Naïve escrita por Charlie


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Saudações.
Começo já agradecendo aqueles que acompanham, favoritam e comentam a fanfic. Vocês não sabem o quão importante são para mim, com todos os comentário e coisas do tipo. Obrigada, mesmo, vocês são a razão para eu continuar escrevendo.
Perdão a demora, ultimo bimestre na escola é fora do normal. Mas essa semana vou estar tendo um tempo favorável para dar continuidade nos capítulos.
Esse junto de pouquíssimos outros serão os únicos que vocês poderão saber como Santana se sente de verdade em relação a isso tudo. Tenho um prazer fora do comum em escrever no ponto de vista dela, mas eu entregaria a fic muito fácil se uma vez só a utilizasse. Todavia, estou feliz pra caramba com o resultado dessa fanfic. Prometo não deixá-los para baixo.
Qualquer dúvida, já sabem o que fazer.
Até breve, Xo.



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Santana's POV

Deus, eu estava nervosa. A palma de minhas mãos úmidas, as pernas balançavam com vida própria. No inconsciente, um calafrio fez meu corpo sentir ruim, desajustado. Com melhor posição, não recordo momentos quais ela não fez de mim um amontoado de nervosos isquiáticos. Quinn era simplesmente Quinn, e se uma vez não fosse tão ela, nós não seríamos tão nós. Mesmo com todos os problemas mofados numa adolescência consideravelmente distante, mesmo com as neuras que, unidas, apontavam o alváro ou alvo Quinn, causa justa, como preferir. A falar no conotativo ou denotativo, sem importâncias.
Em adrenalina, firmava meus fajutos pés para que não escapassem do corpo magricela quando tínhamos de forjar a verdade para nossos pais após uma escapada pós jogos. Eu rezava para não arder no inferno, não que existisse um, não que já vivêssemos num, antes de Quinn aparecer com uma desculpa desinibida num sorrir descrente. Terça-feira quando começamos o colegial e todos os garotos se jogaram em cima dela, fazendo-a ser ameaçadora ou ingênua demais. Doce de olhos esmeraldas e sorriso convertedor, quase tão açucarada que o algodão doce dificilmente derretia em sua boca. Dois, três milhões de vezes me fazendo a mais preocupada quando nos treinos do time a arremessávamos para cima, porque, honestamente, sua massa não era a adequada para estar no topo da pirâmide, todavia, na nossa bolha de líderes de torcida, estar no topo mais dizia a respeito a um símbolo do que uma situação lógica. O olhar atordoado, primeiro me disse estar namorando. Namorando mesmo sem ter uma figura importante masculina em sua vida, com frequência absurda, procurando pelas piores imagens quando o tópico chave era homens. Num universo enlouquecedor, disse estar grávida, me forçando a acreditar que não vinha ao caso o que acontecesse, a imensidão de sua mudança não só egoistamente física, mas espiritual, seria irreparável. Quinn mordia e eu sempre soube que tinha de morder de volta, o que resultava em mais uma de nossas incontáveis brigas. Ao fim do colegial, quando vinha a mim no corredor trazia junto um nervoso por razões qual nunca foi capaz de explicar.
Agora, eu parecia nervosa por prometermos ser tudo uma a outra. Sermos o melhor relacionamento que nunca tivemos com os melhores homens ou com os desejos mais sabidos que também nunca possuímos, sendo somente amigas ou amantes. Um tudo sem palavras ditas ou compartilhamento de pensamentos. Quinn era isso e aquilo. Sempre reservada demais ou misteriosa demais. Sempre homens, moleques e garotos rondavam seus pensares, quais, com frequência mais que assustadora, eram os tópicos de nossas conversas mais profundas. Cômico seria se uma vez dissessem que nos casaríamos.
– Só precisa dizer sim, Santana – Fútil seria não me lembrar.
