O Olimpo em Guerra escrita por O Patriarca do Santuário


Capítulo 8
Bluegard não esquece suas origens.


Notas iniciais do capítulo

Depois de um grande hiato, segue esta narrativa ambientada no universo de Saint Seiya.



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Um grupo de cinco vultos caminha pelas estepes siberianas em direção a uma formação montanhosa próxima.  Quatro soldados com elmos, de cujas laterais chifres se projetam curvos para os lados e para cima. Os soldados se posicionam ao redor de um homem, que traja uma grossa túnica de pele envolta em uma grande e tremulante capa. O vento gelado corta o ar e por vezes uma rápida nevasca parece engolir os vultos e a paisagem ao redor.

 

 

—_Estamos chegando, rapazes. Logo poderemos nos aquecer melhor. Bluegard se localiza em um vale cercado por aquelas montanhas adiante. Fiquem firmes.

 

 

—_É bom ouvir isso, Lord Frej. Esse frio da Sibéria é mais inclemente do que aquele de Asgard. Diz o soldado que segue na extremidade direita do grupo.  __Se não fosse o seu cosmos aquecido acho que já teríamos congelado. 

 

—_Acho que aquela patrulha russa deve estar chegando ao Afeganistão, eheh. Diz o soldado que caminha mais atrás. __Tentaram nos interpelar e deter.  Provavelmente nunca se depararam com pessoas que tem o domínio do cosmos como o senhor, Lord Frej. Devem estar correndo até agora.

 

—_Bem, tive que demovê-los da idéia de nos deterem, Gunnar. Quando dispararam suas metralhadoras não pude evitar interceptar e segurar os projéteis. O governo e exército russos sabem da existência de Bluegard, da mesma forma que os noruegueses sabem da existência de Asgard. Mas evitam conflitos porque têm informações a respeito do poder e da força desses pequenos reinos. Então Frej pára de repente, ergue um pouco sua mão esquerda e diz. __Fiquem parados...

 

Um dos soldados indaga: __ O que houve, Lord Frej?

 

Frej leva o dedo indicador da mão direita aos lábios: __Shhhhh... façam silêncio.... Por alguns instantes, apenas o assovio forte do vento siberiano domina o ambiente. Os soldados demonstram preocupação com o que Frej possa ter detectado, mas em obediência, nada perguntam, apenas olham ao redor, apreensivos, sem nada conseguir enxergar. Então Frej fala em voz alta: __Guerreiros de Bluegard! Viemos de Asgard em nome de Hilda de Polaris, representante de Odin. Viemos em paz para falar com o Rei Pyotr!

 

Alguns minutos se passam. Os asgardianos permanecem parados olhando ao redor. Então, os soldados que acompanham Frej percebem subitamente que, em torno do grupo, estão parados cerca de uma dezena de vultos. Como que sumindo e reaparecendo do campo de visão devido à ação da nevasca, que começa a ficar mais forte. Uma voz forte vem da frente do grupo de Frej, parecendo que seu autor se situa a uns 20 metros adiante. Mas o campo de visão fica muito limitado devido à nevasca.

 

—_Você, no centro do grupo, aproxime-se!

 

 

Ao ouvir o comando, Frej caminha para frente, devagar, em direção à voz. Depois de alguns metros consegue divisar um vulto de grande estatura, trajando uma túnica com um capuz. A ação do vento deixa transparecer que, por debaixo da túnica, o homem veste uma bela armadura de tom azul reluzente.

 

—_Identifique-se!  Diz o homem.

 

—_Sou Lord Frej de Asgard. Vim a mando de Hilda de Polaris para solicitar uma audiência com o Rei Pyotr.

 

O homem permanece quieto por alguns segundos, então diz: __Sigam-me.

