Redenção escrita por Ingrid Renê


Capítulo 6
Eu era, eu sou, eu serei.




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Estava passando por aqueles corredores antigos olhando para os ladrilhos verdes em minha volta, meus passos estavam leves, embora minha mochila estivesse com excesso de peso. Gostaria de voltar a fazer aula de musica, ficarei feliz se conseguir fazer aquele curso, quem sabe assim eu me distrairia e o tempo passaria mais rápido e assim logo terminaria de estudar ali.

Cheguei a porta de saída com facilidade já que o colégio estava vazio os poucos alunos que tinham ficavam na parte de trás da quadra ou no jardim da frente. Logo me apressei em ir para casa, ninguém viria me buscar e como ficava apenas cinco quarteirões iria andando. Meus passos eram leves e como estava ficando frio decidi pegar um casaco na mochila, um carro parou ao meu lado, não olhei quem era apenas apressei o meu andar, mas escutei a porta do carro bater alguém desceu, quando olhei para trás era tarde de mais.

– Olga vamos parar com isso, estava lhe esperando a um bom tempo na frente do colégio. - Anthony falou como se fosse um velho amigo. - Entre no carro vou lhe dar uma carona.

– Sai, por favor, para de me perseguir, não sou mais nada sua, me esquece. - Dei as costas ao rapaz e voltei a andar.

Ele subitamente segurou meu braço, olhei para todos os lados mas não havia ninguém para pedir ajuda.

– Você está ainda mais linda Mademoiselle. - O moreno passou sua mão pelo meu rosto.

– Obrigada, eu fiquei muito melhor depois que você saiu da minha vida. - Me afastei enquanto vociferava.

– Nossa assim você me magoa, não queira me vê triste. - Revirei os olhos e balancei a cabeça negativamente.

– Cansei, eu tenho mais o que fazer. Diga-me o queres !

– Quero você... Vamos sair?

Aquilo foi um baque, não chegava tão perto dele desde que fui morar na casa da minha madrinha, ele me dava medo, uma onda pânico percorria meu corpo, tentei me estabilizar e não mostrar qualquer emoção. Uma mascara fria tomou minha face.

– Jamais vai ser como era, não sou mais a garotinha de antes que tanto você manipulava.

– Pode até ser, mas eu sei farejar o medo e neste momento ele emana do seu corpo. -Retrucou com uma voz tão estável, como tudo fosse normal.

– É verdade não sou mais a mesma, eu tive que aprender da pior forma que é sofrendo, seu estupido... Eu te odeio tanto. - Continuei com uma mascara impenetrável. - Já perdi de mais para ainda ter medo de você.

– Olga não precisa ser assim. - O moreno tentou segura minha mão, porém com meu reflexo apenas me afastei.

– Precisa, irei ser sincera. - Disse o fitando. - Um dia eu gostei de você Anthony, gostei tanto e por você fiz tantas besteiras, coisas que jamais vão deixar-me em paz. Eu sofro muito por isto, um dia eu percebi que tudo estava errado, você me dilacerou por dentro, você me estuprou, pelo menos estava desacordada, mas a dor foi torturante quando acordei. Eu superei, eu mudei e apenas quero cortar laços, eu não pertenço a um garoto tão estupido com você é. Eu vou dar as costas agora , por favor, não procure, eu morri está certo!?

– Olga, você sempre será minha. - Foi apenas o que escutei antes de dobrar o quarteirão.

Me escondi entre alguns carros, até não haver mais sinal do Anthony, recostei-me em uma parede qualquer, minha garganta estava seca e com um nó bem grande mas as lagrimas não desceram. Gostaria de saber quando tudo iria findar, será que um terei paz era o que perguntava até alguém tropeçar em mim.

– Não enxerga por onde anda ? - Quando percebi era um garoto castanho com um olhar corrosivo. - Ah desculpa, mas tinha que ser logo você Miguel.

– Não tenho culpa se a senhorita anda jogada pelos cantos, isso aqui ainda é lugar de passagem sabia? - Murmurou.

– É verdade, adeus. - Levantei-me e apanhei a mochila.

– Lewis, está se sentindo bem ? - Me olhou meio preocupado.

– Sério Gabor, não acredito que isso importe agora. - Verbalizei com desdém.

– Velhos hábitos não mudam, continua a mesma prepotente de antes.

– Olha.. Então você se lembra de mim, mesmo que de maneira errônea. - Sorri de canto de boca.

– Isso não é um jogo pequena.

–Nunca pensei que fosse. - Revirei os olhos. - Adeus.

– Espera mais um pouco.

Um brilho diferente se acendeu no meu olhar, era um brilho que a muito tempo não se via, era esperança.

– Era apenas sobre as aulas, não vou poder mudar ninguém aceitou, pois já estavam ocupados, então farei o favor de lhe ensinar.