Essa seria a justificativa para as noites mal dormidas, o arranhar das unhas contra o tecido do banco e a recusa de dirigir o próprio carro com destino a seu encontro, refém aos pensamentos que arrastaria o automóvel ponte abaixo da qual interligava as quase não distantes elites de Boston. Esse festival todo mesmo sabendo da existência da não necessidade de uma conversão radical, eu não precisaria de muito. A bela adormecida ansiava por um marido sabido, filhos loiros e um casamento perfeito. Mas, pois bem, pulemos para a não necessidade de uma mudança radical. Quinn buscava o incompleto, o superficial. Sexo e companheirismo. Não por, aos vinte e seis, ter uma ocupação profissional consagrada, morar em uma imensidão sozinha e ter o celular de sua ex melhor amiga registrado na discagem rápida. Só por simplesmente ser. Não o mais difícil de suplicar já que agora o fazíamos por mais de dois anos. Se enjoássemos uma do outra, hipoteticamente descobriríamos algo, e quando realmente cansarmos dessa revira volta, eu provavelmente seria quem apareceria com um esplendido levantamento de porquês Quinn me deixar tomando café sozinha numa confeitaria aos domingos de manhã não era uma das melhores ideias. Ou talvez, uma traição momentânea certamente do lado dela, reprisando a mesma história tediosa dos namoros do colegial. Não de minha parte simplesmente pelo fato de eu ter marcado presença em somente um relacionamento, com Brittany, que terminou em uma bola de fogo em Lesbos.
Era deprimente ver que simultaneamente as entrelinhas de minha não tão precisa vida se fechavam em torno de Quinn. Simplesmente ela, e o quesito de eu não estar ciente, por nos últimos quatros dias, se ela ainda vive, não contribuía para a degradação de minha nervosidade.
– Sabe, se resolver voltar atrás, Quinn levará no mínimo uns dez anos para subir no altar novamente. – Antes mesmo de falar, oscilou os olhos entre a estrada e eu para certificar-se que o ser afivelado no banco ao seu lado ainda possuía vida.
Sempre o mesmo ver acolhedor, confortante. Mercedes não se comparava a ninguém, nem media a ninguém. Uma vez, só bastou que a entregasse o coração que ela entregaria o dela.
– Quem disso algo a respeito de voltar atrás? – Meus olhos deixaram o enxergar das árvores de outono através da janela do carro para vê-la manusear o volante com precisão nas curvas e desvios. – Quando voltei atrás em alguma coisa?
– Só estou dizendo – O ver fixo no horizonte, levantou os ombros para expressar a ingenuidade.
Era dia, especificamente eu diria após o meio do dia. Não tinha exato conhecimento já que fui despertada as pressas por um celular desesperado. Ao buscar Mercedes próximo a avenida principal de onde ela costuma viver, recordo-me de ouvi-la resmungar palavras similares a você está vinte minutos atrasada, e se eu em verossímil estava vinte, agora era seis e alguns passados da tarde.
– Você e suas loiras – Brincou, infestando o carro com sua risada entupida.
– Quinn não é loira, só brinca ser uma na televisão – Se o nervosismo não estivesse presente, eu certamente não riria de minha própria piada chula. Mercedes calou, me calei também. O radio, murmurando, cantarolava alguma canção de recente estreia de Ron Pope. – Por que diz a respeito de Quinn não se casará novamente e tudo? Isso nem é uma relação de verdade – O oscilar dos olhos, eu deixava que o nada transparecesse através de minha voz. – Só está levando tudo à diante porque a pedi. Como se fosse um desafio, e ambas sabemos que Quinn nunca aprendeu como se desvencilhar de um. – A vi rolar os olhos, acompanhado de um bufar esbaforido.
– Sim, que seja, digamos ser verdade. – Segurou as palavras por um instante somente pela movimentação repentina no trânsito, havíamos entrado em West End. – Mesmo que ela esteja casando contigo por conta disso, você a conhece por quanto tempo? – Depois de palavras sem apostas, perguntou. Meus dedos marcaram meu lábio inferior, conheço Quinn desde a sétima série.
– Treze anos – Conhecíamo-nos quase metade de nossas vidas.
– Certo, diga-me então, quão bem ela se recompôs das coisas que passou? – Falou límpido, claro.
– Ainda não conheci alguém mais forte que ela.
