New York Love Story escrita por Vitor Matheus


Capítulo 19
He Took The Midnight Train Going Anywhere


Notas iniciais do capítulo

Tradução do título: "Ele pegou o trem da meia-noite para qualquer lugar." [Porque Don't Stop Believin' É VIDA, É TUDO]
Quem será que vai se despedir de New York hoje? E quem está chegando? Essas perguntas serão respondidas hoje. E no final do capítulo, surgirão novas perguntas... hoje não teremos nenhuma cena de 2007, mas garanto que vocês vão amar o que acontece hoje - exceto a primeira parte, mas tudo bem.
Espero que vocês leiam as notas finais, gostaria de dar um recado aos fãs de Sebastian como personagem em geral. Notícia nada a ver com NYLS, mas espero que gostem... então, vão logo ler o capítulo, gente ;)



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— Finn, Santana, eu sei como vocês devem estar surtando por causa desse chamado especial. — Blaine começou a falar, enquanto eu batia os pés repetidamente e a latina só respirava fundo, de tanto nervosismo.

Já era noite, e ele havia nos convocado para uma reunião muito importante no apartamento onde nós morávamos. Eu não sabia o que esperar daquilo, então só assenti e não falei com B sobre o assunto antes da hora. Mas que eu estava nervoso… ah, isso eu tenho de admitir.

— Imagina, Anderson. Eu só tive que cancelar meu encontro de hoje para saber o que você quer da vida! — Santie respondeu sarcasticamente. Não contive um riso, mas ele continuou sério.

— Eu não estou brincando, Lopez. O que vou falar agora pode mudar a rotina de vocês daqui pra frente.

— Por que você diz isso, Blaine? Eu não estou entendendo. — Comentei, esbanjando uma expressão confusa no rosto.

— Posso explicar agora? Sem interrupções?

— Claro. — Eu e Santana respondemos em uníssono.

— Tudo bem, então. Vou jogar a bomba primeiro e depois falar o porquê. — Fechou os olhos por quatro longos segundos. Respirou fundo e soltou. — Eu vou voltar para Lincoln.

— COMO É QUE É, PORRA? — Uma certa morena pirada levantou do sofá e mostrou um breve dedo do meio como sinal de indignação. — Vai me deixar sozinha nessa merda de metrópole gigante?

— Esqueceu de mim, como sempre… — Ironizei.

— Você não conta, eu já me acostumei com a sua presença nem tão significante. — Arregalei os olhos. — Vai embora só por causa do Jesse, não é?

— Não, Santana. A morte dele só me fez perceber qual é o meu papel nesta cidade enorme, e o roteiro da minha vida não inclui uma passagem pela grande Manhattan. Nunca conseguirei meu emprego dos sonhos aqui em New York, e muito menos a minha paixão eterna mora aqui. Retornarei a Lincoln para reencontrar minhas raízes e voltar ao que eu sempre fui. Entendeu agora ou quer que eu desenhe?

Um silêncio sepulcral, daqueles de suspense, ficou no ar por algum tempo que eu não fiz questão de contar. Assimilei tudo o que ele dissera. Blaine estava deixando New York para reencontrar suas próprias raízes e descobrir sua verdadeira identidade. Com isso, ele estava me deixando aqui. Ele estava deixando a Santie aqui. O moreno estava deixando o pouco que havia construído aqui mesmo.

— Ah, e tem um fator que agrava a situação.

— Ainda tem mais, garoto gel? — Ela surtou novamente, e eu puxei-a de volta para o sofá em questão de segundos. — Finn, não tente me acalmar. Você sabe que não vai dar certo.

— Ou você se acalma ou ele te expulsa daqui.

— Por que ELE me expulsaria do apartamento?

— Blaine é o dono das chaves, então… — Virei-me para o jovem citado. — Pode continuar.

— Digamos que… eu estou indo embora hoje, à meia-noite. O que vocês fariam?

— Pergunta número 1: o apartamento será só meu? — Perguntei primeiro, já ansioso pela resposta.

— Sim, Finn. É todo seu. — E então, jogou as chaves para mim.

— Blaine Anderson, eu oficialmente te amo por isso! — Gritei de felicidade, abraçando-o sem mais nem menos. Depois dele nos separar, voltei à minha posição no sofá. — Enfim, obrigado.

— De nada. Você merece.

— Pergunta número 2: por que você vai à meia-noite? — Foi a vez da Lopez interrogar.

— O voo mais perto que tinha para Lincoln partia hoje, então comprei logo essa.

