O Mal se levanta novamente escrita por O Patriarca do Santuário


Capítulo 2
A caçada




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–Não, não e não, Addae. Há lobos e animais venenosos lá fora. Vcs não
tem experiência em caçadas. Por que não podem aproveitar o feriado de
maneira normal, sem perigos? Não podem ver o Bozo diante do Palácio
Real? Ele vai fazer uma apresentação aberta ao público...


–Mas mãe...nós só vamos caçar próximo ao Portão Sul. Não vamos longe. Só caçaremos coelhos e veados, nenhum animal perigoso...

–Definitivamente não, Addae. Vou falar com seu pai. Adoro o
Cadi, é um ótimo menino, mas ele vive querendo te levar para essas
caçadas. Ele poderia esperar após a estadia em Rookgaard, onde
adquiriria mais experiência e treinamento, para virar um caçador.
E outra coisa, vamos receber o gerente da Hanna, o Sr. Augustus, para
almoçar. Ele está passando uns dias em Thais e seu pai e eu vamos
convidá-lo para que fique hospedado conosco. Vamos precisar que vc ceda
seu quarto para ele por uns dias, Addae. Vc pode dormir com o Enzo ou na
sala...


–Aff...eu já sabia...



Sam aparece na cozinha atraído pela conversa: – O que está havendo Marta? O que Addae aprontou desta vez?

–Na verdade quer aprontar. Quer ir com Cadi caçar ao sul da cidade, fora das muralhas.

–Não acho prudente vcs dois iram caçar sozinhos, Addae, diz Sam –Se fosse um grupo maior e com pessoas mais experientes...


Neste momento alguém bate na porta da sala. Sam vai atender e vê Cadi,
mas se surpreende ao ver também o capitão Tim junto a seu filho.

–Tim, que surpresa! Eu que estava planejando fazer-lhe uma visita na
parte da tarde. Só não sabia se vc estaria de serviço. Entrem, entrem.
Tudo bem com vc, Cadi?


–Tudo bem, senhor Sam.


–Como vai Sam? Hoje Bloodblade me deixou de folga.



Marta vem para a sala ver quem chegou. – Olá Tim, como estão Rosa e as gêmeas?


–Estão bem, Marta. As duas já tecem quase tão bem quanto a mãe. Passe lá em casa para ver os belos tecidos.


–Ah vou sim. Se gostar de alguma coisa comprarei.


–Bem, Cadi hoje me pediu permissão para ir caçar com Addae.


–Addae me falou, diz Marta. Eu e Sam não demos permissão para Addae ir, Tim. Julgamos que é muito perigoso para dois jovens inexperientes.


–Fizeram bem, Marta. Eu também não consenti que Cadi fosse, ou apenas
ele e Addae. No entanto, como recebi uma folga neste feriado, resolvi ir
com eles.


–Sério, Tim? Neste caso eu não me importo que Addae vá. Com vc junto deles sinto-me despreocupada.


Addae abre um sorriso de orelha a orelha: – Que demais, capitão. Com o senhor essa caçada vai ser inesquecível! Addae e Cadi batem nas mãos um do outro em sinal de vitória e não escondem a alegria.

–Além disso eu tive uma idéia, diz o Capitão Tim. –Por que não vem conosco, Sam? Vc sempre foi um exímio caçador.

–E-eu? Surpreende-se Sam. –Bem, até que eu gostaria, mas vamos receber um convidado para almoçar e Marta precisa de ajuda.


–Vá com eles Sam. Hanna me ajudará.
Diz Marta.

–Está bem, responde Sam, animado. – Esperem um minuto. Sam sobe para o andar de cima.

–Aeeeeee, gritam ao mesmo tempo Addae e Cadi. Os dois quase não acreditam que vão caçar com seus pais.


Em questão de minutos Sam desce, trazendo em uma das mãos um machado, duas rapiers e na outra mão uma mochila.

–Tomem Addae e Cadi, peguem cada um uma dessas rapiers. Eu ficarei com o machado. Sam coloca a mochila nas costas. –Muito bem, senhores, vamos caçar. Temos que estar de volta na hora do almoço.