Aquele brilho desapareceu, agora mostravam apenas magoa.

– Não preciso de favor algum, eu dou um jeito, porém obrigada pela “gentileza".

– Não era isso o que queria dizer... Cara, para com isso.

– Tudo bem, melhor continuarmos assim longe um do outro. - Sorri ternamente.

O caminho para casa foi maior do que o normal, os quarteirões pareciam não ter fim. Sentia-me fraca e desolada. Lembrei-me das minhas ultimas palavras antes de aceita voltar: “Dentro do peito levo toda desilusão, sofri muito em silêncio, mas sei que a vida vai ser bonita, amanhã eu volto a sorrir” Logo abri um belo sorriso a vê a Mel sentada no jardim brincando o Fox. Corri ao seu encontro e a abracei.

– Hoje vamos a passear e tomar aquele sorvete!

– Eba! - Disse com um sorriso de orelha a orelha.

Logo almocei, então quase no final da tarde levei a pequena para passear, ela ia na frente com sua boneca, olhando por onde passava como se fosse uma exploradora, eu ia um pouco atrás segurando o nosso cachorro que é impossível.

Logo chegamos a uma praça, preferi ir para parte central onde ficava um parquinho, deixei a pequena brincar, soltei o cão e sentei em banco próximo. Apenas observando o lugar, as pessoas iam e vinham sem ao menos olhar a bela passagem em sua volta, isso era uma pena, era tão bonito aquela dança das arvores, o cair das folhas, as varias tonalidades de cada uma...

Logo um rapaz sentou ao meu lado, ele aparentava ter uns vinte e cinco anos, um porte médio e cabelos loiros que lhe caiam tão bem, eram fios cor de ouro percorrendo sua cabeça. Ele estava inquieto notei que ele queria falar algo. Não demorou muito e uma garotinha tão loira quanto ao rapaz correu em nossa direção.

– Eu sabia, essa é sua nova namorada papai. - Ela ria timidamente.

– Não filha! - Exclamou assustado. - Não conheço está moça.

– Agora fiquei triste papai, pensava que seria minha nova mamãe. - sussurrou dengosa.

– Desculpa pelo incômodo. - Comentou se voltando para mim.

– Sem problemas. - Estava constrangida.

Logo um garotinho um pouco maior que ela a chamou e a pequena saiu correndo. O rapaz continuava inquieto no canto então decidi puxar algum assunto.

– Sua filha é muito bonita e simpática.

– Obrigada, aliás, desculpa pela inconveniência, faz algum tempo que a mãe dela nos abandonou, nunca mais tivemos notícia e a Samantha ainda sente falta.

– E agora você cuida só da pequena ?

– Sim, na verdade a tarde quando vou trabalhar ela fica com uma babá, mas tirando isso cuido sozinho dela.

– Não seria qualquer um que aguentaria isto tudo sem ninguém para ajudar.

– Ela é um anjo, não da muito trabalho.

– Ainda não apresentei. - Comentei estendendo a mão. - Sou Olga Lewis.

– Chris O'donnel. - Ele sorriu e deu um leve beijo no dorso de minha mão.

Meu celular tocou, então sussurrei um leve "licença" , levantei-me do banco e atendi era o meu irmão.

– Oi Nou.

– Oi maninha, você poderia chegar um pouco mais cedo do passeio, hoje teremos uma convidada para o jantar então preciso que me ajude.

– Tudo bem, vou apenas tomar um sorvete com a Mel e lhe encontro em casa. - Logo voltei para o banco onde o Chris estava.

– Você aceita tomar um sorvete, chame a Sam para ir conosco, irei apenas chamar minha irmã.

– Pode ser. - Respondeu animado.

Logo fui até a minha irmã e a chamei, contando para ela do telefonema, logo o sorriso sumiu do seu rosto. Seguimos calados até a sorveteria, as pequenas conversavam entusiasmadas, o rapaz apenas me olhava, o que já estava me deixando envergonhada.

– E onde vocês moram ? - Foi a primeira pergunta que surgiu.

– A três quarteirões descendo a rua.

– Moramos lá perto né Mel ?

– É, mana um dia posso ir visitar a Sam ?

–Se o pai dela não se importar. - Sorri.

– Claro que não, sempre serão bem vidas em nossa casa .

Não quis prolongar aquilo, então agradeci pela companhia e saímos da sorveteria indo atrás do nosso cão, o amarramos na coleira e voltamos para casa antes do escurecer. Pelo menos durante o passeio havia me distraído e esquecido um pouco dos problemas.

(...)

Tudo estava pronta para o jantar, Noulan não contou quem era, estava com um vestido branco rendado, me joguei no sofá, junto a com Mel, a campainha logo tocou, fui até a porta e abri.