 

Frej faz um sinal para seus soldados, para que o sigam. O grupo caminha em direção a um conjunto de colinas e montanhas próximas. Os soldados de Frej olham nervosamente para os lados, procurando divisar, por entre a nevasca intermitente, na paisagem branca e gelada, a presença dos guerreiros azuis que os cercavam, mas não conseguem vê-los, apenas o guerreiro azul que vai a frente de Frej e do grupo, guiando-os. Mesmo esse, por vezes desaparece por entre a neve que cai rápida e inclinada, soprada por um forte vento. Ao chegarem ao sopé de uma colina, o guia vira bruscamente para a direita, contornando paralelamente a uma série de grandes rochas de formato pontiagudo. Então entra por um desfiladeiro um pouco oculto pelas rochas e alguns grupos de árvores coníferas de grande altura. O desfiladeiro serve de proteção contra a nevasca. Frej e os soldados sentem uma sensação de alivio por estarem ao abrigo, agora, do vento inclemente das estepes siberianas. Os soldados olham para trás e percebem que os guerreiros azuis não os estão seguindo. Simplesmente desapareceram de seu campo de visão.

 

—_Ainda falta muito para chegarmos? Indaga Frej ao guia.

 

Mas este nada lhe responde, apenas continua caminhando.

 

Frej faz uma expressão um pouco preocupada.

 

Os soldados de Asgard olham para cima, no desfiladeiro, como se percebessem aqui e ali algum tipo de ruído ou movimentação. Finalmente, após vencerem uma grande e estreita curva, se deparam com um enorme paredão rochoso bloqueando o caminho do desfiladeiro.

 

O guia se volta para Frej e pede que ele e os soldados se detenham na posição onde se encontram. O guerreiro azul então se aproxima do paredão rochoso, pára por uns instantes e olha para cima.

 

Em cima do paredão aparecem algumas silhuetas, que Frej e os soldados identificam como guerreiros.

 

Frej sente que o guia eleva seu cosmos um pouco, como se estivesse em comunicação com os guerreiros em cima do paredão.

 

Em seguida os guerreiros acima desaparecem e o guia recua um pouco em relação ao paredão, Subitamente, o paredão começa a emitir um enorme ruído, como se uma avalanche de pedras caísse por detrás. Uma fenda corta o paredão de cima a baixo, como se estivesse ali o tempo todo, mas oculta. O paredão, agora dividido em duas partes, como enormes portas rochosas, se abre, mais uma vez emitindo um grande ruído. Por detrás pode ser vista como que uma continuação do desfiladeiro por onde Frej e os soldados transitam. O guia faz um sinal para que o sigam novamente. Após o paredão, o desfiladeiro começa a alargar, gradualmente, à medida que se avança. Frej e os soldados podem agora ver, acima e ao longo dos dois paredões laterais que limitam o desfiladeiro, vários guerreiros que os observam, alguns sozinhos, outros em pequenos grupos, postados em protuberâncias que emergem dos paredões rochosos.

 

—_Isso aqui é muito bem defendido. Diz o soldado asgardiano que caminha à direita do pequeno grupo.

 

—_Sim. Diz o que caminha no lado esquerdo. __É praticamente inexpugnável. Só um inimigo absurdamente poderoso poderia lograr invadir isso aqui.

 

—_Bluegard foi fundada por antigos cavaleiros de Athena, com o intuito de guardarem a urna que contém selado o espírito de Poseidon. Diz Frej. __Isso foi há milhares de anos, nas eras ditas mitológicas, após um dos primeiros confrontos entre Athena e Poseidon. Parece que após a penúltima guerra de Athena contra Hades, a urna retornou ao Santuário de Athena, não sei bem como e por qual motivo. De qualquer modo, já há séculos os guerreiros azuis meio que se desligaram do Santuário. Vivem aqui entre essas montanhas formando praticamente um pequeno reino independente, como Asgard.

 

Então, de repente, os paredões laterais do desfiladeiro começam a ficar afastados um do outro, revelando a visão de um enorme vale circundado por belas montanhas encimadas por neve.

 

—_Que panorama deslumbrante. Diz um dos soldados asgardianos. __Nunca pensei que nos confins da Sibéria poderia existir algo assim...

 

—_Na verdade parece ser um gigantesco vulcão extinto. Diz Frej.  __A temperatura dentro do vale é bem mais quente do que no exterior. Provavelmente há fontes termais submersas que mantém o vale aquecido.

