar o máximo de tempo possível.

Mas sua vontade de encontrar Sophia, era maior do que seu cansaço.

Não era apenas por ela ser uma garotinha indefesa e sozinha, em um mundo dominado por mortos vivos... Não... Era também porela.A Mulher que o tinha roubado cada pensamento e também, muitas horas de seus dias. Carol.

Ele a desejava. Queria estar com ela. Queria dizer tudo o que precisava dizer a ela.

Estava decidido a contar-lhe sobre seus sentimentos, mas, mais uma vez. Teve medo.

Daryl não era acostumado com sentimentos. As mulheres com quem esteve eram sempre prostitutas bêbadas, das quais ele nem ao menos se lembrava do nome no dia seguinte.

E com Carol era sempre tão sentimental... Não que ele demonstrasse, na verdade, tinha raiva de si mesmo por nunca ser gentil com ela. Sabia que isso precisava mudar.

Suspirou aliviado quando chegou ao pequeno acampamento. Viu Dale e T-Dog trocando algumas palavras ao lado do trailer, mas não se preocupou em dar muita atenção. Seguiu andando para seu próprio acampamento, que era mais afastado das pessoas do grupo.

Quase deu meia volta, quando viu Carol sentada em um tronco, com os braços ao redor do corpo.

Caminhou até ela, em passos curtos.

Seja gentil.

Dizia para si mesmo.

- Vai acabar congelando. - Ele disse, de maneira amarga. Sem olhar para ela.

- Eu trouxe... Comida. - Ela sussurra.

O homem para de andar, resolvendo então encarar os olhos azuis que tanto o atormentavam. Sentia uma rachadura na grande camada de gelo que havia construído ao seu redor.

Em um momento, tudo o que enxergava era escuridão. E no outro, o azul de seus olhos era como um farol, que o trazia de volta a vida.

Não percebeu quando começou a andar em direção a ela. Só se deu conta do que estava fazendo, quando sentiu seus lábios roçarem um no outro.

Não precisou de palavras, apenas aquele gesto já confirmava tudo o que os dois sentiam um pelo o outro. E naquele momento Daryl teve certeza, de que ela seria a única que o faria sentir daquela forma.

Carol sempre seria a única.