Todos se despedem de Marta. O pequeno grupo desce a City Wal em direção a
Upper Swamp Lane. As ruas estava bem movimentadas. Muitos transeuntes
acenavam para Sam e Tim, pois os dois eram bem conhecidos na cidade.
Addae e Cadi estavam radiantes, respondendo aos acenos pensando que eram
para eles

–Sam, eu trouxe 2 lanças , como também um arco para vc.E algumas flechas, diz Tim.

–Boa envergadura. A corda está bem tensionada. Vc sempre foi muito habilidoso no arco, Tim.

– E ele ensinou bem o Cadi, pai.

–Cadi ainda tem muito o que aprender, brinca Tim, desarrumando o cabelo do seu filho.

–Nada me escapa em um raio de 100 metros, jacta-se Cadi,

–Cof cof, brinca Tim,


Addae e Sam riem.

–Tim, como vão as coisas na guarda? Pergunta Sam.

–Bem, na verdade há uma certa apreensão no ar. Há rumores de que os
Orcs preparam uma grande ofensiva contra Thais. De fato eles tem sido
vistos fazendo movimentações , montando acampamentos dentro das
florestas. Tibianus tenta fazer acordos com os elfos e com os anões,
para defesa mútua, mas eles até agora não tem se animado neste sentido.


–E Eloise? Seria prudente que Thais e Carlin esquecessem as diferenças em caso de uma ofensiva Orc

–Sim,mas neste caso o problema é Tibianus. O velho não consegue
deixar de ver Carlin como uma província rebelde sua. Tem muita
resitência a sentar na mesa com Eloise, reconhecendo-a como uma soberana
aliada. Eu não sei. Entendo que Carlin continua sendo um espinho no
orgulho de Thais, mas se Ferumbras se erguer novamente, precisamos lutar
lado a lado.


–Os boatos sobre Ferumbras procedem?


–Trimegis assegura que, embora ele ainda esteja fraco para um ataque,
seu poder se regenera a cada dia. Não gosto nem de pensar na
possibilidade de Ferumbras tornar-se novamente uma ameaça. Dizem que
Tibianus tem pesadelos a respeito disso. Esse mago perverso deveria ser
varrido da face de Tíbia para toda a eternidade...



Addae e Cadi ouvem atentamente a conversa. Addae interpela Cadi discretamente: –Quem é Ferumbras?

–É um mago muito poderoso que passou para o lado do mal, responde Cadi. –Ele
ambiciona ser o senhor de todo o Tíbia. Já causou uma guerra terrível
contra Thais. Nós éramos ainda bem pequenos e ainda não entendíamos, mas
a última grande guerra foi causada por ele. Foi derrotado, mas isso
custou muitas vidas. Muitos guerreiros lendários e valorosos se
sacrificaram para vencer as forças de Ferumbras.


–Não sei muitas coisas sobre magos.


–Magos, e também druidas, são guerreiros que tem poderes e manipulam a
matéria e energias misteriosas. Não existem muitos no exécito regular
de Tibianus, mas há muitos deles nas guildas...


Tim escuta o que Cadi acabara de dizer e complementa: – Tibianus
nunca teve muita confiança em magos e druidas, sempre evitou te-los em
seu exército. Mas depois da última demonstração de poder de Ferumbras,
ele reviu os seus conceitos. Tanto que hoje em dia a Academia em Rook
forma magos e druidas, alem dos cavaleiros e paladinos.



Ao ouvir a menção a Academia, Addae se entristece um pouco. O grupo
finalmente alcança a Harbour Street e o enorme Portão Sul já pode ser
divisado no fim da rua. Ao se aproximarem as duas sentinelas no lado
interior do Portão se perfilam e uma delas exclama: – Sentido! Os dois soldados ficam em posição de sentido devido à presença de Tim, mas o capitão responde:– A vontade rapazes, estou de folga hoje, eheh.


Do alto do muro alguém se dirige a Tim: – Olá Tim. Saindo para uma caçada? Era o capitão Walter, chefe da guarda do Portão Sul.

–Olá Walter. Sim, vou pegar alguns coelhos para o jantar eheh. E como estão as coisas por aqui? Tudo tranqüilo?


–Sim, nada mais do que alguns gambás que insistem em invadir a cidade ehehe. Dá trabalho enxotá-los. Boa caçada para vcs.



Ao transporem o Portão, as duas sentinelas do lado exterior perfilam-se e um dos soldados exclama: –Sentido!

