My Dead escrita por Dy4m0nd


Capítulo 1
Capítulo 1 - Toda minha morte em um minuto.


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic é bem depressiva. Creio que muita gente já pensou e/ou tentou se suicidar, e quero que saibam que SEMPRE você vai achar alguém que te ame, dê um descanso a seus pulsos, descubra o mundo e nunca mais vai querer se machucar novamente.



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Acordei logo cedo já pensando em como seria meu dia, obviamente, eu tinha uma única resposta, ele seria péssimo! Mas hoje seria diferente, ah seria.

Sempre as mesmas coisas, banho, se arrumar, café e escola, volto, fico em casa, janto, fico mais tempo sem fazer nada e durmo. Ah, eu não contei às horas que fico me machucando não é mesmo?

Meu nome é Sookie Snortimann, mas meus amigos me chamam somente de Soh. Não espera, eu não tenho amigos. Tenho olhos azuis, e como minha amiga dizia "Tão azuis que se olhar profundamente consegue quase se sentir em um mar cristalino" Então, vamos lá, você deve ser como todos me chamem de idiota, gorda, feia, ridícula, burra, peixe-boi... Vamos! Você é como todos! Não sinta pena, vem pra cima, vem com tudo, pode falar mal à vontade, isso não pode piorar muita coisa. Muitas pessoas já fizeram muitas e muitas vezes isso. Por que me machucam? Eu nunca fiz nada para eles, eu nunca fui malvada, eu só fiquei no meu canto sozinha, eu não queria sofrer e não fui atrapalhar eles com a suas vidas. Porque fizeram isso comigo?

Desci as escadas lentamente encarando meus pés e fui até a cozinha onde eu sabia que estaria minha mãe fazendo a merda do chá dela para tomá-lo e ir para a droga de seu trabalho, já que ela não se importava com nada, além disso.

— Mãezinha, posso faltar à escola hoje?— Disse com voz de cachorro abandonado— Por favorzinho?— Por fim disse escondendo meus braços atrás de minhas costas. —

— Pode— Ela disse e logo fiquei radiante— Faça o que quiser— Disse ela por fim.

Eu sabia que ela não se importava onde eu estava, com quem, ou quando, mas mesmo assim eu tinha que pedir a permissão dela para faltar, e como ela não importava, eu faltava quando bem queria.

Subi as escadas a passos largos subindo dois degraus por vez, até chegar a meu quarto e ir trocar de roupa. Abri meu armário e fiquei encarando ele durante um tempo até escolher realmente uma roupa: Um vestido leve e bonito que ia um pouco acima de meus joelhos, ele era soltinho e lindo, o que fazia que quando eu o rodasse junto comigo— Mostrando tudo o que havia embaixo dele— Eu não o usei depois de meus quinze anos, que foi quando... Quando começaram a acontecer coisas comigo, e eu comecei me machucar, muito. E esse vestido não tinha mangas ou era longo o suficiente para tampar as cicatrizes e cascas de cortes que havia. Mas, o que eu estaria perdendo? Tudo o que eu queria era mandar todos irem se ferrar.

Perto de minha casa havia uma praia, bem, era meio que a "Parte de trás" da praia, era um muro de terra e nesse muro de terra tinha uma rua, e logo depois da rua havia o rio lá em baixo. Decidi que era para lá que eu iria depois do que faria agora.

Peguei meu celular e liguei para Lucas Rydemeier, o único menino que falava comigo, a única pessoa que doeria para eu deixar para trás, e a única pessoa que eu amava além do que ele acreditava. Então esperei. Tocaram uma, duas, três e quatro vezes antes de chegar à caixa postal e finalmente deixei uma mensagem.

"Lucas? E-E-Eu estou indo embora, para muito longe, e nunca mais vou voltar, nunca. Eu queria dizer que eu te amo te amo de verdade, como nunca amei ninguém.— Comecei a chorar— Eu... Eu amo você mais do que você pensa, e eu queria que soubesse disso antes de eu partir, e vai doer muito em mim. Não responda isso, não tente localizar meu celular, não venha atrás de mim. Adeus."

E então desliguei aos prantos. Estava pensando que ele conseguiria localizar meu celular pelo dele, então eu tinha que ser rápida, mas antes, eu tinha que escrever pela ultima vez, em meu diário.

