Redenção escrita por Ingrid Renê


Capítulo 4
Ele voltou.




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Eu sabia que era o melhor a se fazer, eu sabia que deixa-lo ir era a melhor escolha. Conheci o Gabor na escola, quando tinha 15 anos, o professor de literatura dividiu a turma em duplas que se manteriam até final do ano letivo para fazer pesquisas, trabalhos, seminários, terminamos por nos aproximar, ele sempre foi gentil, engraçado, carismático. Pena que ele não apareceu na minha vida antes... Ele não sabia o que fazia com o meu ex, mas imagina que não era nada legal; Sempre me aconselhou a parar me encontrar com Antony, dizia que com ele não haveria futuro, aos poucos fui parando com as bebidas... Com as drogas foram mais difíceis, porém Miguel me deu força, até que meu sofri represálias do monstro que dizia ser meu namorado. Havia enxergado a verdade, não era eu que gostava de "machucar" as pessoas, era ele e por algum motivo deixava-me levar; Minha alma rompeu e uma parte foi junto com as pessoas que eu "machuquei" . Quando percebi em tudo que me transformei foi horrível, nunca senti emoção em fazer isto, nunca senti alegria, algum tipo de êxtase ao ter sangue em minhas mãos. De alguma forma Antony descobriu que Miguel estava me ajudando a reerguer, claro ele se sentiu ameaçado e não foi nada feliz.

Flashback on

Estava em uma bicicleta desesperada pela floresta, havia uma cabana na margem de um rio, era lá que nos encontrávamos, eu tinha que pegar uma trilha de terra até certo ponto e seguir o curso do rio para poder chegar, já estava escurecendo queria logo está lá antes de anoitecer.

Fiquei um pouco tranquilizada pois as luzes estavam desligadas, sinal que Anthony não havia chego. Deixei a bike encostada no corrimão da escada que dava para uma porta. Girei a maçanete e logo liguei a luz, estava indo para um pequeno frigobar que havia ali, peguei uma garrafa d'agua e me virei para ir a cama, porém um homem de preto saiu de trás do armário.

– Espero não ter assustado você meu amor. - Ele tinha 1,82 , rosto bem desenhado, com barba bem feita, seu olho era castanho claros, seu nariz pontudo, era forte.

– Um pouco, pensei que não estava aqui.

– Está atrasada, a culpa é daquele garoto da escola ? - Ele me segurou, enquanto falava puxava meu cabelo e dava leve beijos no meu pescoço.

– Não. - Menti.

– Eu pensava que entre nós não existia mentiras. - Ele empurrou e cai na cama.

O moreno foi até uma bancada que tinham algumas bebidas pegou dois copos e enchia com uma bebida azul que não reconheci o que era.

– Mas não há. - Estava sentada na beirada da cama, ele se aproximou me entregou o copo. - Não, eu não estou com vontade.

– Eu não lhe perguntei nada. - Sorriu sarcasticamente e me fez beber a força. - Para com isto!

– Que dizer que é assim, você começa a andar com aquele garotinho e me esquece. Está transando também com o... Como ele se chama... Miguel Gabor ?

– Sai de cima de mim. - Gritei.

– Minha querida lhe conheço a pouco mais de um ano e você nunca foi para cama comigo... Não acha que já está na hora?

– Eu não estou transando com ninguém e Tony eu não estou preparada... - Tentei contornar a situação.

– Vamos , daqui pouco vamos ter uma presa. - Ele me puxou, e pôs contra parede seu hálito exalava álcool - Vamos comemorar. Entendo que não queira beber, não queira um pouco de ópio, mas a mademoiselle não vai poder me negar isto, vai ser com muito amor.

Não houve como fazer ele mudar de opinião, sabia que ele sempre transava com as "presas", pôr isto nunca forçou nada, porém ele devia pensar que Miguel ia me roubar dele, não vou negar o moreno estava certo.

Ele me despiu a força, ele tentava me beijar freneticamente mas eu virava meu rosto, ele sabia que não iria aceitar.

– Pensei que iria ser tranquilo, você me deve isto. - Ele me deu um tapa.- Não será por bem, então vou fazer por mau.

Cuspi em seu rosto. Ele ficou sem reação neste meio tempo estava saindo da cabana, apenas senti uma mão apertar meu pescoço o pouco que consegui sussurrar foi " Vamos conversar", não consegui mais vê nada, perdi minhas forças.

Acordei com uma dor horrível no corpo que iniciava no meu lóbulo occipital percorria todo meu corpo, até chegar na região perianal e irradiar pela minha vagina. Tentei abri meu olhos, enxerguei tudo embaçado, comecei a tatear sabia que estava em uma cama quando a minha visão se estabilizou eu continuava na cabana, embrulhada com um lençol. Quando tentei girar minha cabeça para o lado não consegui, olhei para o meu corpo mais uma vez estava com varias marcas roxas... Tentei levantar da cama, apenas agora minhas lembranças estavam retornando, olhei para cama ela estava suja de sangue. Consegui me jogar no chão e gritar. Não sei quanto tempo fiquei ali, mas sabia que foi o suficiente para entender que foi tudo uma retribuição pelas pessoas que machuquei. Como me sentia por ser estuprada, era simples dizer nunca sentirei dor igual, esta impotência ao extremo, insuportável, profundo. Não chorei, não me permitir chorar, nem uma lagrima desceria do meus olhos por causa daquele monstro. Apenas pensei mentalmente " Está na hora de se reerguer".

