Décimo Sexto Capítulo - Dragão de Jade

Fogo e água poderiam dar certo?

Uma combinação arriscada e que poderia causar a morte de muitos ali incluindo a própria Eiko.

Os punhos de Natsu estavam em chamas e os dentes trincados, em posição de defesa esperava por qualquer movimento do adversário. Eiko por sua vez estava com as mãos graciosamente estendidas à frente do corpo sentindo uma insuportável dor no corpo.

Azumi jogava sujo e o ruivo igualmente podendo ser baixo e atacar quando eles estivessem com a guarda baixa. Lyon e Gray continuavam na arena e em posição de defesa com os punhos fechados à frente do corpo encaravam Hidetcka.

Os gêmeos Dragon Slayers e Gajeel se arrastaram até a beirada da arena cansados e doloridos, esgotados graças ao terror psicológico que Azumi lhes causou. Eiko reconheceu os gêmeos, principalmente o moreno que ficou lhe encarando quando Minerva atacou Lucy.

Ninguém até aquele momento havia movimentado um músculo se quer até que Natsu finalmente resolveu entrar em ação. Correu até Azumi, que apenas virou o rosto para encara-lo e sem muito esforço desviou do golpe do garoto. Eiko fez o mesmo que Natsu e tentou atacar a loira, que pulou para trás começando a rir.

– É isso que consegue fazer, Eiko-sama? – Azumi disse com uma irônica formalidade, rindo dos rostos de fúria que Natsu e Eiko possuíam.

Lyon e Gray então resolveram tomar alguma atitude, porém não iriam usar a força bruta, mas sim a mágica, produzindo um enorme tigre-dente-de-sabre de gelo e duas grandes espadas de gelo que voaram em direção à Hide junto ao tigre-dente-de-sabre.

Dois contra um poderia parecer injustiça, porém Azumi e Hide eram fortes demais e se existia alguém que poderia impedi-los esse alguém era Eiko.

E então a cinzenta estralou os dedos e tombou sua cabeça para o lado enquanto ouvia os dois magos de gelo lutar contra Hide. Ela e Natsu estavam um ao lado do outro, com as respirações aceleradas e cansados. Eiko estava sangrando, com dificuldade de produzir alguns ataques, porém não iria desistir de ajudar seu irmão.

Não iria magoar mais pessoas por simples ganancia. Já havia machucado física e emocionalmente pessoas demais por uma vida inteira e estava decidida que iria parar com aquela maldita vida.

– Você é tão patética – a loira disse esticando um dedo em direção a ela e sorrindo cruelmente. Um pequeno círculo mágico violeta se formou na frente do dedo de Azumi, que estava prestes a invadir a mente de Eiko, porém Natsu fora mais rápido que a loirinha e gritou com as mãos próximas da boca:

– Karyuu no Houko¹!

Um jato de chamas vermelhas saíra de dentro da boca de Natsu em direção à Azumi, que não esperava pelo ataque. Sentiu a ardência do fogo do mago atingir seu corpo.

Eiko viu aquele ataque uma oportunidade e ao erguer os braços para o céu viu um grande círculo mágico azul cinzento.

– Genzai no Yu²! – e então três grossas correntes saíram de dentro do círculo mágico. Correntes aparentemente de metais, porém eram feitas de água fervente. As correntes, então, foram em direção à Azumi enrolando-a e prendendo-a com força.

O ataque de Natsu parou e as chamas morreram aos poucos, porém Azumi ainda estava presa pelas correntes d'água. A água estava tão quente que feridas começaram a formar na pele da mercenaria. Azumi não mostrava desistência, mordendo os próprios dentes e encarando mortalmente Eiko, que parecia estar mais esgotada que antes.

– Você não devia tentar passar por cima de mim, Eiko-sama – novamente a mercenaria estava transbordando ironia. Sua voz estava parcialmente embriagada por causa das dores que as correntes lhe causaram, porém Azumi era muito mais forte que aquilo.

– Pare com essa maldita loucura! – Eiko gritou fazendo com que as correntes se apertassem mais nos braços da loira, machucando-a ainda mais.