Peguei meu diário na estante de livros ao lado da escrivaninha com o computador, tirei o livro "A Culpa é das Estrelas" e "A Escolha" que estavam em pé em uma fileira de livros, e atrás deles, lá estava, um livrinho preto empoeirado que estava quase uma cinza de tanta poeira, acho que fazia uns dois anos que estava guardado. Peguei-o e abri li a ultima página, eu tinha 14 anos - Agora tenho 16 -, e tinha começado a me machucar por que as pessoas começaram a me machucar antes de eu resolver tirar minha raiva em mim mesma. Dizia em uma caligrafia suave e até bonita:

"No começo do ano tudo começou, eram xingamentos simples apenas, coisas como Idiota, burra, sem noção, entre outros, até ai tudo bem, mas então piorou.Asian Matsu, ela era a garota, a popular, a menina que começou tudo isso. Ontem eu achei um daqueles ferros que usam no apontador, estava no meu estojo, e eu o peguei e raspei de leve em meu pulso, eu não vi diferença, passei novamente mais profundo, uma lagrima caiu de meu rosto seguido de um sorriso. Eu sabia que era daquilo que eu precisava para tirar toda a agonia, e tentar libertar meu coração que gritava seguido da minha mente que pedia socorro, querendo esquecer tudo o que lembrava sobre o que acontecia em minha escola, eu descobri meu remédio.”

Eu li e olhei para o teto, tentando não chorar. “Não chore, idiota.” Pensei em voz alta, “Não seja fraca, tudo vai acabar, você vai morrer e parar de ser um problema” pensei novamente em voz alta, lembrando de todos os xingamentos. “Idiota, pare de chorar” disse já sentindo as lagrimas descerem uma após a outra, eu tapei minha boca, com uma mão e a outra por cima. “Shiiiu” pensei, agora em minha mente “Acabou para você,tudo vai acabar hoje mesmo.” Tomei coragem e fechei meus olhos, pensei no rosto de Lucas, com aqueles cabelos negros com a franja que escorria pelo seu olho, o gorro preto que fazia-o ser ainda mais belo, e seus olhos que pareciam tão negros quanto o gorro, se olhasse profundamente, se perderia na escuridão. Eu ficava feliz com ele, até ele ir embora, para New York, eu chorei tanto. Tudo o que eu queria era tê-lo novamente. “Eu te amo, Lucas.” Disse em minha mente. Até meu pensamento mudar para a face de Asian dizendo “Vadia, volta pra casa, morra, seu lugar não é nesse mundo, nem o próprio Deus lhe ama.”

– Ahhhhhhhh! – Gritei para mim mesma – Não se preocupe Asian, morrerei assim como desejas. - Senti meus olhos se encherem de ódio-

Eu não podia escrever em meu diário, tinha que ser agora.

A raiva tomou conta de meu corpo e eu resolvi que era realmente o que eu queria. Coloquei o salto que eu tanto gostava e desci as escadas, passei pelo quarto do meu irmão mais velho Cristopher Snortimann, ele estava deitado em sua cama, com a televisão e o computador ligado, a luz desligada, mexendo no celular e ouvindo musica. Ele usava uma calça preta, uma blusa da banda Nirvana, e a luz do celular mirava diretamente para seus olhos azuis, tão azuis quanto o mar cristalino – Assim como os meus -, ele era lindo, qualquer uma que namorasse – Conseguisse – seria sortuda. Bati na porta que estava aberta, ele tirou um fone e olhou para mim

– Oi, Sookie. – Disse meu irmão abrindo um sorriso branco com dentes perfeitos – Vai onde?

– Oi, Cris, vou dar uma saída. Eu te amo, irmão. – Eu precisava falar com ele, nesta vida, ele foi o único que nunca falou que sou gorda, até minha mãe já disse – Obrigado por tudo.

– O que aconteceu? Sookie está tudo bem? – Ele me olhou com uma cara preocupada.

– Nada, eu só queria dizer isso. – Disse abrindo um sorriso.

– Também te amo irmã – Disse ele com um sorriso nos lábios, ele era uma das únicas pessoas que eu me importava. – Volte logo, quero mostrar uma coisa.

– Mostre agora – Fui ao lado dele – Eu não creio que vou voltar cedo.

– Okay – Ele mostrou o celular para mim com a foto de uma menina, linda, tinha olhos azuis e cabelos loiros, era branquinha e sua boca era vermelha – Esta menina é minha nova namorada, somos amigos há dois anos, a pedi em namoro ontem e ela aceitou. – Ele abriu um sorriso ainda maior.

– Parabéns! Estou muito feliz por você, seja feliz irmão, tenha uma vida boa, essa menina parece muito bonita e legal. – Sorri e olhei para ele, ele me olhou também – Certeza que ela lhe fará feliz?

– Sim! – Disse ele animado.

– Então siga em frente!

Sorrimos um para o outro, eu estava segurando o choro, era a ultima vez que eu veria meu irmão. Eu precisava fazer aquilo, sem mais.

Eu desci a escada animada por saber que ele estava feliz. Vi minha mãe na cozinha, eu esperava ouvir um “Aonde vai assim sua gorda sem noção?”, mas ela não me notou, eu sai normalmente. Peguei as chaves do carro e fui. Tudo o que conseguia pensar no caminho era “Esta quase acabando” “Vamos Sookie, está na hora, poupe os outros de sua inútil vida aqui.” e quando voltei à realidade estava em uma alta velocidade, mas eu não ligava, afinal, não havia ninguém mais na estrada e eu iria morrer logo mesmo. Cheguei lá e parei o carro bruscamente, era época de neve e o carro deslizou e foi parar quase dentro do rio. Eu abaixei a cabeça e a encostei no volante, fechei os olhos e senti lagrimas caírem.

