18° Desafio Sherlolly escrita por Anna Hiddleston


Capítulo 1
Italiano.


Notas iniciais do capítulo

Me empolguei.
Aceito comentários, elogios, opiniões e argumentos, mas não xingamentos ;)
Espero que gostem!
Boa leitura!
AH



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-Molly?!

Ele correu pelos imensos corredores, tinha a sensação de que nunca acabava, e que seus passos eram minúsculos.

-MOLLY!

Ele olhou para seus pés, e notou que o chão era areia movediça, o levando para o porão, junto com os ratos. Seu pai sempre disse que havia fantasma.

Ele precisava achar Molly. Ela era sua segurança.

Ele agarrou o chão bem encerado que o puxava com toda força, e ouviu uma voz lhe chamando, bem distante.

-Sherlock?! Sherlock!

A areia parou de puxar, e ele correu para a voz de Molly, abrindo todas as portas, ouvindo o alto tagarelar, e a voz grossa e alta que o deixava desesperado. "Sherlock!", parecia seu professor de italiano.

O desespero o tomou quando lembrou de sua régua que insistia em bater-lhe na mão quando ele cometia algum erro.

Sentiu as lágrimas escorrerem por suas bochechas, e o chão se tornou difícil de pisar novamente.

-MOLLY! - Ele gritou, em prantos.

Ele precisava estar seguro, ele precisava achá-la.

Uma porta se abriu, e ele se lançou nos braços de Molly, agarrando sua cintura, notando agora que deveria estar agindo como uma criança, já que tinha a estatura de uma. E em um estalo de dedos ele cresceu e enterrou o rosto em seus cabelos, enquanto sentia os dedos finos de Molly acariciarem seu cabelo.

-Está tudo bem Sherlock, tudo bem... - Ela acariciou seu cabelo cacheado, beijando suas lágrimas, um pouco assustada.

Era a segunda vez em pouco tempo que acontecia, na primeira vez ele só estava em seu palácio mental e se jogou em cima dela com dificuldades para respirar. E agora eles estavam dormindo e Sherlock começou a se debater, gritar seu nome e a chorar!

Ela não tinha nenhum tipo de problema com homens chorando, quando Sherlock falsificou sua morte ela perdeu as contas de quantas vezes foi um ombro amigo para John, mesmo que ela acabasse chorando também.

Mas Sherlock Holmes chorando era uma coisa totalmente diferente e desesperadora.

-Amor, amor. - Ela afagou suas costas. - Está tudo bem.

Ele apertou mais sua cintura e ela puxou sua cabeça para deitar em sua caixa torácica. Sherlock sempre disse que quando ele ficava nessa posição, ouvindo seu coração, com os dedos dela afagando seus cabelos, ele sempre se acalmava.

Ela não sentiria suas pernas em bem pouco tempo, mas isso pouco importava.

Ele se acalmou, e ela sentiu uma leve sonolência. Algum tempo depois os dois estavam dormindo silenciosamente.

Na manhã seguinte Sherlock não quis falar sobre o acontecido, e Molly entendeu, mas pretendia deixar as coisas se acalmarem para poder falar algo.

Eles foram para o mercado juntos pela primeira vez, de mãos dadas.

Era um dia de verão e Sherlock estava sem seu sobretudo e sem seu cachecol. A mão de Sherlock estava soando, então Molly decidiu apenas envolver seus braços.

Ele parecia nervoso.

Ela pegou um carrinho grande, e olhou a lista.

-Tudo bem, vamos pegar os sucos primeiro. - Ela anunciou, e ele assentiu. O suor escorria de sua testa e Molly franziu o cenho, mas achou melhor não falar nada, ele estava ligeiramente muito quieto. - Espere aqui, eu vou pegar o chá já que é aqui do lado, okay?

Molly não esperou sua resposta, Sherlock estava muito concentrado analisando um leite de soja, se virou para comentar algo com Molly, um meio sorriso em seu rosto, mas ela já não estava lá.

De repente, ele estava em seu sonho novamente.

O carrinho estava parado ao seu lado, Molly em nenhum lugar por perto.

