Contando Estrelas 3 escrita por Letícia Matias


Capítulo 10
Capítulo 10




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Depois do banho quente e relaxante, vesti uma calça jeans preta, coloquei minha pantufa marrom que parecia uma bota e as meias pretas de Johnny – aquelas meias – coloquei uma blusa preta de manga comprida e um suéter de lã branco por cima.

Fechei a porta do quarto e encontrei Krystal no corredor entrando em seu quarto.

– Olha quem apareceu.

– A água estava quentinha¿

– Ah com certeza. Difícil foi sair do banho.

Ela riu.

– Vamos conversar. – ela disse fazendo sinal para que eu entrasse no quarto com ela.

Entrei no quarto logo atrás dela. O quarto era exatamente igual ao o que eu e Johnny estávamos, o que diferenciava apenas eram as cores dos lençóis da cama que eram roxos.

Ela se sentou na cama e eu também.

– Como você e Johnny estão¿

– Nós temos nossas crises de ciúmes, - ela riu – mas estamos bem.

Ela assentiu.

– Ele está tão feliz. Nunca o vi assim com ninguém. Quando vocês terminaram por causa daquela cobra da Alicia ele ficou... Arrasado. E... Ele te ama tanto, querida. – ela colocou a mão em cima da minha.

Assenti e sorri.

– Eu também o amo muito.

Ela sorriu.

– Fiquei feliz que vocês vieram. Ele não faz a mínima ideia de que vamos fazer uma grande festa amanhã.

– Talvez ele desconfie.

– Talvez. – ela concordou – Mas ele não sabe o quão grande será. Ah, acho que o melhor presente para mim e para Alaric é ver o quanto ele está feliz com você.

Sorri radiante.

– Só me diga uma coisa: Será uma festa grande, mas não terá nenhuma mulher gostosa saindo de dentro de um bolo, não é¿.

Ela riu jogando a cabeça para trás.

– Não querida. Pode ficar tranquila quanto a isso. E acho que a melhor strip para ele, seria você.

– Talvez, nunca se sabe o que se passa na cabeça dos homens não é mesmo¿.

Ela assentiu.

– É verdade.

***

Mais tarde naquele dia, eu, Phoebe, mamãe e Krystal nos reunimos para conversar em frente à lareira na sala. Estava um clima agradável, o ambiente estava aquecido e o vovô e a vovó Donahue estavam cochilando em suas poltronas, portanto, estávamos sussurrando.

– Nós fizemos um bolo de chocolate branco para Johnny. – Phoebe sussurrou para mim enquanto minha mãe e Krystal conversavam. – Ele adora.

– Parece gostoso. Ele deve desconfiar você não acha¿

Ela sorriu e deu de ombros.

– Talvez. Mas será tão bom! Ele nem poderá reclamar, e – ela sorriu maliciosamente para mim. – Nós temos a roupa perfeita para você usar amanhã.

– Claro que sim.

– Johnny não poderá vê-la antes de estar arrumada amanhã.

Assenti lentamente. Phoebe era um pouco exagerada. Parecia que estávamos falando do nosso casamento.

– Quem vocês convidaram para vir¿

Ela de ombros.

– Só um pessoal que fez faculdade com Johnny, os amigos mais íntimos e alguns familiares. Será muito legal. – ela disse sorrindo e batendo palmas.

A Sra. Cassie entrou na sala e perguntou:

– Desejam algo para comer queridas¿

Krystal levantou-se e olhou para seu relógio de pulso.

– Na verdade vou dar um pulo na cidade com Elizabeth e com Phoebe. Você quer vir Mary¿

– Ah... – hesitei. – Na verdade eu estou um pouco cansada. Gostaria de ficar.

Ela assentiu.

– Tudo bem. A casa é sua.

Sorri e olhei para a Sra. Cassie.

– Eu gostaria muito de mais um pedaço da torta de blueberry.

Ela sorriu.

– Já trago.

– Bem, temos que ir logo para não chegarmos muito tarde, já são seis e meia e quero voltar para o jantar.

Minha mãe me deu um beijo no rosto e se retirou com Phoebe e Krystal.

Alguns minutos depois, a Sra. Cassie voltou com um grande pedaço de torta.

– Obrigada Sra. Cassie.

– Por nada. Querida, você quer que eu prepare algo especial para você comer no jantar¿

Fiz que não com a cabeça.

– Qualquer coisa que a senhora preparar está bom.

Ela riu e se retirou.

Eu me reconstei no sofá e comecei a comer minha torta de blueberry, olhando para o fogo ao meu lado.