Me vesti e fui para casa, ao chegar meus pais já estavam dormindo, subir para meu quarto me joguei de baixo do chuveiro e fiquei ali durante horas tentando me limpar do que ocorreu.

Flashback off

Aquele foi um grande marco, abandonei tudo o que havia com aquele monstro, contudo o sangue das minhas mãos nunca deixou-me. As lembranças, os pesadelos, tudo o que fazia de alguma forma eu lembrava das pessoas que ceifei a vida de forma cruel e sádica;

Respirei fundo, caminhei lentamente até o carro, subi, coloquei o cinto, tirei do freio de mão, embreagem e passei a primeira marcha. Como não queria ir para casa me dirigi a uma sorveteria próxima a minha antiga escola. A faixada continuava a mesma totalmente colorida, algumas mesas do lado de fora, adentrei o recinto a sorveteria estava lotada como sempre, pessoas falando, beijando e jogando por todos os lados, o lado bom é que se tivesse algum conhecido ali ele não iria notar a minha presença.

Me aproximei do freezer que ficava os sorvetes e enchi minha taça com de vários sabores e finalizei com calda de morando, paguei e sai me sentei na parte de fora para evitar o barulho que estava lá dentro. Admirei os carros passar e lembrei que precisava vim aqui com meus irmãos e fazer aquela brincadeira de contar o maior números de carros da mesma cor, assim como nossos pais faziam, não era o melhor programa do mundo, contudo sempre me divertia. Depois de me deliciar com aquela taça de gostosura eu fui para casa.

As luzes da sala estavam apagadas estranhei o fato que meu irmão nunca dorme cedo, procurei a chave na minha bolsa e abri a porta, cacei o interruptor da sala e o Noulan pulou assustado do sofá.

– Acabei dormindo aqui.

– Percebi. - Retruquei.

– Como foi lá ?

– Foi bom, só uma coisa me deixou meio triste...

– O que ?

– O ruim foi que me desliguei de tudo, mesmo das pessoas que gostavam de mim. - Dei um abraço fraterno em meu irmão, olhei para o meu relógio de pulso e marcava 19:30.- Irei subir, já comi alguma coisa fora. Boa noite.

– Boa noite. Alias a Mel está no seu quarto jogando, se quiser é só avisar que cuido dela.

Meu irmão e sua proteção apenas dei de ombro e subi. Quando entrei no quarto eu vi a pequenina sentado na minha penteadeira revirando todas minhas coisas quando ela notou que estava no batente da porta ela se assustou e vi o rosto dela todo " pintando " foi uma tentativa hilária de se maquiar.

– Oi. - a pequena falou.

– Você está uma gatinha. - Falei entre gargalhadas, ela se mirou no espelho e fez biquinho.

– Você fica tão bonita quando está usando maquiagem, mas isto destruiu a minha beleza. - Se expressou com a sua voz mais meiga do que o normal.

– Oh coisa linda da maninha. - Sentei ao seu lado. - Minha pequena princesa não precisa disso, quando a senhorita for um pouco mais velinha lhe ensino a usar isto tudo.

– Ok, mas posso fazer uma pergunta ? - Apenas assentir com a cabeça. - Para que serve isto ?

Ela me entregou um rímel.

– Irei explicar, mas você usou isto ?

– Eu sempre via a irmã mais chata do mundo usar aqui no rosto ai pensei que era aqui. - Ela apontou para sobrancelha que estava dura de tanto produto que ela passou.

Eu expliquei a forma correta de usar e a ajudei a tirar toda aquela maquiagem, que por sinal demorou muito. Como não consegui dormir me sentei na varanda com um livro enquanto a Mel assistia desenho no meu notebook. Comecei a folhear as paginas não conseguia concentrar-me com tanta coisa que aconteceu em pouco tempo, apenas observava a rua, poucos carros passavam, aquele lugar sempre foi pacato.

Uma picape preta dobrou na rua, quando foi se aproximando da minha casa ele reduziu a velocidade e estacionou do outro lado da rua, não conseguia perceber quem era até que depois de uns 15 segundos a pessoa abaixou o vidro, era um homem, eu o conhecia. Antony sorriu e me deu um tchau apenas acenei negativamente e entrei, meu celular começou a tocar.

– Mana, seu celular esta tocando! - Mel disse entre bocejos.

– Vamos, esta na hora dormir. - Mudei de assunto não queria saber quem me ligava.

Deixei a pequena no seu quarto e voltei, peguei meu celular e o numero era desconhecido. As palavras do meu irmão ressoaram na minha mente " Uma hora terás que enfrentar tudo, terás que enfrentar ele, quando o momento chegar não fuja, mostre o quanto és forte" . Novamente o celular tocou e eu atendi.

– Alô. - Direcionei-me a varanda o carro continuava lá.

– Meu amor pensei que não irias atender.

– Não tenho muito tempo, fale qual motivo de tudo isto...

– Gostou da flor de Narciso, comprei especialmente pensando no seu egoísmo implacável, és tão bonita mas só pensa em sí próprio, eu fiquei desolado com a sua partida. - Falou irônico

– Adeus.

– Desligue e eu entro ai no seu quarto, já deixei uma flor, lembra que conheço está casa como a palma da minha mão.

– O que tu queres ?

– Me encontra aqui fora, vamos dar uma volta.

– Não perca tempo eu não vou. Vai embora.

– Tudo bem, eu vou, porém jamais irei lhe deixar.


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Notas finais do capítulo

Anthony: http://data1.whicdn.com/images/130369923/large.jpg


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