— Droga de companhias aéreas!

— Então é por isso que tem várias malas arrumadas em seu quarto? — Apontei para o cômodo referido.

— Exatamente.

— Então nós só temos quatro horas para aproveitar a sua existência em New York. Interessante… — Santana arqueou as sobrancelhas para mim, e eu entendi o recado.

— O que é interessante? — Ele perguntou, meio desinformado.

— Quem quer duas pizzas tamanho GG cada? — Vociferei, erguendo minha mão direita para a frente.

— Eu aqui! — Blaine e a latina gritaram juntos, pondo suas mãos em cima da minha.

— Um, dois, três, Trio Parada Dura! — Bradamos em uníssono, levantando as mãos ao alto e colocando sorrisos estridentes em nossos lábios.

E foi assim que aproveitamos as últimas horas de Blaine em NY: comendo pizza de calabresa, chocolate, camarão, palmito e outros sabores avulsos em duas pizzas tamanho GG cada uma. Ainda sobraram dois ou três pedaços que guardei na geladeira para a manhã seguinte. Ainda deu tempo de conversar sobre o novo álbum de Taylor Swift, Jogos Vorazes, Teen Wolf e aquele par chamado Stiles & Derek, travessuras da adolescência, lembranças da estadia atual na metrópole… enfim, vários assuntos que tiveram de dar espaço para a partida do meu melhor amigo.

Fomos a um aeroporto próximo já às 23h10. Corremos contra o mundo e os outros passageiros para colocar Blaine no avião marcado a tempo do embarque, e um pouco antes da chamada final, ele nos puxou para um abraço coletivo.

— Hey, nunca se esqueçam: eu amo vocês dois, certo?

— Nós também te amamos, Blaine. Da nossa maneira louca e anormal, mas amamos. — Quando quer, Santie consegue dizer palavras bonitas.

— E caso queira voltar, seu quarto ainda estará disponível. — Falei, segurando algumas poucas lágrimas insistentes em sair. — E eu não vou chorar. Prometi a mim mesmo que não faria isso.

— Pode chorar à vontade. Eu sabia que tinha nascido para ver um Finkenstein chorar!

Abracei-o novamente, deixando que meu choro ensopasse sua camiseta básica de cor cinza.

Eu sentiria muita falta de Blaine Anderson. Muita falta do meu melhor e único amigo gay que nunca quis me pegar. Ou, se fez isso, foi por acidente. Blaine fazia diferença nos meus dias, e agora eles serão um pouco menos interessantes de serem vividos.

Pensei nessas coisas enquanto o via subir a escada de embarque. Santana segurava meu braço esquerdo, escondendo seu rosto atrás dele, para que ninguém a visse chorando também.

— Hey, Santie… ele já foi. Blaine já pegou o avião da meia-noite para um lugar. — Apontei para a fila, que já tinha acabado. — Pode se lamentar na minha frente agora.

E então, ela se abraçou a mim e chorou como nunca antes. Nem na morte do Mike Chang ela derramou tantas lágrimas. E olha que Mike Chang era o único animal que ela suportava em Lincoln.

— Vamos ficar sozinhos nesta cidade grande agora? — Ela perguntou, ainda meio chorosa.

— Não estamos sozinhos. Temos a Quinn, a Cassie, o Sebastian…

— Eles não nos acompanharam durante toda a vida e ainda não são tão importantes.

— Incrível como você sempre tem argumentos para tudo.

Enquanto voltávamos para o carro – eu a deixaria em casa, porque a bicicleta da inteligência rara não veio junto – acabei pensando em uma série de banalidades e uma ideia maluca em especial. Não era a melhor das coisas que eu pensara, mas talvez traria mais paz à minha vida e a de Santana também.

— Santie…

— Hum? — Ela estava quase dormindo. Típico dela.

— Você quer ir a Lincoln neste fim de semana comigo? Eu… tenho uma coisa para resolver por lá.

— Pode ser, agora me deixa dormir, por favor.

— Mas nós já estamos quase chegando e…

— Você já parou na porta?

— Não, ainda faltam uns dois quarteirões.

— Então eu vou dormir até lá. Boca fechada, monstrengo.

.::.

A viagem de avião foi tranquila. Santana pareceu acordar mais leve hoje, e não incomodou tanto quanto eu esperava. Claro que eu pensei que tinha alguma coisa aí nessa história, mas eu não ia pensar em algo tão banal quando eu tinha algo melhor para resolver.