– Ninguém está dizendo que ela não é forte. – Os olhos lá, depois cá. – Perguntei como você a diria lhe dar com as coisas pela qual enfrentou. – Um das mãos deixou o contato com o volante para pairar no ar onde ambas podíamos enxergar. À medida que dizia, um dedo abaixava como sinônimo de contagem. – Ainda carrega Beth dentro do peito por onde quer que vá; foi dura o suficiente para deixar Puck reconquistar um lugar em seu coração já que o mesmo se fez avaliável – Fez das ultima palavras as mais satíricas possível.- Ela recusou fazer as pazes com Russell mesmo ele estar praticamente implorando por uma nova aceitação nessa outra vida, e... – Recuperou o folego não pelo tiro de palavras, mas pelo assunto que viria a seguir- Vocês duas vêm, perdão o termo, se comendo pelos últimos dois anos com nada pregado ou concreto. Ela pode até ser forte, mas leva um tempo imenso para reparar-se. – Meu corpo reagiu da pior forma devido as palavras além de realistas de Mercedes. Era o que era, ponto. A quem mais queríamos enganar? Acredito que perdemos tempo demais tentando agradar a quem dizemos amar. Mas, e aí? E nós? Quem se prontifica a nos agradar?
– Você acha, sei lá, que talvez tenhamos algo além do sexo? – Quase apunhalei a mim própria, mas que diabos eu dizia?
– Vocês são duas idiotas, primeiro de tudo – Após me lançar um olhar desprezador. – Acha mesmo que pode simplesmente casar com sua melhor amiga e não ter sentimentos pela mesma?
– Estamos nos casando diante de uma aposta, benefícios cautelosamente calculados – Acrescentei.
– E a respeito dela? – Pareceu uma navalha em meu estômago, resposta de tiro pronto – Alguma vez parou e perguntou o que ela acha a respeito disso tudo? Como realmente se sente? – Não ansiou – Ou, não sei, já pararam e analisaram a seriedade da situação? – Eu, acanhada, apenas neguei sem palavras. – Pois bem, são idiotas ou ingênuas o bastante para acreditar nesse tipo de casamento. Deus, vocês foram melhores amigas antes de se tornarem o que são hoje. – A voz era calma, o ambiente tranquilo, mas as palavras ardiam na garganta. – Vocês têm vinte e seis, San, não dezesseis. Ingenuidade passa longe de ambas.
– Eu não a amo desse jeito – No incerto, ênfase no desse jeito.
– Não, não ama. – Surpreendeu, eu verdadeiramente esperava um discurso com duas horas de duração, argumentando que nosso amor está escondido dentro de dois corpos de almas frias, egoístas. Mas não - Talvez ela também não te ame desse jeito, você saberia se não tentasse o tempo todo estar entre as pernas dela– Busquei o cômico da situação, olhando-a frio. – Com todo mundo falando que não possuí um coração ai dentro de seu peito, você está passando a acreditar.
Quando as árvores se fizeram altas, amareladas e magricelas, nós já havíamos chegado. Era um conjunto de ruas não tão movimentadas apesar de comporem o reconhecido centro da cidade. Avenidas consideravelmente calmas, quase nenhuma movimentação para um sábado à tarde. A cidade já se fazia vertical ali, o crescimento. Construções grossas e extensas de prédios empresariais futurísticos mixados a estabelecimentos comerciais e contáveis estruturas destinadas à moradia da população, desunidas por espaços cinzas precários do verde pregado nos outros cantos da cidade. Lugar de gente bem falada e estômago cheio. Há vinte e quatro meses, Quinn se transferia para lá. Deixou para trás um apartamento de meia extensão, um vizinho rabugento e uma vida folgada de recém-formada devido ao caminhar lado a lado de uma graduação na primeira classe na universidade de New Haven e um caso não tão frio de homicídio sobre uns dos ASLS, brutalmente estrangulado pelo irmão da futura noiva quem recente descoberto, pela vítima, homem-cabeça de um estrupo contra uma menina de cinco, na zona norte da cidade destino. A arma? O tubo de uma caneta utilizada para o consumo de cocaína. Al, como sábio árabe empreendedor, ao ver os índices de sua associação despencar devido a perda de uns de seus advogados principais e pela descrença de seus serviços, fisgou a moça de olhos esmeralda, alma ingênua e inteligência fora do alcance e ,ao prosseguir dai, programou um gato de grande porte a cada portinha do ninho de seus ratos, os protegendo de certas anacondas bípedes. Hoje, Quinn é o que é não pelo bem falar de Yale, pelo jeito cativante ou por crescer debaixo de garras experientes, mas sim porque é uma Fabray. E arrancar-me-ia a língua se uma vez dissesse que eles faziam os demais reconhecer o sobrenome por simplesmente ser um clã inglês de beldades com atitudes para lá de certas. Al ofereceu o queijo, o rato não hesitou em mordê-lo.
