P.O.V – Elsa

Nós sabíamos que havia algo errado, então Fada achou melhor que fossemos até o Polo, ver se estava tudo bem. Assim que chegamos aos arredores do Polo vimos dezenas de cavaleiros de areia negra, Fada atacou alguns e eu segui para o Polo.

Quando entrei via zona da guerra, Norte lutava a direita, Sandman estava em cima do globo com seus chicotes de areia dourada nas mãos lutando diretamente com Pitch e Coelhão pulava por todo o Polo com seus bumerangues. Congelei alguns cavaleiros e comecei a procurar por Jack.

Já estava andando há cinco minutos, quando algo me atingiu, olhei para trás e vi Coelhão pegando o bumerangue de volta, então ele aprontou para a minha direita e eu vi dois cavaleiros vindo em minha direção. Algo dentro de mim ainda não queria lutar, mas respirei fundo e um arco apareceu e uma das minhas mãos. Coloquei-o em posição de ataque e com a outra criei uma flecha. Assim que disparei ela acertou um fez uma curva e acertou o outro.

Olhei para o arco e o mesmo se desfez, criando uma poça de água logo abaixo. Parei de olhar para a minha mão e continuei procurando Jack. Eu estava cansada, esgotada e com a cabeça a mil. Eu já havia corrido por todo o Polo, e não tinha visto Jack… E nem Hans. Meu coração acelerou, procurei um lugar calmo para me concentrar. Em um dos meus sonhos uma voz havia me dito que Jack e eu tínhamos uma ligação especial, algo diferente. E apenas agora eu havia entendido.

Entrei em uma sala grande, cheia de maquinas, com esteiras rolantes e alguns painéis cheios de botões encostados nas paredes. Sente-me ao lado de um dos painéis, de um modo que se alguém abrisse a porta, não me veria.

– Concentre-se em Jack. Foco. Concentre-se nele. Apenas nele. – Eu dizia para mim mesma, numa tentativa de limpar minha mente.

E então, mesmo de olhos fechados pude ver o único lugar do Polo em que eu não havia procurado. O escritório de Norte. Jack estava apoiado sobre um dos joelhos, uma das mãos segurava o cajado e a outra estava sobre as costelas esquerdas. Ele olhava para o chão na tentativa de recuperar o fôlego, então ele levantou o rosto e eu pude ver, havia dor em seus olhos, seu rosto estava suado pela primeira vez, fazendo alguns fios grudarem em sua testa.

Minha visão mudou, e pude ver Hans de frente para Jack. Com seu sorriso vitorioso nos lábios, ele também estava suado, havia alguns machucados espalhados pelo corpo, mas eles não o impediam de seguir até Jack.

Então eu pisquei e estava de volta a sala cheia de maquinas. Meu coração estava acelerado, os músculos das minhas pernas ardiam em chamas, eu estava cansada demais para correr até Jack. Mas então me lembrei da expressão de dor nos olhos dele, obviamente devia haver um machucado profundo abaixo de sua mão direita.

Minhas forças voltaram, ainda sentia cada músculo queimar, mas não fazia diferença, eu iria até Jack, mesmo que fosse me arrastando. Assim que sai da sala alguns cavaleiros vieram até mim, cercando-me.

–Eu não tenho tempo, e nem paciência. Melhor saírem. – Eu disse tentando me controlar.

Porem eles continuavam vindo, então minha paciência chegou ao limite. Ventos frios entraram arrebentando as janelas, e tudo foi se congelando, com a rajada de vento os cavaleiros foram jogados para as laterais. Me obriguei a correr novamente, mas então uma voz atrás de mim me fez parar.

– Elsa?! – Não podia ser aquela voz. Meus olhos lacrimejaram. – Elsa? Sou eu Anna! Olha pra mim! – Eu sabia que não era ela, não podia ser, mas então…

– Elsa, é realmente a Anna… Olhe para nós. – Era a voz de Jack. Estremeci por dentro, meu coração pesou, uma dor muito pior que a do cansaço tomou-me por dentro. – Pode vir querida, estamos mesmo aqui.

A dor aumentou, quis cair de joelhos e chorar, mas não podia. Jack ainda precisava de mim, comecei a andar novamente, mas a voz de Anna me fez parar mais uma vez.

