Hate that i love you escrita por Thay Oliveira


Capítulo 12
Probabilidades


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Demorei mais que eu achei que fosse. Desculpa, por isso!
Não me matem! ( entenderão ao final do capítulo)



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O espelho do elevador refletia uma Quinn sorridente. Animada, não demorou muito para apertar o botão com o digito 96. Havia comprado um vestido para a ocasião e pedido para Brittany ajuda-la a se arrumar. Não tinha dúvidas, pediria Rachel em namoro.

Não sabia se Rachel gostava de surpresas, mas gostava tanto da morena que optou por surpreender quem sempre a surpreendia. Tinha conversado com Hiram e ele, contente, deu aval para sua entrada na residência Berry. Abriu a porta e caminhou até o quarto da morena.

Sabia que as coisas estavam indo rápido demais, porém o que sentia pedia uma urgência que ela não conseguia negar. Se alguém lhe perguntasse se estava apaixonada, não negaria. Diria que sim. Exclamaria para que todos ouvissem. Não estava dando a mínima para o que os seus pais iriam achar. Talvez à renegassem. Se isso se tornasse um fato, mandaria eles se catarem! Se olhos preconceituosos insistissem à perseguir, agiria como se eles não existissem.

Nada a impediria de viver o que sentia.

Sabia que Rachel tinha saído. Tinha conversado com a morena pelo o celular e ela disse que estaria assistindo um espetáculo. Não pediu detalhes. A informação que ela não estava em casa era suficiente.

Assim ela pensava..

Colocou o buquê na mão esquerda e com a mão direita abriu à porta. Se não fosse pelo barulho do buquê se chocando no chão, acharia que sua mente sofrera um ataque de alucinação. Contudo, não tinha achar, o que enxergava era bem real.

Rachel tentou se cobrir, porém Quinn já tinha visto o que a morena tentava esconder. Uma mulher, que aparentava estar na faixa dos 25, apareceu entre os lençóis para a decepção de dela. Ambas estavam nuas e não era difícil deduzir o que faziam debaixo dos lençóis. O olhar de Rachel encontrou os olhos marejados de Quinn. Ela pedia desculpas com o olhar e logo percebeu que não adiantaria. Tudo o que enxergou foi decepção no semblante pálido.

Quinn escutou seu nome na voz melodiosa que tanta gostava, quando suas pernas, meio bambas, começaram a se mover por conta própria. Sua mente não raciocinava. Tudo o que via era Rachel acariciando outro corpo repetidamente como se fosse flashes. Seu corpo, como se fosse sua consciência, movia-se para longe. Espalmou, entre lágrimas, suas mãos no elevador. Chamava o como se sua vida dependesse disso. E, naquele momento, dependia.

_ Quinn, eu posso explicar!

Cada palavra era como um murro na cara da loira. Nunca pensou que as coisas poderiam mudar tão rápido. Se há cinco minutos pensava em se declarar para a morena, agora queria não ter a conhecido.

_ Isso não significa nada para mim! _ Rachel nervosa, tentava explicar. _ Você significa. Só você!

Quando sentiu a mão de Rachel em seu ombro, enxergou vermelho. Sempre fora uma pessoa serena, equilibrada, sempre resolveu suas diferenças pacificamente. Entretanto, sua cordialidade não existia no momento. Com um virar de corpo, tirou a mão de Rachel de seu ombro.

As lágrimas escorriam livremente pelo rosto dela e Rachel, por impulso, tentou seca-las.

_ Não toque em mim! Nunca mais! _ Quinn cuspiu as palavras, fazendo Rachel se assustar. _ Volte para seu espetáculo!

O suor escorria pelo seu rosto e o quarto escuro evidenciava que acabara de ter um pesadelo. Ainda meio desnorteada, Quinn, andou em direção ao banheiro. Abriu a torneira e jogou um pouco de água no rosto. Ficou um tempo fitando as orbes esverdeadas no espelho, tentando entender porque tivera o pesadelo.

Foi apenas um pesadelo..

Repetiu por diversas vezes isso para si mesma. Só não conseguia acreditar. Tirou as roupas e entrou no box para tomar banho. Sabia que era muito cedo para ir para a faculdade, porém nem se quisesse conseguiria dormir novamente.