Era uma surpresa. Carole, Burt (o noivo da minha mãe, que já morava com ela por motivos de “amor exagerado” ainda depois dos 50) e Madison não sabiam que eu estava pelas redondezas, muito menos Blaine. Seria apenas uma visita especial – e dependendo dos surtos da latina, inesquecível – e de quebra eu ainda resolveria o problema de estar sozinho em NY.

— Uau, essa casa não mudou nadinha desde a minha última visita, Finn.

— Ela quis deixar as coisas assim. Achou que estava perfeito. — Santie não esboçou reação alguma. — Estou falando da Madison.

— Seis anos de idade e ela já tem esse poder de veto?

— Essa casa será dela um dia, Santana. Talvez minha mãe já queira instruí-la nesse caminho.

— Se você diz… — Ergueu as mãos em sinal de rendição, tocando a campainha da casa logo depois. — Marco! — Gritou para que alguém dentro da casa ouvisse.

— Por qual motivo de merda você gritou isso?

— Você verá, Hudson.

— Polo! — Ah, aquela voz animada que eu sempre gostei de ouvir. Era ela. Com certeza. E quem diria que seria Mad a abrir a porta? — Papai?!

— Querida, cheguei! — Falei a icônica frase, recebendo-a em um abraço confortante. — Eu estava com tantas saudades de você, pequena…

— Então não devia ter me deixado aqui, Déda. — Madison citou o apelido que ela mesma dera a mim quando menor.

Como não conseguia pronunciar meu nome nem me chamar de papai, ela optou por Déda. Sabe-se lá o porquê disso, mas eu nunca me incomodei.

— Eu precisei, querida. Mas eu estou aqui, certo? E cadê a vovó Carole?

— Está na cozinha, venham comigo! — Saiu saltitando pela casa, enquanto eu e a latina ao lado andávamos em sua direção. — Vovó, o papai e a Tia Santie estão aqui!

— Como assim, Mad? — Minha adorável mãe se deparou com a minha imagem chegando na cozinha. — Queridos! O que fazem aqui de surpresa?

— Ideia do Finkenstein aqui, nem me pergunte! — A morena respondeu, abraçando Carole, que depois veio até mim.

— É tão bom te ver pessoalmente, filho! — Abraçou-me, como se não tivéssemos nos visto por chamadas online nem há alguns meses, quando eu saí de Lincoln. — Mas vocês ainda não responderam à minha pergunta.

— Sobre isso… podemos nos sentar? — Apontei para a mesa de jantar que ficava no ambiente.

— É coisa séria, papai? — Mad perguntou, com os olhos já fixos em mim enquanto nós quatro ocupávamos os cantos da mesa quadrada.

— Não muito, pequena. Na verdade, eu acho até que você vai amar o que tenho para dizer.

— Oba! Já pode falar, eu deixo!

Eu, Santana e Carole rimos intensamente, até porque Madison era uma garotinha muito esperta para alguém da sua idade. Se bem que todas as crianças de seis anos do século atual são espertas, então isso não conta muito.

— Enfim… mãe, a senhora já deve saber que o Blaine voltou para Lincoln, não é?

— Sei, sim. Ele nos visitou quando chegou pelas redondezas. Parecia renovado…

— Eu que o diga, Déda! Tio B só quis brincar comigo e mais nada. — Ri de novo. Como essa menina conseguia arrancar tantos sorrisos de um pai babão como eu?

— Sério isso? Blaine brincando com crianças como se fosse a coisa mais legal do mundo? — Vale destacar que Santie deu uma ênfase bem forte em “Blaine”.

— Não colabore com a interrupção, jovem. — Adverti. — Então, agora eu vivo sozinho naquele apartamento modesto do Bushwick.

— Modesto porque só a sua altura ocupa todo o espaço daquele lugar, sabia? Até aquela garota brasileira ficou desmaiada depois disso!

— Santana! — Minha mãe teve de intervir.

— Tá bem, mandei muito mal agora.

— Ah, jura? — Ironizei. — Nem percebi…

— Eu posso muito bem voar na sua cara agora, sabia?

— Tia Santie, não briga com o papai, por favor… — Mad fez aquele biquinho com os lábios que me derreteu por completo só naqueles poucos segundos. — Eu quero ouvir o final!

— Tá bem, tá bem. Parei.

— Certo, então depois que o Anderson veio para cá, eu pensei em algumas coisas e acho que seria perfeito se… a minha pequena e adorável Madison fosse morar comigo em New York.