–A vontade rapazes, a vontade...Tim responde com um tom meio gozador.

Os 4 vão descendo a trilha que conduz às florestas e planícies ao sul de Thais.

–Acho melhor ficarmos por aqui, diz Tim. –Mais para o sul há muitos lobos e aranhas enormes.

–Aranhas? Indaga Addae.– Ora, basta pisar nelas.

–Ehehe, não são aranhas como as que encontramos em casa, filho, diz Sam. – Essas a que Tim se refere são do tamanho de porcos e de ovelhas.

–Sério? Existem aranhas desse tamanho?

–Até maiores, responde Sam. –Em Tíbia há aranhas do tamanho de carroças e até comparáveis a mamutes.


Addae arregala os olhos e nem sabe o que responder. De repente Sam empurra Addae para o lado e grita: –Addae, cuidado! Sam faz um movimento rápido com seu machado e acerta algo com força no nivel do solo. Addae se volta e vê uma cobra decapitada.

–Ufa essa foi por pouco, diz Sam. –Na floresta é preciso estar com os sentidos atentos. Era uma venenosa.

–Há muitas delas por aqui, diz Tim. Em seguida põe o dedo indicador a frente da boca pedindo silêncio: – Shhhhhh.
Silenciosamente mas com agilidade, posiciona uma flecha no arco. Mira
por alguns segundos e dispara. A Flecha corta o ar e se aloja dentro de
um arbusto.

–Pai, o senhor acertou um arbusto? Pergunta Cadi.

–Arbusto? Ehehe, venha ver Cadi.


Todos se dirigem para o arbusto. Tim afasta a folhagem e dentro jaz um enorme coelho trespassado pela flecha.

–Caramba, pai, como o senhor viu esse coelho? Supreende-se Cadi.

–Não disse que vc ainda tem muito que aprender, Cadi? Tim provoca o filho.

–Belo tiro, Tim. Não era à toa que nenhum orc se esquivava de suas flechas, diz Sam.


Tim retira cuidadosamente a flecha e empunha uma faca. –Observem Cadi
e Addae, como se tira a pele de um coelho. São valiosas, comerciantes
de pele pagam uns bons trocados por elas. Nada se desperdiça. Além da
carne saborosa até os ossos podem ser utilizados para a confecção de
objetos decorativos e outros fins. É preciso retirar a pele com cuidado,
com habilidade, caso contrário pode perder o valor comercial.



Depois de acondicionarem a carne em um alforje, como também a pele do
coelho, o grupo segue pela floresta em busca de mais uma caça. Então
Tim bate vagarosamente no ombro de Sam e aponta para sua esquerda. Sam
enxerga, através de alguns arbustos, um pequeno veado que parece
imobilizado, observando o grupo. Sam coloca suavemente uma flecha no
arco, tensiona a corda e faz a pontaria. Espera alguns segundos e
dispara. A flecha atinge o veado bem no pescoço e crava no tronco de uma
árvore logo atrás, prendendo o animal contra o tronco.

–Uau!! Belo tiro, pai, diz Addae.

–Muito bom mesmo, Sam, completa Tim,


Tim se aproxima do animal que ainda se debate um pouco mas começa a
tremer pela perda de sangue. O capitão secciona a jugular do animal com a
faca ate que ele desfaleça.

–Sinto um pouco de pena dele, diz Addae.

–Não tenha, Addae, diz Tim. –Desde que vc cace para comer, para sobreviver. Nós vamos consumir essas carnes nesses próximos dias...


Sam empunha o machado:-Deixe-me esquartejá-lo, Tim. Vc vai levar metade dessa peça para sua casa.

–A caça é sua Sam. Leve-o inteiro para vc.


–De jeito algum, Tim,, temos um bom estoque de carne em casa, e afinal foi vc quem avistou o veado.



Sam esquarteja o animal com destreza, sendo observado por todos. Tim então fala:

–Vendo Sam utilizar o machado com tanta habilidade, não posso deixar
de lembrar o episódio no qual ele salvou a minha vida. E foi graças à
grande habilidade que ele possui com essa arma

–Vc teria feito o mesmo por mim, se tivesse a oportunidade, Tim.

–Conte como foi, pai, diz Cadi.

–Sim, conte capitão, emenda Addae.