Nas costas de Natsu e Eiko, Gray e Lyon lutavam com o espadachim suando a camisa para acertar um ataque.

– Não – ela simplesmente respondeu se remexendo dentro das correntes, fazendo os machucados ficarem mais evidentes.

Natsu por sua vez não queria ficar parado, e rapidamente seu pedido fora concebido, pois Azumi em um piscar de olhos rompeu as correntes e correu em direção ao roseado com sede de sangue.

Seus punhos voltaram a se inflamar e ignorando o fato da loira ser uma mulher começou a investir socos e chutes na mais baixa, que fazia o mesmo nele. Mesmo sendo pequena e aparentemente frágil Azumi tinha um chute forte e Natsu estava descobrindo da pior maneira.

– Karyuu no Yokugeki³ - Natsu disse e seus braços se inflamaram por completo. Com os pés o rosado conseguiu empurrar a loira para trás e nesse instante Eiko viu asas de um dragão atrás do Dragneel.

Sabia que restava pouca magia em seu corpo, porém iria atacar junto à Natsu para terminar rapidamente com Azumi.

Ao ver as chamas de Natsu irem em direção da loira, Eiko esticou apenas uma mão e sussurrou com o pouco de força que lhe restava:

– Adeus, Angel Tail – assim que as chamas de Natsu atingiram o corpo já machucado de Azumi, Eiko estalou os dedos e a loira simplesmente caiu no chão de joelhos.

Ela usaria muita magia para conseguir fazer com que a loira tivesse um desmaio, porém com o restante de magia que lhe restara conseguiu fazer com que o sangue de Azumi parasse de circular por breves dois segundos, e graças ao ataque de Natsu, Azumi estava nocauteada.

A visão da cinzenta estava turva e cansada. Conseguiu ver que Hide estava sendo arrastado pelos seguranças dos Jogos Mágicos e os outros magos estavam sendo guiados para fora da arena.

Sentiu seu corpo falhar e seus joelhos fraquejarem. Suas mãos tremiam graças ao ardor de seus músculos e sua cabeça parecia estar prestes a explodir. A última coisa que viu fora a cabeleira rosa de Natsu vir em sua direção, antes de desmaiar no chão de terra.

~*~

Dias haviam se passado, Gray estava sentado na cadeira da enfermaria dos Grandes Jogos de braços cruzados e encarando o ser que estava desacordado sobre a maca.

Eiko não acordava desde quando batalhou contra sua própria guilda. Os machucados causados por Hide e Azumi eram graves e ela tinha sorte por estar bem de acordo com os enfermeiros.

A Fairy Tail ganhou os pontos da partida dos Dragon Slayers, mesmo não tendo nenhuma batalha entre eles, pois de acordo com os jurados a Fairy Tail que impediu a Angel Tail de fazer alguma calamidade.

Já que os pontos haviam ido para a guilda de Gray, a Fairy Tail estava em primeiro lugar no placar, entretendo a guilda de Eiko havia sido desclassificada.

Gray não estava preocupado com o que aconteceria a seguir nos jogos, se preocupava apenas com sua irmã que ainda não acordara.

– Gray – a voz de Makarov assustou o rapaz distraído, que se levantou e caminhou para fora do quarto de enfermaria para conversar melhor com o mestre – Você precisa sair desta sala, Eiko ficara bem.

– Sei disso – ele disse olhando para dentro da sala e vendo o corpo imóvel de Eiko.

– Natsu estava te procurando, parece que eles querem fazer alguma coisa que envolva você – Makarov mentiu e ordenou que o mago de gelo se afastasse um pouco da irmã.

Acompanhando Natsu, Gajeel, Wendy, Lucy e os três exceeds, Gray fora para o subterrâneo do estádio dos Grandes Jogos.

– É aqui – Gajeel disse parando de andar e ficando à frente de grandes ossos de animais. Todos ficaram espantados e curiosos para saber do que eram aqueles ossos.

– Ossos de dragão – Natsu disse não crente do que via em sua frente – É um cemitério de dragões.

Resolveram continuar andando entre os ossos e observar mais de perto se questionando o que havia acontecido naquele lugar. Uma prova visual de que a existência de dragões era real.