As pessoas sem rosto passando em volta, a voz grossa anunciando as promoções, a mesma voz de seu professor de italiano com aquela régua que insistia em bater-lhe a mão quando ele cometia algum erro.

O chão era muito limpo, muito escorregadio, muito brilhoso. Seus pés não se moviam e sua respiração estava presa na garganta.

Ele queria procurar por Molly, gritar seu nome desesperadamente, mas ele não poderia achar sua voz.

Sentia seu coração batendo rápido em seus ouvidos, o suor frio descendo por sua testa. As palavras e as vozes confusas demais para que ele pudesse se concentrar.

Ele continuou procurando por Molly.

-Sherlock eu não achei... - Ele se virou na direção da voz, correndo para abraçá-la, sentindo seus ossos tremerem. - Sherlock? Sherlock...

Sua voz melodiosa começou a acalmar seus batimentos frenéticos, e ele sentiu ela pegar sua mão.

-Vem, vamos no banheiro.

Ele mal podia ver o caminho, mas ele sentiu o cheiro quando chegou no banheiro feminino. A moça tinha acabado de limpar.

Molly trancou a porta e colocou a plaquinha de 'fechado para limpeza', pegou algumas toalhas de papel e secou o suor de sua testa.

Abriu uma torneira e molhou sua mão, passando pelo rosto de Sherlock, em seus olhos, seu pescoço. Colocando seus cabelos grudados para trás.

Sherlock sentiu sua respiração se estabilizar, ele queria dizer algo.

Um comentário sarcástico, um agradecimento, uma retirada, uma condolência, mas sua voz não estava em qualquer lugar.

Ela o secou e se sentou no chão, perto dos espelhos, e o puxou para se sentar.

Deitou sua cabeça em sua caixa torácica e acariciou seus cabelos, ele ouvindo seu coração, e ela ouvindo sua respiração.

Sua voz voltou em um momento oportuno, e ele decidiu que devia uma explicação.

-Quando eu tinha cinco anos eu me perdi no mercado. - Molly beijou sua testa, um pouco mais aliviada que agora ele estava falando. - E quando eu tinha doze, eu tive um professor de italiano que tem a mesma voz desse maldito locutor. Ele me batia com uma régua.

Molly continuou quieta, só acariciando seus cabelos.

-E quando Mycroft me fez entrar em um acampamento de férias para escoteiros eu fiquei preso na areia movediça.

-E tudo isso se misturou em um só pesadelo. - Ela assentiu em entendimento e beijou seus cabelos. - Está tudo bem Sherlock, você está comigo, você está seguro.

-Não me solte quando voltarmos para lá, por favor. - Ele pediu, odiando o tom de súplica em sua voz.

-Não, eu não vou te soltar. - Ela apertou em seu braço, quase provando-o disso. - E quando você tiver medo de mais alguma coisa Sherlock, me conte.

Eles se levantaram e ela apertou sua mão.

-Quer ir para casa? Nós pedimos pelo...

-Não. Está tudo bem. - Ele respirou fundo. -Eu confio em você.

O rosto de Molly se iluminou e ela abriu a porta, segurando a sua mão firmemente.

-Eu também confio em você, Sherlock. - E então quando ela pegou um carrinho e chegou no setor de massas ela largou a mão dele, e o observou enquanto ele lia o valor calórico de um macarrão vegetal.

Quando ele se deu conta que não havia mais o aconchego das mãos de Molly, se desesperou um pouco, mas logo se acalmou quando a viu perto do carrinho, o avaliando.

Respirou fundo, e agarrou o carrinho de compras, mas Molly logo o puxou para um beijo.

Não só naquele dia, mas em muitos outros, Molly foi o testando, chegando um pouco mais longe, se escondendo atrás de uma pilastra, mas sempre deixando-o confiar que ela voltaria.

Até um dia que Sherlock foi fazer compras sozinho.

E assim ficou provado para o detetive consultor e para a patologista insegura, com confiança e amor, tudo se conquista.


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Notas finais do capítulo

Então... Por que Sherlock não vai ao mercado? Tá aí a explicação.
Um pouco dramático? Não sei, achei balanceado!
Espero que comentem (e me deem cookies :D )
Atééé
AH



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