–Bem, foi há alguns anos quando Sam ainda fazia parte do exército
real. Éramos ambos tenentes. Fomos enviados juntos com um destacamento
para caçar um bando de orcs que estavam atacando viajantes e caravanas
na estrada para Venore. Patrulhamos um bom trecho da estrada por uns 3
dias e nada encontramos. No terceiro dia avistamos uma coluna de fumaça
que se erguia a uns dois quilômetros de distância no sentido de Venore.
Era um comboio de carroças de comerciantes que ia para Thais pegando
fogo. Tinham acabado de ser atacados por orcs. Quase todos mortos e
alguns feridos. Quando os orcs nos viram correram para as matas ao sul
da estrada. Alguns soldados ficaram no local cuidando dos feridos
enquanto o restante adentrou a mata no encalço dos monstros. Os orcs
então resolveram se virar e nos enfrentar. Levamos vantagem na luta
ini’cialmente. Eram uns 20 orcs contra 12 de nós. Mesmo assim no
primeiro embate deitamos uns 8 deles sem nenhuma baixa do nosso lado,
fora alguns ferimentos sem gravidade. Os orcs restantes se dividiram em
dois grupos e fugiram novamente, se embrenhando ainda mais nas matas. Eu
fui no encalço de um dos grupos na esperança de acertar mais uns 3
deles com minhas flechas. Aquilo foi um erro da minha parte. Os orcs
usam essa estratégia para atrair os oponentes para locais onde possam
ter alguma vantagem na luta ou onde mais deles estão a espera para uma
emboscada. Encontrei uma clareira com 3 orcs aguardando a minha chegada.
Não me preocupei naquele instante pois acreditava poder derrubar os 3
acertando-os com rapidez a distância. E de fato cravei as flechas nos
pescoços de 2 deles. Quando me preparava para acertar o terceiro, no meu
campo de visão à esquerda percebi um vulto a cerca de uns 20 metros de
onde eu estava. Era um orc lanceiro. Tinha acabado de jogar sua lança
sobre mim. Joguei o corpo um pouco para trás na esperança de me desviar
da lança mas ela conseguiu atingir meu ombro direito. Não me feriu mas o
impacto me jogou no chão e eu soltei o arco. Quando tentei me recompor
diante de mim estava um orc berseker pronto para me golpear com um
Halberd. Eu estava completamente indefeso no chão e dificilmente
sobreviveria. Neste instante um objeto passa veloz sobre mim, vindo de
trás, e um machado aparece encravado entre os olhos do berseker. O
monstro tremeu, revirou os olhos e caiu morto na minha frente. Foi o Sam
aqui quem havia me seguido pela mata e chegou a tempo de me salvar,
acertando o orc a distância com seu machado. Os outros orcs fugiram
então.


–Poxa pai, o senhor nunca me contou essa história,
diz Addae.

–Ora, bondade do Tim, diz Sam Ele teria feito o mesmo por mim se
tivesse tido a oportunidade...o importante é que companheiros de batalha
devem proteger uns aos outros...vc vai aprender isso em Rookgaard,
Addae...


–Ah ta, é mesmo...Addae se dá conta do que seu pai acabara de dizer:- O-o q-quê??? Rookgaard?? E-eu?? O senhor está dizendo que...

–Conversei muito com sua mãe ontem a noite, Addae, diz Sam. –Ela
resolveu que, caso vc queira mesmo ira para Rookgaard, ela não se oporá
mais. Não foi fácil para ela tomar esta decisão. Chegou a chorar. Mas
acabamos concordando que não adianta tolher os sonhos de um jovem. Se é o
que vc quer mesmo, filho, nós não vamos impedir...


–Aeeeeeeeeeeeeeeeeee, Addae pula de alegria e abraça o pai.


Cadi bate no ombro de Addae e aperta a sua mão, mostrando toda sua alegria: – Estaremos juntos em Rook, Addae!


Tim também cumprimenta Addae: – Espero que aproveite bem tudo que vai aprender na academia Addae, e que seja um bom soldado! Tim se volta para Sam: –Pode
deixar que eu mesmo verei toda a papelada a respeito da inscrição de
Addae, Sam. Tudo deve estar resolvido amanhã mesmo, pela manhã. Depois
mando Cadi entregar-lhes o comprovante.