 

No centro do vale se pode ver uma cidadela cercada por muralhas, tendo em seu interior castelos e palácios com altas torres, em um misto de estilo bizantino e ogival. Da cidadela partem pelo vale estradas e caminhos, levando a vilarejos e localidades de mesmo estilo, mas menores do que a cidadela central. Nota-se que as estradas e caminhos cruzam rios e pequenos cursos de água e cortam pequenas fazendas e sítios, onde podem ser vistos rebanhos de diversos tipos de gado e plantações, entremeadas por pequenos bosques de coníferas.

 

—_Que interessante. Diz Frej. __Eles são praticamente autônomos em termos de recursos. Tem uma economia própria, atividades agropecuárias, a água é abundante, essas neves eternas no cimo das montanhas alimentam os rios e lagos. Asgard mantém algumas relações econômicas com os pequenos reinos ao redor, mas eles aqui vivem isolados do mundo exterior.

 

O guia começa então a descer para o vale por um caminho de pedras, muito bem trabalhadas, entremeado por alguns lances de escadas. À beira do caminho, algumas torres de altura média onde sentinelas observam o grupo avançar. Frej e os soldados procuram observar tudo ao redor, admirados. Caminham em direção a cidadela central. Nas pequenas fazendas ao redor podem ser vistas mulheres e crianças, trabalhando nas plantações e nos cercados, onde há muitas cabeças de gado bovino, caprino, ovino e eqüino.

 

—_Isso lembra muito a vida singela dos camponeses e habitantes comuns de Asgard. Diz um dos soldados.

 

—_Sim, responde Frej. __É um estilo de vida praticamente inexistente no Mundo contemporâneo. Muito saudável e bucólico.  Essas pessoas trabalhando nas fazendas são as famílias dos guerreiros de Bluegard. Athena e seus cavaleiros não devem ter gostado muito do fato de Bluegard ter se desligado do Santuário. Pelo menos devem ter respeitado essa decisão e não fizeram nenhuma expedição punitiva até aqui...

 

O Grupo anda pelo vale por pelo menos 1 hora até que finalmente se aproxima da cidadela central. Antes do portão principal que cruza a primeira muralha, vêem uma praça com uma bela estátua sobre uma base alta de pedras.

 

—_Veja Lord Frej... Diz um dos soldados. __—Esta estátua, não é de...

 

—_Athena. Sim. Parece que Bluegard ainda mantém algumas ligações com o Santuário, afinal de contas. Diz Frej

 

—_Nós não esquecemos as nossas origens. Um homem de idade avançada, com aparência senhorial e severa, escoltado por dois guerreiros, aguarda os visitantes sob o arco do portão principal, que cruza a primeira muralha da cidadela.

 

Frej se dirige até ele e indaga:  __Perdão, senhor, com quem tenho a honra de falar?

 

—_Sou o Rei Pyotr de Bluegard.

 

Frej então leva um dos joelhos ao chão, em sinal de respeito. Com um gesto insta seus soldados a fazerem o mesmo.

 

—_Obrigado por nos receber, Majestade. Sou Frej, de Asgard, venho em nome da princesa Hilda de Polaris, representante de Odin na Terra, que me enviou para indagar-lhe a respeito de acontecimentos recentes, muito provavelmente  relacionados ao Santuário de Athena.

 

—_Hum... aquilo. Você certamente deve estar se referindo às intensas emanações de cosmo-energia vindas da Grécia. Devem tê-las sentido em Asgard, também. Lamento não ter informações no momento para lhe dar. No entanto, enviei meu filho Alexey ao Santuário para averiguar o que possa ter ocorrido. Se puder aguardar alguns dias até sua volta, terá informações para dar à Princesa Hilda. Seja meu hóspede no Palácio Real.

 

—_Muito agradeço vossa generosa hospitalidade, Majestade. Responde Frej.

 

Pyotr faz um gesto para o guerreiro que guiou Frej e os soldados até a cidadela. Este se aproxima e Pyotr então lhe diz: __Leve os soldados de Lord Frej para o alojamento oeste. Certifique-se de que fiquem bem instalados e sejam alimentados.

 

—_Agradeço mais uma vez vossa hospitalidade, Majestade. Diz Frej, que vai acompanhado o Rei Pyotr para o interior da cidadela, até o Palácio Real. __Fiquei realmente impressionado com a beleza de Bluegard. E não só com as belezas naturais deste vale, mas também com as belas construções e benfeitorias. Tudo feito com muito esmero e bom gosto.

