[Bella]

Todos nós fomos para o hospital com Jasper. Apesar de eu nunca ter trocado nem ao menos um “oi” com ele, tinha que ter certeza que Alice não iria fugir de sua responsabilidade de seu acidente.

Entramos em seu quarto e ele estava todo enfaixado, parecendo literalmente uma múmia, por causa dos cortes que teve em todo o corpo. Alice parecia estranhamente divertida em vê-lo naquele estado, Edward parecia reprimir a risada e Rosalie... Bem, essa estava gargalhando é claro.

-Alice... –incentivei para que ela começasse, mas ela nem pareceu me escutar, continuava com o olhar cravado e diabólico em cima de Jasper. –ALICE!

-O QUE FOI? –ela berrou me olhando. Coloquei a mão sobre sua boca.

-shiu! Não grita, estamos em um hospital. Vai... Peça desculpas. –ela fez careta me olhando.

-eu não! Mas credo. –ela empinou o nariz, enquanto eu podia ver apenas os olhos de Jasper se revirando.

Ele resmungou alguma coisa e todos nós pulamos em cima dele para entender. Rosalie fez careta e deu uns tapas em sua cabeça, como se fosse um rádio velho ou alguma coisa do tipo. Ele resmungou mais uma vez, dessa vez olhando feio para Rosalie.

-gente, acho que está doendo. –eu avisei vendo que Alice ia acompanhar Rose em suas batidas.

Jasper lutou para tirar as faixas que cobriam sua boca, mas vendo seus atos, Edward o ajudou e o garoto acidentado suspirou aliviado.

-eu to bem. –ele falou tentando sorrir.

-viram? Vamos agora. –Segurei Alice pela blusa antes que ela pudesse ir para a porta.

-Alice precisa dizer uma coisa. –Coloquei ela na frente da cama e Jasper esperou.

-tenho nada, você que enfiou isso na cabeça. –ela cruzou os braços sobre o peito e eu suspirei.

-tive uma idéia. Nós vamos deixar vocês conversando sozinhos. –falei e comecei a puxar Edward e Rosalie comigo.

Alice me lançou com seu melhor olhar desesperado, depois mudou novamente para o fulminante e eu tive a impressão de me ver queimando ali. Sacudi a cabeça e saímos do quanto. Rose suspirou e me olhou.

-acha que deveríamos já chamar a enfermeira? –sacudi a cabeça

-ela não vai fazer nada... Eu acho. –Edward riu.

-só podemos torcer para que esteja certa.

[Alice]

Minha prima traíra saiu com Rose e seu excelentíssimo namorado, me deixando sozinha com o tarado. Ele sorriu torto para mim e começou a se sentar na cama, desamarrando as ataduras de seu rosto.

-o que está fazendo? Não to a fim de ver seus machucados. –avisei o fuzilando com os olhos.

-que machucados? –ele perguntou sorrindo novamente e terminando de tirar a ultima volta da atadura. Arregalei os olhos.

-você não tem nenhum cortezinho no rosto? Nada para estragar a sobrancelha ou os lábios? –perguntei indignada. É MUITO AZAR PARA UMA PESSOA SÓ!

-não. –ele sorriu e se levantou, vindo em minha direção. Tirei minha sandália e apontei para ele.

-para trás se não eu atiro. –ele revirou os olhos.

-o sapato? –ele parecia descrente, sorri torto.

-se você nunca levou uma sapatada antes, não sabe como dói, principalmente com salto alto. –ele fez careta.

-você não me odeia, está apenas fugindo. –ele disse sorrindo e voltando a se sentar em sua cama.

-HAHA, pode continuar pensando isso se quiser. Não me importo. –ergui uma sobrancelha, ainda sorrindo torto.

O pior de tudo, nem foi o fato de eu estar suado frio, foi que ele não parecia estar nem um pouco com medo de eu realmente atirar a minha sandália em sua cabeça. Parece que ele sabe que eu tenho um amor muito grande por ela para dividir assim com qualquer um.

-Bella quer que eu me desculpe. Desculpe me, mas agora to indo embora. –ele me segurou e fez com que eu voltasse.

-só se você sair comigo. –ele fitou meus olhos por mais tempo do que necessário. Minha primeira reação foi engolir em seco e depois fingir uma gargalhada.

-agora cai da cama. –ri um pouco nervosa.

-ainda posso te processar, sabia? –ele sorriu torto e eu semicerrei os olhos, puxando meu braço que ele ainda segurava.

-você não faria isso. –ele sorriu abertamente, sem a malícia habitual.

-não, mas é um bom blefe. –deu um tapa em seu braço. –AI! Esse está doendo mesmo.

-ótimo. Imbecil. –mostrei a língua para ele.