– Esta na hora, Sookie. Vamos, não pare agora, esta quase acabando.

Era um costume muito ruim meu, falar comigo mesma. Ridículo, eu sei, mas eu sou ridícula.

Sai do carro com o rosto cheio de lagrimas, limpei as lagrimas e me aproximei o suficiente da borda, o lugar onde eu pularia daqui alguns minutos e morreria assim como todos desejavam. “Morra,vadia.” Eu lembrava de Asian dizendo, mas não era aquilo que eu queria ouvir antes de minha morte dolorosa e cruel. Mudei meus pensamentos para Lucas dizendo “Você é a pessoa mais importante em minha vida, Soh.” E com os olhos fechados eu sorri. Abri os olhos, tirei meu salto e olhei meus pulsos com cicatrizes.

“Acabou para você, Sookie.” Pensei em voz alta.

E pela ultima vez eu sorri, um sorriso de verdade, o sorriso que por tanto, tanto tempo não aparecia, só quando queria transferir simpatia ou quando era obrigada. Então desta vez, eu sorri por um motivo MEU.

Virei de costas para não dar de cara com a morte, fui até a borda do muro, meus pés estavam metade fora e metade dentro. Fechei os olhos, estava pronta para pular.

– Sookie! Não...

Eu não fazia ideia de quem era, a voz não parecia de Lucas, meu irmão ou minha mãe, então quem era? Uns cinco segundos após ouvir eu soltei meu corpo e o deixei cair. Durante a queda era como se tudo fosse em câmera lenta para mim. Eu queria morrer feliz, lembrando de algo que me fazia feliz, então lembrei de mim aos 13 anos, antes de tudo começar, eu tirei uma foto minha com Lucas, meu irmão e minhas amigas Leylla e Sarah, lembrei desta foto que estava guardada. Ouvi um “Eu te amo” sussurrar em minha cabeça com a voz de Lucas, depois de meu irmão, e então de minhas amigas que se mudaram para o Chile(Uma delas havia morrido). E minhas ultimas palavras foram por fim.

– Também amo vocês.

E tudo acabou, mais rápido do que pensei, espero ter agradado a quem desejou isso á mim. Foi lenta para mim enquanto eu caia, até ir para a água, me debater por segundos – Talvez dez segundos -, perder minhas forças, cansar e finalmente lembrar que era isso de que eu e todos queríamos. Eu deixei meus pulmões se encherem de água, eu comecei a ver imagens, reflexos, vi Lucas e eu nos beijando em um beijo intenso, era a melhor sensação da minha vida, quando eu tinha 13 anos, quando meu irmão me olhou nos olhos quando nosso pai morreu e disse "Tudo vai ficar bem, eu te prometo Soh, tudo vai ficar bem, eu vou cuidar de você e da mamãe, eu prometo..." Ele me abraçou, por mais que eu fosse mais velha que ele, ele sempre cuidou de mim. Ele era o motivo feliz da minha vida. Eu então vi a mamãe gritando comigo após a morte do papai "Sua gorda, vocês dois parecem bem feliz sem ele hein? Aposto que estão!" e como isso se repetiu, e meu irmão me abraçava e dizia "Estamos juntos, vai ficar tudo bem...". Eu vi minhas amigas sorrindo no dia que voltei do hospital após pegar uma doença grave, elas correram até a mim e me abraçara, sorrindo e dizendo "Que saudades! Tenho tanta coisa para contar! Espero que esteja bem porque não aguento mais um dia sem você!" elas encheram minhas bochechas de beijos, mas tudo acabou, elas foram embora, Leylla foi para o Chile após a morte da sua irmã gêmea Sarah no acidente de carro junto com sua mãe, a garota saiu de sí e se recusou a minha ajuda. Eu e Lucas nos separamos e meu mundo acabou, afinal oque me mantinha em pé diante tanto Bullying eram elas e o Lucas. No fim veio a sessão de fotos que eu tinha feito com eles, Lucas Leylla e Sarah, em uma delas Leylla e Sarah estavam fazendo caretas e eu beijava o Lucas, eu amava aquela foto... Assim eu me despedi da vida humana. E eu estava pronta para morrer já fazia bastante tempo, minha alma já estava morta, e eu só notei isso quando eu morri por inteiro, e tudo o que restava era meu corpo, minha alma morta continuava em meu corpo por obrigação. Mas tudo acabou. E agora, meus olhos foram se fechando aos poucos e meu corpo indo para o fundo do mar, eu esperei muito aquele momento.

Então fiquei inconsciente, e finalmente morri.


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Notas finais do capítulo

Espero emociona-los. Kisses.



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