Íria: o desafio de Aurora escrita por M Nathalia


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas. Como vocês estão?

Peço mil desculpas por ontem não ter postado, já que era dia de post. Porém acabei indo viajar e não deu nem pra programar uma atualização. Desculpa mesmo.
Então, por esse motivo, aqui estou eu postando mais um capítulo pra vocês, uhul!

Espero que vocês gostem, boa leitura!



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Capítulo Quatro

Bernardo estava novamente no mesmo lugar, assim como havia dito. Aurora o observava de longe, sua mente dizia repetidamente que ela estava realmente ficando louca. Pensou mil vezes em dar meia volta e ir embora. No dia anterior, a garota tinha lido mais algumas passagens do diário, e, ainda não acreditava que aquelas palavras podiam ser reais. Porém, em qual realidade alguém podia trazer consigo um objeto de um sonho? Ela lembrava perfeitamente de ter visto aquela mulher materializar com suas próprias mãos uma rosa e, assim que acordou, a bendita rosa estava ali, do seu lado e bem real. Aurora passou o resto do dia e a maior parte da noite pensando em todos os acontecimentos. Pesou suas decisões. Para onde iria depois do orfanato? O que tinha a perder? Qual plano tinha para sua vida? A resposta era simples. Nada. Não havia nada, não sabia de nada, não planejou nada.

Ficou observando aquele homem por mais alguns minutos. Bernardo aparentava ter seus vinte e poucos anos, mas não mantinha a barba em seu rosto. Como da primeira vez, ele vestia preto. Calça, camisa e sapato; muito formal. Aliás, sua postura era inteira muito formal. Olhando de longe ele até podia ser considerado elegante e atraente, ainda que intimidador. Para Aurora, ele não passava de um completo estranho esquisito. Pensou novamente nas suas opções e se decidiu. Começou a caminhar em direção a Bernardo, que não mudou sua feição, mesmo ao vê-la.

– Aurora. Que prazer em revê-la. – Bernardo disse, no instante em que a garota parou a sua frente.

– Não posso dizer o mesmo sobre você. – Aurora tinha dificuldades certas vezes em guardar para si o que sentia, então, por consequência, foi bem rude. – Só estou aqui porque penso que estou ficando louca. E penso que toda essa história é uma loucura. Vocês são loucos. – ela deu uma pausa e logo completou: – E eu mais ainda.

– Faith apareceu pra você, não é?

– Digamos que sim. Quem é ela?

– Ela é uma Guia. Assim como eu. – Bernardo respondeu e deixou a garota confusa. O que seria isso?

– Guia? Como um guia espiritual? – ela perguntou e Bernardo riu. Era a primeira vez que o via rindo, não era uma imagem ruim. Seus dentes perfeitos ficavam em destaque e o som parecia uma melodia. Ao contrário da risada de Aurora, que a considerava horrível e escandalosa.

– Algo do tipo. Poderão te explicar melhor quando chegarmos. – ele já estava dando meia volta para sair, mas não antes de Aurora impedi-lo.

– Ei! Chegarmos onde?! Eu já disse que não vou a lugar nenhum com você. Quero saber sobre a história de me conhecerem. Principalmente você que veio com essa conversa de que me conhece desde criança. Quero saber por que me procuraram e por que me entregaram essa coisa. – Aurora falava sacudindo o sensível diário.

– Cuidado com isso. Vai querer tê-lo depois que souber de tudo. – Bernardo falou, se referindo ao diário. – Não posso te contar aqui. Não tenho permissão para isso. – Aurora se manteve firme, mostrando em seu olhar que não iria se mexer, a menos que ele desse alguma explicação. Ele suspirou, antes de continuar: – Olha, eu venho de um reino muito distante daqui. E você também. Nosso reino está em perigo, está em guerra há anos e mantivemos você aqui para que pudesse nos ajudar quando estivesse pronta. Agora, preciso levá-la, não podemos perder tempo.

Aurora levou alguns minutos para digerir toda a informação. Parecia pouca coisa, mas na mente dela era quase um livro. Se ela achava que a história toda não podia ficar pior, estava errada. Sentia-se em um sonho ou filme maluco. Nesse momento, ela se arrependeu de ter vindo. Virou-se de costas para Bernardo, tentando ficar calma, enquanto pensava em um modo de sair correndo dali, em como fugir dele. Com certeza ele iria matá-la. Nada era real e ela havia caído em uma enrascada. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu mãos segurarem seus braços e um corpo colado à suas costas. Colado mesmo. Apesar do calor do corpo dele, Aurora gelou. O estranho estava abraçando ela, com as mãos bem firmes. Sentia sua respiração quente em seu ouvido e então, ouviu sua voz:

– Aurora... – sua voz saiu rouca em um sussurro e, sem intenção, todos os pelos do corpo da garota se arrepiaram. – Não estou aqui para machucar você. Mas não posso te contar tudo enquanto estivermos aqui. É perigoso. Porém, vou resumir, já que é por uma boa causa. – ele respirou fundo antes de continuar: – Você nasceu no meu reino, seus pais são de lá. Porém, estávamos entrando em uma guerra e precisávamos de você segura. Fui convocado a trazer você em segurança, para que pudesse crescer longe do perigo. Por todos esses anos fiquei te observando para me certificar de que estava bem. Você é nossa esperança. Todos vão te ensinar tudo que deve saber para trazer paz ao nosso lar.

