"O uivo do lobo pode ser ouvido a 10km's de distancia. Então, abre os ouvidos"

– Então, lembrem-se de estar aqui as 7 da manha – avisou o professor. – Não tolero atrasos! Podem sair!

Suspirei e levantei-me.

Sai da sala e dirigi-me ao meu cacifo no corredor. Amanha, começava o acampamento.

Bem, talvez seja melhor eu explicar.

O meu nome é Zoey, sou órfã desde que nasci. Vivo no orfanato da cidade e daqui a uma semana serei obrigada a sair de lá pois completo 18 anos. Sinceramente, ainda não sei o que vou fazer!

Estou no último ano da escola e, durante duas semanas, irei fazer um acampamento numa das maiores reservas naturais. O objectivo é estudar a vida animal.

O professor de biologia achou engraçado fazer isso. Então, cada aluno tem de escolher um animal e estudá-lo durante estas duas semanas. Ao contrário dos meus colegas, que escolheram pássaros, coelhos e outros pequenos animais, eu escolhi estudar os lobos.

A reserva natural de WolfCountry tem a maior população de lobos que eu alguma vez ouvi falar. E, sendo que este é o meu animal preferido, não vejo porque não observá-los no seu habitat natural.

Sei que é perigoso, afinal eles são carnívoros e eu sou a presa ideal – pequena e fácil de matar. Mas eu também sei tudo sobre esses animais e os seus comportamentos. Desde que siga as normas de segurança, acho que não haverá problema.

– Hey, aberração – alguém gritou atrás de mim, tirando-me dos meus pensamentos. Olhei e vi Stacy. Loira, alta, popular e, claro, uma completa idiota. – Ouvi dizer que vais estudar os lobinhos – assenti. – Nem te atrevas a atiçar um lobo contra mim! – Ameaçou.

Fechei a porta do cacifo, depois de retirar o meu caderno.

– Não te preocupes, Stacy – disse. – Nenhum lobo conseguiria comer-te!

E sai, antes que ela entendesse o que eu queria dizer.

Stacy era tudo o que eu não era. Bonita, sexy e popular. Andava sempre rodeada de pessoas, e eu nem um amigo tinha na escola. Bom, eu tinha Gwen. Uma das garotas do orfanato a quem eu ajudava com a escola. Era mais nova do que eu três anos, mas eu adorava-a.

O caminho até casa foi rápido e quando cheguei fui recebida pela diretora.

– Boa tarde, Mrs.Darcy – cumpriementei-a. Mrs.Darcy era uma mulher de 50 anos com incríveis olhos verdes. Era o que eu tinha mais perto de mãe.

– Boa tarde, querida – desejou. – Daqui a meia hora, o jantar fica pronto. Vai tomar um banho.

– Sim, senhora – disse e fui para o meu dormitório.

Havia 4 dormitórios, dois para raparigas e dois para rapazes.

Quando entrei fui bombardeada com perguntas de Gwen.

– A que horas vais? Como vais? Não tens medo? Será que vais ver algum? Achas que podes trazer uma lembrança? – Perguntou.

– Hey, calma, coelhinha – pedi chamando-a pela alcunha. Quando Gwen tinha seis anos, os seus dentes da frente eram enormes então a alcunha ficou. – Vou amanha de manha e, não, não tenho medo. Sim, espero ver algum – sorri. – E o que queres de lembrança?

Ela abriu um sorriso, ficando com duas covinhas nas bochechas.

– Uma fotografia de um lobo – pediu.

– Vou tentar. Prometo – assegurei.

***

No dia seguinte, fui a primeira a chegar á escola. Esta realmente entusiasmada por ver um lobo ao vivo, embora fosse bastante difícil isso acontecer. Lobos são conhecidos por conseguirem passar despercebidos.

A viagem foi longa e demorada, ou talvez apenas parecesse assim visto que eu não tinha companhia. Já estava habituada a que isso acontecesse. Desde que nasci eu estava sozinha, nem os meus pais me quiseram. Se eles, que eram programados geneticamente para me amarem, me quiseram como é que eu posso esperar que outras pessoas o façam?

Coloquei os fones e tentei dormir. Ao fim de algumas horas consegui.

Acordei com o barulho á minha volta. Ainda de olhos fechados, senti uma mala cair em cima de mim. Abri os olhos a tempo de ver um dos alunos sair sem pedir desculpa. Revirei os olhos.

Olhei pela janela. Tínhamos chegado.

Há minha frente, havia um portão enorme, feito de ferro, que estava aberto. Uma mulher vestida de guarda florestar acenava. Saímos da camioneta e caminhamos até ela.

– Bom dia a todos – desejou. – Espero que tenham feito boa viagem! – Alguns alunos acenaram. – Sejam bem-vindos á reserva natural de WolfCountry, a maior reserva do mundo – informou ela. – Recebeu este nome devido ao número elevado de lobos que aqui habitam – disse e eu sorri. – Peço a todos que tentem fazer o menor impacto na natureza possível, desde não deitarem lixo para o chão até ao barulho que fazem. Alguns animais são bastante sensíveis a isso – afirmou. – Bem, vamos nos divertir? Vocês ficaram acampados numa das clareiras disponíveis para isso. Por aqui – pediu.

Seguimos a guarda até o interior do mato. Ela levou-nos por trilhos já designados e aconselhou-nos a não sai deles, caso contrário poderiamo-nos perder ou pior.

Quando chegamos á clareira, formamos grupos de 2 alunos por tenda e começamos a montá-las. Eu fiquei com Thalia, uma das nerd’s da turma. Acho que as esquisitas se juntaram!

Quando acabamos de arrumar as coisas, já era tarde. Fizemos o jantar e, depois de algumas horas sentados á volta da fogueira, fomos dormir.

A fogueira ficou acesa para manter os lobos e os ursos longe de nós. Antes de adormecer, ouvi um uivo ao longe e sorri.

Amanha! Amanha eu começaria á vossa procura!