–Obrigado, Tim,
diz Sam.

–Obrigado, capitão, Addae também agradece.

–Bem, diz Sam. –Vamos terminar de acondicionar essas carnes e tomar o rumo para a cidade. Temos um convidado para o almoço..


Mas já, pai? Pergunta Addae. –Só abatemos duas peças.

–Mas foram duas boas peças, Addae, diz Tim. –E em em Rook vc terá muitas oportunidades de caçar

O grupo termina de acondicionar as carnes. Sam então se dirige a Addae:
Sabe Addae, vc algumas vezes me perguntou porque larguei a vida
militar. Acho que cada um de nós tem que conhecer os seus limites, saber
o que consegue ou não consegue fazer...eu me deparei com os meus
limites. Um conflito entre obedecer ordens e minha consciência...


–Como assim, pai?

–Sam, eu disse a Addae que vc nada tem do que se envergonhar. Kriggel
era um sádico. Todos na guarda que souberam do episódio apoiaram a sua
atitude. Dizem que até Tibianus soube, e que manifestou simpatia pela
que vc fez....
diz Tim.

–Pode ser, Tim, mas naquele momento temi que pudesse me deparar com
uma situação parecida uma vez mais, então decidi tomar outro
rumo...tenho saudades do tempo do exército, mas não me arrependi...gosto
da vida que tenho atualmente...


–Conte o que houve pai,
diz Addae.

–Bem..Sam respira profundamente...–Alguns dias depois daquele
episódio dos orcs, narrado por Tim, fui designado para outra patrulha.
Tim não fora conosco pois estava de serviço no Palácio Real. Dessa vez
um destacamento foi mandado para desmantelar um grupo de goblins que
estava assaltando constantemente a agencia postal, também na estrada que
liga Thais a Venore. Os goblins já tinham arrombado a agencia mais de 3
vezes, levaram muitas coisas, dinheiro, objetos preciosos, diversas
encomendas. Chegamos no momento em que a agencia sofria outro ataque.
Eram cerca de 30 goblins e os funcionários se trancaram dentro da
agencia, mas não iriam conseguir manter os goblins fora por muito tempo.
Éramos 10 soldados e investimos forte contra os goblins que reagiram
incialmente com muitas flechadas e em seguida bateram em retirada. Nos
os perseguimos pois as ordens eram para acabar com eles. Os goblins se
dirigiram aos pântanos e matas ao norte da estrada, evitando os
desfiladeiros de Kazordoon, caso contrário os anões é que acabariam com
eles. Entramos nos pântanos atrás deles. Não tiveram sorte pois caíram
em cima de uma comunidade de trols, que os atacaram. Nós chegamos em
seguida e exterminamos praticamente todos os goblins e trols envolvidas
na luta, estávamos muito bem equipados e as criaturas não tiveram
chance. Mas havíamos penetrado muito nos pântanos e a luta chamara a
atenção de um pequeno acampamento próximo de amazonas. Elas vieram com
pinturas de guerra empunhando seus arcos e demais armas. Mas ficaram
paradas a cerca de uns 100 metros de nós. Demonstravam mais curiosidade
do que vontade de nos atacarem. Se déssemos meia volta elas
provavelmente fariam o mesmo e não nos incomodariam. O comandante da
operação era um capitão chamado Kriggel. Ele e eu éramos os únicos
oficiais naquela operação e eu como tenente era o segundo na hierarquia
de comando. Kriggel ordenou que atacássemos as amazonas. Ele não estava
de todo errado, já que Tibianus ordenara a todo exército que qualquer
grupo ou acampamento de amazonas descoberto em terras do Reino deveria
ser expulso ou destruído. Tibianus desconfiava das amazonas pois as
considerava aliadas naturais de Carlin, mesmo as que não fizessem parte
do exército regular de Eloise Eu respeitosamente argumentei que talvez
não fosse necessário atacar, uma vez que não havia ultimamente notícias
de ataques a cidadãos do Reino perpretados por amazonas. Kriggel
enfureceu-se e ordenou novamente o ataque. Atacamos. As amazonas não
puderam fazer nada a não ser responder ao ataque. Lutaram com bravura
mas não puderam nos fazer frente. Tivemos duas baixas mas depois da
refrega o chão estava coberto de sangue, e de cadáveres de belas
jovens...elas eram cerca de 20. Os soldados demonstravam uma certa raiva
de Kriggel por ordenar aquele extermínio desnecessário. E eu realmente
estava me sentindo mal com aquilo. Então percebi perto de uma árvore
duas amazonas feridas que se apoiavam mutuamente e tentavam se evadir.
Kriggel também as viu e ordenou-me que as matasse. Eu olhei para ele com
um sentimento de indignação. Caminhei até elas. Elas perceberam a minha
aproximação e se voltaram como que aguardando a execução. Uma delas
era bem jovem, praticamente uma adolescente. Uma lágrima começou a
escorrer de um de seus olhos. Ela me lembrava Hanna àquela época. Então
eu simplesmente disse: Vão, vão embora. Kriggel gritou meu nome furioso e
novamente ordenou que eu as executasse. Mas eu apenas fiquei observando
elas se afastarem e desaparecerem entre os arbustos. Kriggel veio
correndo como se pretendesse persegui-las mas eu me coloquei na frente
dele. Ele espumava de raiva mas não teve coragem de me enfrentar. Olhou
ao redor e percebeu os olhares de recriminação que partiam dos soldados.
Ameaçou a todos dizendo que nos entregaria à corte marcial do Rei por
insubordinação. Tudo acabou dando em nada porque os soldados não
quiseram testemunhar contra mim. Mas decidi que nunca mais passaria por
uma situação como aquela, apenas para obedecer ordens. Paguei uma
indenização aos cofres reais e saí da guarda....em suma, foi isso,
Addae. Espero que vc,caso se torne de fato um soldado, nunca tenha que
passar por isso.