-você vai sair comigo, sabe disso. –ele parecia tranqüilo demais para alguém que estava com um sapato apontando para sua cabeça.

-sei? –ele revirou os olhos.

-sim, estou aqui por sua culpa. É o mínimo que pode fazer. –ele riu dando de ombros e uma pontadinha de culpa em meu peito.

-o que isso implica? –perguntei com a sobrancelha levantada.

-hm... Deixe me ver... Jantar, quem sabe ir ao cinema e se eu tiver sorte, quem sabe um beijinho? –ameacei jogar o sapato e ele logo tratou de gritar. –BRINCADEIRA, BRINCADEIRA!

-tudo bem, corta a ultima parte, você paga tudo e eu tenho que estar em casa pontualmente as nove e meia para meu sono de beleza. –ele arregalou os olhos.

-quer jantar as cinco da tarde? Não tem nenhum problema, mas é estranho. –ri um pouco e enrosquei o salto da sandália em meu cinto, vai que eu precisasse dele novamente.

-tudo bem. –suspirei completamente vencida.

-quer dizer que você sair comigo? –ele perguntou como se não acreditasse.

-é isso que você quer não é? Não é por que eu quero é claro, mas não conheço nenhum advogado. –dei de ombros e ele riu.

-tudo bem, te pego amanha as cinco. –ele disse sorrindo torto.

-as cinco. –concordei, mesmo sem saber como ia me arrumar em apenas suas horas.

-te vejo amanha. –ele sorriu.

-imbecil.

-tampinha. –mostrei a língua para ele e saí do quarto.

[Bella]

Quando Alice saiu do quarto, todos os médicos e enfermeiras que tínhamos colocado de plantão correram para socorrer Jasper.  Vai saber o que a baixinha irritante fez? Ela suspirou frustrada, com os braços cruzados sobre o peito.

-Alice? –chamei meio desconfiada, olhando sua expressão assassina.

-o que foi? –ela parecia brava, mas alguma coisa me dizia que ela não estava de verdade.

-por que está com sua sandália enroscada no cinto? –Edward gargalhou ao meu lado, enquanto a baixinha o tirava e colocava novamente no pé.

-você é diiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiisprezível. –ela disse parecendo o Patolino, o que fez com que a gente risse mais.

(...)

-tudo bem, como assim você aceitou sair com ele? –perguntei indignada.

-não era isso que você queria? –ela perguntou furiosa.

-bem, sim, mas o que fez você mudar de idéia? –ela bufou dando de ombros.

-eu sou culpada por seus machucados, e ele disse isso. –dei risada. Jasper com toda a certeza era o pior tipo de sem vergonha. –o que vai fazer agora?

-não sei, estou esperando Edward ligar para saber se vamos sair ou vou ficar mofando em casa. –dei de ombros novamente segurando a risada para que Alice não ficasse mais brava.

-o que aconteceu com o espírito feminista dessa família? –ela murmurou sacudindo a cabeça.

-ei... Eu não vou deixar de usar maquiagem por causa dele... Qual é? –eu disse cruzando os braços sobre o peito.

-Bella, meu bem... VOCÊ JÁ NÃO USA MAQUIAGEM! –ele berrou e eu ri alto.

-tem razão. Mas eu não vou deixar de fazer as coisas que eu gosto por causa dele Alice, não é por que eu estou... Saindo com Edward...

-ora vocês... –Ela bufou e olhou para fora do restaurante. –acho que eu vou indo.

-mas já?! –olhei para meu pulso o relógio.

-sim, isso aqui está um tédio. –ela bufou outra vez dando de mão.

-você vai é começar a se arrumar para sair com Jasper. –ri alto.

-PIRO FOI?! –ri mais ainda, vendo enquanto ela ia pisando duro para fora.

Enquanto eu parava de rir, Edward entrou no Ville’s com os olhos arregalados e parecendo realmente muito cansado. Quando ele me viu, correu em minha direção e parou bem em minha frente, com uma mão sobre o peito e respirando com dificuldade.

-Emmett... Ajuda... Carro... Cavalo... aaah! –e então ele caiu deitado sobre o chão, olhando para o teto enquanto eu fazia ventinho nele com um cardápio.

-calma. Respira e diga outra vez. –ele respirou fundo.

-preciso de ajuda... Emmett... Hm... –ri um pouco e o ajudei a levantar.

-me explica no caminho.

Corremos para o lado de fora, ele olhou em volta como se procurasse por alguma coisa. Colocou a mão no peito novamente e suspirou pesadamente, com os joelhos flexionados e só agora eu percebia que estava inteiro soado.

-por favor, diga que você está de carro. –sorri como quem se desculpa.