 

—_Bem, os fundadores de Bluegard não imaginavam encontrar um vale como este, perdido nos confins da Sibéria. Pensavam em se instalar em alguma gruta ou caverna oculta. E assim cumprir a missão que lhes fora dada por Athena, qual seja, a de guardar ocultamente a urna que continha o espírito de Poseidon. Embora tenham efetivamente cumprido a tarefa que lhes foi confiada, por séculos, a vida nova que construíram neste lugar  acabou despertando neles, com o passar dos anos e das gerações seguidas,  um desejo de autonomia, ou independência, em relação ao Santuário...

 

—_E os cavaleiros de Athena nunca tentaram submeter Bluegard novamente à tutela do Santuário?

 

—_Felizmente não. Athena é, reconhecidamente, uma soberana benevolente, pelo menos na maior parte do tempo. Não quis, imagino, derramar sangue por causa de Bluegard. Os cavaleiros que partiram do Santuário para cá, séculos atrás, eram em sua maioria cavaleiros de prata. Tinham e tem um nível de poder considerável, principalmente os mais fortes dentre eles. Poderiam resistir com denodo a um ataque vindo do Santuário. No entanto, se Athena enviasse sua elite, os terríveis e poderosos cavaleiros de ouro, não sei se os guerreiros azuis poderiam resistir por muito tempo. Sempre tivemos receio de que esse dia poderia chegar, mas felizmente Athena não quis que fosse assim.

 

—_Entendo... Diz Frej...__E a urna que contém o espírito selado de Poseidon? São verdadeiras as versões que afirmam estar ela novamente nos domínios de Athena, no Santuário?

 

—_Sim, já não temos mais a urna aqui, em Bluegard. Alguns anos após o sangrento conflito entre as forças de Athena e de Hades, no século XVIII, o Grande Mestre do Santuário à época, Shion de Áries, acompanhado de alguns cavaleiros, veio à Bluegard, solicitar que lhe entregássemos a urna.  Após um intenso debate, o Rei de Bluegard, Unity, resolveu atender o seu pedido e entregou a urna. Muitos dos habitantes de Bluegaard ficaram aliviados, pois durante a mencionada guerra um episódio dramático aconteceu em Bluegard, relacionado à mesma urna. Entregaram a urna também em um gesto de boa vontade, para que diminuíssem as chances de algum conflito com o Santuário, no futuro. Na verdade a urna não ficava propriamente aqui em Bluegard. Ela ficava em Atlantis, o reino submarino de Poseidon. Temos, a partir daqui, um atalho para Atlantis.

 

—_Mas que episódio dramático foi esse, ao qual Vossa Majestade se refere? Se é que posso perguntar... Diz Frej.

 

—_Siga-me, Lord Frej. Quero mostrar-lhe algo. Diz Pyotr, tomando um caminho à esquerda do caminho principal, no qual ambos seguiam para o Palácio.

 

Pyotr conduz Frej até uma espécie de mausoléu, de forma circular, encimado por uma abóboda.  O conjunto é de grande beleza e é protegido por dois guerreiros azuis, que servem de sentinelas, na entrada.  Ao adentrarem o mausoléu, Pyotr indica a Frej uma escada que leva ao subsolo. Quando chegam ao andar inferior, Frej fica admirado com o que vê.  Em cima de duas espécies de altares de mármore, dois esquifes de gelo guardam os corpos deitados de um jovem casal. Estão vestidos com túnicas e seus corpos estão perfeitamente conservados pelo gelo.

 

—_Q-quem são eles, Majestade?  Pergunta, surpreso, Frej.

 

—_Esta “jovem” aqui é irmã de meu bisavô. Chama-se ou chamava-se Serafina. O jovem que jaz a seu lado chamava-se Degel. Degel de Aquário, cavaleiro de ouro de Athena nos idos do século XVIII, durante a guerra contra Hades... Responde Pyotr.

 

—_Ela era belíssima. Na verdade ambos formam um belo casal. I-incrível como o esquife de gelo conservou perfeitamente seus corpos. P-parecem estar apenas dormindo... Diz Frej, admirado. —_Vossa Majestade mostra-me isso por ter relação com o episódio que citou, relacionado à urna ou ânfora de Poseidon???