Addae coloca a mão no ombro de seu pai: –Pai, o senhor agiu corretamente. Não temos que obedecer ordens idiotas e sem sentido. Eu não obedecerei.


Sam afaga a cabeça de seu filho e sorri.

–Vc poderia ter continuado, Sam. Faria uma carreira brilhante, diz Tim. –Sabe o que aconteceu com Kriggel?

– O que houve com ele?

–Foi designado para comandar uma patrulha em perseguição a dois
cyclops que estavam aterrorizando os viajantes para Fíbula, os que
utilizam uma passagem subterrânea para a ilha. Bem, um dos cyclops o
partiu ao meio...


–Mesmo? Não soube disso. Lamento, na verdade. Não toleraria mais servir
sob as ordens dele, mas também não queria o seu mal...bem, está tudo
cortado e empacotado, vamos voltar à cidade...

–P-pai, o-olhe...Addae aponta para um local a frente de Sam. Um
enorme lobo parado os observava e ao perceber que notaram sua presença
mostra os caninos ameaçadoramernte.

–Tem mais um, Sam, diz Tim apontando para a direita do grupo.

–Addae, Cadi, fiquem atrás de nós, diz Sam, pegando vagarosamente o machado e enrolando um pano grosso que sobrara em volta do antebraço direito.


Tim levanta uma das lanças que trouxera e finca a parte traseira no
solo, inclinado-a levemente na direção do lobo mais à direita. Neste
instante os dois animais avançam na direção de Sam e Tim,. Addae e Cadi
recuam assustados, tropeçam e caem. Sam levanta o braço direito e um dos
lobos pula sobre ele e morde o pano que envole seu braço. Ele então
força o animal contra o solo e desfere vários golpes de machado. O outro
lobo pula sobre Tim mas cai sobre a lança que estava fincada contra o
solo. Ganidos de dor ecoam pela florestas em em questão de minutos os
dois animaos estão mortos. Sam e Tim ficam com as vestes cobertas de
sangue dos animais.

–Devem ter sido atraídos pelo cheiro da carne das peças que caçamos, diz Tim.

–Sim. Esta caçada está saindo bem melhor do que imaginávamos, diz Sam.


Addae e Cadi ainda tremiam por causa do susto e da cena.

–Addae e Cadi, levem as mochilas com as carnes cortadas. Eu e Tim levaremos os lobos inteiros nos ombros, diz Sam.

–Mas não são muito pesados, pai? Indaga Addae.

–Nós damos conta, Addae. Vamos andando antes que mais deles apareçam.


Um uivo intenso e profundo, embora um pouco distante, ecoa pela floresta.