-hm... Na verdade, eu estou de patins... –ele suspirou preguiçoso.

-seja lá o que deus quiser...

(...)

-QUANDO VOCÊ DISSE QUE ERA FÁCIL, EU REALMENTE ACREDITEI QUE ERA FÁCIL. –ele gritou segurando em minha cintura e tentando se manter em pé no Skate emprestados do namorado de Emily.

-NA VERDADE É... PARA MIM. –ri alto, enquanto ouvia ele sambando logo atrás de mim. –Edward, tente jogar todo o peso para o meio do pé. Nem sobre a ponta, e nem calcanhar.

-ok.

Antes que pudéssemos andar mais três metros, chegamos a uma descida um pouco... Hm, íngreme e quando percebi, Edward já tinha caído sentado em cima da prancha, batido em mim e agora descíamos a porcaria da ladeira em cima de um skate tentando sobreviver.

-AGENTE VAI MORRER, AGENTE VAI MORRER! –eu berrei tremendo.

-VOCÊ ESTÁ SENDO MUITO OTIMISTA! –ele gritou e apontou para uma rua movimentada.

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! –berrei novamente, me agarrando aos braços de Edward que estava em volta de minha cintura.

-A PLACA, A PLACA, A PLACA...

-O CAMINHÃO! –chorei, pensando em minha cara em meu velório.

-NÃO! SEGURA NA PLACA. –ele apontou para uma placa de PARE que nos aproximávamos em uma velocidade absurda para um skate.

-AI MEU DEUS, EU FUI TÃO BOAZINHA, POR FAVOR, RESERVA UM ESPACINHO PARA MIM NO CÉU! E EU NEM TIVE FILHOS AINDA...

-BELLA!

-POR QUE DEUS? POR QUE EU? –coloquei as mãos sobre o rosto e senti alguma coisa me segurar pela cintura com força, depois um puxão para o lado e o choque com alguma coisa quase macia... Estranho, achei que ia doer. Não quis abrir os olhos, se fosse um anjo me levando para o céu, ele deveria saber que eu tenho medo de altura.

-Bella? –uma voz suave e rouca me chamou.

-quando chegarmos em terra firme eu abro os olhos seu anjo... Ou é em nuvens? –ouvi uma risada abafada.

-Bellinha? –alguma coisa beijou meu rosto.

-engraçado, estou gostando desse tratamento vip de anjo. –as risadas abafadas se tornaram gargalhadas e eu não me contive e abri os olhos.

Edward estava com a testa encostada nos joelhos enquanto ele ainda gargalhava. Olhei em volta e vi o skate caído em meus pés, uma placa de PARE meio torta, varias buzinas, muitos olhares curiosos e uma Bella com as bochechas queimando.

-por favor, me de uma boa noticia e diz que eu morri. –eu falei olhando enquanto Edward tentava respirar.

-Desculpe Bellinha, mas... Não, estamos vivos. –ele riu outra vez e se sentou ao meu lado. 

Olhei lentamente em volta, percebendo alguns adolescentes que riam de nossa cara do outro lado da rua. Parado na esquina, estava um caminhão caindo aos pedaços, com dois homens barbudos nos olhando com um sorriso malicioso.

-já acabo? –um deles perguntou olhando de mim para Edward.

Com muita, mas muita vergonha me levantei e bati a sujeira da roupa. Edward se levantou logo e levantou o skate apenas com um pé, fazendo com que eu fizesse uma careta para ele, que gargalhou altíssimo.

-tudo bem, já que já peguei o King Kong do dia, podemos resolver o seu problema? –ele sorriu (e eu tinha certeza que ele estava tentando conter as risadas) e passou um braço sobre meus ombros.

-Bellinha, Bellinha... Você ainda é a mesma que eu conheci anos atrás. –dei um beliscão em suas costelas. –AIIIIIII, BRINCADEIRINHA!

(...)

-O QUE DIABOS VOCÊ TÁ FAZENDO?! –Edward berrou vendo Emmett jogando cartas com um senhor que usava um chapéu de palha e calças jeans rasgadas.

-ah, oi Edward. EI! Quando você disse que ia buscar ajuda, pensei que ia buscar AJUDA e não a Bella. –Emmett falou repuxando um canto da boca para o lado.

-EI! –coloquei a mão na cintura. –para a sua informação...

-Emmett você não estava machucado? –Edward perguntou segurando a cabeça com as mãos.

-estava, mas você demorou tanto que eu tinha que fazer alguma coisa, não é?! –Emmett jogou uma carta sobre a mesa. –DE NOVO?! VOCÊ ESTÁ ROUBANDO!

-o que aconteceu?! –perguntei para Edward que começava a ficar vermelho.