A água não conseguia tirar as imagens da mente da loira. Tentava esquecer, mas esse ato só fazia as imagens se fixarem mais em seus pensamentos. Não sabia se o sonho fora uma espécie de sinal ou premonição, não acreditava nessas coisas, mas a fez se questionar:

Rachel seria capaz de fazer isso?

Não sabia. Não sabia muita coisa sobre Rachel, essa era a verdade. Conhecia a morena há tão pouco tempo e a relação das duas já era tão intensa. Mesmo intensa, a relação, gerava lacunas para ela. Gostava de Rachel e o fato da morena se atrair por ela era curioso. Rachel era de cidade grande, frequentava lugares que ela nunca pensou em frequentar, era bonita.. Podia ter quem quisesse, mas estava interessada nela, o que a deixava desconfiada.

Por que eu?

Por mais que tentasse passar naturalidade com a situação de estar se envolvendo com outra mulher, não conseguia sentir-se assim. Tinha medo que isso se voltasse contra ela. Sempre passou despercebida por entre a multidão, nunca se sentiu como o destaque. Ela achava isso perfeito. Contudo, não era só a questão do que as pessoas iam pensar, o que ela pensava era o que mais a deixava inquieta. Sabia que não era uma pessoa preconceituosa, mas não sabia que às vezes de tanto vermos e ouvimos algo, sofremos com o quão isso, correto ou não, pode influenciar nas nossas escolhas.

Agora estava envolvida com essa mulher. Apenas dez dias e suas prioridades deram um giro de 360°. Havia buscado por tanto tempo uma bolsa de estudos e agora era a ultima coisa que vinha ao seu pensamento. Rachel não pediu, ela reivindicou o seu lugar na cabeça de Quinn e lá se instalou. Isso não parecia certo para ela.

Tudo em excesso é prejudicial. Judy, mãe de Quinn, costumava dizer. E essa, como outras máximas, permanecia em sua cabeça.

Ficou por uma hora deitada na cama, pensando na vida e em nada ao mesmo tempo. Levantou e se vestiu. Foi até a cozinha e preparou seu café da manhã. Mesmo estando sem fome, se obrigou a comer. Deixou o de Santana pronto também, era bem possível que ela chegasse em casa com fome. Olhou para o relógio e ainda estava muito cedo para a primeira aula começar, mesmo assim rumou para Columbia.

Quando chegou, fez o que se propôs ao mudar-se para Nova Iorque, estudou. Estudou o que foi passado e o que não foi passado também. Se perdia nos livros como costumava fazer em Lima, na calmaria de seu quarto. Achava incrível como o conhecimento podia ser absorvido com um simples abrir de livro. Se perdeu, ou encontrou-se, que quando viu já estava na hora da sua primeira aula.

Caminhava até a sala e, pela primeira vez, não queria ver Rachel. Não estava arrependida do que tinha acontecido na noite anterior e nas outras também, apenas não conseguia pensar com clareza quando Rachel estava presente. Criava-se, assim, um impasse dentro dela; queria estar com a morena, mas não podia negar que não ter a conhecido seria melhor para sua mente.

Os lugares estavam quase todos preenchidos e, como se fosse atração, seus olhos encontraram os olhos chocolates de Rachel. Ela estava sentada na parte superior da sala e havia colocado sua bolsa para que ninguém sentasse ali. Quinn sabia que ela a esperava. Rachel abriu um sorriso, aquele que fazia tudo ao redor perder a importância, e Quinn ficou admirando- o por alguns segundos. Ela queria retribuir, queria subir os degraus que as distanciavam e dizer um simples "oi" que não teria nada de simples por trás dele. Mas ela não fez. Desviou o olhar do da morena e sentou na cadeira mais próxima que avistou vaga. Seu corpo rejeitou o que ela acabara de fazer, assim como um organismo rejeita um intruso, sentimentos tomaram o seu interior.

Mentiu para si mesma, criando pensamentos de que estava tudo bem. Podia sentir o olhar de Rachel sobre ela, mesmo não virando para trás uma vez sequer, sabia que a morena estava confusa com toda a situação. O sinal tocou e ela não demorou muito para sair da sala. Andava apressada pelos corredores, fugindo mais de si mesma do que de Rachel. Quando levantou a cabeça, deu de cara com Rachel parada junto a porta da sala que teria sua próxima aula.

_ Oi! _ Rachel a cumprimentou. _ Está tudo bem?