– Ambas sabemos que se você quisesse mesmo descobrir se há algo além do sexo, já teria feito – Satirizou o termo usado por mim.
– Está sendo incoerente, Quinn é uma caixa de surpresa – E é mesmo, brincadeiras a parte
– E você Santana Lopez – Acrescentou, um sorriso bobo jogado nos lábios pintados por um batom quase incolor. – Dê um jeito, como sempre deu. – Examinou minha expressão por mais alguns segundos, depois voltou os olhos às ruas. O rádio cantarolou algumas outras palavras de outra música, fúteis ao ouvir de uma cabeça entregue aos pensamentos barulhentos. – Apenas...- Travou, aparentou formular a frase certa para determinada interpretação – Só não com a Brittany – Quando ela disse, meus planos já se faziam previsíveis ou eu pensava alto. – Partiria o coração dela.
– Talvez eu não queira descobrir – As palavras surpreenderam até a mim.
– Não, não quer. – Numa ironia ameaçadora. – Está com medo.
E estava. Se houvesse algo, essa incógnita não seria recíproca, não ainda.
Ao auge de uma avenida comprida e geralmente com alto fluxo, a fachada frontal de um dos prédios empresariais mais atiçadores de atenção não era a mais reluzente, nem a mais aclamadora. Sem folhas, arbustos juntos do meio cinza. Ao redor da passarela à entrada, uma grama podada com cuidado, grama pálida. A única via de acesso à luz solar nos quadrantes superiores ao colado ao chão, as paredes eram de um marrom escuro fosco bordadas por uma dupla de sacadas de extenso comprimento revestidas por um vidro não transparente a cada andar, imune a claridade excessiva. Abaixo da primeira, ao térreo, os escritos Building XXII estampava o canto esquerdo por letras imensamente prateadas. Reluzia nos pontos de estacionamento na área frontal do prédio de meia extensão uma lamborghini que tive certeza ainda nem estar no mercado, prateada, dois Flat 500x de coloração distintas e um porsche solitário, afastado dos demais.
Mercedes proferiu movimentos leves ao manusear o volante, embicando o veículo a calçada até que surgisse um paralelo entre eles. Meus músculos cessaram, ela sinalizou uma respiração forte.
– Quando quiser – Livre dos movimentos, virou sua silhueta presa ao cinto de segurança em minha direção.
Sem respostas, me senti covarde. Covarde por agora não apresentar reações. Ou covarde por ter tido o peito cheio de coragem para dizer a Quinn xingamentos tão chulos e precários de porquês há quatro manhãs que só serviram para comprovar o quão vazio meu interior podia ser.
– Não seja tão dura, San. – O doce confortante de sua voz sentou em minha língua enquanto estávamos ali, paradas até que eu tomasse a inciativa de bater de frente com o muro de concreto. Meus olhos caíram para o horizonte preso no vidro frontal do carro.
– Gostamos de nos dar espaços – Não como resposta de uma pergunta, eu simplesmente senti uma obrigação de justificativa apertar no canto do meu consciente. – Ficamos longe uma da outra por alguns dias quando dormimos juntas, como um ato automático – Oscilei o olhar entre a movimentação do deixar de pessoas engravatadas no prédio e a vista em minha frente antes de descansar os olhos em Mercedes. – Sem mensagens ou telefonemas.
– Quis dizer para não ser dura consigo – Explicou-se com olhos piedosos.
– Não tenho como saber se ela está irritada – Dei de ombros – Não tenho como saber se ela me espera com uma arma de fogo nas mãos.
– Você merecia uma – Os lábios formaram um sorriso bobo.
– Estou falando sério – Policiei – Estou desnorteada, não posso simplesmente pegar o celular e discar seu número
– O que? Por quê? – As sobrancelhas finas encolheram rígidas – Existe uma regra para isso?