– Você quer brincar na neve? – Anna começou a cantar, e então Jack juntou-se a ela.

– Um boneco quer fazer… - Eu queria correr, mas algo naquela musica sempre me travava.

Lembrei que Jack, meu verdadeiro Jack precisava de mim, e Anna nãoestava ali de verdade. Concentrei minha mente nos momentos que passei com Jack e comecei a correr, não queria ouvir mais nada! Jack estava em perigo, precisava de mim, e eu chegaria a tempo!

Cheguei ao escritório e Hans estava do mesmo jeito que eu o vira, pelo visto eu tinha visto o que iria acontecer em alguns minutos. Assim que eu abri a porta Hans virou-se.

– Chegou bem na hora Elsa. Você pode não ter me visto tirar a vida de Anna, mas a de Jack… - Ele ria, como um completo psicopata.

– Você não vai mata-lo! – Eu disse sem esconder minha fúria.

Então Hans caminhou até Jack, e apontou sua espada para o pescoço de Jack, fazendo-o levantar o rosto. Pude ver a surpresa em seus olhos em me ver ali, mas ao mesmo tempo era como se Jack mandasse-me embora, como se quisesse me poupar de lutar, ou de vê-lo naquele estado.

– Você realmente acha que não Elsa? Você e Anna tem o mesmo problema… Vocês me subestimam de mais. – A voz de Hans fazia meu sangue circular com mais velocidade, me deixando quente e irritada.

– Eu te deixei viver da primeira vez Hans… Não vou cometer esse erro novamente. – Eu disse andando até Hans, em minha mão o arco havia se formado novamente.

– Dessa vez EU não a deixarei viva rainha Elsa.- Hans disse com desgosto a palavra rainha. – Mais um passo e o pescoço dele vai ganhar um lindo furo.

Parei no mesmo instante. Olhei para Jack e pude ver, sua mão direita estava sobre as costelas e dessa mão escorria sangue. Meu coração se encheu de dor, minha cabeça queimava de ódio, meus braços e pernas começaram a queimar novamente e me senti pesar.

– Não! Elsa fique firme minha irmã. Não vamos deixa-lo ganhar. – A voz de Anna ecoou em minha mente, e dessa vez tive certeza que era ela.

Então uma lufada de vento extremamente forte passou pela janela quebrada, e pude sentir a presença de Anna… Dentro de mim! Então minhas forças haviam voltado meu corpo não pesava mais e minha cabeça não queimava. Olhei para Jack e pude ver no espelho a minha direita, meu cabelos haviam ganhado mechas ruivas como os cabelos de Anna, e meu olho esquerdo havia ficado no mesmo tom dos olhos da minha irmãzinha.

Hans assustou-se e recuou. Jack conseguiu levantar-se e passar para o meu lado. Caminhei para frente e com apenas um gesto Hans estava preso entre uma coluna de gelo e espinhos do mesmo. Uma parte de mim queria mata-lo lenta e dolorosamente. Mas Anna disse que eu não era um monstro para matar alguém. Então Jack passou em minha frente, com um olhar pediu para que eu olhasse para trás, e então o matou, do mesmo modo como Hans queria mata-lo.

Quando eu fui em direção a Jack, outra lufada de ar passou, e vi Anna ao lado de Hans, ela usava as mesmas roupas de inverno de quando morreu, um sorriso brincava em seus lábios. Ela acenou e sorriu. Pude vê-la levando Hans embora. Tinha medo do que ela podia fazer com ele, mas sorri.

Jack veio em minha direção e nos beijamos, foi uma mistura de mil emoções, saudade, preocupação, amor, medo, alivio… Então assim que nos separamos ouvi Jack dizer ai baixinho.

– Jack? Tá doendo muito? Deixe-me ver. – Ele fez cara feia, mas tirou a mão da frente.

Era um corte extremamente profundo, não era nem para ele estar se aguentando em pé.

– Meu Deus, Jack. Temos que tirar você daqui… - Eu comecei a dizer, mas ele me interrompeu.

– Não vou a lugar algum até essa batalha acabar, eles também são minha família, não posso abandona-los. – Jack disse se apoiando no cajado.

Eu senti que nada o faria mudar de ideia, então saímos juntos para o meio da guerra.