Quinn não gostava de mentiras, fora poucas às vezes que usou desse artifício. Evitando olhar para os olhos de Rachel, mentiu:

_ Tudo bem.

Rachel semicerrou os olhos, sabia que Quinn não estava dizendo a verdade. Acabou com a distância que as separavam e brincou:

_ Por que eu não acredito?

Rachel sorriu e Quinn não a acompanhou. Se sentiu mal por isso. Estava achando Quinn estranha, escorregadia.

_ Eu só estou com dor de cabeça _ Quinn falava olhando para as mãos. _, não dormi bem.

Agora ela tinha certeza que Quinn estava mentindo. Quinn sempre falava olhando nos olhos e a loira estava evitando olhar para ela a qualquer custo.

_ Acho que tenho uma aspirina aqui, mas se quiser..

_ Não precisa, vai passar. _ Quinn interrompeu à morena. _ Agora eu tenho que ir. _ Quinn disse, apressada, entrando na sala.

O perfume adocicado foi a única coisa que Quinn deixou no local. Rachel ficou estática, sem entender o que tinha acabado de acontecer. Deu dois passos em direção à sala, porém parou novamente. Se Quinn estava estranha e, aparentemente, a evitando, não insistiria no momento.

Quando viu que Rachel tinha desistido, Quinn, soltou o ar. Não estava aliviada, alívio era a última coisa que sentia. Na verdade, estava chateada consigo mesma, chateada por estar sentido medo da sensação nova que tomava todo o seu interior.

Alguns acontecimentos no seu sonho a intrigavam. Nunca pensou na hipótese de pedir alguém em namoro, tampouco achava-se capaz de faze-lo. Por outro lado, Rachel a " trair" era algo que podia acontecer. _ Pelo menos era o que Quinn esperava, levando em consideração o fato que a morena não parecia uma mulher que é adepta a relacionamentos. _ A verdade era que o sonho tinha mexido com ela.

Olhava para o teto, no mesmo lugar que fizera de manhã, e pensava como seria encontrar Rachel novamente. Não sabia como iria agir. Ela tinha duas opções: Se abrir com Rachel e dizer o que estava sentindo ou ignorar, fingindo que aquilo não a abalou.

Ela ignorou. Ignorou por uma semana qualquer contato que a morena tentou fazer. Evitava Rachel na faculdade e quando Brittany ou Santana a mencionavam, desconversava. Decidiu esquecer o que tinha vivido com Rachel. Pensava que seria melhor interromper no início do que mais tarde; viam de mundos diferentes e finais felizes não acontecem na vida real. Não queria se machucar.

Não foi o que aconteceu.

Ver Rachel tentar se aproximar com todo seu carisma era um sofrimento diário. A morena, mesmo com a indiferença dela, tentava entender o que aconteceu para Quinn estar a evitando. Ver a decepção no rosto moreno, cada vez que saia do recinto ou quando evitava olhar para ela, era o mais difícil.

Estava se machucando e ao menos percebia.

Como no sonho, ela também estava apaixonada por Rachel. Porém, admitir estava fora de cogitação. O jeito como ela ficava quando via Rachel, o querer intenso, a vontade de estar perto.. Seu corpo, seu coração, queria Rachel presente, contudo sua mente ditava, como sempre ditou, o caminho a ser seguido.

A segurança da solidão foi a sua escolha.

Os dias passavam e as investidas de Rachel não eram tão explicitas como anteriormente. Já não tentava obter uma resposta de Quinn, sabia que ela não a daria. Apenas observava, de longe, a garota que tomava conta de seus pensamentos. Tentou contato por mensagens, mas não houve respostas. Não sabia o porquê Quinn estava a evitando e se culpar foi o que mais fez nos últimos dias. Repassava cada detalhe da última noite que estiveram juntas e tentava achar aonde tinha errado. Sua mente criava várias possibilidades para Quinn estar a evitando, mas no final não conseguia criar uma tese concreta.

_ Já chega, Rachel, Estamos há duas horas esperando a sua coragem aparecer! _ Kurt a tirou de seus devaneios.

Estavam no carro de Kurt, em frente ao prédio de Quinn, esperando Rachel se mover. A morena havia decidido ter uma resposta, confrontaria Quinn e sairia dalí com uma explicação.

Assim que a coragem chegasse..

_ Só estava me concentrando. _ Retrucou, Rachel.

_ Por duas horas?!