 

—_Exato. Responde Pyotr. —_ Durante a guerra de Athena contra Hades, no século XVIII, dois cavaleiros de ouro vieram a Bluegard, em busca de uma peça de oricalco, metal utilizado para a confecção de armaduras para os cavaleiros de Athena, como também de escamas para os marinas de Poseidon.  Esta peça de oricalco, guardada em Atlantis, continha uma grande quantidade de energia, armazenada nela, dizia-se, pelo próprio Poseidon. Os cavaleiros de ouro a queriam para que servisse como uma espécie de fonte de energia, de propulsão, para que pudessem movimentar, literalmente pelos ares, uma antiga embarcação de Athena.  Queriam com isso alcançar um complexo de templos erigidos no céu, por Hades.

 

—_Entendo. Diz Frej. __E um dos cavaleiros de ouro era Degel de Aquário.

 

—_Isso. Completa Pyotr. __Veio acompanhado do cavaleiro de ouro de escorpião, chamado Kardia. Pediram ao irmão de Serafina, Unity, meu bisavô, que lhes desse a peça de oricalco. Unity aparentemente concordou e os conduziu ao atalho para Atlantis. Mas ao chegarem nos domínios submarinos de Poseidon, Unity foi atacado por um Kyoto de Hades que chegara antes, de algum modo, a Atlantis, escoltando a própria representante de Hades na Terra.

 

—_Que coisa impressionante. Complementa Frej. —_Guerreiros de Hades em Atlantis...

 

—_Sim... Continua Pyotr. —_Secretamente, Unity havia sido cooptado pelo espírito de Poseidon e recebido as escamas de Dragão Marinho, uma das escamas usadas pelos generais do Imperador dos oceanos. Passara a dominar o poder de manipular corais e com isso pôde rapidamente se recuperar dos ferimentos que foram causados pelo Kyoto de Hades. Unity planejava que o espírito de Poseidon dominasse a mente e o corpo de Serafina e dessa maneira, liderasse Bluegard no sentido de se expandir e conquistar parte do Mundo de então.

 

—_Felizmente, parece que seus planos não vingaram... Diz Frej.

 

—_Sim, felizmente... Ratifica Pyotr. —_ Os dois cavaleiros de ouro enfrentaram o Kyoto de Hades e sua representante. Todos pensavam que Unity havia morrido no ataque desferido pelo Kyoto. Enquanto o Cavaleiro de Escorpião duelava diretamente com o Kyoto, Degel foi ao encalço da representante de Hades que tentava, ela mesma, alcançar o oricalco. Mas a cosmo-energia de Poseidon que impregnava o local fez a mulher perder os sentidos. Quando Degel a alcançou, Unity surgiu diante dele usando as escamas. Propôs a Degel um acordo. Se o cavaleiro de ouro rompesse o selo que prendia o espírito de Poseidon, Unity lhe daria o oricalco. Degel recusou e os dois duelaram. O cavaleiro de ouro se saiu vencedor. A derrota fez Unity cair em si e abandonar seu plano, entregando o oricalco. Mas a representante de Hades recuperou os sentidos e, em um movimento brusco, pegou o oricalco e o estilhaçou. Isso liberou uma energia intensa... e fez com que o espírito de Poseidon se apoderasse da mente e do corpo de Serafina, vestindo-a com a própria escama do Imperador dos oceanos...

 

—_Olhando para ela, aqui neste esquife de gelo, parece que dorme um sono profundo e tranqüilo. Difícil imaginar que tenha servido de receptáculo para Poseidon... Diz Frej. —_Mas o que aconteceu em seguida?