– Boa noite. - Era uma ruiva muito bonita, com o cabelo até a cintura, rosto fino, olho pequeno e castanho. - Pode entrar.

– Sou Lylian, amiga do Noulan. - Sorriu simpaticamente. - Vocês devem ser Olga e Mel, trouxe um presentinho. - E entregou um embrulho para cada.

A moça estava com um vestido verde rodado, que constratava elegantemente com seu cabelo, sentou-se próxima a Mel.

Estávamos fartos com a comida que Noulan fez, o que me surpreendi já que ele nunca cozinhava, brinquei dizendo que a faculdade fez realmente bem a ele. Mel já havia subido para dormir e Nou estava se despedindo da Lylian, apenas terminava de arrumar a cozinha, após acabar apenas queria subir e me jogar na cama, mas fui impedida.

– Senhorita temos que conversar um pouco, se importa ?

– Para falar a verdade sim, mas se você me disser o que tem com aquela moça que acabou de sair eu posso pensar no seu caso.

– Ora, ela é apenas uma amiga. - Deu um sorriso bobo.

– Por enquanto, mas o que me intriga foi qual motivo de não a ter levando a um restaurante?

– Conversando, ela disse que está cansada de caras imaturos, que queria sair com um responsável, claro não hesitei em chama-la para jantar conosco.

– Ela deve ser especial.

– Já lhe disse o suficiente.

– Claro. - Ironizei.

– Então vamos ao que importa. Mana, hoje quero que adiante um pouco a historia e me conte como foi a primeira que assa... Que cometeu aquela coisa.

Por mais que Noulan me amasse eu sabia que ele jamais iria esquecer o que eu fiz, mas seria hipócrita em pedir isto já que eu mesma jamais esquecerei, e como esquecer... Esquecimento deveria ser algo automático que quando dissemos a palavras "esquecer" aquele súbito pensamento iria ser deletado de nossas mentes, assim seria mais fácil, mas eu sei que não há saída, isto vai me perseguir e jamais poderei esquecer deslembrar ou desmemoriar-me.

– Era madrugada eu havia esperado nossos pais dormir, então tranquei o quarto e sai, Anthony me esperava no canto de casa, ele me levou a sua casa já que seus pais estavam viajando ficaríamos sozinhos lá, bebemos muito, já estávamos alto quando ele começou a falar coisa como vamos vê alguns vídeos, ligamos seu computador e perguntou se eu iria o amar não importava o que acontecesse, eu respondi que eu sempre o amaria, era vídeos horríveis, ele falava com tanto entusiasmo. - Respirei fundo e continuei. - Carter cassava com o pai, mas aprendeu que as melhores presas eram os humanos, vê a vida se esvaindo dos seus olhos, vê o medo quando contava que ia mata-los.

– Esse homem era um monstro. - Foi apenas o que conseguiu falar.

– Eu também me transformei em um.

– Não diga isso, você jamais foi como ele.

– Eu queria que isso fosse verdade. Então ele me contou que já havia feito isso varias vezes, e alguns casos apenas capturava algumas pessoas e as vendia para fazerem o mesmo que ele fazia. Era mais fácil quando ele só matava, mas alguns vídeos o mostravam torturando e arrancando pedaços dos corpos com eles ainda vivo. Eu fiquei apavorada, mas ele dizia que me amava, não sabia explicar, tudo que Anthony falava eu apenas acatava como uma marionete. - Olhava para o Nou dava para vê que ele sentia repudio, quem sabe até medo de mim, eu sabia que aquilo foi pouco perto do que fiz a outras pessoas. - Poucos dias depois ele me buscou em casa e dizia que aquela noite era especial eu podia vê a malicia em seus olhos, passamos na sua casa, ele pegou algumas facas e uma arma de fogo, então ele me contou que hoje teríamos uma "presa", no inicio pensei que era brincadeira, mas esperamos perto das docas durante algum tempo até que uma moça loira apareceu, então acelerou o carro parou do seu lado, desceu do carro, agarrou a moça e antes dela gritar bateu em sua cabeça fazendo-a desmaiar.

– Calma, preciso beber alguma coisa. - Levantou-se e foi a cozinha, retornando com uma garrafa de Whisky.

– Ele colocou amarrou a mulher e colocou no banco de trás, e seguiu para uma cabana a alguns minutos da cidade e me fez matar a mulher quando chegamos lá. Eu enxerguei em seus olhos um coquetel de sentimentos, excitação, adrenalina, êxtase, prazer ao vê ceifando a vida daquela mulher, ao menos foi rápido sem sofrimento pra ela, foi uma facada em seu pescoço.


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Notas finais do capítulo

Odeio pedir comentários, porém receber comentário me deixa feliz e posto mais rápido o capitulo... :)



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