_ Quando você fica ajeitando seu cabelo por mais tempo do que isso, eu não reclamo.

O garoto revirou os olhos e apaziguou:

_ Ok, só acho que é melhor você conversar com ela agora do que quando a amiga psicopata dela chegar.

_ Droga, se não estivesse sendo difícil ir até lá e falar com Quinn, ainda tem aquele projeto de psicopata para dificultar tudo! Me diz , Kurt, eu não sou bonita ou interessante o bastante? Sério, eu não consigo entender esse afastamento. _ Rachel, choramingou.

_ Nem eu. É por isso que você vai sair desse carro _ O garoto se debruçou sobre Rachel e abriu a porta do mesmo. _ , subir até o terceiro andar e descobrir. _ Finalizou, empurrando Rachel para fora do carro.

_ Ai! _ Rachel queixou-se, saindo do carro. _ Você já foi mais gentil. _ Ironizou.

_ E você mais confiante. _ Retrucou. _ Vá pegar a sua garota! _ Incentivou, piscando para a morena.

_ Claro, se minhas pernas se moverem. _ Sussurrou para si mesma.

Estava nervosa com o que poderia acontecer; nunca se sentiu dessa forma. Ela nunca teve um não como resposta - Seus pais não costumavam negar algo para ela, pelo contrário, eles davam muito mais que ela merecia. -, porém a probabilidade da loira ser a primeira era grande.

Resolveu não interfonar, temia que Quinn a despachasse por intermédio do mesmo. Sem muita dificuldade, comunicou ao porteiro que ia fazer uma surpresa para a moradora do 302. Ele, que já conhecia o rosto de Rachel, liberou a entrada da morena. Ela não mentiu, ia ser uma surpresa mesmo. Esperava que se surpreendesse também.

O elevador subiu rápido e Rachel repassava o que ia falar mentalmente. Deu uma última olhada no espelho e, mesmo estando aflita, aprovou seu reflexo. O número 302 pairava acima da porta de madeira de cor caramelo. Ficou olhando-o por um tempo, criando coragem para apertar o botão da campainha. Respirou fundo e apertou o botão levemente. Cada segundo de espera, era como se sua coragem se esvaísse em grandes escalas. Pensou em correr, mas Rachel não era o tipo de garota que fugia quando a situação apertava. Mesmo insegura, permaneceu.

Quando Quinn viu quem era pelo olho mágico, seu coração disparou. Estava de pijama e não tinha saído da cama. O relógio já marcava meio dia e ela se ocupava estudando um livro de direito. Fazia de tudo para esquecer Rachel que, às vezes, esquecia-se de si mesma.

Piscou algumas vezes, achando que era sua imaginação pregando alguma peça nela. Entretanto, quando conferiu o olho mágico novamente, constatou que se tratava da realidade. Rachel estava ali. Pensou em ignorar a morena, porém não se perdoaria se fizesse. Tentou ajeita o cabelo, que se encontrava desgrenhado, passando a mão repetidas vezes. Olhou para o pijama que usava e balançou a cabeça negativamente para o símbolo com um S no meio. Depois daquele dia, iria aposenta-lo .

Sua mão direita foi até a maçaneta e pressionou ela para baixo, abrindo à porta.

Os olhares se encontraram sem muita demora. Ambas estavam surpresas como a proximidade aumentava ainda mais o desejo de estar perto. O silêncio, não muito amigo dessa vez, se fez presente. Rachel aprumou-se, meio temerosa, e disparou:

_ Sei que você está me evitando, e que eu devo ter feito algo de errado para isso acontecer, mas não aguento mais ficar tentando descobrir o que eu fiz de errado. Já coloquei culpa no meu temperamento, na minha pretensão, no meu sarcasmo e em tudo isso junto! Seja lá o que eu tenha feito, eu quero saber o motivo de você me evitar.

A morena respirou fundo, pois todo seu fôlego tinha ido embora.

Quinn estava com a boca entre aberta, assistindo Rachel se culpar por algo que não cometeu. Ela sabia que evitar não seria a solução para o relacionamento - Quinn já conseguia pensar dessa forma, mesmo ainda não conseguindo verbalizar. - , mesmo ainda tendo esperanças que Rachel a esqueceria como ela tentou fazer.

Tentou..