 

—_Bem... Continua Pyotr. —_Degel então praticou um ato desesperado.  Criou uma verdadeira montanha de gelo em Atlantis, encerrando nela o corpo de Serafina, e o seu próprio... anos mais tarde, os guerreiros azuis, depois de intensos esforços, conseguiram resgatar os corpos de Serafina e de Degel. Nós construímos um mausoléu para o casal e colocamos seus corpos nestes esquifes de gelo. Kardia de Escorpião ajudou Unity a escapar de Atlantis. Unity ainda tinha em seu poder outro fragmento de oricalco e foi pessoalmente entregá-lo a Athena e a seus cavaleiros. Com isso os cavaleiros puderam invadir os templos construídos no céu, por Hades, e vencer a guerra contra o senhor do submundo, no século XVIII. Unity mais tarde foi julgado pelo Conselho dos Guerreiros Azuis, pois no afã de utilizar-se do poder de Poseidon, havia assassinado seu próprio pai, na época o Rei de Bluegard. Por ter auxiliado Athena na luta contra Hades, se arrependendo dos atos condenáveis praticados, Unity foi perdoado pelo Conselho e sagrado Rei de Bluegard. Mais tarde, como referi, Bluegard devolveu a ânfora de Poseidon, as escamas de Poseidon e dos Generais Marinas como também a Armadura de Ouro de Aquário, para o Santuário. Em suma, foi isso o que aconteceu...

 

—_É uma história realmente impressionante, Majestade. Diz Frej. —_Em Asgard não temos conhecimento a respeito de muitos fatos que Vossa Majestade narrou, agora.

 

Neste momento, uma bela jovem desce ao subsolo do mausoléu e interpela o Rei Pyotr: —_Papai, estava aguardando o senhor no Palácio... o que aconteceu? Porque demora tanto? Quem eram os vis... A jovem se surpreende com a presença de Frej ao lado de seu pai.

 

—_Eu já estava a ponto de retomar meu caminho para o Palácio, Natassia. Responde Pyotr. —_Estava apenas mostrando os esquifes de Degel e de Serafina para o nosso ilustre visitante aqui e narrando os fatos que aconteceram há dois séculos. Quero que conheça Lord Frej, de Asgard. Foi enviado pela Princesa Hilda de Polaris para se inteirar a respeito das fortes emanações de cosmo-energia detectadas também em Asgard, com provável origem no Santuário... Então se volta para Frej: —_Lord Frej, esta é minha filha, Natassia...

 

Frej faz uma reverência respeitosa e diz a Natassia: —_É uma honra e um privilégio conhecê-la, Princesa Natassia. Frej parece estar impressionado com a beleza da jovem.

 

Natassia, demonstrando ser um pouco tímida, abaixa os olhos e diz a Frej: —_É um prazer conhecê-lo, Lord Frej. Perdoe-me por interromper seu colóquio com meu pai, é que fiquei preocupada com a demora do Rei em retornar ao Palácio, por isso vim a sua procura. Os guardas me disseram que o viram entrar no mausoléu...

 

—_Perfeitamente compreensível a sua preocupação, Alteza. Responde Frej. —_Eu é quem devo pedir desculpas, por ser o motivo do atraso de seu pai.

 

—_Está tudo bem, Lord Frej. Diz Natassia, um pouco mais relaxada e exibindo um sorriso amigável. —_Sempre tive muita vontade de conhecer a Princesa Hilda de Polaris...

 

—_Pois sinta-se oficialmente convidada a visitar Asgard, Alteza. Diz, por sua vez, Frej. —_Tenho absoluta certeza que a Princesa Hilda adoraria conhecê-la. Ela tem um grande interesse a respeito da História de Bluegard. Por falar nisso, fiquei muito impressionado com a história envolvendo a Princesa Serafina e o Cavaleiro de Ouro de Athena, que me foi narrada por seu Pai...

 

—_É uma história dramática, mas também bonita. Diz Natassia. —_Chegou-nos, desde aquela época, a tradição que diz que eles eram apaixonados. Terminaram seus dias juntos...

 

—_Oh, compreendo... Diz Frej.—_De fato, isso acrescenta um tom de romantismo sobre o episódio...

 

—_Bem, meus jovens, vamos indo para o Palácio, nos aquecer, comer e nos entreter em agradáveis conversas. Pyotr então diz a Natassia. —_Lord Frej ficará conosco até o retorno de Alexey, Natassia.

 

—_Espero que possamos tornar sua estadia a mais agradável possível, Lord Frej. Diz Natassia.

 

—_Já me sinto um privilegiado por poder desfrutar da hospitalidade de Bluegard, Alteza. Responde Frej.

 

O Trio então se dirige à saída do mausoléu, trilhando em seguida o caminho até o Palácio Real, envolvido em uma amena, e mesmo alegre, conversa.


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