–Que uivo assustador, diz Cadi. –Não se parece com um lobo comum.


E não é, filho, diz Tim, –É de um lobo de guerra. Se algum nos alcança estaremos em apuros. Vamos andando.


O grupo segue rumo ao norte para a cidade. Addae percebe ao longe, para o
oeste, uma fumaça que se ergue, indicando algum tipo de habitação ou
vilarejo:–Quem mora por lá?

–É um velho mago, ou druida, não sei bem, que vive isolado em uma cabana, responde Tim.


Addae pensa consigo mesmo:–Preciso aprender mais sobre magos e druidas.


Ao se aproximarem do Portão Sul de Thais, o capitão Walter acena de cima da muralha e grita:– A caçada foi boa, hein?

–Deu para fazer um bom estoque de carne, responde Tim.


Os guardas posicionados no Portão admiram os dois enormes lobos que são
carregados por Sam e Tim. O grupo, ao passar pelas ruas, é alvo dos
olhares e comentários dos cidadãos de Thais, admirados também com a
visão de Sam e Tim carregando os dois animais abatidos nos ombros. Addae
e Cadi se enchem de orgulho por fazerem parte do pequeno grupo.

Ao passarem em frente a casa de Tim e Cadi, Sam e Addae se despedem deles.–Vcs bem que poderiam almoçar conosco hoje, Tim, diz Sam.

–Não, que isso, Sam. Vcs já tem um convidado, não queremos lhes dar
mais trabalho. Obrigado por partilhar o veado abatido conosco,
diz Tim.


Addae e Cadi apertam as mãos:

–Cara, estou super feliz em saber que vc também vai para Rook, diz Cadi.

–Isso aí, Cadi, Estaremos juntos naquele barco! Responde Addae.


Addae e Sam seguem pela Upper Swamp Lane em direção a City Wall, ainda
atraindo muitos olhares principalmente devido ao lobo carregado por Sam.


Na casa de Sam, Augustos e Hanna estavam sentados na sala conversando
quando a porta da frente se abre, e surge uma enorme cabeça de lobo com
os dentes a mostra. Augustos dá um pulo de susto e Hanna grita também
muito assustada. Mas em seguida aparece a figura de Sam seguido por
Addae e o assustado casal entende que se trata de um animal morto e
carregado por Sam.

–Céus, pai, diz Hanna, –Que lobo enorme! Pensei que vcs trariam no máximo coelhos!

–Q-que magnífica peça de caça, senhor Sam, diz Augustus tentando se refazer do susto.

–Como vai Augustus? Diz Sam. –É, a caçada superou as nossas
expectativas ehehe. –Bem, com licença, vou acondicionar este animal na
cozinha. Mais tarde tirar-lhe-ei a pele. Vai se transformar em um belo
troféu de parede, um tapete vertical.


–Olá senhor Augustus, diz Addae.

–Oh, o-olá Addae, p-parabéns pela bela caçada, Augustus ainda tremia por causa da visão do lobo na porta.


Addae segue seu pai para a cozinha: –Pai, esse senhor Augustus teria borrado as calças se estivesse conosco no ataque dos lobos.


–Heheh, é, o universo dele se resume a contas, papiros e pedras preciosas,
responde Sam


Marta coloca as mãos na boca para conter alguma exclamação de espanto ao ver o enorme lobo.

–Sam, diz Marta, –Não pensei que essa caçada seria tão perigosa.

–Na verdade apareceram dois convidados inesperados, Marta, ehehe. Eu e Tim resolvemos traze-los para casa.

–Havia mais um lobo??? Espanta-se Marta

–Sim, mãe, papai e o capitão Tim deram cabo deles, diz Addae.


Nesse momento Addae abraça fortemente sua mãe – Obrigado, mãe!


Marta incialmente se surpreende mas logo entende que Sam havida dito a
Addae que ela não mais se oporia à sua ida para Rookgaard. Abraça
afetuosamente seu filho, uma lágrima escorre-lhe pelo rosto:– Que os céus te protejam, Addae. Se é o caminho que vc quer seguir, seja um bom soldado, e um bom homem também...


Aquele dia jamais seria esquecido por Addae. Pela caçada e por saber que poderia ir para a Academia, para Rookgaard.


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