– Significará que eu me importo – Cuspi.
– E você não se importa? – Atirou como obvio.
Ao assistir sua necessidade de se afastar de mim quando seu cérebro transcreveu a mensagem que alguém havia se referido a ela utilizando um dos xingamentos do mais baixo calão existente, eu me importei. Não por vê-la correr para um cômodo mais próximo servente de refúgio ou por implicitamente solicitar um tempo cuspindo o desespero, mas por ouvi-la chorar em silêncio quando me fiz próxima da porta do banheiro onde ela estava.
– Ela é tão frágil e delicada – Certifiquei-me de utilizar as palavras com o cuidado que elas já diziam – Me faz parecer o ogro
– Você a chamou de vadia – Suavizou
– Pensei que você estava apoiando a mim – Sem pensar. Fixamos o silêncio ao ambiente por alguns minutos, perdendo os olhos nas imagens que dançavam fora de sincronia através das janelas do carro – Gosto de ser chamada de vadia às vezes – Murmurei
– Porque você é uma – Entre o gargalhar – Vadia tem um significado vazio a você, passou o colegial inteiro sendo chamada assim.
– Se for dar início as lições estudantis de vida estou subindo – Meus dedos tocaram a trava da porta, ameacei sair. – Quis dizer sexualmente, não toda essa baboseira de colegial. – Expliquei. Ótimo ter a descontração sob o poder de meu corpo novamente. Ela gargalhou, involuntariamente arrastando meu riso junto ao dela.
– Eu a amo – Mercedes, depois de cessar – assim como amo você, apoio você assim como apoio a ela. – Como se devesse uma explicação forte – Jogo a favor do lado gay e do lesbianismo encubado de vocês – Quase no mesmo instante, a expressão séria degradou ao sorrir nos lábios novamente.
– Tudo bem, é o suficiente – Avisei, deixando o carro. – Não mate a você e Brittany a caminho da casa de Quinn, por favor – Ranzinzei curvando minhas costas para que os olhos a alcançassem dentro do veículo.
– Seja uma boa garota – Junto de um beijo arremessado no ar em minha direção.
Os dedos aplicaram força na alça grossa da bolsa preta carregada por eles quando meus stilettos primeiro proferiram som contra a madeira fina da passarela extensa, decorada nas laterais por pontos de luz ainda não acesos com a potência mais lúcida. Não consegui distinguir se meu coração batia mais alto que os stilettos ao meu caminhar direto a entrada do prédio assombrado. Era isso, então.


As portas do elevador se desgrudaram como duas folhas de papel, revelando um ambiente além de acolhedor no limite atrás delas.
Após uma conversa fática com uma das moças da recepção explicitamente entupida de nervosismo por ter sido escalada para prestar serviços em um sábado, arranquei a numeração dos andares quais os ASLS se enfurnavam, seus paraísos artificiais, da mente espaçosa da moça.
– Ela é sua melhor amiga e você nem mesmo saber qual andar ela trabalha? Fantástico – Cuspiu um sarcasmo mais frio que o café dentro da xícara sentada ao lado da mão esquerda atrás do balcão maciço.
Amigas não conversam sobre coisas como essa, pensei.
Os stilettos um pouco mais escuros que o branco de meu vestido conversaram sozinhos quando exerceram contato com o chão de uma pedra brilhante, ao trilhar o caminho a um quadrante de mesa escura ocupada por outra jovem de cabelos castanhos, colada a parede que refletia a frente das portas do elevador, já no vigésimo quarto piso. Afim de completar a imensa área, estofados de três a quatro lugares foram espalhados interligando as pontas das paredes equidistantes. O silêncio absoluto me fez desconfortável enquanto eu passeava até a mesa que parecia a quilômetros de distância.
Usei o pigarrear para fazer com que sua atenção presa a alguns papéis no campo abaixo de seu queixo sentasse em mim quando meus dedos desconfortáveis primeiro sentiram a temperatura baixa da madeira que batia centímetros abaixo do inicio de minhas coxas. Meu corpo sentiu o peso do ambiente quando separei meus lábios para falar palavras incertas. O ar era frio, a luz solar que usurpava os vidros que revestia as paredes não servia de nada além da fraca iluminação.