A garota relaxou assim que ele a soltou. Respirou fundo algumas vezes para recuperar o ar que havia perdido no momento em que Bernardo a tocou. Sentia como se ele fosse muito mais quente que ela, mas não podia dizer se era realmente ou se foi só nervosismo do momento. Por fim, ela virou-se novamente e encarou seus olhos. Bernardo tinha o olhar fixo nela, quase nem piscava, e demonstrava sinceridade. Mas, se tudo que ele havia dito fosse verdade, iria doer demais. Ela estava acostumada a ser sozinha e agora descobre que tinha uma família? E que essa família a deixou sozinha por anos? Não sabia o que poderia ser pior.

– Digamos que essa sua história seja verdade. – agora, até sua voz estava mais forte, ela não conseguia processar tudo. – Por que não vieram me trazer? Por que não ficaram comigo? Por que mandaram você?

– Somente seres imortais conseguem fazer a travessia entre mundos. Não era possível que seus pais trouxessem você. – ela bufou, não dando importância a isso. Ela cresceu com o pensamento de que a abandonaram, seria difícil mudar essa visão. Ele pareceu se irritar e disse em tom rude: – Eles sofreram, Aurora. Aliás, todo mundo sofreu. Não seja tola de pensar que somente você conhece a dor ou que somente você perdeu algo importante. – aquilo a fez se calar e refletir. Uma pequena dose de esperança a invadiu, sem que ela realmente desejasse isso.

– Sinto muito se você e seu povo sofreram. Mas pelo menos vocês tinham um ao outro. Eu sempre estive sozinha. É difícil acreditar em um estranho que, depois de dezoito anos, me diz que meus pais se importavam e que só estavam querendo me proteger. Não é algo que eu vá acreditar da noite para o dia. Sinto muito, Bernardo.

– Você já está esgotando minha paciência com isso. Precisamos ir, Aurora. E eu vim amigavelmente. Você não vai querer conhecer o outro modo que posso usar.

– Vir aqui foi um erro. Eu estou indo embora e não quero que você me siga. Toda essa história é bobagem. E eu não tenho medo de você.

– Pois deveria ter. – Bernardo lançou um olhar sombrio a Aurora e ela pôde ver o desespero dele. – Escuta, Aurora, me desculpe. Não queria que essa conversa se tornasse hostil. Só não consigo entender porque você não segura o fio de esperança que estou jogando pra você. É como se você estivesse caindo em um precipício e eu estivesse querendo te salvar, mas você simplesmente não aceita!

Bernardo parecia não entender a visão de Aurora. Para a garota era algo simples, mas na visão dele era como se ela estivesse jogando fora uma oportunidade. Os dois eram muito diferentes um do outro e Aurora não podia pensar em como poderiam se unir, pelo menos no período dessa tal viagem. Estava perdida em pensamentos, mais uma vez, quando ouviu a voz de Bernardo:

– E a flor? Já que se acha tão inteligente, me dê uma explicação aceitável sobre como aquela rosa foi parar em suas mãos. – Aurora abriu a boca para responder, mas foi novamente interrompida: – E não venha me dizer que ela já estava lá porque não estava. Rosas azuis não são encontradas facilmente aqui e tampouco são naturais, como as de Íria.

– Íria?

– É o nome do nosso reino. Mas vamos lá. Quero ouvir sua explicação. – ele disse com uma voz de vencedor. Mas ela não tinha uma explicação para isso, por mais que tivesse pensado um milhão de vezes.

– O que você quer que eu diga? Que você venceu? Eu não sei como aquela flor foi parar no meu quarto, inclusive não sei como vocês vieram parar na minha vida. – ela falou enquanto seu tom de voz ia aumentando gradativamente, até que ela pausou sua fala, pensando mais uma vez na situação em que se encontrava e tendo a certeza de que iria se arrepender do que estava prestes a dizer: – Mas tudo bem, Bernardo. Eu vou dar uma chance pra você “me salvar”. Vamos para Íria.

– Finalmente. – ele suspirou, parecendo cansado.

– Quanta educação... – ela murmurou, mas o seguiu, enquanto pensava se essa era realmente a coisa certa a se fazer.


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Notas finais do capítulo

E aíí, o que acharam?!
Estava ansiosa pra postar esse capítulo, que já mostra um pouco sobre como vai ser a relação de Bernardo com Aurora.

Espero que tenham gostado! Até quarta-feira!