Rachel tinha o tórax subindo e descendo, como se fosse ensaiado. Aguardava a resposta de Quinn, porém as cores fortes do pijama, azul e vermelho, chamaram sua atenção. Mesmo apreensiva, sorriu para a figura que era a visão de Quinn vestindo um pijama do super man. A loira reparou que Rachel notara seus trajes e não conseguiu evitar de corar.

Quando os olhares se encontravam novamente, Quinn falou:

_ Entre, por favor.

Rachel não titubeou. Se conseguira entrar no apartamento, era um sinal que as coisas estavam evoluindo. Pelo menos, era assim que a morena pensava.

Antes dentro dele do que uma porta na cara.

Quinn tentava se manter o mais distante possível e Rachel percebeu isso. Evitava o olhar de Rachel, a beleza exótica, a presença..

Tentava..

_ Você quer uma água, um café? _ Quinn ofereceu, olhando para tudo menos para Rachel.

Rachel queria dizer: Eu quero você! Contudo, enfática, disse:

_ Obrigada, mas eu quero a resposta da pergunta que te fiz.

Quinn deixou cair o copo de vidro que segurava em mãos. Rachel, na mesma hora, correu até a loira para ver se ela estava bem. Ela não tinha se cortado, mas acabaria se cortando tentando pegar os cacos de vidros com as mãos trêmulas.

_ Deixa que eu faço isso. _ Rachel disse, levando suas mãos até as de Quinn.

Quinn pensara que tivesse esquecido a sensação das mãos de Rachel sobre as suas, porém bastou apenas um toque para que sua lembrança esquecida ficasse vívida novamente. O calor, o desejo, a paixão, tudo voltou a tona com um simples toque de mãos.

Rezava todas as noites para que essa sensação não voltasse mais. Às vezes, queria nunca ter conhecido Rachel. Mas seu corpo clamava para que sua mente se curvasse, ao menos uma vez, paro o desejo interno. E agora Rachel estava tão perto que seguir sua mente era algo nada fácil.

_ Não precisa, eu faço isso sozinha. _ Quinn falou, olhando nos olhos castanhos.

Os olhos castanhos.. Os olhos que precisaram de apenas um piscar de cílios para que a hipnotizassem. Lembrava que quando esbarrou em Rachel, fora os olhos que lhe chamaram mais atenção. Às vezes escuros, às vezes claros, eram diferentes dos dela. Os de Quinn lembravam as águas de uma cachoeira intocada pelo homem; eram inocentes. Os de Rachel mais pareciam com um oceano, cheio de beleza e mistérios. Pensava que se não fosse pelos olhos chocolates, talvez tivesse pedido desculpas e não estaria conversando com Rachel naquele momento. Continuaria seu rumo como havia planejado.

Fora os olhos castanhos que as tinham juntado.

Os olhares não se desviavam e, por conta disso, Quinn se distraiu e cortou- se em um caco de vidro.

_ Ai! _ Quinn chiou, olhando a lateral da mão cortada.

_ Droga, Quinn, eu disse para deixar eu catar! _ Segurou delicadamente a mão cortada da loira.

_ Eu me distrai..

Quinn se perdeu mais uma vez no olhar de Rachel. Esse era o motivo pelo qual Quinn se afastara. Era só Rachel chegar para a coerência de Quinn ir embora.

A loira não estava se importando muito com sua mão. Se fizesse o que seu corpo clamava, beijaria Rachel como nunca fizera antes. Apesar do seu desejo, desviou o olhar para a linha rala de sangue que sujava suas mãos e a de Rachel.

Rachel se concentrou para não estragar tudo com seu desejo. Como Quinn fizera, desviou o olhar para o sangue.

_ Aonde você guardar os primeiros socorros?

_ Na quarta gaveta do banheiro, mas não..

Rachel não ficou para escutar que não precisava. Era claro que precisava de um curativo. E era ela quem faria.

Rachel voltou tão rápido, que não deu tempo para Quinn pensar em toda situação. Ajudou ela se sentar em frente ao balcão e começou a mexer na caixa. Pegou um pouco de algodão e molhou no álcool.

_ Isso vai arder um pouco. _ Rachel avisou, começando a limpar o ferimento.

O álcool entrou em contato com a pele ferida e o esperado aconteceu: Ardeu. Quinn gemia baixinho e Rachel assoprava o ferimento para aliviar a ardência. Pegou mais um punhado de algodão e repetiu o processo. Reparou que Quinn estava se segurando para não demostrar dor, mas sabia que estava doendo. Assoprou mais uma vez e, como seus pais um dia fizeram, deixou alguns beijinhos no ferimento.