— Você me arrastou pra cá só por esse motivo? Ah, que amigo mais inteligente você é, seu…

— Olha a palavrinha especial, tia!

— Dá vontade de apertar suas bochechas, de tão linda que você é! — Estendi meus braços para bagunçar seus cabelos. Castanhos, assim como os da mãe. — Já falei isso?

— Já, Déda. — Surtei mentalmente ao ouvir aquele apelido. “Qual é, Finn, você está muito sentimental hoje”, pensei com a minha cabeça. “Imagina, pensou com os pés”, delirei de novo. — Muitas vezes.

— Então você quer levar a Mad para aquela metrópole gigante e assustadora? — Mamãe se pronunciou.

— Nem tão gigante quanto o Finkenstein aqui, convenhamos, Carole. — A latina voltou a dar o ar de sua graça naquela cozinha.

— É exatamente isso que eu quero, mãe. Não consigo mais ficar tanto tempo longe da minha filhinha, e New York pode ser o lugar perfeito para os sonhos dela crescerem de vez, não acha?

— Mas ela já se acostumou com a vida aqui em Lincoln, Finn, e…

— Eu vou, papai! Vamos arrumar as malas agora? — Levantou-se da cadeira, fazendo aquela cara de Gato de Botas que só ela sabia fazer. — Vamos, vamos!

— Cheia de atitude! Igual a mim, tinha que ser. — A Lopez ironizou livremente, antes de eu dar uma voadora no pescoço dela. Mentira, eu só me levantei da cadeira devido à insistência de Mad.

— Vamos rir da sua breve ilusão, Santie. — Falei, fazendo todos rirem naquele momento. — Eu acho que tem uma garotinha aqui muito empolgada para morar com o pai na cidade gigantesca, certo? — Direcionei-me para ela, que já pulava de felicidade.

— Sim! Sou eu, Déda!

.::.

Depois de visitarmos Blaine e conferir como ele estava se saindo na busca pela própria identidade, eu, Santana e Madison nos preparamos para voltar a NY no dia seguinte. Eu e minha filha quase não dormimos na noite anterior à viagem de volta, só por termos desenhado planos para os primeiros dias dela na metrópole. Confesso que foi muito mais divertido do que eu pensei. Seria pior se ela perguntasse sobre a mãe, o que, graças a Deus, não aconteceu. Porque, se ela fizesse essa pergunta, eu não saberia como responder.

— Mad… acorda, filha. Chegamos. — Cutuquei-a, quando a aeromoça avisou que já podíamos descarregar nossas malas de mão e jogar nossos corpos para fora daquele avião. E olha que ela se pronunciou com estas mesmas palavras, sem brincadeira.

— Só mais cinco minutos… — Sua cabeça, encostada na janela, se mexeu em sinal negativo.

— Então é assim que New York vai te receber? Com sua cara de sono? — Fiz cócegas em sua barriga, e só então Madison abriu seus olhos e notou a movimentação pelo outro lado de sua janela.

— Já chegamos na sua cidade, Déda?

— Sim, Mad. Bem-vinda a New York City.


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Notas finais do capítulo

Agradecimentos especiais à Yasmin, que me concedeu os direitos de usar o apelido "Déda" (ele vem de Remember Me, recomendo a leitura) e também sugeriu essa foto aqui para vocês imaginarem Mad no avião ---> https://pbs.twimg.com/media/B2dNAqdIUAAJ9FU.jpg.
E QUEM ESTÁ FELIZ COM MADISON EM NEW YORK COMENTA "EU" =D

Enfim, o recado para quem é fã de Sebastian como personagem é o seguinte: no próximo sábado, vou estrear minha nova fanfic de Glee, que se chama "How I Met Your Mother". É baseada na série de TV de mesmo nome e relata a história que Sebastian, em 2030, conta aos filhos sobre como ele conheceu a mãe das crianças, cujo nome é... não vou dizer até o fim da fic. A história (quase) toda é levemente baseada na 9ª e última temporada da série, então espero que vocês se interessem pela fanfic desde já. Recebi ajuda da Gabriela Sampaio para o desenvolvimento de algumas tramas novas, só avisando. E não se preocupem, deixarei o link nas notas do próximo capítulo de NYLS ;)

E por que será que a Santana estava mais leve na viagem para Lincoln? O próximo capítulo terá um foco maior em Sebtana e em um novo amor para Quinn com um personagem que vocês já conhecem, então... preparem os forninhos!



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