– Talvez Igneel esteja aqui - Happy disse se arrependendo logo depois ao ver que aquilo poderia afetar seu melhor amigo.

– Os nossos dragões desapareceram à quatorze anos... Os que vocês veem aqui são muito mais antigos que isso – relatou Gajeel sério.

Continuando a caminhar eles observavam pasmos a quantidade de ossos que aquele campo imenso tinha.

– Via Láctea – Wendy sussurrou chamando a atenção de todos ao redor.

– O que foi Wendy? – Lucy questionou a baixinha, que mantinha as sobrancelhas arqueadas.

– Via Láctea! – Wendy disse – É um dos feitiços secretos dos Matadores de Dragões que a Poluchka-san me ensinou. Eu pensei que fosse um tipo de magia de ataque, mas talvez ela estivesse falando disso. Via Láctea pode ser a magia que me permite ouvir a voz da alma dos dragões.

– O que? – Gajeel disse abismado. Todos mantinham o semblante sério e tenso enquanto observavam Wendy falar. Aquele ambiente deixava todos tensos.

– Se eu conseguir ouvir as vozes dos dragões que estão dormindo aqui podemos descobrir o que aconteceu e descobrir o que aconteceu para que os nossos dragões tenham desaparecido.

E então com um pedaço de madeira encontrada perto dos ossos Wendy começou a fazer os símbolos no chão de terra para fazer a magia.

Gray engoliu em seco e respirou fundo. Pensou que as coisas iriam melhorar caso sua irmã saísse da posição de inimiga para amiga, porém notou que as coisas só estavam cada vez piores.

Ao invocar a magia uma luz forte e esverdeada começou a iluminar todo o cemitério de dragões.

– Você está bem Wendy? – Gray perguntou recuando um passo para trás. A menia estava com os braços esticados para cima e os olhos fechados.

– Estou procurando as almas dos dragões – ela respondeu. Arregalou os olhos e então disse mais uma vez: - Encontrei um!

Na frente dos olhos de todos um enorme, grande e esverdeado dragão apareceu graças à magia de Wendy, que parecia estar concentrada demais para notar o ser passos de distancia.

Esverdeado e parcialmente transparente, como as ilusões de Azumi quando estão fracas, rugiu para todos. Assustados, desejaram que Wendy parasse com aquilo e voltassem para casa, porém precisavam das respostas que o dragão daria.

O dragão riu ao ver o olhar assustado de todos e então disse:

– Ver essa expressão de surpresa dos humanos nunca perde a graça. Meu nome é Zirconis, mas também sou conhecido como Dragão de Jade. O feitiço que você usou para invocar minha alma era de Grandine, o Dragão dos Céus, certo? Onde você está?

O dragão procurou pela pessoa que havia invocado sua alma e ao notar que se tratava de Wendy disse:

– Que fofa! Foi essa Matadora de Dragões anãzinha que me invocou? – ele se abaixou para encarar melhor Wendy ajoelhada no chão.

– Ei, tire as patas da Wendy – Natsu gritou ao notar a pretensão do Dragão de Jade.

– Pode esquecer! Eu vou comer essa menininha! – o dragão disse franzindo o cenho.

– Idiota! – Natsu disse indo para cima do dragão.

– Estou brincando, sua espécie é mesmo idiota – o dragão verde disse. E então esticou o dedo com a unha afiada e cutucou o peito de Natsu, passando pelo corpo dele como um fantasma.

– O que esse cara tem? É muito zoeiro! – Lucy disse ao lado de Gray, que encarava a cena descrente.

– Isso não é um “cara”, é um dragão – Gray corrigiu a loira.

– O que aconteceu aqui? – Charlie interrompeu os amigos e pergunto ao dragão, chamando atenção dele para os exceeds.

– Há muito restos de dragões aqui – Happy complementou a frase da gata branca.

– Eu não tenho nada a dizer aos humanos. Sumam! – o dragão disse erguendo a cabeça.

– Eu sou um gato! – Happy disse erguendo a pata azul.

– Tudo bem. Aconteceu há 400 anos, dragões, um dia, fora os reis do mundo...