-o JUMENTO do Emmett foi atropelado pela carroça desse senhor. –Edward apontou para o velho.

-que carroça? –perguntei olhando em volta.

-ela desmontou depois de bater em Emmett... O cavalo ainda está desmaiado. Foi por isso que eu te chamei. –ele deu de ombros e o cavalo levantou a cabeça fazendo um “IIIIIRRRIIIIIRIIII”

-mas Emmett...

-Bem e forte como um cavalo... –IIIIRRIIIIIRIIII- ou quase.

-quer dizer que podemos ir embora agora?! –perguntei abraçando sua cintura.

-é... Acho que sim. –ele riu e começou a me puxar (ainda usando patins) pela rua.

-EEEEI, NÃO ME DEIXEM AQUI! –Emmett berrou, mas já estávamos muito longe e rindo para esperar.

[Alice]

-rosa não, verde nem pensar, azul... Bella de mais, Amarelo eu fico pálida, vermelho CRUZ CREDO, AGORA NÃO!

Eu ainda jogava minhas roupas para todos os lados do quarto tentando achar alguma coisa para eu vestir mais tarde. Era incrível como eu não tinha nenhuma roupa descente para usar em uma ocasião como aquela. Parecia que nenhuma das minhas roupas tinha sido feitas para um encontro... Com o oposto do príncipe encantado.

-AAAAAAAAAAAH, EU NÃO TENHO ROUPA! –berrei me jogando na cama no momento em que minha mãe entrou no quarto.

-Alice, Maria acabou de passar algumas roupas, por favor, as guarde, ok? –ela deu um beijo em minha testa e saiu do quarto.

Eu deveria fazer com que ele passasse uma vergonha daquelas naquele dia. Talvez assim ele nunca mais viesse me incomodar... Mas então pensei, se ele passasse vergonha, eu passaria também, o que não seria nem um pouco legal... Na verdade suicídio social total.

Comecei a olhar as roupas recém passadas em cima da cama e achei um vestido que há muito tempo não usava (desde o aniversario de minha mãe, que foi exatamente o dia em que descobri que Edward Cullen estava na cidade... E como detesto repetir roupas, tinha mentido que ele estava manchado. É claro que minha mãe descobriu)

-esse vai ter que servir. –o joguei sobre a cama e olhei no relógio. Três horas, quando tempo Jasper merece que eu perca me arrumando?! Acho que já está bom.

Comecei todo o procedimento padrão e pela primeira vez não conseguia fazer minha maquiagem. Não conseguia decidir que cor combinar e nem se eu deveria fazer alguma coisa muito forte, já que era dia e não era muito apropriado... AH, COMO EU QUERIA QUE BELLA ESTIVESSE AQUI! Maldito seja Edward Cullen por roubar minha melhor amiga em um dia como esse... Foco Alice, é apenas o Jasper.

(algum tempo depois...)

 -AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! É O CAOS, É O CAOS! COMO EU VOU SAIR DE CASA DESSE JEITO?! –me debrucei sobre o colo de minha mãe.

-Alice você está linda. –ela falou alisando meus cabelos.

-cuidado com o babyliss... AH MÃE! MINHA VIDA É UM LIXO! –mais lágrimas falsas.

-Alice, o Gaspar chegou. –meu pai avisou entrando no quarto.

-Jasper. –ele deu de ombros.

-é a mesma coisa.

-EU NÃO VOU, EU NÃO VOU... Ou será que vou?! –Minha mãe sorriu revirando os olhos.

-vai logo de uma vez Alice... E tente não assustar o menino.

-AH! MAS QUE CALÚNIA! –ela riu.

-vai logo!

Bufando, comecei a descer as escadas. Jasper estava parado perto da parede, conversando com meu pai, com um sorriso aberto. Os cabelos normalmente revoltos estavam penteados delicadamente. Ele usava uma camisa branca e calça jeans escura, combinando com o tênis. Deixei um suspiro escapar... EI, EU TAMBÉM SOU FILHA DE DEUS, SABIA?!

-Alice, você desceu. –meu pai reparou piscando um olho. Jasper se virou para mim no mesmo instante.

 -é... –tentei fingir meu mau humor, mas estava difícil olhando aqueles olhinhos tão verdes.

-você está...

-desprezível, eu sei, agora vamos. –peguei seu braço e comecei a sair pela porta.

-eu ia dizer linda. –ele sorriu para mim e abriu a porta do carro.

-hm... Obrigada. –virei o rosto para que ele não visse meu rosto vermelho. É claro que não funcionou, ele começou a rir.

-bem, então vamos lá. –ele disse entrando no carro e piscando para mim.

É isso ai... Que o show comece.