_Meus pais faziam isso quando eu era criança. _ Sorriu, com a lembrança. _ Sabe, eles passavam o remédio e sussurravam que ia ficar tudo bem. Mas eu só ficava tranquila quando eles deixavam os beijinhos no local. Meu pai, Leroy, dizia que nenhum remédio é mais eficiente do que o amor.

E ver Rachel ser tão amável, deixava a decisão de afastamento de Quinn muito mais difícil.

_ Prontinho. _ Rachel disse, adornando o esparadrapo na gase. Estou longe de ser uma enfermeira, mas acho que ficou bom.

_ Obrigada. _ Quinn agradeceu timidamente.

A loira sabia que Rachel esperava uma resposta e que não sossegaria enquanto não a tivesse. Ela lhe daria. Porém, se era isso que Rachel esperava ouvir, era outra história.

_ Rachel, eu vou ser bem direta. _ A atenção da morena estava completamente em Quinn. _ Você não tem que se culpar de nada, muito menos pedir desculpas. Eu errei quando te evitei e não tive coragem para dizer que eu não poderia continuar com o que estávamos tendo. _ Dizia, olhando para as mãos. _ Me desculpe por isso. Somos diferentes ao ponto de gerar conflitos e isso ia acabar nos magoando. É melhor a gente se afastar agora do que se estivéssemos mais envolvidas futuramente e..

_ Melhor para quem? Para você?

_ Rachel..

_ Eu já estou envolvida, Quinn, bem mais que eu gostaria. Não acho que se a gente se afastar vai ser melhor. _ Dizia, sincera.

Quinn respirou fundo e tentou manter o foco. Era difícil não titubear com Rachel falando desse jeito.

_ Eu estou sendo coerente, a probabilidade da gente dar certo é quase nula. Você vem de um mundo diferente do meu, nossas direções são diferentes e o tempo nos diria isso.

_ Que se foda a probabilidade! _ Quinn se assustou com o tom de Rachel e acabou olhando para a morena. Coisa que estava evitando. _ Se você fosse parecida comigo, eu não estaria aqui na sua frente. _ Levou sua mão até a de Quinn, mantendo o olhar no dela. _ você não vê? São as diferenças que nos unem.

Sem deixar tempo para que Quinn pensasse numa desculpa, Rachel a beijou. O beijo no começo começou voraz e Quinn não conseguiu dizer não ao seu desejo. Ambas estavam com vontade de ter a sensação que o mundo tinha sumido, era assim quando os lábios delas se encontravam. Rachel diminuiu a voracidade e, meio como quem queria decorar um poema, se permitiu sentir cada milímetro dos lábios de Quinn.

Sem desgrudar os lábios, Rachel, suplicou sussurrando:

_ Esquece essa história de se afastar, fica comigo..

A cada roçar de lábios da morena nos seus, sua vontade de se afastar diminuía. Rachel deixou a armadura, que costumava colocar todos os dias de manhã, cair para que Quinn a sentisse verdadeiramente. Os toques eram verdadeiros, os beijos, as juras..

Quinn estava absorta com Rachel a beijando daquela forma. Queria mais , queria que isso se repetisse pro resto dos seus dias, porém sabia o porque tinha se afastado e que essa decisão foi difícil de se tomar para um beijo a desfazer.

Com muito custo ela virou o rosto, parando de beijar Rachel. A morena começou a beijar seu pescoço e as coisas se tornaram mais difíceis de serem raciocinadas. Ela apertou os olhos e, com a mão não machucada, afastou Rachel.

_ Eu não posso.

Rachel nunca imaginou que três palavras poderiam doer tanto.

_ Por que?

_ Eu já te disse, nossas diferenças, nossas expecta..

_ Pare de criar desculpas para você mesma.. _ Soltou o ar, tentando de acalmar. _ Não é por isso que você quer se afastar, seja sincera com você!

_ Eu estou sendo sincera e..

_ Quinn, você não sabe mentir. _ Levantou do banco. _ Quando você mente, seu olhar fica perdido. Exatamente como está agora. _ Constatou.

Quinn abaixou a cabeça e levou um pouco de tempo para absorver o impacto que iria causar em Rachel.