Agora seu pigarrear preencheu o ambiente, recompus-me e direcionei a ela atrás da mesa.
– Como posso ajuda-la? – No meio caminho do dizer, subiu os olhos a mim. Os seus eram de uma tonalidade escura, dizia da mesma coloração dos fios de cabelo firmes por um rabo de cavalo baixo. Congelou alguns segundos, tive certeza de vê-la me fitar na cara dura. – Tem horário marcado com uma das meninas? – Subconscientemente umedeceu os lábios enquanto ansiou por minha resposta. Uma das meninas? Caramba, a recepcionista zumbi me deu a numeração do andar errado. – Quinn ou Saddie? – Ela viu meu estado desnorteado. Resolveu tentar confortar com perguntas que não ajudavam tanto.
– Hm..sim, Quinn – Gaguejei, Quinn nunca havia mencionado uma companheira, não que mencionasse derivados. Meus olhos caíram para a plaquinha prateada colada do lado direito de seu terninho preto. – Quinn Fabray-Lo- Travei, hesitei em prosseguir.
– Possui algum horário? – Quase vi seus lábios torcerem num sorriso disfarçado ao presenciar minha insegurança.
– Não, na realidade – Concentrei meu tom de voz – Falei com você minutos atrás pelo telefone, Allison, certo?- Meu indicador mostrou a placa presa em seu peito. Quanta ignorância, Santana, essa seria a fala mais clichê de todos os clientes que chegam a ela. – Quinn solicitou minha presença há...cinco dias – Degradei ao enxergar a realidade. Antes do título de vadia, da conversa materna e do ultimo encontro, Quinn pediu para que eu viesse assinar os papéis que comprovariam minha vitória na aposta. – Meu nome é Santana...Santana-Fa- Céus, era cedo demais para a confusão – Santana Lopez – Às vezes contrario a mim mesma, mas pude ver lucidamente diante de meus olhos seu maxilar cair em surpresa.
– Oh, Deus – Escondeu os lábios com uma das mãos – Você é a esposa da Quinn!– Espera, sou? Então Quinn está falando ao vivo e em cores que tem uma esposa? O pensar me fez sorrir bobo. – Quando ela disse ter se casado com outra mulher eu...
– Esperava um moicano e tatuagens de estrela pelo pescoço? – A confortei com um sorriso. Soltou um riso em resposta.
– Sim? – Hesitou em responder, relaxou quando ri. – Deus, você é bonita – Bufou antes de estender o braço em minha direção. – Allison Frey – Exibiu dentes de coloração similar a blusa branca que vestia por baixo do tecido preto. Agarrei sua mão posta em minha frente, sem hesitar
– Santana Lopez – Entre sorrisos. O Fabray não pareceu tão positivo agora.
– É um imenso prazer conhece-la, Mrs. Lopez – Eu a diria flertar com a futura esposa de sua chefe. – Hm...Mrs. Fabray tem visitas agora, se importa de aguardar alguns minutos? – Falou bobo.
– Sem problemas – A presenteei com mais um sorriso antes de cortar o caminho em direção ao sofá de três assentos mais próximo dela. – Há quanto tempo trabalha para Quinn? – A simpatia da moça acalmava minha conversa, não vi mal algum trocar informações enquanto esperava.
– Para Quinn há três anos – Oscilou os olhos a mim e aos papéis sobre a mesa organizada – A Al, sete. Meu currículo foi aprovado em meu penúltimo ano de faculdade.
– Advocacia?
– Assistência administrativa – Corrigiu acanhada.
– Mesmo? – Não há de se ver assistentes administrativos rondando o ninho da ASLS. – E como é trabalhar para Al?
– Foi difícil no início – Bufou – Sabe, dezessete, sem dinheiro, sem família. Mas o passar dos anos me fez um filha – Conforme as memórias dançavam por sua cabeça, sorria torto.
– Aparenta que Al é doutor em acolhimentos – Futilizei, interligando a situação de Quinn com a de Allison.
– Mestre – Sorriu com os olhos grudados nos meus a distância.