Meus pensamentos voavam para Johnny, para a primeira vez que nos vimos, para as minhas provocações, nosso primeiro beijo na chuva, nossa primeira discussão em seu apartamento em LA... Cada pensamento era um motivo maior para eu sorrir mais e mais enquanto comia aquela torta.

– Um centavo por seus pensamentos.

Olhei para o lado e sorri.

– Esses pensamentos valem mais do que um centavo.

Johnny sorriu e veio se sentar do meu lado.

– E então, o que a gordinha estava pensando¿.

– Gordinha¿

– Não para de comer um segundo!

– A torta está muito boa. – respondi.

Ele apoiou a cabeça no sofá e sorriu. Ficamos nos olhando por um momento e disse:

– E então, no que estava pensando¿

– Em você.

Seu sorriso se iluminou.

– No que exatamente¿

– Quando nos vimos pela primeira vez, nosso primeiro beijo, quando te empurrei na piscina.

Ele sorriu ainda mais.

– Srta. Anne, você... – ele riu. – me provocou muito.

– Era essa a intenção.

Ele balançou a cabeça.

– Estou feliz por estar com você, sabia¿

– Dança comigo. – ele disse e ficou de pé ligando o rádio bem baixinho.

Estava tocando “Give Me Love” do Ed Sheeran. Me derreti e segurei sua mão. Começamos a dançar lentamente, com os olhos fixos um nos outros, sorrindo estupidamente.

– Poderia dançar com você para sempre. – ele sussurrou em meu ouvido.

Sorri e apoiei meu queixo eu seu ombro.

– Seus pés se cansariam.

Ele parou, ainda segurando minha mão e me olhou, nossos rostos a centímetros um do outro.

– Nunca.

Balancei a cabeça e suspirei.

– Eu te amo.

– Eu também. – e continuamos a dançar.

***

Nós estávamos sentados em frente á lareira, conversando sobre nossas futuras viagens quando Alaric, Krystal, mamãe e Phoebe entraram.

– Olhem só os pombinhos. –Phoebe disse.

– Olhem só a irritante que veio atrapalhar – Johnny retrucou.

Ri e bati em seu braço.

– Vamos jantar, pombinhos¿ - Alaric perguntou.

Sorri me levantando. Johnny também se levantou e passou o braço por minha cintura.

– E o vovô e a vovó¿ - sussurrei para ele.

Ele sorriu.

– Eles não gostam de jantar esse horário.

Franzi o cenho.

– Que horas eles jantam¿

– Uma da manhã.

***

Depois de um jantar farto e delicioso preparado pela Sra. Cassie, desci para a garagem para conhecer um pouco mais da casa. Quando cheguei lá, Paul estava com a cara perto do motor do carro, checando alguma coisa.

– Tudo bem aí, Paul¿ - perguntei.

Ele se assustou e virou-se rapidamente, quando viu que era eu, sorriu. Um sorriso bonito e juvenil.

– Ah, oi Mary. Está tudo bem sim. Só estou... Dando uma checada no carro, vendo se está tudo no lugar. Você precisa de alguma coisa¿ - ele disse passando a mão pela testa para enxugar o suor.

Sorri e balancei a cabeça negativamente.

– Só estou andando pela casa para conhecer melhor. Aqui é ótimo não é¿

Ele sorriu alguns pés de galinha aparecendo debaixo dos olhos.

– É sim. Lembro-me que o tempo em que moramos aqui, foi maravilhoso. Eu penso seriamente em voltar a morar aqui de novo algum dia.

–Parece legal a infância que vocês tiveram.

– E foi. Nós éramos muito felizes e nós sempre viajávamos com o vovô e com a vovó. – ele parou e sorriu lembrando-se de algo – Uma vez, quando estivemos em Tóquio, eu disse para Johnny que lesmas eram uma das comidas típicas de lá, e ele acreditou.

– E ele comeu.

– Ah meu Deus! – ri. – Que maldade!

Paul riu.

– Ele nunca contou isso para você¿

Balancei a cabeça negativamente e me perguntei o porquê ele nunca tinha me contado nada disso.

– Bem, acho que ele não queria que você soubesse que ele era bem burro.

Reprimi um sorriso.

– E sua infância, Mary¿ - ele disse fechando o capô do carro.

Aquilo era sem dúvidas um assunto complicado. Fui até seu lado e me escorei no capô de seu Honda Civic preto, como ele estava fazendo.

– Ah, é complicado. – respondi dando de ombros. – Meu pai sempre trabalhou muito, sempre foi totalmente obcecado por aquela empresa. Então, não tínhamos muitos momentos em família, sabe¿ - ele assentiu. – As boas férias eram no México, na cara dos meus avós maternos. Meus avós sempre foram carinhosos e tentaram até me ensinar espanhol, mas nunca consegui aprender. – ri.