Se a decisão estava tomada, era hora de dizer o que a fez chegar nela.

_ Porque eu tenho medo. _ Fixou seu olhar no de Rachel. _ Medo do que vão pensar, do que pode vir a acontecer, das dificuldades.. Se fosse só por esses motivos, sei que seria difícil, mas eu tentaria, porque estar na sua presença é uma sensação inexplicável. _ Viu os olhos de Rachel ganharem tons avermelhados e fez o possível para concluir seu pensamento sem se emocionar também. _ Mas o meu maior medo é você! Tenho medo da maneira que você faz eu me sentir e como viro refém toda vez que você aparece. Você não sabe, mas eu já sofri muito e vir para Nova Iorque foi uma fuga de tudo aquilo. E eu me afastei de você, porque sabia que ia me envolver de uma forma que ia acabar sofrendo.

Rachel não era muito de deixar suas emoções a mostra. Mas ali, naquele momento, ela não ligava. Porque gostava de Quinn ao ponto de não querer esconder nada. Ela limpou o rosto com o dorso da mão e respirou fundo para escutar a conclusão de Quinn.

_ Me desculpe dizer isso, mas eu não posso confiar em você. Você é imatura em aspectos que me machucariam. Você não está pronta para um relacionamento e eu não sei se conseguiria aceitar todo o preconceito. Eu não sei.. _ Fechou os olhos. _ Como posso me apegar a uma pessoa que não posso confiar nesse sentido?

Rachel não podia negar que os argumentos de Quinn tinham fundamentos. Não pensava em compromissos, até conhecer Quinn, e a loira era a sua escolhida para tentar algo que ela não sabia como funcionava. Contudo, ela estava ali, mesmo não sabendo como funcionava, ela estava. Queria que Quinn estivesse presente na sua vida implicando, a desafiando, sendo ingênua com seus doces olhos verdes, sendo ela..

Ela queria que Quinn também quisesse.

Ela queria dizer alguma coisa, porém ela sabia que o futuro era incerto e que não poderia prometer algo que não podia cumprir.

O barulho da porta se abrindo rompeu o contato visual que elas mantinham. Era Santana. Ela logo sentiu o clima tenso e, envergonhada, disse:

_ Eu volto depois.

_ Espera _ Rachel a parou. _ , não precisa, eu já estou de saída. _ Deu dois passos na direção de Quinn e falou de uma forma que só a loira conseguisse ouvir. _ Você está certa, eu sou imatura nesse aspecto, mas se hoje eu estou aqui é porque você é importante para mim. Importante o bastante para eu querer mudar. Talvez você esteja certa, talvez não. Não entendo de probabilidades e, mesmo se entendesse, não confiou nelas. São apenas incertezas, tiros no escuro. _ Viu Quinn deixar uma lagrima cair e a limpou. _ Sabe, mesmo sendo inexperientes nesse assunto, eu nunca faria algo para te magoar, muito menos fazer você sofrer. Eu gosto tanto de você, nerd loira.. _ Se emocionava. _ Eu espero que sua probabilidade não te machuque como está me machucando agora.

Rachel selou seus lábios e saiu, deixando uma Quinn chorosa.

Dessa vez, não era sonho, era real. Rachel apertava o botão do elevador aos prantos. Enquanto esperava ele chegar, fazia uma prece interna pedindo que Quinn aparecesse como tinha feito no fim de semana que ela passara lá. Entretanto, não havia sinal de Quinn. As lágrimas desciam como o elevador fazia e tudo parecia embaçado.

Kurt viu sua amiga limpar as lágrimas e logo saiu do carro para consola-la.

Rachel tentou falar algo, mas seus soluços não deixavam nada compreensível.

_ Shii, não precisa falar. _ Disse a abraçando forte.

Não entendia seus sentimentos, não entendia o porquê Quinn não quis dar uma chance a ela, não entendia nada. Estava vivendo a pior das confusões e se sentiu mal por deixar seu coração falar mais alto. Como a probabilidade, ela não entendia de paixões; e se fosse assim sempre, que isso nunca tornasse acontecer.

_ Acabou, Kurt. Acabou..


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Notas finais do capítulo

Triste, né? Mas era necessária esse afastamento delas duas.
Então, me digam se gostaram da decisão da Quinn, da Rachel se abrindo, do capítulo em si. Prometo que não vou demorar tanto tempo assim 😉
Até breve 0/



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