Permaneci com as pernas chocalhando pelos minutos de espera, tomando respirações profundas quando Allison atendia a um telefonema ou não esbarrava os olhos em mim se certificando se eu precisava de algo similar a um café ou água filtrada. Tanto permaneci assim pelos marcados próximos vinte minutos, só interrompendo o placar do horário quando vozes baixas e passos firmes seguiram pelo corredor embutido na parede qual a mesa de Allison estava. Eram dois, um na esquerda e outro na direita, então não houve possibilidade de descobrir de qual os passos se originavam.
– Prazer em revê-lo, Mr. Qsadar – Allison atirou quando um rapaz quase o dobro de minha altura aparecia camuflado de dentro do corredor a sua esquerda. Os fios castanhos penteados pra trás com a ajuda de um gel de essência fresca. Um olhar severo, quase sério preenchia os olhos nem tão escuros. Uma silhueta rígida, delicadamente desenhada dentro de um terno preto Tom Ford, se não autografado pelo mesmo. Sem amassados ou dobras, com suas perfeitas medidas visíveis a olho nú ou não nú.
– Até breve, Alli – Acenou a ela andando apressado em direção ao elevador, cego ao não movimento a seu redor, até se perder dentro do mesmo.
– Qsadar, hã? – Pigarreei quando ele já não se fazia mais presente no campo de visão da moça. – Relativo a Al?
– Sim, irmão – Enquanto a mão direita escrevia palavras apressados por um papel em branco, descolou-se da cadeira almofadada e direcionou-se a mim. – Podemos? – Consenti, tomando meu rumo também.
Descartei as possibilidades de pensar razões porque o irmão de Al, proprietário desse prédio comercial e de uma dúzia de outros, saia da sala de Quinn agora que seguíamos pelo mesmo corredor que ele correu apressado. Só fixei minha atenção ao som de nossos saltos tic tocarem contra a pedra envernizada quando caminhamos por um espaço não tão longo até uma imensa porta de madeira clara. Fabray, Q. informava uma placa dourada com escritos negros, pregada ao centro da estrutura.
As costas de dois dedos finos de Allison tocaram contra a madeira. Uma vez, depois outra.
– Quinn, está disponível? – Sua voz era calma quando alavancou a fechadura da porta com calmaria. Os olhos escuros viram o que eu não vi. – A vontade, Mrs. Lopez – Com a mão livre, sinalizou passagem para dentro da sala de temperamento mais baixo da qual estávamos.
Minha ultima respiração foi trêmula quando a exigi, antes de impulsionar as pernas desobedientes para dentro. Antes mesmo de idealizar minha entrada, um aroma pregador de café entupiu minhas narinas. Doce e forte. Um escritório milímetros menor do espaçamento onde Allison se situava, também precário de iluminações, quase nenhuma se não fosse por dois abajur-holofotes de luzes amarelas presos a um pedestal perfeitamente arquitetados próximos as laterais da imensa mesa reta que Quinn se escondia atrás. A imensidão da mesa, da estante fosca completada por livros acadêmicos em suas costas e o espaçamento a fazia parecer pequena demais ali, desajustada. Todavia, era palpável o ar de superioridade e domínio que exalavam pelas narinas com pouca pigmentação. Sentada, fixa, ao lado do teclado fino branco do iMac da mesma coloração, havia uma xícara comprida prateada e alguns papéis em desordem. Na linha abaixo a pálpebra inferior de ambos os olhos, marcas escuras em relação ao tom da pele branca marcavam o cansaço explícito. Entretanto, a pele era clara, límpida, realçando a íris cor esmeralda. As ondas loiras caiam só até o limite da linha dos ombros revestido por um casado quase branco, por cima de um tecido também de baixa coloração, presumi ser um vestido.
Se a vissem nesses momentos, poderiam pensar que ela estava coletando seus pensamentos a fim de ir para a frente, prosseguir. Mas minha interpretação está limitada a somente pensar que sua mente está sendo sobrecarregada por dois processos que devem proceder simultaneamente a pleno vapor. Um, é lidar com o peso do viver no mundo presente. O outro, re-experimentar e lamentar algo que aconteceu há muito tempo. É como se sua leveza a puxasse ao céu, mas a gravidade extra ao seu redor mantém-na presa a terra. Deus, eu senti sua falta.


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