Paul riu e balançou a cabeça.

– Você é burra mesmo.

Arqueei as sobrancelhas.

– Estou brincando. Você realmente tem cara de mexicana.

– Você vai ficar tipo a Penélope Cruz quando estiver mais velha.

– Amém!

– E você, sente falta do seu pai¿

Minha expressão mudou e eu me senti desconfortável de repente. Acho que Paul percebeu porque ele disse:

– Desculpe. Só estou tentando conhecer melhor minha cunhada.

– Não! Está tudo bem. Eu... Não sei. Ele é meu pai, eu... Eu o odeio, sabe¿ Odeio tudo o que ele fez, odeio aquela empresa, odeio o fato de ele ter tentado matar Johnny, mas, não sei, foram poucos momentos bons que tivemos, mas os bons momentos me fazem falta.

Ele assentiu.

– É eu entendo. É muito complicado.

– É sim.

Ficamos em silêncio por um tempo e ele disse:

– Johnny tem muita sorte de ter conhecido você. Você é uma ótima pessoa, Mary. Todos nós te adoramos e você mexeu com o Johnny como ninguém.

Senti meu rosto queimar. Com certeza eu estava enrubescendo.

– Não fique com vergonha! – Paul exclamou rindo. – Não estou tentando te envergonhar, eu juro! Só estou dizendo que ele te ama muito, muito mesmo e que você faz muito bem pra ele. Sabe, antes de ele te conhecer ele era... – ele fez uma pausa e depois de alguns segundos disse - um cara muito chato.

– Orgulhoso e vivia com mulheres. E graças a Deus, bem, graças á você, ele mudou.

– Bom ouvir isso.

Ele sorriu.

– Bom conversar com você.

Baixei a cabeça e sorri, olhando para os meus pés.

– Bem, vou subir. Estou cansada, vou dormir.

– Claro, vá sim. Daqui a pouco também vou.

***

Depois de desejar boa noite para todos, fui para o quarto. Johnny estava sentado com abajur ao lado da cama ligado. Estava lendo alguma coisa numa revista sobre tecnologia.

– Olhe quem apareceu! – ele disse quando me viu entrar.

Mostrei a língua para ele e sorri trancando a porta do quarto.

– Onde você estava¿

– Na garagem conversando com Paul.

Ele franziu o cenho de leve, porém não disse nada.

– Ele estava arrumando algo no carro dele.

Johnny assentiu, ainda com os olhos na revista.

Sentei-me ao lado dele e cobri minhas pernas com o edredom branco.

– Posso te fazer uma pergunta¿

Ele parou de ler e me olhou. Deu de ombros.

Perguntei-me se era uma boa ideia, mas, eu estava curiosa e tinha o direito de saber. Hesitei e depois de um tempo, perguntei:

– Como era sua vida antes de me conhecer¿

– Chata. – ele respondeu de imediato, olhando para a revista, o que me irritou bastante.

Tentei de novo.

– Não, digo... Sua vida amorosa. Você conheceu muitas garotas¿

Ele deu de ombros.

Bufei e peguei a revista de sua mão e coloquei ao lado da cama.

Ele me olhou perplexo.

– Responde!

Ele bufou.

– Por que esse assunto agora¿ Paul inventou alguma coisa¿

– Não Johnny! – eu disse exasperada. – Foi só uma pergunta.

Ele suspirou.

– Sim, conheci muitas. Agora pode devolver-me a revista¿ - ele estendeu a mão.

Ignorei sua tentativa de fugir do assunto.

– Você conheceu muitas garotas antes ou depois da Alicia terminar com você¿

Ele bufou e levantou da cama.

– Não acredito que você quer falar da Alicia.

Revirei os olhos.

– Não quero falar sobre a Alicia, só estou perguntando coisas sobre você. Por que está tão nervoso¿ - estreitei os olhos.

– Não quero falar disso. – Johnny deitou-se na cama e apagou o abajur deixando-me no escuro, perplexa e com raiva.

– Espero que goste de ser infantil. – eu disse e me deitei virada de costas para ele.

Ele não respondeu, apenas suspirou alto.

Eu não entendia o problema dele me contar se ele tinha sigo pegador ou algo do tipo. Era passado e se ele me perguntasse sobre meus ex-namorados, – não foram muitos – eu falaria.

Fiquei irritada com sua atitude e demorei até cair no sono. A última vez que olhei para o relógio ao lado da cama, o relógio digital indicava em vermelho 1:45.


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